Leanne

 

Eu não posso dizer que não sabia. Não posso dizer que ignorava tudo que Leanne sentia por mim. Eu sabia. Eu sempre soube.

Fazia uns três ou quatro anos que nós não nos víamos. Por causa do meu trabalho e do trabalho do pai dela, o tio Michael, a gente simplesmente não se encontrou mais. Não foi nada planejado. Quando minha mãe começou a programar a festa de aniversário de 50 anos do meu pai eu sabia que reencontraria Leanne. Eu me lembrava dela com uns 15 ou 16 anos mais ou menos, cabelo loiro bem comprido, aparelho fixo, óculos e sempre usando o bom velho jeans e camiseta. A gente se dava bem, Leanne era uma prima que eu gostava muito. E eu sei que ela se sentia atraída por mim. Nunca, no entanto, eu dei grande atenção a isso. Com o tempo, tudo passa, certo?

Eles chegaram no dia da festa, pela manhã. Tio Michael, Tia Grace, Warren, Tory e Leanne. Quando eu levantei, eles estavam sentados à mesa da cozinha, tomando café da manhã. Eu só reconheci Leanne pq ela estava com o resto da família. Os cabelos longos tinham dado lugar a um corte simples à altura do ombro. O aparelho e os óculos sumiram. O jeans e a camiseta continuavam lá, acompanhados por uma simples blusa de moletom. Leanne não tinha tornado-se uma top model, mas as feições de seu rosto tinham mudado muito. Ela estava bonita. Não que ela não fosse antes, pois ela o era. Mas ela estava mais bonita, com certeza.

-Bom dia, filho!

Minha mãe fez minha presença conhecida a todos. Leanne já tinha me visto, mas ficara apenas me olhando, sem falar nada. Eu tb nada dissera. Costumeiramente cumprimentei a todos, com longos abraços e palavras carinhosas. Como já disse antes, fazia muitos anos que não nos víamos. Sentei-me ao lado de Leanne e comecei a comer. Todos conversavam animadamente, menos ela. Estranhamente, ela comia calada, apenas sorrindo aos comentários de seus ou de meus pais. Tory e Warren tb conversavam bastante.

-E a escola, Lee? – eu perguntei, tentando fazê-la falar alguma coisa.

Antes de responder, ela sorriu em minha direção.

-Eu já estou na faculdade, Zac.

Era minha vez de ficar quieto. Acho q ela percebeu que fiquei sem graça e com outro sorriso, disse:

-Mas a faculdade vai muito bem.

Tory e Warren me envolveram em alguma conversa, que eu nem me lembro mais qual era, e a minha conversa com Leanne foi interrompida. Logo Isaac e Taylor tb acordaram e nós cinco (eu e meus irmãos e Tory e Warren) saímos rodando por Tulsa. Eu me lembro do Ike chamando Leanne pra vir com a gente, mas ela preferiu ir pro hotel onde ela e meus tios se hospedariam para "descansar da viagem", como ela mesma disse.

Eu só a vi novamente na hora da festa. Ela e meus tios chegaram cedo à minha casa, bem antes da festa começar, pois minha tia iria ajudar minha mãe em sei lá o que! Meu pai e meu tio tb estavam entretidos em uma conversa. Leanne estava de costas pra mim, olhando umas fotos penduradas na parede. Aliás, as costas de Leanne estavam inteiramente à mostra, num vestido de veludo azul marinho.

-Hey. – disse ao me aproximar.

-Oi. – ela sorriu levemente em minha direção.

-Descansou?

-Ahã. Sua mãe precisa renovar as fotos dessa parede, Zac.

-Pq?

-Olha isso! – ela apontou para uma foto dela da época dos óculos e do aparelho fixo.

-Essa foto foi tirada da última vez que vc veio aqui.

-Se eu tirar umas 10 fotos hj, vc promete que convence sua mãe a trocar essa foto velha por uma recente?

-Prometo. Se vc quiser, eu mesmo troco.

-E queima a velha, fazendo um favor.

-Isso não! Eu gosto de fotos velhas.

-Vc não vai secar o cabelo não? Vc tá molhando sua camisa.

Eu tinha acabado de sair do banho e meu cabelo estava encharcado.

-Minha toalha ficou no banheiro e a Jessica está no banho agora.

-Vem comigo.

Leanne pegou a minha mão e sem mais dizer, me levou até o quarto dos meus pais. No armário ela pegou uma toalha de rosto. Fez-me sentar na beirada da cama. Ela se posicionou entre as minhas pernas e começou a secar meu cabelo. Ela delicadamente passava a toalha no meu cabelo e nuca. Eu sentia as pontas de seus dedos tocar minha pele vez ou outra.  Seu corpo parecia cada vez mais próximo ao meu. Meu rosto estava a centímetros do abdome dela. Eu podia sentir seu perfume. Levei uma das mãos até a cintura dela, enquanto ela continuava a secar meu cabelo.

-Acho melhor vc trocar essa camisa. O colarinho está bem molhado. – ela disse jogando a toalha em cima da cama.

Dessa vez eu a tomei pela mão e a levei até o meu quarto. Com a porta fechada, comecei a desabotoar minha camisa. Botão a botão, vagarosamente. Leanne sentou na beirada da minha cama e ficou me olhando o tempo todo. Seus olhos acompanhavam os movimentos de minhas mãos, descendo também botão a botão, até que o último foi aberto e a camisa jogada no chão. Eu a olhava me olhar. Seus olhos fixados em meu peito nu, uma expressão indecifrável em seu rosto. Depois de alguns instantes, fui até meu armário e comecei a procurar uma camisa para vestir.

-Qual vc acha q eu devo por? – perguntei sem mesmo oferecê-la alguma opção.

Leanne se levantou da cama e venho em minha direção. Ela entrou na minha frente e cuidadosamente começou a olhar algumas camisas. Mais uma vez eu levei minha mão até sua cintura, trazendo seu corpo próximo ao meu. Suas costas tocaram meu peito. Sua pele era tão macia!

-Por mim, vc ficava sem camisa mesmo... – ela disse retirando uma camisa do armário. – ...mas como o que eu quero não pode prevalecer, coloca essa.

Abri meus braços, sinalizando para que Leanne me vestisse. Ela colocou a camisa em mim e abotoou todos os botões. Quando ela terminou, comecei a abrir o botão da minha calça e o zíper. Ela olhava, surpresa.

-Eu só uso a camisa pra dentro da calça. – eu disse, como se o que eu estivesse pedindo pra ela fazer fosse a coisa mais comum do mundo.

Ela hesitou alguns instantes antes de levar as mãos até minha cintura. E então ela começou a colocar a camisa dentro da calça. Enquanto suas mãos tocavam meu corpo em lugares que eu tenho certeza ela jamais imaginava que um dia tocariam, seus olhos se fixaram nos meus.

-Vc está me provocando, não está, Zac?

-Eu?... – com a ponta da língua molhei meus lábios.

Leanne sorriu, finalmente fechando o zíper.

-Vc nunca usa camisa dentro da calça.

-Como vc sabe? Faz um bom tempo que a gente não se vê. – eu a abracei pela cintura. Ela imediatamente levou os braços até meu pescoço.

-Faz um bom tempo que a gente não se vê pessoalmente, mas eu te vejo pela TV o tempo todo.

-Vê?

-Vc sabe que sim e vc está se aproveitando disso.

-Culpa sua.

-Minha?

-Vc está linda! Eu não consigo me controlar perto de vc.

Era verdade que Leanne estava linda. O que eu disse era óbvio e se o Taylor ou o Isaac tivesse dito isso a ela, em nada a afetaria. Mas fora eu quem dissera, fazendo com que um imenso sorriso brotasse em seus lábios. Eu não precisava me esforçar para agradar Leanne. Ela gostava de mim e qualquer coisa que eu dissesse era a mais doce e bela aos olhos dela. E eu ainda a beijei. Beijei-a delicadamente no rosto e depois nós deixamos o quarto.

Durante toda a festa ficamos juntos. Em toda oportunidade que tinha eu a tocava. Tocava seu rosto, suas mãos, seus braços, suas costas. Em alguns momentos levei minhas mãos abaixo das costas e vi sua pele arrepiar.

Era pouco mais de meia noite quando Leanne decidiu que queria ir embora. Ela foi avisar aos meus tios e aos meus pais. Disse que estava cansada e tomaria um táxi até o hotel. Eu intervi e disse que a levaria embora. Leanne aceitou a carona.

No caminho para o hotel continuei a provocá-la, acariciando suas coxas e provocando-a com palavras. Eu não a deixei na porta do hotel e fui embora. Quando ela me perguntou se eu gostaria de subir até o quarto dela um pouco, eu disse que sim. No elevador, tomei-a pela cintura, sussurrando em seu ouvido.

-Eu quero te beijar.

-Então beija. – ela sussurrou em resposta.

Seus lábios eram ainda mais macios que sua pele. Sua boca tinha um gosto absurdamente doce. Nós nos beijamos demoradamente e não paramos de nos beijar a caminho do quarto dela. Toda a tensão sexual que fora criada naquela noite começou a ser liberada assim que fechamos a porta do quarto de Leanne. Em pouco tempo não estávamos só nos beijando, nossas carícias já não eram mais sutis. Minha camisa tinha sido jogada em alguma parte do quarto, minha calça estava aberta e Leanne me acariciava. Eu já estava me livrando da calcinha dela e minhas mãos já tinham acariciado cada milímetro de sua pele. Ela gemia em meu ouvido, chamava pelo meu nome e eu enlouquecia. Enlouquecidos de desejo, nos jogamos na cama e transamos. Ela gritando meu nome e eu gritando o nome dela. Ela dizendo que me amava... e eu me calando.

Quando tudo acabou, ela me pediu pra ficar ali com ela.

-Não vai não... fica comigo... – devido ao cansaço da viagem e de nossas atividades sexuais, Leanne já estava quase adormecendo.

Então eu esperei que ela adormecesse. Sua aparência era calma, tranqüila, sossegada... feliz. Parecia um anjo adormecido. Eu tirei o braço dela de cima do meu peito e me levantei, fazendo o mínimo de movimento possível. Peguei minhas roupas que estavam espalhadas pelo quarto e me vesti. À porta, mais uma vez olhei para Leanne e me senti mal, pois sabia que eu era a parte mais forte da nossa história. Pra mim, tinha sido uma noite de prazer, de sexo. Para ela, tinha sido uma noite de amor. E então eu fui embora e a deixei dormindo. Dormindo e sonhando com um futuro que nunca existiria.

 

 

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