Charles Darwin (1809-1882)
Nascido
de uma família abastada, Darwin recebeu educação nas melhores instituições
de seu tempo, posteriormente cursando medicina na Universidade de Edimburgo.
Abandonou o curso de medicina dois anos após sua entrada na universidade. Mais
tarde entrou para a Universidade de Cambridge, de 1828 a 1831. Lá entrou em
contato com duas personalidades que influenciaram sobremaneira suas posteriores
pesquisas: conheceu o geólogo Adam Sedwick e o estudioso de Botânica John
Henslow. Este o convenceu a partir em uma viagem ao redor do mundo, que durou
cinco anos. Nesta viagem, Darwin passou a coletar inúmeros espécimes da vida
terrestre e marítima, já tendo sido instruído por Henslow e Sedwick na
observação científica dos fenômenos do mundo natural e na observação dos
resíduos da história terrestre.
Darwin tinha 22 anos quando zarpou em 1831 com o Beagle com a missão primária
de desenhar reentrâncias mal conhecidas do litoral da costa Sul Americana.
Enquanto a maioria da tripulação estava descobrindo a costa, Darwin ficava em
terra coletando material da exótica flora e fauna até então pouco conhecidas
pelos europeus.
Darwin teve a oportunidade de perceber as
adaptações que aconteciam de acordo com cada ambiente, sejam as selvas
brasileiras, sejam os pampas argentinos e ainda os Andes. Darwin estava
estarrecido com as peculiaridades da distribuição geográfica das espécies. O
caso que ficou mais famoso foi o das ilhas Galápagos, que ficam cerca de 900 km
da costa e hoje pertencem ao Equador. As espécies nestas ilhas são endêmicas
porém lembram espécies que vivem no continente sul americano. Darwin quando
fez a sua coleta de pássaros não se preocupou em fazê-lo ilha por ilha,
principalmente porque ele não tinha ainda idéia do significado que a fauna e a
flora teriam para ele depois disso. Neste ponto da sua vida Darwin já estava
questionando o conceito estático da Terra. Para ele a Terra evoluía e estava
em constante transformação...
Quando Darwin coletou os tentilhões ele não
sabia se eram todos de uma só espécie, ou se eram espécies diferentes. Quando
ele voltou a Inglaterra em 1836 ele consultou ornitologistas que o disseram que
eram espécies separadas. Quando isto aconteceu ele reviu as notas que escreveu
durante a viagem e, em 1837, começou a escrever o primeiro de uma série de
anotações sobre a origem das espécies...
Darwin então começava a perceber que a origem
das espécies e a adaptação ao meio ambiente eram processos muito
relacionados.
Nos primeiros anos de 1840 Darwin trabalhou nas
bases de sua teoria de seleção natural e mecanismos de evolução, porém ele
ainda não havia publicado nenhuma de suas idéias. Mas ele não estava distante
da comunidade cientifica da época, pois já era considerado um grande
naturalista pelas espécies que enviou de sua viagem com o Beagle e recebia
cartas e visitas de cientistas renomados. Darwin tinha problemas de saúde e
ficava muito dentro de casa e reunia cada vez mais material para dar suporte à
sua teoria. Porém o pensamento evolucionista estava emergindo em diversas áreas
e Darwin estava relutante em expor suas idéias para o público da comunidade
cientifica... Até que em junho de 1858 Darwin recebeu uma carta de um jovem
chamado Alfred Wallace, que estava trabalhando nas Índias Orientais. Na carta
Wallace pedia para Darwin avaliar um paper e se considerasse relevante, que
passasse para Lyell. No paper Wallace desenvolveu uma teoria de seleção
natural essencialmente idêntica a de Darwin... Isto fez com que Darwin
apressasse a publicação de "A Origem das Espécies", mas ele
primeiro apresentou o trabalho de Wallace juntamente com um artigo que ele próprio
(Darwin) havia escrito em 1844 (e deixado com a mulher para que ela publicasse
caso ele morresse antes de escrever algo mais completo sobre o assunto) para a
Sociedade Linnaen de Londres.
Darwin tinha tanto material para suportar suas
idéias, e trabalhou tanto em cima desta teoria que até mesmo Wallace
reconheceu que Darwin deveria ser reconhecido como autor principal da teoria.
(afinal ele tinha manuscritos de 15 anos de idade...)
De volta da viagem, logo passou a
registrar o resultado e as conclusões de suas vastas anotações que fez
durante a longa viagem. Em sua observações durante a viagem, notou que as
variações de espécies sucediam-se à medida em que avançava para outros
territórios em sua viagem. Também registrou as observações sobre a variação
de espécies das ilhas de Galápagos, em que cada ilha apresentava uma espécie
dominante, ao passo em que reconheceu tais ilhas como formações geológicas
recentes. Dois anos após sua volta à Inglaterra, toma contato com a obra que o
influenciaria definitivamente: Ensaio sobre o Princípio da População, de
Thomas Malthus. Nesta obra, o economista Thomas Malthus observa que as populações
de quaisquer espécie não mantêm o mesmo número de indivíduos ao longo das
gerações, pois cada par de indivíduos são gerados normalmente mais do que
apenas dois indivíduos, enquanto a quantidade de fontes de alimentação
permanece constante. Desta forma, haveria competição por alimento cada vez
maior entre os indivíduos de uma população. Darwin notou que, se levasse em
conta a variação entre os indivíduos, chegaria à conclusão que haveria
indivíduos mais aptos do que outros, e estes indivíduos mais aptos
sobreviveriam à custa da morte dos demais. Em sua linguagem, Darwin utilizou o
termo “adaptação” (os indivíduos melhor adaptados ao seu meio seriam
aqueles que portam variações vantajosas em relação aos demais indivíduos e
às condições de sobrevivência de seu meio natural). Tal processo é a base
do que Darwin denominou seleção natural. Deste conceito fundamental
originou-se, no ano de 1859, a publicação da grande obra de Darwin, A Origem
das Espécies. Tal foi o grande impacto de suas teorias em sua época que a
primeira edição da Origem, com tiragem de mil duzentos e cinquenta exemplares,
esgotou-se no primeiro dia. As idéias de Darwin logo encontraram fortes
oponentes, desde muitos cientistas, que viam na teoria a incapacidade para
explicar a origem das variações entre espécies e indivíduos de uma espécie,
até líderes religiosos, pois as idéias de Darwin iam contra quaisquer concepções
da origem da vida segundo os preceitos teológicos vigentes. O problema da não
aceitação da teoria darwiniana por parte de cientistas obrigou Darwin a
utilizar-se das idéias de Lamarck quanto à adaptação ao meio. Sua teoria, no
entanto, passaria a ser aceita pelo meio científico apenas no século XX,
depois das descobertas de Mendel acerca da transmissão hereditária de
caracteres. Somente em 1997 a teoria recebeu anuência do representante máximo
da Igreja Católica, o Papa João Paulo II. A teoria de Darwin revolucionou
definitivamente o modo como o mundo científico e o homem de maneira geral
compreendem a existência da vida no planeta.
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