Veio Ver VERÍSSIMO ?


Quem é esse tal de Éle Éfe Vê, afinal ?

Luis Fernando Veríssimo

Luis Fernando há muitos. É o Veríssimo que dá peso. Vem do pai. O velho Érico. Homem letrado, professor, escritor de clássicos. Dele Luis herdou o sobrenome, o tesão pela literatura e até a casa onde mora com a família, em Porto Alegre. A mãe é dona Mafalda, ainda viva. A esposa é dona Lúcia (não AQUELA Lúcia Veríssimo). Três filhos com ela. Será que já estão pagos ? Fernandinha, ao menos, ajudou na produção de livros. Pedro e Mariana, não sei.

Éle Éfe Vê é escritor de texto refinado, sem rodeios. A objetividade de Veríssimo faz o que escreve fluir na cabeça de quem lê. Ele mesmo é homem tímido, de poucas palavras a dizer de boca. Talvez guarde fôlego para contar , no papel, tudo o que calou. Culto, não perde a oportunidade de se exibir para os leitores. Vive citando nomes, locais e fatos pouco conhecidos do grande público. Mas e daí que ninguém saiba exatamente do que ele está falando ? Luis conquista não com o olhar, mas com a ótica.

A maestria de Veríssimo vem da capacidade de extrair do simples cotidiano temas extremamente complexos. Ele enxerga numa situação corriqueira o que nós, meros mortais, não conseguiríamos ver sem o filtro do olhar verissimiano. Essa é a missão, aliás, de quem faz da escrita uma arte - não se fixar no óbvio, mas no que está à periferia dele.

Faz rir. Faz chorar. Faz pensar. É político. É humano. É, sem dúvida, um gigolô das palavras. E nem as come ! As deixa inteiras para que o leitor possa obter máximo prazer. O estilo já rendeu prêmios: Medalha de Resistência Chico Mendes, Prêmio de Isenção Jornalística (que não o impede de explicitar sua irritação com um certo Efeagá) e o de Intelectual do ano em 97.

Veríssimo é multimídia. Já teve coluna em rádio, escreve para jornais de todo país, revistas também - até na Playboy já seduziu leitores. Veja. Tem personagens e crônicas adaptados para teatro (de coletâneas ao Analista de Bagé) e cinema (há um curta excelente, se não me engano com a Isabel Ribeiro, onde ela vive uma suicida que recebe a ligação de um programa de prêmios - baseado no conto de LFV "A Voz da Felicidade" ; será que cito aquele "lixão" que Alain Fresnot ousou batizar de "Ed Mort" ? Nããão).

LFV redige textos para programas de tevê com enorme sucesso há anos. Emprestou graça aos programas de Jô Soares, ao célebre TV Pirata etc. A televisão, aliás, é responsável pelo último grande "bum" de publicidade desse homem calvo, de ar pacato, fala mansa, óculos grandes, saxofonista médio (já fez parte do Muda Brasil Jazz Band com os irmãos Caruso, e hoje toca em um outro grupo - o Jazz6, CD na praça e tudo !), bom garfo, mas que prefere mesmo digerir palavras.

A repercussão da "Comédia da Vida Privada" trouxe-o à tona novamente no início dos 90s, chamando a atenção de mais uma geração de leitores. Felizmente, Luis Fernando Veríssimo é atemporal. Neste momento ele deve estar aprontando mais alguma. Inventando histórias. Virando História.

As últimas notícias que tenho dele: Em 31 de janeiro de 99 estava escrito ! Saía do JB após quase 30 anos de crônicas. Rendeu-se de vez aos encantos da Vênus plantinada - está em "O Globo", embora continue publicando a coluna em diversos outros jornais do país. Oxalá tenha por aquelas bandas a mesma liberdade.

Fev 99: LF entrou na folia. Literal e literariamente. No desfile das escolas de samba de Porto Alegre, ele e o pai foram tema da Unidos de Vila Isabel. "De Veríssimo a Veríssimo" foi o enredo. Luis ficou de longe, assistindo a tudo de camarote.

Não bastasse, o camarada também aproveitou a onda de mudanças e trocou de editora. Disse adeus à L&PM, por onde vinha lançando livros desde meados dos 80s, pra entrar na virada do milênio pela OBJETIVA.

Desta união, nasceram seu segundo romance e outras quatro coletâneas(ver seção BIBLIOGRAFIA). A mais recente teve parto anunciado no final de 2000. "As Mentiras que os Homens Contam", no entanto, é um livro que repete textos já lançados anteriormente em outras edições de Veríssimo. Vale apenas para os novos leitores.

Pela Companhia das Letras ele transcende o espírito de escritor e faz uma egotrip. Reencontra seu ídolo Jorge Luis Borges numa ficção policial non sense. "Borges e os Orangotangos Eternos" é um delírio do Éle Éfe, preparado pra fazer rir e pensar - como sempre !

os novos Veríssimos

RL


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