Dançar: e agora?

Alguns elementos estão tão enraizados em nossa cultura que terminamos por nem percebê-los.. ou pelo menos até o dia em que somos afetados por eles.

Durante anos tive mais ou menos noção dos problemas que enfrentaria, como sarro dos amigos de escola quando cortasse o cabelo, a surra ao chegar em casa com o boletim todo vermelho, a puberdade, a maioridade, o vestibular, entre outros.

Mas quando você começa a sair e descobrir um mundo agitado e totalmente diferente é que encontra um dos maiores desafios que terá: Dançar.

O mais estranho é que achamos que dançamos bem, até o momento em que percebemos que cada estilo musical tem seus passos próprios e que nossa performance está mais próxima de um ataque epilético do que da execução de movimentos corporais de maneira ritmada.

Nesse momento você percebe que existem músculos na sua cintura, e que eles servem para outras coisas fora permitir o ajuste do cinto

Se você já descobriu que não sabe dançar, estão está no caminho certo. Esqueça tudo o que um dia te disseram que era dançar e veja que aprenderá algo totalmente novo, como um idioma, e da mesma forma, poderá dançar com "sotaque" ou não.

Antes de tudo, você que é homem, precisa colocar uma coisa em sua cabeça: a maioria dos homens tem dificuldades para dançar.

O impressionante é que nem sempre vemos isso com facilidade devido a preocupação exagerada que temos em fiscalizar apenas nossos pés.

As mulheres já vêem programadas com um dispositivo que as permitirá dançar qualquer estilo sem nem mesmo terem visto alguém dançá-lo. Elas conseguem pegar a música no ar, possuem uma sensibilidade incompreensível ao homem. Até as mais quietas e tímidas quando entregam-se a melodia dançam como se fossem membros de alguma companhia de dança.

Nunca e jamais tentem imitar uma mulher dançar, acreditem, elas são melhores que nós, homens.

Coloque em sua cabeça que dançar é quase um dom, e como provavelmente você não o terá, precisará de ajuda profissional e muito esforço para chegar próximo ao que se intitula de bom dançarino.

Não danço direito, mas vou contar-lhes algumas coisas para pelo menos darem a entender que são conhecedores dos trejeitos musicais.

Só tem uma razão que provoca a dificílima reação químico-muscular do homem de largar seu copo por uma pista de dança: a mulher

Isso mesmo, são poucos os homens que dançam pelo prazer de dançar. Dançar é desgastante, tira a gravata do lugar, exige equilíbrio e destreza para não pisar ou nocautear os próximos com seus movimentos desacomedidos.

Toda vez que são levantadas as questões dos sacrifícios que os homens fazem pelas mulheres, a teoria da dor do parto toma partido.

Mas percebam que as circunstâncias assustam qualquer homem.

É chato largar algo prazeroso, como o ato de estar com os amigos conversando, rindo e bebendo para fazer algo que você não sabe e não gosta, mas todos os homens, ou boa parte, encaram isso regularmente, sendo o famoso mal necessário. A música consegue gerar um campo eletromagnético no corpo feminino que simplesmente a atrai para a pista de dança.

Assim que chegar no ambiente, e perceber o brilho torturoso da sua companhia prometendo que irá dançar até o fim da festa, trate de beber alguma coisa. Não vá entornar um copo, lembre-se que você precisa ficar relaxado e à vontade, não fora de controle.

O próximo passo é tentar perceber qual o estilo que estão tocando e olhar discretamente como os presentes na pista reagem as notas musicais. Se estiverem tocando de tudo, beba um pouco mais e comece a rezar para não colocarem tango quando entrar na pista.

Já na pista, fique sempre bem próximo à sua companhia, isso ajudará a esconder sua falta de perícia com a dança ao mesmo tempo que poderá culpá-la quando falarem sobre um casal que estava dançando esquisito. Evite usar sapatos pesados, você talvez nem imagine a variação de cores que um dedo esmagado pode ter, e os adjetivos que receberá por isso no dia seguinte quando sua companhia for trabalhar mancando e perguntarem o que se deu.

Na pista evite ser o mais afoito, e fique nos cantos.

Se perceber que está se empolgando, está chegando na hora de parar, exceto se todos os seus amigos estiverem dançando em trenzinho e entoando alguma marchinha antiga de festa.

São simples observações para evitar boa parte dos apertos que o ato de dançar pode propocionar...e se terá coragem de levantar-se e tentar dançar, ou se ficará na mesa bebendo e falando sobre como todo mundo dança mal, é uma opção sua, mas de uma coisa tenha certeza, esse é um desafio que terá mais cedo ou mais tarde.

Hélio Leal