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Geografia
Geral - Indústria
Histórico
1.
Fases da Revolução Industrial
:
-
séc. XVIII- na Inglaterra (causas: geográficas- jazidas de carvão e
ferro; históricas- mercantilismo e cercamentos; técnicas- máquina a vapor),
surgindo duas novas classes sociais (burguesia industrial e proletariado) e
nova fase do capitalismo, ou seja, o industrial, liberal e concorrencial,
cuja base ideológica foi criada pelos filósofos Adam Smith, David Ricardo...).
Acabam os restos de feudalismo e as corporações de ofício, iniciando-se o
trabalho fabril assalariado.
-
séc. XIX- segunda fase da Revolução Industrial
(nos países europeus, EUA, Japão) devido a novas técnicas (conversão do ferro
em aço, motor de explosão interna), novos meios de transporte (trem, navio a
vapor), fontes de energia (petróleo, eletricidade) e de comunicação
(telefone). O capitalismo é sujeito a crises de recessão (paralisação da
economia) e desemprego, como foi a Grande Depressão (l873 a l895) na
Europa, cujos efeitos foram: o capitalismo passou a ser financeiro e
monopolista, com o surgimento de trustes e cartéis, iniciando-se o
colonialismo contemporâneo ou imperialismo (da Europa sobre a África e Ásia;
dos EUA- com a Doutrina Monroe - sobre a América Central; do Japão sobre a
China-Manchúria e a Coréia)
-
O capitalismo após a Grande Depressão passou a
ser financeiro- devido à ação dos bancos europeus exportando créditos
para a construção de infraestrutura de transportes nas colônias e -monopolista,
porque surgem nos EUA os trustes, ou seja, grandes empresas que eliminam a
concorrência de pequenas e dominam o mercado. Este capitalismo financeiro
passou a ser intervencionista (ou keynesiano) da década de 30 à de 80- em que
o Estado se intromete nas atividades nacionais e cria o Estado do Bem-Estar
Social. A partir da década de 80, vigora nova fase do capitalismo: o
neoliberalismo (cuja prática se fundamentou no chamado Consenso de Washington,
em que o Estado deve cada vez mais se afastar do cenário econômico,
privatizando suas empresas e se abrindo ao comércio internacional).
-
A segunda fase da Revolução Industrial propiciou uma nova divisão local de trabalho (relação campoó
cidade), pois, através da Revolução Agrícola, o campo se mecanizou
substituindo a mão-de-obra que migrou para as cidades e para a América
(Revoluções Liberais foram fatores de expulsão da população européia
especialmente para os EUA), enquanto as indústrias fornecem máquinas para o
campo .
-
No século XX ocorrem as duas Guerras Mundiais, sendo que a última propiciou,
através das Eras Nuclear e Espacial, as bases da Revolução tecnocientífica,
que protagoniza a III fase da Revolução Industrial e a globalização do mundo
contemporâneo.
2.
- Tipos de indústrias e suas influênciass no espaço geográfico
A atividade secundária representa o processo de
transformação de matérias-primas brutas minerais, vegetais e animais em bens
úteis ao homem. Após a I Revolução Industrial passou a ter uma importância
enorme na organização do espaço geográfico da produção, circulação e consumo,
pois dinamizou a divisão espacial de trabalho (a nível local, regional e
internacional), o setor terciário de produção (serviços de transportes,
comércio, bancos, pesquisas) e tornou as cidades o centro de convergência de
atuação do capital e trabalho. As indústrias podem ser classificadas quanto à
evolução histórica (podem ser artesanais e fabris), à quantidade de energia e
matérias-primas consumidas (podem ser pesadas e leves), às técnicas empregadas
(tradicionais e modernas) e ao destino final de produção (podem ser de bens de
consumo e de produção). Vamos ao seu estudo.
A) Quanto à evolução histórica
as indústrias
podem ser artesanais e fabris. As indústrias artesanais remontam à Pré-História.
O lugar onde se processam as transformações das matérias primas é a oficina, na
qual o trabalho manual é dominante e não há uma nítida separação entre capital e
trabalho (na Idade Média, nas corporações de ofício haviam o mestre e os
aprendizes). As indústrias fabris surgiram com a Revolução Industrial; seu
espaço de transformação e elaboração dos produtos é a fábrica, na qual
encontram-se as máquinas, equipamentos e operários, que produzem, em série,
artigos estandardizados (padronizados segundo um modelo). Estas máquinas,
equipamentos e fábricas são meios de produção (ou capitais) de propriedade dos
burgueses ou capitalistas; enquanto os operários são donos de sua força de
trabalho. Há, portanto, uma separação nítida entre capital e trabalho.
A produção industrial até a
década de 70 baseava na divisão técnica de trabalho, a partir daí, com a
Revolução Científica e Tecnológica, passou a haver a integração através da
pesquisa e da flexibilização do trabalho e da produção (adaptação rápida por
máquinas informatizadas ou trabalho flexível sem vinculação direta ao espaço
fabril), além de sua internacionalização. Já estudamos que a
desterritorialização consiste na centralização da administração e gerenciamento
nos países centrais, enquanto as fábricas se descentralizam integradas através
de infoway.
B) No tocante à quantidade de
energia e matéria-prima consumida na produção, as indústrias podem ser leves
e pesadas. As indústrias pesadas exigem uma quantidade considerável de energia e
matéria-prima, tendo, pois, uma densidade econômica grande e precisando de
vultosos investimentos em capital e tecnologia -em face disso, elas estão
restritas às grandes empresas particulares ou estatais. Exemplos: a siderurgia,
a eletrometalurgia de alumínio (5 ton de bauxita resultam em 2 ton de alumina e
daí em 1 ton de alumínio), a naval, etc. Essas indústrias pesadas tendem a se
situar no litoral dos países centrais, em face dos custos menores importação das
matérias-primas através de transportes marítimos.
As indústrias leves têm menos
densidade de consumo energético e de insumos, como as têxteis, as de bebidas, de
medicamentos, as alimentares. Elas usam os transportes rodoviários, pela sua
praticidade em levar os seus produtos ao mercado consumidor, embora sejam os
mais caros. Essas indústrias são as mais desconcentradas geograficamente,
estando mais presente nos países subdesenvolvidos com custos diferenciais
menores (ex: ¾ da produção mundial de fibras de algodão e 60% da de aparelhos de
rádios estão nestes países)..
C) Quanto às técnicas
empregadas as indústrias podem ser tradicionais e modernas. As tradicionais
usam tecnologias clássicas e usam mais mão-de-obra; enquanto as modernas usam
tecnologia de ponta (informática, robótica, telemática, cibernética), precisando
de mão-de-obra especializada, representando cerca de 90% da produção industrial
mundial concentrada nos países centrais. Já estudamos que a modernização criou
novas profissões, tornou o trabalho flexível, provocou a terciarização e a
terceirização da PEA, provocou o desemprego estrutural.
D) Quanto ao destino final da
produção , as indústrias podem ser de bens de consumo e de bens de produção.
As indústrias de bens de produção
podem ser de dois tipos: as de bens intermediários (de matérias primas como as
indústrias extrativas; ou as de insumos, como as de cimento, siderúrgica,
petroquímica).Sem elas, os países não podem montar seu parque industrial de
forma autônoma e ficam dependentes da importação dos mesmos. Daí se chamarem de
indústrias de base.
As indústrias de bens de consumo
atendem diretamente às necessidades mais diretas do mercado consumidor. Elas
podem ser de uso ou de bens de consumo duráveis (automobilística, aparelhos
elétricos, eletrônicos, eletrodomésticos) e de não-duráveis (ou de consumo
imediato). As primeiras precisam exercer mais controle dos estoques de produção,
já que o seu uso é mais permanente e continuado; geralmente estão sob o controle
de oligopólios. Já as últimas precisam renovar continuamente os seus estoques de
produtos perecíveis e de durabilidade limitada e estão mais difundidas pelo
espaço geográfico mundial.
3.-
Fatores de localização das indústrias
Na localização indústrial
conjugavam-se, até a década de 70, fatores históricos e geográficos. Os
históricos explicam a DIT entre países centrais e periféricos, na medida em que
sofreram ou não o processo de Revolução Industrial e o colonialismo moderno e
contemporâneo.
O fator ponderável na localização
de qualquer empresa ao fazer o investimento em instalações para o exercício de
suas funções é a possibilidade de maior lucratividade possível. A tendência das
indústrias (especialmente as de bens de produção e as de consumo duráveis) era a
de atraírem outras, formando as economias de aglomeração, onde a rentabilidade
vai ser boa em face das condições de mercado consumidor, transportes,
mão-de-obra, comunicações. Em face da saturação destas condições nas metrópoles
atuais, a tendência é de haver uma desaglomeração.
Os fatores geográficos são
representados pelas matérias-primas, fontes de energia, mercado de consumo,
mão-de-obra e facilidades de transportes e de comunicações. O desenvolvimento
dos transportes, diminuindo os custos de transferência das fábricas; a revolução
científica e tecnológica, alterando os custos de produção e melhorando as
comunicações; enfim, o processo de globalização, estão condicionando a
descentralização das indústrias pelo mundo.
4.-
Concentrações industriais e financeiras
As concentrações industriais são
representadas pelos complexos industriais (formando um espaço urbano polarizado
representado por metrópoles e megalópoles), parques e distritos . industriais. A
elas sucederam-se as concentrações financeiras, que podem ser de 2 tipos: as
horizontais (de indústrias não-complementares que pertencem a uma grande
empresa) e as verticais (atividades complementares pertencentes a uma empresa,
que controlam desde a fabricação de commodities até o produto final, como a
extrativa ®
siderúrgica ®
metalúrgica).
Tais aglomerações financeiras são
características do processo de monopolização e manifestadas através de trustes
(como eram chamadas as transnacionais antes da II Guerra Mundial- aí a empresa
grande elimina a concorrência da pequena) e holdings (= concentrações verticais
em que empresas grandes assumem o controle acionário de pequenas), cartéis (=
concentrações horizontais em que ocorre o acordo ou "pool" de grandes empresas
do mesmo gênero de produção, garantindo a divisão de mercado entre si,
controlando o volume de produção e, consequentemente, o preço), joint-ventures
(2 empresas de mesmo ramo de produção, mas de nacionalidades diferentes, se
articulam para operar no mercado) e os conglomerados (associações de empresas de
ramos diferentes, diversificando suas atividades para evitar prejuízos totais e
monopolizando a produção e comercialização). Com a globalização, os processos de
fusão aumentaram consideravelmente nos países desenvolvidos, entre as
transnacionais.
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