CAPÍTULO 2
      A ASSOCIAÇÃO COMO FATOR DE DECISÃO DE COMPRA

               No primeiro capítulo deste trabalho discorremos sobre o marketing, sua origem,
     características e elementos componentes. Baseando-se nos dados bibliográficos, esta
     autora citou o fato das empresas precisarem buscar a satisfação das necessidades dos
     seus clientes como fator primordial para sustentação de um produto.
               Apesar deste trabalho não estar se propondo a analisar, especificamente, volume
     de vendas, este segundo capítulo apontará os fatores que influenciam os consumidores
     na escolha da compra, já que, entre estes fatores está a associação, objeto de pesquisa
     deste trabalho.

     2.1 - COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR

               O consumidor, que passeia com um carrinho de compras pelo supermercado,
     não pode ser considerado como um elemento anônimo. Saber quais são as suas
     necessidades e os elementos que o levam a tomar determinada decisão é primordial.
               Este trabalho analisou no item sobre propaganda, no primeiro capítulo, que uma
     mensagem publicitária deve possuir características persuasivas e proporcionar
     recompensas ao consumidor. Estas recompensas estão relacionadas com os fatores que
     influenciam o comportamento do consumidor. Cobra (1992) aponta quais são esses
     fatores:
               a) culturais: as pessoas crescem aprendendo a estabelecer valores, percepção e
     preferências, através do processo de socialização que envolve a família;
               b) sociais: a influência da classe social é marcante para o consumo de
     determinados produtos como carros, roupas, cosméticos e perfumes, móveis, objetos
     de lazer etc. São considerados como referências sociais a família, amigos o papel e
     status social que o indivíduo desempenha;
               c) pessoais: cada consumidor reage diferente a estímulos iguais, baseando-se nas
     suas características psicológicas. Podemos considerar como influenciadores das opções
     pessoais: a idade e estágio do ciclo de vida de cada indivíduo (jovens, crianças e idosos
     têm gostos diferenciados), ocupação (uma pessoa tende a consumir diferentes produtos
     ou serviços em função do tipo de ocupação que exerce), estilo de vida (cada estilo de
     vida determina um hábito diferente de consumo) e personalidade e autoconceito (a
     personalidade é normalmente descrita como autoconfiança, autonomia, sociabilidade,
     atitude defensiva e adaptabilidade);
               d) psicológicos: devido a extensão e importância deste fator, este trabalho
     analisá-lo-á num subtítulo à parte.

     2.2 - FATORES PSICOLÓGICOS DA DECISÃO DE COMPRA

               Sant’Anna (1989) afirma que para alguém tomar a decisão de comprar alguma
     coisa é preciso que na sua mente se desenvolvam, sucessivamente, os seguintes estados:
     a existência de uma necessidade, a consciência dessa necessidade, o conhecimento do
     objeto que pode satisfazê-la, o desejo de satisfazê-la e a decisão por determinado
     produto ou marca que, a seu ver, melhor satisfará o desejo.
               Sant’Anna afirma também que a publicidade excita as necessidades, os desejos,
     as paixões e diminui os esforços do indivíduo para satisfazê-las. Ele ainda completa que
     necessidades são de origem fisiológica, ao passo que os desejos são mais de ordem
     psicológica e estão orientados até uma determinada necessidade.
               Para analisar os fatores psicológicos de decisão de compra temos, também, que
     observar as teorias da percepção e da motivação.

     2.2.1 - Percepção

               Pode-se dizer que a percepção está no meio do caminho entre um fluxo contínuo
     de sentir e pensar e que aquilo que percebemos é muitas vezes um produto daquilo que
     queremos perceber, podendo não corresponder à realidade existente fora de nós
     (Meyrs e Reynolds, 1972). Pikunas (1981) completa que o processo de aprendizado
     de um indivíduo, para conhecer o mundo e a si próprio, começa com a percepção. Ele
     ainda afirma que “perceber é um processo em que o insumo sensorial é unificado e
     codificado de acordo com um número crescente de tendências operativas de
     grupamento e da experiência passada” (Pikunas, 1981, p.100).
               Meyrs e Reynolds (1972) afirmam que as mensagens publicitárias são percebidas
     seletivamente e que, apesar das várias tentativas de bombardear a mente do
     consumidor através da mídia, nem todas as informações passam através do filtro
     perceptivo. Portanto, na elaboração de uma mensagem e na escolha do meio pelo qual
     ela será passada, também devemos levar em conta dois fatores nos quais está baseada
     a percepção: fatores de estímulo - características do objeto físico como tamanho, cor e
     textura (muitas dessas característica determinam o quanto de atenção será produzido);
     fatores do indivíduo - características próprias do indivíduo, seus processos sensoriais
     básicos, suas experiências passadas, suas expectativas, motivações e estados afetivos.

     2.2.2 - Motivação

               Para Cobra (1992), a motivação pode ser definida como uma força que move
     um indivíduo a optar por caminhos de satisfação e necessidades. Ele também divide a
     motivação da seguinte forma:
               a) motivos primários: são considerados como sendo as necessidades biológicas
     que levam as pessoas à sobrevivência;
               b) motivos secundários: são apontados como necessidades de filiação,
     aprovação, status, exploração, segurança e realização;
               c) motivos internos e incentivos: a motivação interna é relacionada a estímulos
     como a fome, que é oriunda do organismo, enquanto que a motivação, à base de
     incentivos, vêm do desejo ao objeto externo;
               d) fatores motivadores inconscientes e conscientes: nem sempre os motivos de
     desejo são conscientes. Quando uma necessidade começa a tornar-se perceptível
     estamos entrando no estado da motivação. Os fatores motivadores, conscientes ou
     inconscientes, poderão ser melhor compreendidos através das teorias da motivação que
     serão analisadas ainda neste capítulo.
               Festinger (1975) também aponta como um dos fatores motivacionais a
     dissonância cognitiva. Ele define dissonância como incoerência e cognição como
     conhecimento. Segundo Meyrs e Reynolds (1972, p.95), a “dissonância cognitiva
     mostra a formação de processos sistemáticos na mente para mudar impressões iniciais e
     assim reduzir algumas discrepâncias mais significativas”. Um indivíduo em dissonância é
     aquele que toma atitude adversa àquilo que ele ou a sociedade consideram como
     correto. Um exemplo citado por Festinger (1975) é o de uma pessoa que adquire um
     carro de valor muito elevado. Neste caso, o indivíduo terá que procurar motivos que
     justifiquem esta compra sejam eles a satisfação pessoal, status ou outros.

     2.2.1.1 - Teoria da Motivação

               Existem duas teorias fundamentais que também explicam os fatores da
     motivação: a teoria behaviorista e a escola cognitiva.
               Para Lazzaroto e Rossi (1991), um dos conceitos básicos do behaviorismo é o
     condicionamento. De acordo com a escola behaviorista, o comportamento pode ser
     reflexo/respondente ou operante. O comportamento reflexo tem como causa um
     estímulo. A conjugação estímulo/resposta forma o reflexo. Lazzaroto e Rossi ainda
     afirmam que, segundo a escola behaviorista, o comportamento está diretamente
     vinculado a um processo de condicionamento. As pessoas podem ser mecanicamente
     condicionadas e conduzidas por um mecanismo de prêmio-castigo.
               A escola cognitiva, segundo Cobra (1992), é uma antítese da behaviorista. Isto
     porque ela enfatiza que o comportamento é dirigido a metas e propósitos e a motivação
     é vista como uma tendência a mover as pessoas às metas desejadas, enquanto que o
     behaviorismo defende uma ligação direta entre estímulo e resposta, sem qualquer fator
     interveniente. A escola cognitiva enfatiza que, ocorrendo o estímulo, uma pessoa busca
     informações para delinear uma resposta viável.

     2.2.3 - Aprendizado

               O aprendizado, para Meyrs e Reynolds (1972), pode ocorrer através de
     informações, sugestões, pensamentos, necessidades e envolve também a formação de
     associações entre objetos e estímulos. Quando as associações se desenvolvem a partir
     de repetições, podem levar à formação de hábitos. Cobra (1992) ressalta que a
     importância prática da teoria do aprendizado, é que ela pode estimular a demanda de
     um produto através da associação. Meyrs e Reynolds (1972) também afirmam que a
     associação produzida por uma marca pode determinar a escolha de uma delas.
     Segundo estes autores, uma pesquisa realizada com 465 donas-de-casa da área de
     Chicago, constatou indiscutível relação entre as preferências afirmadas, a intenção de
     compra e a compra real das marcas.

     2.2.3.1 - Formação de Associações

               Reynolds e Meyrs (1972) afirmam que, em marketing, que lida com o
     consumidor, as associações podem ser formadas pela simples repetição do slogan de
     um produto com o nome da marca. Segundo estes autores, estudos mostram que os
     esforços promocionais são, em geral, eficientes para formar associações. Esses autores
     também salientam que as associações significativas são mais facilmente formadas e
     retidas do que as baseadas em repetição. A compreensão também contribui mais para
     o processo de aprendizado do que a repetição.
               Reynolds e Meyrs relacionam a associação com o condicionamento abordado
     pela escola behaviorista. Segundo eles, os prêmios oferecidos em troca do estímulo
     seriam as reduções de preços, distribuição gratuita de brindes e outros motivos que
     agissem na linha de satisfação das necessidades. Se o produto for de qualidade a
     dona-de-casa tende a experimentá-lo mais vezes, o que poderá se tornar um hábito.
               O fenômeno da associação é caracterizado por Reynolds e Meyrs (1972) como
     de grande valia para as vendas ao consumidor. Um dos objetivos é formar a associação
     entre alguma desordem, problema ou necessidade e o produto ou serviço que trará
     solução. Há associações muito sutis que fazem com que o consumidor veja algo mais no
     produto. Vejamos a citação de Levi, descrita por Meyrs e Reynolds (1972, p. 62):

                    “As coisas que o povo compra parecem ter significados sociais
                    ou pessoais, além de sua funcionalidade. Os hodiernos bens de
                    consumo são considerados coisas psicológicas, símbolos de
                    atributos e metas pessoais, símbolos de padrões e status
                    sociais.”

               Estes autores, ainda afirmam que os consumidores procuram sinais num produto,
     embalagem ou anúncio, que os levem a esperar a satisfação de uma necessidade.
     Segundo eles, associamos certos sinais ou características de produtos com os
     resultados que se esperam obter do uso posterior. Isso decorre do fato das pessoas
     terem aprendido a “ler” os sinais existentes no modelo do produto.
               O estudo da associação se faz necessário neste trabalho por representar a base
     do objeto de pesquisa do mesmo, já que estaremos analisando o quanto o futebol está
     associado à marca Parmalat.

     2.2.4 - Crenças e Atitudes

               Através de ações e aprendizados, as pessoas adquirem suas crenças e atitudes
     que acabam por influenciar o comportamento do consumidor (Cobra, 1992). Se alguma
     dessas crenças estiver errada e inibir a compra, o fabricante do produto precisará fazer
     uma campanha para corrigir essas crenças.

     2.3 - IMAGEM

               Numa definição mais simplista, poderíamos dizer que, a imagem é como as
     pessoas vêem um produto, marca ou empresa. “Ver”, neste caso, apresenta-se no
     sentido de perceber, associar e aprender. Barreto (1982) afirma que pode-se criar,
     para um produto, todo um mundo imaginário, pessoal, amplo, variado, de
     desdobramentos infinitos.
               Segundo Martins (1992), nos anos 60, surgia a era da criatividade, em que Bill
     Bernbach polarizava com Ted Bates, dizendo que apenas o racional não motivava o
     consumidor porque o homem é um animal movido pelos instintos. Martins ainda cita que
     David Olgivy criou o conceito de brand image alegando que uma marca não é só um
     produto objeto, ela tem uma personalidade. Al Ries cria, na década de 70, o conceito
     de posicionamento de produtos na mente do consumidor.
               Para Martins (1992, p.21) cada uma destas teorias enfatiza aspectos importantes
     da comunicação. Segundo ele:

                    “Idealmente, a comunicação deve trazer uma mensagem
                    relevante para o consumidor-alvo, deve ter um posicionamento
                    exclusivo, uma unidade de imagem ao longo do tempo, uma
                    forma original que, por ser surpresa, aumenta o impacto da
                    comunicação e deve situar-se dentro de um contexto emocional
                    que faça o consumidor viver o benefício funcional ou
                    dramático da marca.”

               Para direcionarmos melhor este estudo trataremos de imagem no que se refere à
     marca.
               Souza e Nemer (1993) afirmam que a marca, de um determinado produto, deve
     sintetizar, transmitir ou evocar, de alguma forma a imagem criada para ele. Se
     posicionamento é a posição de um produto na mente do consumidor, a marca é a
     imagem do produto nessa posição, balizando sua aceitação, classificação e retenção.
               Ter uma imagem, para a marca, é importante, definir como será esta imagem e a
     forma de construí-la é mais importante ainda. Martins (1992) afirma que a mente do
     consumidor funciona através de conceitos e que a marca deve ter um conceito exclusivo
     no ambiente competitivo para ter um lugar na mente do consumidor. Segundo ele, um
     conceito é formado a partir de uma realidade interior preexistente com a promessa de
     algo novo e relevante.