AS LIÇÕES DE KOTLER
A simplicidade com que apresenta mensagens complexas e a profusão
de casos concretos cativaram uma plateia atenta de 450 pessoas. Aos portugueses
sugeriu a aposta nos nichos de mercado. Saiba o que de essencial ensinou
na conferência o grande mestre do marketing
Por: Isabel Canha
Não garantimos
que a história seja verdadeira - os bons comunicadores sabem como
prender a atenção da audiência com uma anedota inicial.
"A primeira conferência que proferi foi numa reunião académica",
conta Philip Kotler. "Só apareceu uma pessoa, mas, ainda assim,
fiz a minha prelecção. No final, preparava-me para sair quando
ela me suplicou: ‘Não pode ir-se embora. Eu sou o próximo
orador’. O que sabemos seguramente é que a conferência "marketing
por Philip Kotler - Vencer através do marketing orientado,
organizada pela Dun & Bradstreet Portugal, reuniu uma plateia atenta
de 450 pessoas. Apesar de não ser esta a primeira vez que visita
o nosso país, o mestre do marketing continua a despertar
o mesmo interesse.
Depois de provar que o marketing tradicional já não
serve o mercado no final da década de 90, a sumidade desvendou o
que fazem as empresas de sucesso. Em seguida, deu cinco lições
que mostram como vencer através do marketing orientado. Eis
o essencial da sua exposição.
Em Built to Last, os professores James Collins e Jerry
Porras investigaram os princípios que caracterizam as empresas que
têm melhor desempenho, as que irão durar. Eles são
três:
Uma clara articulação dos valores da empresa. Esses
valores são partilhados por todos na empresa. O IBM Way, por exemplo,
define-se por três valores: a crença no indivíduo -
trabalhadores, accionistas, clientes, etc.-, bons produtos e o melhor serviço.
Uma visão esclarecida do negócio. É preciso
fazer crescer a definição com algo que orgulhe as pessoas.
Uma empresa de fertilizantes, por exemplo, dirá que se dedica à
produtividade da agricultura e a combater a fome no mundo.
Uma visão clara da posição futura que deseja.
É a definição de para onde se dirige a empresa.
As empresas podem ser orientadas para o produto, para o mercado (o
que é melhor que ser apenas orientadas para o produto) ou para o
marketing. Estas últimas são as empresas que criam
novos paradigmas de servir o mercado, novas necessidades. Anita Roddick
é uma dessas visionárias do marketing que mudou a
forma como se faz o negócio - contra a abordagem tradicional das
empresas de cosmética, a Body Shop não recorre à publicidade
e recusa fazer promessas falsas, como a de ficar mais bonita.
As melhores empresas asseguram ainda um sistema de entrega de
valor superior. Antes, a investigação e desenvolvimento e
a produção criavam um produto e, depois, entregavam nas mãos
do marketing a tarefa de encontrar quem o comprasse. Graças
à McKinsey e a outras consultoras, hoje a sequência de entrega
de valor é inversa: primeiro escolhe-se o consumidor, depois produz-se
aquilo que ele quer e por fim comunica-se o valor que tem para oferecer.
1ª LIÇÃO |
Escolha o seu mercado-alvo |
A empresa deve
começar por decidir em que mercado se vai centrar:
Mercado de massas Apesar de muitas opiniões expressas
em sentido contrário, o mercado de massas está vivo. Muitas
empresas - a Coca Cola ou a Mars são apenas dois exemplos - ainda
o fazem com sucesso e, pela primeira vez na sua história, alguns
países estão prontos para o marketing de massas. É
o caso da Rússia.
Segmentos de mercado. Nos países mais desenvolvidos impera
uma mudança para os segmentos de mercado. O segmento pode ser um
mercado de grande dimensão: é o caso do segmento de automóveis
desportivos ou de luxo.
Os Japoneses são mestres na arte da segmentação.
Quatro empresas japonesas produzem hoje 40 marcas de cerveja segmentadas
não apenas pelas características do produto como também
pela ocasião em que são consumidas ou por características
demográficas.
um artigo publicado em 1995 na Harvard Business Review,
James Anderson e James Narus alertam que o problema de se concentrar num
segmento é que alguns consumidores irão pagar por serviços
de que não necessitam e, por outro lado, outros clientes não
recebem serviços por que estariam dispostos a pagar. Assim, os autores
defendem a criação de segmentos flexíveis, em que
a oferta da empresa é composta por um fornecimento básico,
com o menor preço lucrativo, e um conjunto de opções
cujo preço é definido pelo valor que tem para o cliente.
Nichos. Um nicho é mais pequeno que um segmento. Em Portugal,
onde as empresas são, sobretudo, de pequena dimensão, há
um grande potencial para o mercado de nichos.
Nos Estados Unidos há casos de empresas de nicho que
vale a pena conhecer. A Emory Worldwide compete com a Federal Express na
entrega rápida, mas especializou-se nas grandes embalagens. Vende
menos que a FedEx, mas faz mais dinheiro. Também a Entreprise Rent-a-Car
é maior que a muito conhecida Hertz, graças aos acordos que
estabeleceu com seguradoras que lhe alugam os automóveis para dar
aos seus segurados, enquanto o veículo sinistrado é reparado.
Micromercados. Micromercado opõe-se a mercado estandardizado.
O exemplo da Kraft serve para ilustrar o conceito. A empresa produz queijo.
Mas sabe tanto do seu negócio que dá consultoria aos supermercados.
Por exemplo, sugere o tipo de queijo que mais se vende nessa região,
ajudando-os a rentabilizar o espaço.
No seu livro publicado no ano passado, Hidden Champions, o consultor
de estratégia e marketing Hermann Simon investiga os factores
de sucesso de pequenas empresas que conseguiram desempenhos espectaculares,
às quais chamou "campeãs ocultas". Elas são gigantes
nos seus nichos, são empresas "supernichistas". As campeãs
ocultas caracterizam-se por serem a número um ou dois no mercado
mundial ou a líder no mercado europeu, terem menos de mil milhões
de dólares de vendas anuais e baixa visibilidade e notoriedade.
São campeãs ocultas, por exemplo, a Tetra, que detém
80% do mercado de alimentação para peixes tropicais, a Hohner,
com 85% do mercado de harmónicas, a Marklin (55% do mercado de miniaturas
de comboios) ou a Swarovski, que fabrica 67% das jóias de cristal.
One-to-One marketing. A Boston Mice Breeding Company ilustra
o marketing de consumidores individuais. O negócio da empresa
é alimentar cobaias para vender. Mas a empresa fornece os animais
com as características definidas pelo laboratório de acordo
com a experiência a ser desenvolvida - ratos com uma determinada
doença de pele, por exemplo.
2ª LIÇÃO |
Eleja a sua área
de excelência |
Sem uma diferenciação
entre os produtos, torna-se difícil para o consumidor optar entre
eles. Assim, escolherá o mais barato. Quando, pelo contrário,
há uma diferenciação substancial entre os atributos
de vários produtos, o consumidor opta por aquele que oferece o melhor
valor, pesando os diferentes factores de diferenciação. Nesta
situação, pode levar-se o cliente a pesar mais o atributo
em que o nosso produto é melhor, ou mesmo introduzir outro diferenciador
que até então não fora ponderado na decisão.
Seguindo a sugestão de Michael Treacy e Fred Wiersema em The
Discipline of Market Leaders (1995), sugiro que a sua empresa tente
diferenciar-se através de:
Liderança do produto (o melhor produto): é o caso da Nike,
Pepsi, Microsoft, Glaxo ou Johnson & Johnson;
Excelência operacional (o melhor custo total): Federal Express ou
McDonald’s;
Intimidade com o consumidor (a melhor solução total).
As principais propostas de valor são melhor qualidade, melhor
performance, maior fiabilidade, maior durabilidade, segurança, rapidez,
melhor valor pelo seu dinheiro, mais barato, mais prestigiado, melhor design
e mais fácil de usar.
O enfoque deve ser menos na aquisição de novos clientes
e mais na retenção dos bons clientes actuais. Eis nove estratégias
para aumentar a lealdade dos clientes:
Serviço mais rápido. A seguradora Progressive Insurance
por vezes chega à cena do acidente antes da polícia, transporta
o sinistrado ao hospital, se necessário, avalia os danos e entrega
imediatamente o cheque ao segurado.
Serviço extraordinário. A SAS, graças a Ian
Carlson, é um bom exemplo.
Garantias extraordinárias. Podem assumir várias formas:
- Devolução do dinheiro se o cliente não ficar
satisfeito. A General Motors aceita a devolução do seu
Saturn e devolve o dinheiro se o cliente não ficar satisfeito.
- Não paga se não ficar satisfeito. É o
que faz a cadeia de motéis Hampton Inn.
- Garantia de longevidade do produto. Ao chegar à Chrysler,
Lee Iaccoca introduziu uma garantia de 6 anos. O cliente sabia que nenhuma
empresa prometeria isso se os automóveis não fossem bons.
- Garantia de serviço. A BBBK faz desinfestações
em instalações comerciais e industriais e garante que ou
resolve o problema ou se responsabiliza pelo encerramento da instalação.
Cobra 5% mais do que as concorrentes, mas compensa.
- Garantia de rapidez. O banco Wells Fargo deposita 5 dólares
na conta dos clientes que tiverem de esperar mais de cinco minutos para
serem atendidos.
- Garantia da qualidade do serviço. A empresa irlandesa
SuperQuinn tem um cartão de cliente frequente e atribui pontos por
cada queixa que o cliente apresente a propósito da loja ou do serviço.
Formação e consultoria. A Milliken vende, entre outros
produtos, toalhas a lavandarias industriais que as alugam a hotéis,
restaurantes ou hospitais. Não obstante o seu preço ser 15%
superior, a empresa é líder porque vende aquilo que o cliente
realmente quer: serviço, aconselhamento, segurança, satisfação
e garantia de menores custos e melhor performance. De facto, ao preferir
a Milliken, a lavandaria recebe programas de computador para gerir as deslocações
entre os clientes, software para a contabilidade, treino da sua força
de vendas e ajuda nas mesmas.
Software ou hardware. É o caso referido da Milliken, mas
também da Federal Express com o sistema Powership.
Entretenimento e presentes. São as ofertas de bilhetes para
um concerto ou de um peru no Natal. Para fazer o cliente sentir-se especial
a imaginação é o limite.
Gerir a complexidade do cliente. A Baxter, uma fornecedora de produtos
hospitalares, atribui pontos por cada compra de produtos, que podem ser
convertidos em mais produtos ou em consultoria gratuita nas áreas
de sistemas de informação ou gestão dos desperdícios.
Programas de clientes frequentes. A pioneira foi a American Airlines,
que em 1981 criou o seu programa de passageiro frequente, em que às
milhas voadas são atribuídos pontos que, acumulados, podem
ser convertidos em viagens gratuitas.
Clubes. Podem reunir números impressionantes de adeptos,
como o clube da marca japonesa de cosméticos Shiseido, com 10 milhões
de membros, o clube Nintendo, que agrupa 5 milhões de pessoas, ou
os HOG (Harley’s Owners Groups), com 350 mil membros.
3ª LIÇÃO |
Desenvolva um marketing
mix superior |
Numa reunião
com o presidente do Chase, Thomas Watson, o fundador da IBM, não
se conteve com a má impressão causada por um funcionário
e advertiu o presidente do banco que esse empregado estava a prejudicar
a imagem de toda a empresa, ao que este respondeu:
"Aquele senhor não é meu empregado, é da IBM."
Nessa noite, Watson redigiu o código de apresentação,
ainda hoje vigente na empresa. Watson percebera que tudo comunica a imagem
da empresa, pelo que há que garantir a mesma mensagem de qualidade
através dos vendedores, dos cartões-de-visita ou da frota
de viaturas.
No futuro, as empresas deverão apostar mais em programas
de comunicação de marketing integrado - muitas agências
oferecem já estes serviços integrados, como a Ogilvy. A forma
como a Minolta lançou uma nova máquina fotográfica
cujas fotografias melhoram a aparência dos retratados ilustra bem
este conceito. A empresa começou por enviar press releases
(comunicados de imprensa) para a imprensa, que publicou várias notícias;
depois inseriu anúncios na imprensa com um cupão de resposta,
através do qual se podia solicitar, gratuitamente, uma brochura
onde se comparavam as novas fotografias com as fotografias tradicionais;
essa brochura oferecia ao consumidor uma redução de preço
na compra da máquina; passado algum tempo, desenvolveu acções
de telemarketing recordando que a máquina já estava
à venda; finalmente, as diferentes lojas organizaram um evento em
que tiravam fotografias gratuitas aos convidados. Este conjunto de acções
é muito mais eficaz do que apenas a publicidade.
4ª LIÇÃO |
Construa relações
de marketing eficazes |
Hoje é
crucial construir boas relações com consumidores, fornecedores,
distribuidores, agências de marketing, enfim, com todos os
agentes que entram em contacto com a empresa. A importância das relações
de marketing é bem expressa no livro de Evert Gummesson
Relationship marketing: From 4Ps to 30Rs, que será publicado
no próximo ano, onde advoga a existência de 30 relações
que integram o portfolio de relações da empresa.
Hoje, a concorrência não se trava entre empresas,
mas sim entre uma realidade a que podemos chamar "redes de empresas", sistema
de marketing vertical ou cadeia de valor. O vencedor será
a empresa que tiver a melhor rede, a que conquistou os melhores parceiros;
a concorrência, essa, terá de se contentar com os segundos
melhores. A fabricante dos jeans Levi’s exemplifica bem esta situação.
Todas as noites, a retalhista Sears comunica à Levi Strauss o número
de calças vendidas nesse dia . Esta imediatamente informa a Milliken
da quantidade de tecido que necessita, a qual, por sua vez, procede da
mesma forma com a sua fornecedora de fibras, a Du Pont. Assim, o tecido
é nessa noite entregue directamente na fábrica da Levi’s,
onde vai imediatamente para as máquinas de corte. A concorrente
Wrangler, se não tiver montado um sistema de parcerias estratégicas
semelhante a este, seguramente estará em grande desvantagem.
5ª LIÇÃO |
Prepare-se para a era do
marketing electrónico |
Muitas empresas
estão já a tirar proveito das potencialidades do marketing
de base de dados. A Blockbuster Video, por exemplo, tem na sua base de
dados informações relativas a 36 milhões de pessoas
que já alugaram os seus filmes e sugere novos alugueres, com base
no padrão de preferência do cliente.
Os marketers devem estar cientes das mudanças operadas pela Internet
e pelas compras efectuadas electronicamente. Alguns negócios, se
não estão ameaçados, pelo menos serão diferentes
no futuro. Cada vez mais consumidores usarão a Internet para, sem
terem de se deslocar às lojas, compararem preços e características
dos produtos, fazerem encomendas a qualquer hora e solicitarem a opinião
de outros consumidores. Também os marketers beneficiarão
com o cibermarketing. Podem iniciar novos negócios com um
capital muito baixo, vender no mercado global, testar e alterar rapidamente
a oferta, a mensagem ou o preço e receber e responder a sugestões,
pedidos de informação ou queixas mais prontamente. Para sobreviverem
nesta economia de mercado global, as empresas devem estar preparadas para
dominar o marketing electrónico.
5
perguntas antes da prelecção |
O que gostaria que os
portugueses aprendessem durante o seu seminário?
Entre muitas lições, gostaria que os gestores
portugueses adquirissem os conhecimentos necessários para construírem
marcas fortes e aproveitarem melhor os nichos de mercado. O segredo do
marketing é a arte de criar uma marca valiosa - sem ela torna-se
muito fácil copiar o produto. Outra das maravilhas do marketing
é identificar oportunidades nos nichos de mercado, adicionando-lhes
mais valor do que aquele oferecido pela concorrência. Gostaria também
de mostrar aos portugueses o impacte e as oportunidades criadas pelo marketing
one-to-one e electrónico.
Como será o marketing
do próximo milénio, quais as principais mudanças?
O marketing deixará de ser apenas um departamento
da empresa para se transformar na sua orientação. O trabalho
de equipa na investigação, design, fabrico, distribuição
e promoção de novos produtos será maior, enquanto
a responsabilização de um único departamento quando
as coisas correm mal será menor. Além disso, cada empresa
formará mais alianças e passará a dedicar-se apenas
àquilo que faz bem. A tendência é passar do marketing
de massas ao marketing de segmentos, ao marketing de nichos
e finalmente ao marketing one-to-one.
Tem advogado que o marketing
é demasiado importante para ser circunscrito a um só departamento.
Mas quem deve ser o responsável?
O melhor departamento de marketing será
um fracasso se os outros departamentos falharem em concentrarem-se no cliente.
O presidente da empresa deve definir a orientação de marketing
e assumir a sua chefia, pelo menos em espírito. |
Debateu o marketing
global com Theodore Levitt. Qual é o seu ponto de vista?
Mantenho a opinião de que existem ainda poucos
produtos que possam ser vendidos em todo o mundo sem sofrerem adaptações.
A maioria dos produtos requer algumas alterações nas suas
características, no tamanho, embalagem, preço, rótulo,
publicidade, promoção de vendas, entre outros. O desafio
do marketing é descobrir quais são as modificações
essenciais a fazer ao lançar um produto noutro país. O professor
Levitt é de opinião que os consumidores mundiais estão
cada vez mais homogéneos. No entanto, penso que o facto de ficarem
expostos à mesma música, notícias e entretenimento
não significa que a cultura, gostos e preferências sejam idênticos.
Muitos autores frisam que
a lealdade à marca está em queda e que o preço já
não tem a importância que assumia no passado. Como é
que estas duas realidades, aparentemente contraditórias, coexistem?
Não vejo como é que o preço poderá
ser hoje menos importante. Os consumidores com um baixo poder de compra
(os quais são cada vez mais numerosos) são mais sensíveis
ao preço do que à marca. Quando os fabricantes aumentam as
promoções de vendas, os clientes tornam-se mais conscientes
dos preços. Se a marca nacional for vendida a um preço muito
mais elevado do que a marca própria (do retalho) os consumidores
recorrerão a esta, especialmente se as duas forem equivalentes em
qualidade. E, para além disso, as empresas, ao gastarem menos em
publicidade, estão menos capacitadas para criarem e sustentarem
imagens de marca fortes. Contudo, pode dizer-se que a consciência
de marca está em alta, se reconhecermos a popularidade crescente
das marcas do retalho.
|
|
Como entrar no clube das
campeãs ocultas
-
Estabeleça o objectivo de ser o líder no mercado
que eleger;
-
Defina um mercado-alvo restrito;
-
Combine um enfoque restrito no mercado com uma orientação
global;
-
Sempre que possível, lide directamente com os seus
clientes espalhados pelo mundo;
-
Esteja perto dos consumidores quer em desempenho quer em
interacção;
-
Assegure-se de que todas as funções têm
contactos directos com os clientes;
-
Lute pela inovação contínua, quer no
produto, quer nos processos;
-
Crie vantagens visíveis para os seus produtos ou serviços;
-
Mantenha as competências-chave na empresa, mas recorra
ao outsourcing para as outras actividades;
-
Seleccione criteriosamente os seus empregados e mantenha-os
a longo prazo;
-
Pratique uma liderança autoritária nas questões
fundamentais e participativa nos detalhes.
|
Fonte: Hidden Champions, de Hermann Simon,
Harvard Business School Press, 1996.
As
mudanças de quem se vira para o mercado |
De |
Para |
Transacção |
Relações |
Conquista de clientes |
Retenção de clientes |
Sistema de empurrar |
Sistemas de puxar(com base na encomenda) |
Macro-marketing |
Micro-marketing |
Enfoque no preço |
Enfoque no valor |
Qualidade do produto |
Qualidade total aplicada a todas as actividades |
Mercado doméstico |
Mercado global |
Auto-suficiência |
Parcerias estratégicas (cadeia de valor) |
Redução de custos |
Aumento de receitas |
Funções |
Processos |
Hierarquia: comando e controlo |
Redes de pessoas e empowerment |
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O
que caracteriza as três disciplinas das líderes |
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Excelencia operacional |
Liderança do produto |
Intimidade com o cliente |
|
Processos
centrais |
Fornecimento de
produtoas, serviços básicos gestão
da procura |
invenção de conceito, desenvolvimento de produto,
exploração de mercado
|
Desenvolvimento de soluções, gestão
dos resultados, gestão das relações
|
|
Organização e estrutura |
Autoridade central, grau limitado de enpowerment
Competências no centro da organização
|
Ad hoc, orgânica, teia flexível,em constante
mutação
Competências abundam numa teia flexível
|
Empowerment perto do contacto com o cliente
Competências na fronteira da organização
|
|
Sistemas de gestão |
"Comando e controle", procedimentos operacionais standard
Gestão de qualidade total
Empresa puxada pelo processo
|
Indivíduos são recompensados pela sua capacidade
de inovação e pelo sucesso de novos produtos
Gestão do risco
Empresa puxada pelo conceito
|
O valor do cliente é averiguado através de
medidas como o valor do cliente durante a sua vida
Gestão dos resultados
Empresa puxada pelas relações
|
|
Cultura: sistema de valores e comportamento |
Conformismo, sistema de valores de medida única
Ênfase na eficiência e na dependência
|
Experimentação e sistema de valores flexível
Ênfase nos avanços
|
Sistema de valores "à sua medidal"
Ênfase nas soluções
|
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O marketing é
um seguro contra os prejuízos
USAA Insurance começou por ser uma seguradora automóvel
dirigida aos militares norte-americanos e seus parentes. Como se regista
uma diminuição dos efectivos das Forças Armadas, que
definiu como o seu mercado-alvo, a empresa está a expandir a linha
de produtos, com o intuito de satisfazer mais necessidades desses clientes
e vender mais (cross selling). Assim, passou a oferecer serviços
financeiros, produtos de consumo e programas de viagens. Hoje a USAA Insurance
domina o seu mercado-alvo, com uma quota de 90% e uma taxa de retenção
de clientes de 98,7%. Perto de 75% dos seus clientes de seguros automóveis
compraram já outro produto. Quando o cliente telefona para a sede
em San Antonio, Texas, num edifício do tamanho do Pentágono,
os 35 mil telemarketers dispõem de computadores que identificam
o número do telefone de onde foi feita a ligação e
imediatamente aparece a ficha desse cliente no ecrã. Assim, ao atender
a chamada, o operador cumprimenta o cliente pelo seu nome. Graças
à boa gestão da base de dados, a empresa pode, por exemplo,
sugerir um seguro para o filho de um cliente prestes a celebrar o seu 18º
aniversário e a comprar um carro. As suas vantagens competitivas
são:
-
Um forte enfoque no mercado;
-
marketing de resposta directa, em lugar de marketing
desenvolvido por agências, com 1,7% de custos de marketing,
em comparação com os 13% das empresas concorrentes;
-
Liderança no mercado de seguros de baixo preço;
-
Alta satisfação dos empregados. A taxa de turnover
é de 6%, a dos concorrentes de 12,6%;
-
Usa o marketing de base de dados para gerir um sofisticado
marketing de ciclo de vida.
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