A história do Instituto Dante Pazzanse de Cardiologia
Editorial do Prof. Adib Jatene publicado na Revista do IDPC Ano 1 Número 1
 

 
         Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia foi criado em 1954, funcionando  inicialmente na avenida Paulista, esquina com a rua Sampaio Viana, em frente ao Instituto Pasteur. Era uma residência adaptada para a função. Hoje não existe mais, pois há um prédio no local.
        Não se iniciou como grande instituição do ponto de vista físico, mas contava com equipe médica da mais alta qualidade, liderada por Dante Pazzanese e Mendonça de Barros, e onde pontificavam Silvio Bestachi, Alberto Ferreira Sampaio Correa, Astolfo Araujo, Olavo Pazzanese, além de outros que compunham o serviço de cardiologia do Hospital Municipal.
        A mudança para um ambulatório de pouco mais de 100 m2  no Ibirapuera, o convênio com a Beneficência para usar 12 leitos, que chegou a 52, a primeira unidade hospitalar de 100 leitos , as ampliações do ambulatório, laboratório, hemodinâmica,  experimental, aoficina experimental e de pesquisa, a nova biblioteca, o hospital novo, o prédio da administração e os projetos em andamento foram etapas vencidas pela determinação das diretorias que se sucederam, dentro de um clima de coesão interna, muito raro de ocorrer em uma instituição pública.
        Certamente pela seriedade que sempre se manteve no instituto, todos os governadores, desde Lucas Nogueira Garcez, nunca interferiram na instituição e preservaram-na das mudanças políticas, garantindo a manutenção de seus objetivos.
        O Dr Mendonça de Barros dizia sempre que "a instituição que não ensina, deteriora". Dentro desse princípio, desde o início o instituto criou um programa de residência.
        Da primeira turma, de 1959 participaram o Eduardo Souza, atual diretor, e o Valmir Fontes, uma das principais lideranças em cardiopatias congênitas do País. Da segunda turma aí estão Hélio Magalhães e Paulo Paulista.
        A residência do instituto foi se aprimorando e é, sem favor, uma das melhores do País. Quando fui diretor, juntamente com Silvio Carvalhal, reestruturamos a residência introduzindo a monografia no seu final. Hoje, praticamente todo o corpo clínico é constituído de ex-residentes cuidadosamente selecionados.
        A participação científica do instituto em congressos nacionais e internacionais sempre foi marcante. Sua posição pioneira no desenvolvimento de produtos técnicos está registrada nos anais de cardiologia brasileiros.
        O seu corpo clínico diferenciou-se, ocupando posições universitárias, possuindo cinco livres-docentes de universidade federal e dois professores-titulares.
        Quando da substituição do professor Zerbini na USP tive a oportunidade, graças a tudo que acumulamos no instituto, de substituí-lo, ganhando o concurso mesmo sem possuir os títulos universitários. A congregação da Faculdade de Medicina da
USP concedeu-me, pela primeira vez, o reconhecido saber que na verdade foi o reconhecimento da qualidade técnica e científica da instituição.
        Por isso, quando diretor da Faculdade de Medicina, não me foi difícil conseguir da sua congregação e do Conselho Universitário da USP o reconhecimento de nosso Dante - como o instituto é hoje denominado - como instituição associada da Universidade de São Paulo, abrindo a seus membros a possibilidade de titulação  universitária.
        Desde então, já defenderam tese de doutoramento sete médicos da instituição e  outros conseguirão esse título proximamente. A colocação de Mendonça de Barros  está consolidada. O instituto não só ensina centenas de ex-residentes, dignificando a  casa no seu exercício profissional e docente em todo o País, como qualifica seu  pessoal docente. De escola médica, de pós-graduação informal, certamente terá esse  título formalmente, pois possui todas as credenciais para tanto.
        Todas essas etapas completam-se agora com a Revista do IDPC, que ampliará a  influência da instituição na cardiologia nacional e internacional.
        Para mim, que fiz toda minha carreira no instituto e de lá saí para ser secretário de  Estado da Saúde e depois professor-titular da USP é confortador ter participado do  sonho do Dr. Dante de construir uma grande instituição na administração pública  centralizada. Isso foi não só possível, mas ultrapassou a melhor expectativa. E  consagra a máxima de Mendonça de Barros que ouvi em 1958, quando me liguei ao  instituto: "A instituição que não ensina, deteriora".
 

        Adib D. Jatene


INSTITUTO DANTE PAZZANESE DE CARDIOLOGIA