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Lenda das Amendoeiras
É muito antiga esta lenda das amendoeiras e foi atribuída a muitas regiões. Parece que tem a sua origem mais remota na Pérsia, país tradicional de campos de amendoeiras e de gentilezas. No entanto, ela surge tanbém na Turquia e no Próximo Oriente. Em Espanha ela foi atribuída às cidades de Córdova e de Sevilha, em relação com Al-Mu'tamid. Mais exactamente, aplicada aos amores de Al-Mu'tamid e de Romaiquia, tudo indica que foi referida a Silves. É esse o parecer da distinta investigadora espanhola Rubiera Mata, que procurou enquadra-la com maior rigor interpretativo. Uma princesa nórdica morreria de saudades por não ver a neve, paisagem própria da sua terra. para lhe agradar, um rei do sul que a raptara teria mandado cobrir os campos de amendoeiras cujas flores alvas lhe lembrariam a neve.
Lenda da Moura encantada
Depois da reconquista cristã formou-se no povo de Silves uma lenda recolhida no século passado. Na noite de São João, à meia noite, aparece na Cisterna Grande do Castelo de Silves uma moura encantada navegando sobre as águas num barco de prata com remos de ouro e entoando hinos da sua raça. É uma princesa que aguarda a chegada de um príncipe da sua fá que pronuncie as palavras mágicas necessárias para a desencantar.
Lenda do Mouro de Chapéu de Aba Larga
Há também no Castelo de Silves uma lenda de um mouro encantado. Ele apareceria, com o seu chapéu de aba larga, de manhã, na parte norte do castelo, desafiando as pobres lavadeiras que iam lavar às pequenas toalhas de água que por aí surgiam. de um modo geral, as lavadeiras faziam-lhe surriada e ele vingava-se desencadeando sobre elas chuvas de pedra. Quando no Castelo foram instaladas as prisões, o mouro desapareceu. No entanto os presos diziam que todas as noites sentiam, pela meia noite, um estremecimento em todo o Castelo e ouviam, até de madrugada, o mouro remexendo em papéis velhos.
Lenda da Zorra Berradeira
É também lenda muito antiga de Silves a da Zorra Berradeira. Segundo esta lenda havia no Odelouca uma Zorra Berradeira que durante a noite atroava os ares com os seus berros. A Zorra Berradeira era um verdadeiro monstro com o aspecto de cabra. Tinha silvos de fúria. Os seus berros, de noite, anunciavam desgraça iminente. Ninguém os queria ouvir. Constavam-se casos de pessoas que tinham ouvido e logo lhes haviam sucedido tremendas infelicidades, sobretudo mortes de pessoas queridas.
Lenda da Velha as Castanhas
Na zona sa Atalaia, junto da foz do Odelouca e em frente da ilha de Nossa Senhora do Rosário, existe uma furna conhecida como a Furna Velha das Castanhas. Diz-se que vivia aí uma velha muito feia e má que estava sempre assando castanhas. Quando algum barco aí passava, descendo o rio, deviam os que fossem nele, lançar-lhe uma moeda, sem o qie a velha fazia bruxaria e metia o barco ao fundo. Esta lenda parece ter asua origem num imposto de portagem mas, por outro lado, liga-se com a da Zorra Berradeira, pois a furna também tinha o nome de Furna da Zorra.
Lenda do Pego do Pulo
O Pego do Pulo, segundo informações que tomámos, fica junto da Fonte Nova, na curva que o rio Arade faz, depois do Cais, para tomar o rumo de Matamouros. Diz a lenda que aí morreu o último Senhor árabe de Silves, Aben Afan, quando procurava a salvação na fuga. Homens antigos de Silves asseguravam que á meia noite, na noite de São João, se ouvia nitidamente, nesse local, o ruído do galope do cavalo de Aben Afan até ao Pego e depois alguém bradar: "Salta meu cavalo!". Finalmente ouvia-se o estrondo da queda do cavalo na água e o estertor do cavalo e o do cavaleiro, fugindo aos portugueses que os perseguiam.
Lenda do Monte das Cabeças
O Monte das Cabeças fica situado em frente do Enxerim, a oriente da rineira do mesmo nome. Segundo uma lenda antiga era o local de um cemitério mouro e na noite de São João, à meia noite, os que aí repousavam eram visitados pelos seus parentes também já falecidos. Aí surgiam então cenas de festas macabras que só podiam ser presenciadas por quem fosse muito corajoso. Essas festas só terminavam ao alvorecer. Uma lavadeira do século passado assegurava que presenciara uma delas, verdadeiramente horrososa. Tendo passado pelo local há pouco tempo, foi-nos afirmado, por gente do povo, que aí tinha havido uma forca no tempo das guerrilhas e que muita gente aí teve os seus últimos dias.
Fonte: Guia Turístico de Silves de Garcia Domingues
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