História do 5º GAv - 1947-1956
Ativação
do 1.o e 2.o Esquadrões do 5.o GAV
B-25 na Praça das Velhas Garças, no CATRE
Os anéis de velocidade dos motores pintados na cor amarela. |
![]() |
O Aviso no 5 do Ministro Trompowsky, transcrito no Boletim de 24 de abril de
1947, ativou com sede em Natal, o 1.º Esquadrão do 5.º
Grupo de Aviação, constituído de aviões do tipo B-25.
A
11 de julho do mesmo ano, foi designado para Comandante do 1.º do 5.º
GAv o 1o Ten Av Pedro Vercillo.
Através
do Aviso no 39, assinado também pelo Ministro Trompowsky e difundido pelo
Boletim de 31 de dezembro, foi ativado o 2.º Esquadrão, também com sede em
Natal.
A 18 de fevereiro de 1948, tendo em vista uma reformulação feita com relação
às funções de Oficiais, foi o 1o Ten Av Octávio Campos designado para
assumir o Comando do 1/5 GAv, cargo
em que se manteve até 1.º de julho do mesmo ano, quando assumiu o 1.º Ten Av
Eduardo Costa Vahia de Abreu.
Por
proposta da Junta de Padronização da Base Aérea de Natal, foram conferidos os
primeiros Certificados de "Instrutor Padronizado" em avião B-25 J, na data de 11 de maio de 1950, aos Capitães'Aviadores Alberto
Murad e Alfeu de Alcântara Monteiro, e aos 2.os Tenentes Aviadores
Antonio Árison de Carvalho e Raymundo de Moura Chaves.
Manobras
do 5.o GAV
A 3 de novembro de 1950, foram iniciadas as manobras da Unidade Aérea com o
envolvimento de todos os B-25 disponíveis.
O efetivo do 5.º Grupo de Aviação foi dividido em dois Esquadrões
operacionais, tendo sido ministradas aulas preparatórias para todo o pessoal
escalado para participar das mencionadas manobras.
Como
Diretor da Manobra foi designado o Ten Cel Av Paulo Sobral Ribeiro Gonçalves,
com a assistência direta do Ten Cel Av Clóvis Costa e Maj Av Alberto Murad.
Incluído
no planejamento do exercício, constou um deslocamento noturno de todos os aviões
B-25, que decolaram de Natal espaçados de 15 em 15 minutos.
O
destino era São Luiz do Maranhão, onde a Unidade Aérea permaneceria em
atividades; no entanto, durante o vôo e em horários previamente estabelecidos,
os Comandantes dos aviões abriram os envelopes lacrados que haviam recebido
poucos minutos antes da decolagem e só então tomaram conhecimento que deveriam
retornar à Base de Natal a partir de pontos da rota, também prefixados.
A
precisão no cumprimento dos horários e o apuro na navegação fizeram com que
todos os B-25 regressassem ao ponto de partida antes do amanhecer, não se
registrando qualquer atraso ou incidente.
Esse
retorno inesperado causou verdadeira surpresa entre o pessoal aeronavegante,
pois todos estavam certos de que passariam muitos dias em São Luiz.
Até
um "briefing" sobre a cidade, com todos os detalhes necessários,
havia sido feito pelo único maranhense do 5o Grupo, o 2.º Ten Av Raymundo de
Moura Chaves, por solicitação do Diretor da Manobra.
Outras
"surpresas" ocorreram durante o desencadeamento das manobras que
proporcionaram uma atividade aérea ainda sem precedentes na Base de Natal, em
tempo de paz.
Durante
oito dias seguidos foram realizadas missões de esclarecimento, patrulha e
bombardeio "com uma perfeição e uma técnica dignas de todos os
elogios".
Na
verdade, a Base Aérea de Natal viveu naquele período um perfeito "Estado
de Guerra", e graças ao esforço incomensurável da manutenção, os B-25
cumpriram galhardamente todas as missões, em todas as áreas e em todos os horários.
As
missões de patrulha foram as mais exigidas, pois as esquadrilhas de três aviões
decolavam antes do nascer do sol e voavam cerca de 20 a 30 minutos além da Ilha
de Fernando de Noronha, reunindo-se os aviões sobre o aeródromo de Noronha, em
horários antecipadamente determinados, para regressarem em seguida a Natal, em
vôo de formatura.
Para
casos de emergência com pouso n'água, a Base Naval escalou duas corvetas que
permaneceram na área e que mantinham contato rádio permanente com os aviões. Os códigos, então utilizados, eram os seguintes: Torre de
Controle de Natal - "Flauta"; Avião B-25 - "Rumba",
seguindo-se o número do Cmt do avião; e as corvetas, "Lagosta" e
"Siri".
Face
ao espetacular êxito das manobras, o Comandante da Base elogiou todos os seus
participantes.
A 23 de novembro de 1950, foi divulgada uma ordem do Comando da 2a Zona Aérea, estabelecendo cores padrões para os anéis de velocidade dos motores dos B-25; assim, para as aeronaves da Base Aérea de Salvador os anéis eram pintados com a cor verde. Os aviões de Recife, com a cor vermelha, e os de Fortaleza, com a cor azul.
Para a Base de Natal foi convencionada a cor amarela.
Além da pintura do anel de velocidade do motor, o Ten Av Rivaldo Gusmão de Oliveira Lima que prestava serviços na manutenção, imaginou também que os B-25 deviam ter pintados no nariz do avião, no lado esquerdo da fuselagem junto ao número de matricula, desenhos artísticos de mulheres em trajes de praia.
Conseguida a autorização do Parque de Aeronáutica de São Paulo, onde comumente eram feitas as revisões maiores dos B-25, a idéia foi levada adiante. Não faltou pintor para tal trabalho e, em poucas semanas, os B-25 de Natal surgiram na pista com figuras caprichosas de louras e morenas, alguns até com nomes de mulheres.
Na cidade existia (e ainda existe) uma "boite" conhecida popularmente como a "Casa de Maria Boa", e sempre se propalou como sendo a melhor da cidade...
Não havia quem, visitando a cidade pela primeira vez, não deixasse de comparecer ao tão decantado cabaré.
Alguns tenentes da Base tiveram então a idéia de escolher um B-25, cujo desenho se aproximava mais da "Maria Boa", e o preferido foi o B-25 5079, que foi logo batizado com o nome da proprietária da boite.
A princípio, muitos se espantaram com a inusitada sugestão, mas logo se acostumaram com a novidade... Outras aeronaves receberam nomes também; lembro-me do "Amigo da Onça" (B-25 5059) e a "Nega Maluca" (B-25 5061).
Somente quem não acreditou no fato foi a "proprietária" da boite. Então, os mesmos Tenentes colocaram-na num automóvel e levaram-na até à linha de estacionamento dos B-25, o que foi feito após o horário do jantar para que a presença da "homenageada" não despertasse a atenção dos curiosos.
Diz o " Netão ", que se encontrava em serviço na ocasião que a visitante chegou às lágrimas, visivelmente emocionada, ao constatar que a rapaziada não lhe havia mentido; à sua frente, pintada ao lado do número 5079, refletia sob o clarão dos holofotes do hangar, a inscrição "Maria Boa" ...
E assim, durante muitos meses, a "Maria Boa" foi uma assídua freqüentadora da aerovia Verde-Um...
Criação da bolacha do 1.º/5.º GAv
|
O Emblema do 1.º/5.º GAv, distintivo que consagrou a expressão "Êta cabra da peste!" no seio da FAB, foi criado por volta de 1952 pelo Segundo-Tenente Hugo Hélio Corrêa de Barros, pertencente à turma de 1951. |
A
partir de 13 de outubro de 1952, os aviões B-25 foram liberados pelo
Estado-Maior da Aeronáutica, para missões de "vôo por instrumentos",
por não mais existirem as razões de restrição a esse tipo de vôo.
Entretanto,
foram baixadas algumas recomendações especiais no interesse da segurança do vôo.
Assim, para os B-25 que dispunham de somente um equipamento ADF ("rádio-compasso"),
era obrigatório o cumprimento rigoroso das seguintes regras: a) O vôo noturno
fora de áreas iluminadas só podia ser realizado com referência permanente; b)
O vôo diurno sob condições IRF somente era realizado, quando havia uma
alternativa aberta que podia ser alcançada sem o auxílio-rádio; c) Em todos
os vôos por instrumentos, fazia parte da tripulação um piloto antigo e
treinado, cuja escala ficou a critério do Comandante do
Esquadrão.
Aos
B-25 equipados com dois ADF aplicou-se somente a letra "a" acima.
A Chegada das Aeronaves F-47 a Natal
Por
ato do Ministro da Aeronáutica, o 2.º Esquadrão do 5.º Grupo de Aviação foi
dotado com aviões do tipo F-47, "Thunderbolt. |
![]() |
No
dia 6 de novembro de 1953, às 17:15 horas, pousaram em Natal os 9 primeiros
F-47, transferidos para a nova Unidade Aérea e que eram pilotados pelos
seguintes Oficiais: Maj Av José Carlos Teixeira Rocha, Cap Eduardo Bruno
Barbosa, Cap Silas Rodrigues, 1.º Ten
José de Pinho, 1.º Ten Gilberto Zani de Melo, 2.º Ten Tirso Matos de Melo, 2.º Ten
Ary Granja, 2o Ten Vieira e 2.º Ten Magalhães Alves.
No
dia seguinte, às 14:53 horas pousou o décimo F-47, pilotado pelo Ten Lauro Ney
Menezes e, em 11 do mesmo mês, mais dois F47, transportados pelo 1o Ten Theodósio
Pereira da Silva e 2.o Ten
Heitor Borges Junior.
Ficou,
portanto, o 2.º/5.º GAv equipado com
12 aeronaves F47, distribuídas em 4 esquadrilhas.
A nova Unidade permaneceu sob o comando do Maj Av José Carlos Teixeira
Rocha.
No
Boletim de 11 de fevereiro de 1954, foi dado conhecimento da desativação do 3.º/1.º
Grupo de Aviação de Caça
sediado na Base Aérea de Santa Cruz.
Foi
determinado ainda, que a formação básica do piloto de caça passasse a ser
ministrada no 2.º/5.º GAv, em Natal, ficando o Grupo de Caça de Santa Cruz
somente com pilotos operacionais.
No
dia 13 de Novembro de 1953, quatro aeronaves F-80 do 1o Grupo de Caça,
sediados na Base Aérea de Santa Cruz, realizaram demonstração de vôos acrobáticos
sobre o aeródromo de Natal.
Visita
da Escola de Aeronáutica Argentina.
Procedente
de Belém, chegou em 18 de Novembro de 1943, uma comitiva da Escola de Aeronáutica
Argentina composta de 10 Oficiais, 59 Cadetes e 10 subalternos.
A partir de 20 de Abril de 1955, foram suspensos os Vôos dos F-47 baseados em Natal, até que fossem vistoriados por uma comissão do Parque de Aeronáutica de São Paulo. Descobriu-se que estava ocorrendo enrugamento da deriva horizontal das aeronaves.
De
acordo com recomendação da Diretoria de Material as aeronaves passaram a ser
recolhidos ao Parque por via marítima.
7 de setembro de 1955
|
Aeronaves F-47 participam do desfile militar de 7 de setembro |
Estágio
de Militares Portugueses.
Os Alferes da Força Aérea portuguesa,
Luiz Fernando Almada de Oliveira e Manoel Gomes de Almeida foram autorizados a
estagiarem no 2o/5o GAV, em aeronaves F-47, sendo assim os
primeiros militares estrangeiros a estagiarem na Base Aérea de Natal.
A Visita da Aviadora Ada Rogato
A 27 de Setembro de 1956, transitou por
Natal a famosa aviadora paulista Ada Rogato, cuja aeronave permaneceu
estacionada no pátio fronteiro à estação de passageiros.
O
Ano Santos Dumont
Em 1956, foi comemorado em todas as Organizações do Ministério da Aeronáutica o cinqüentenário do primeiro vôo com aparelho mais pesado que o ar.
Diversas
solenidades foram programadas em Natal. Na abertura da Semana da Asa prestou-se
homenagem ao mártir Augusto Severo de Albuquerque Maranhão, falecido em Paris
em 12 de maio de 1902, no acidente com o dirigível “Pax”. Como convidado
especial compareceu o filho do notável aeronauta Sr Sérgio Severo. Na ocasião
uma esquadrilha de F-47 do 2.o/5.o GAV sobrevoou o local da
cerimônia a Praça Augusto Severo.
No dia 23 de Outubro de 1956, foi realizada uma demonstração aérea na qual tomaram parte aeronaves T-6, F-47 e B-25.
As
aeronaves T-6 da Esquadrilha de Adestramento executaram bombardeio rasante com
lançamento de bombas incendiárias de 100 libras.
As
aeronaves F-47 realizaram Bombardeio Picado, utilizando bombas de emprego geral
de 500 libras.
Os
B-25 efetuaram Bombardeio Horizontal com bombas de 500 libras, além de Tiro
Terrestre.
Essa
demonstração causou enorme interesse por parte da população de Natal que
parou a cidade para assisti-la na orla marítima. Junto ao Hospital das
Clinicas, com vista privilegiada, foi
armado um palanque para as autoridades.
Ativação
do Comando do 5.o GAV
Embora
o 5.o GAV tenha sido criado no dia 24 de Março de 1947 pelo Decreto número
22.802, quando foi extinto o Grupo de Bombardeio Médio , Exmo Sr Ministro da
Aeronáutica, Brigadeiro do Ar Henrique Fleius, por meio da Portaria Reservada
47 GM2 de 12 de Outubro de 1956, só ativou o Comando do 5.o GAV a
partir de 15 de Novembro de 1956.
Transferência
dos B-25 do 1o/4o GAV
|
B-25 do 5.º GAV existente na Praça das
Velhas Garças no CATRE
|
Ainda
a Portaria 47 GM2 de 12 de
Outubro, atribuiu ao 2.o/5.o GAV, anteriormente Esquadrão
de Instrução de Caça com aeronaves F-47, a missão de ministrar instrução
de aeronave bimotor. Em conseqüência de orientação do Estado-Maior da Aeronáutica
foram transferidas as aeronaves do
Esquadrão de Instrução de bimotor de Fortaleza para Natal.
Ficou
assim o 5.o GAV constituído de dois Esquadrões de bimotor: O 1o/5o
GAV e o 2.o/5.o GAV ( ex 1o/4o GAV
sediado em Fortaleza )
Deslocamento do 2.º/5.º GAv para Fortaleza.
F-47 existente no Museu Aeroespacial |
|
No dia 7 de Dezembro de 1956, cumprindo determinação do Estado-Maior da Aeronáutica, o 2.º/5.º GAv, constituído de aeronaves F-47, deslocou-se para a Base Aérea de Fortaleza onde constituiria o 1º/4º Gav.
No
dia 18 de Dezembro de 1956 o Maj Av Alberto da Silva Côrtes declarou que
assumiu interinamente o Comando do 5.o GAV, conforme designação do
Cmt da Base Aérea de Natal Cel Av
Antônio Joaquim da Silva Gomes.