Na Estação

(Genildo Mota Nunes)


Olho, com desdém, o mundo dos homens
e cuspo fora as minhas últimas ilusões.
Tirei, no enxágüe breve, as pálidas decepções
da minha alma carente e maltrapilha.

Perto do embarque, aguardo na Estação.
E esta brisa, meu Deus, esta triste brisa,
traz de longe o som de uma agonia nova,
onde o Tudo é fumaça, vulto e longo caminho!

Olho para os pés libertos das sandálias,
veias intumescidas, calos e dedos tortos...
tanta estrada percorrida entre o tudo e o nada!

Estou na Estação e saúdo, triste, os que partem.
Guardei para o momento aquela última lágrima,
vinho tinto no meu cálice e o último pedaço de pão.


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