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Matéria Especial sobre o filme e livro do 

Harry Potter

  Os livros Harry Potter talvez sejam o maior sucesso até hoje na história da literatura infantil. Essa série, escrita por autora britânica chamada J.K. Rouling, foi traduzida em 35 idiomas e lida em 220 países. Chegou ao topo dos campeões de venda em todo mundo com a marca de quarenta e um milhões de exemplares distribuídos. No Brasil, os livros da série Potter ocupam os três primeiros lugares de venda. Os dois primeiros volumes, por exemplo,  atingiram a casa de 200 mil exemplares vendidos. É a primeira vez que um só autor consegue conquistar tal posição.

Os maiores compradores desses livros campeões de venda são, obviamente as crianças. Muitas delas, segundo consta, ao comprarem um exemplar dessa série, estão lendo pela primeira vez um livro na vida. Pais e mestres afirmam que a série Harry Potter está levando milhares e milhares de jovens aos prazeres da leitura. Os meninos, em especial, que usualmente são mais resistentes à leitura que as meninas, estão desligando a TV e os videogames para dedicar tempo ao suposto bom livro. Os jovens que antes eram condicionados a passar horas e horas em frente à televisão estão se dedicando intensamente à leitura de uma série com nada menos que 700 páginas.

Quem vê isso pensa logo em boas notícias. Mas não é bem assim. Um dos aspectos das histórias de Harry  Potter faz com que os pais cristãos se sintam mal. A série fala de uma escola para bruxas. Harry é um pré-adolescente bobo e totalmente infeliz, criado por padastros que o desprezam. Por fim, ele vai para a Academia Hogwarts (Verruga de Javali), um  internato mágico. Lá aprende a lançar sortilégios e se transforma num superatleta ao participar, voando, de uma corrida de vassouras, além de desfrutar de aventuras fabulosas.

Nestes tempos, quando a verdadeira bruxaria está em voga, com as convenções de Wicca ( Bruxaria ) reconhecidas nos campus universitários da Europa e América do Norte como mais um ministério legítimo entre os estudantes, essas narrações passam a idéia de que a feitiçaria é algo atraente. É verdade que as bruxas e bruxos que voam montados em vassouras não deixam de ser uma ilustração dos personagens das histórias infantis. Não se tratam, logicamente,  das deusas neopagãs e dos adoradores da Natureza da Wicca. Mas não é por isso que os pais cristãos devem deixar de se preocupar com os seus filhos adolescentes: a leitura da série Harry Potter está a um pequeno passo entre o fascínio pelo personagem desses livros e o envolvimento aberto com o ocultismo.

O que, portanto, os cristãos devem pensar do grande sucesso da moda Harry Potter? Entre outros motivos, as crianças se apaixonam por esses livros e agora também em filme, porque suas mentes estão subnutridas e, empregando a metáfora de Tolkien, ansiosas por uma via de escape.

A popularidade dos livros Harry Potter não está simplismente no fato de eles serem fantasias (literaturas como esta existem muitas, mas não com tamanha popularidade). A série fala de escola, educação. Eis o motivo de seu grande sucesso. Ao lerem a respeito da Academia Verrugas de Javali, as crianças se identificam com o ambiente, e isso lhes dá a sensação de conhecê-la. Ao viajarem na leitura, encontram-se com a panelinhas, as pressões estudantis e, acima de tudo, a luta pela popularidade entre os amigos, algo com que estão bem familiarizadas.

A Academia Verrugas de Javali é uma escola diferente, interessante. Não é como as escolas comuns. Ao invés de simplesmente colocar as crianças sentadas em grupos para que compartilhem seus sentimentos, ensina-lhes coisas maravilhosas: tornar-se invisível, mudar a forma dos objetos com a vara de condão (vara mágica) e voar!

As crianças, especialmente as mais perceptivas, podem identificar-se com Harry Potter que, no início, está preso no mundo de Muggle (âmbito material comum insípido daqueles que não conseguem enxergar o sobrenatural), marginalizado na escola e desprezado pelos padrastos. O desenrolar da história revela que ele era realmente um mágico desde o começo. Na Academia, o menino bobo de óculos alcança popularidade! Os fãs de Harry Potter  não estão interessados no enredo fantasioso sobre bruxas, mas em se tornarem populares e bem-sucedidos.

O argumento cristão contra Harry Potter é o fato de estar ele em uma escola para feiticeiros. Sabemos que as bruxas não são meras personagens dos enredos fantasiosos. Elas são reais. Sejam elas adoradoras de Satanás ou devotas neopagãs de Wicca. Não importa.

Extraído do Boletim quinzenal da Comunidade Shamah em Icarai - Niterói - RJ do dia 25/11/2001