Arquiteto João Ricardo Spagnollo
Introdução
Em se tratando
de impermeabilização em uma construção, mesmo que
estejamos adotando material adequado e de boa procedência, ainda assim
não estamos garantidos. Como em todos os serviços de uma obra,
mais ainda no caso da impermeabilização, a mão de obra
utilizada precisa ser exaustivamente treinada.
Como a área a ser impermeabilizada sofrerá intervenções
por outras equipes antes e depois da aplicação da camada impermeabilizante,
essas equipes precisam sempre passar por treinamento de reciclagem para a conscientização
dos riscos responsáveis por um futuro vazamento.
É comum vermos a equipe de concreto esquecer ou não ser avisada
de colocar na forma uma simples ripa que fará o sulco
necessário para a ancoragem da manta de impermeabilização.
Isso gerará um reserviço oneroso na fase de impermeabilização,
onde haverá de se quebrar com uma talhadeira e corre-se o risco de abalar
a estrutura.
Outro exemplo comum é um servente precisar pregar um inofensivo preguinho
em uma parede rebocada, para esticar uma linha de marcação, sem
saber que atrás desse reboco está toda a camada impermeabilizante,
pronta e acabada.
Vários outros exemplos poderiam ser citados, mas por enquanto podemos
nos ater a esses dois para que possamos notar que os próprios colaboradores
da obra podem se transformar em vilões por falta de aviso dos riscos
e cuidados a serem tomados.
Embora este assunto não seja tratado com a freqüência
e seriedade que deveria, a impermeabilização é parte fundamental
de uma edificação.
Nos preocupamos com pisos, paredes, portas, janelas e telhados, mas de que
valem todos esses elementos que compõem uma construção
se não forem capazes de impedir os efeitos da tão indesejável
infiltração?
Todos nós sabemos quão
teimosa e persistente é a água. Precisamos superá-la sendo
precisos e conscientes dos seus fenômenos.
Temos no mercado inúmeros produtos impermeabilizantes. Caros, baratos,
fáceis, complicados, simples e sofisticados. Todos prometem maravilhas,
garantem facilidades na aplicação, estanqueidade e durabilidade.
Precisamos entender que no mercado dos dias de hoje, tudo se faz para sobreviver
e o importante é vender. Claro que se o produto não cumprir as
finalidades que o seu fabricante garantiu, podemos nos fazer valer das leis
de proteção do consumidor e até conseguir algum reparo.
Mas não estamos aqui falando da compra de um televisor que lhe deixou
na mão em um domingo de decisão de um campeonato.
Estamos falando de um cliente insatisfeito que está com seu apartamento
encharcado. De um apartamento de cobertura, onde o reparo vai implicar na quebra
de boa quantidade de materiais de revestimento nobres, sujeiras e contratempos
para o seu cliente que confiou que teria um local seguro para morar.
Concluímos então, que o maior prejuízo será
o seu, pois mesmo que consiga provar, ao fornecedor e aos órgãos
judiciários, que seguiu meticulosamente as recomendações
e instruções e ainda consiga um ressarcimento, fica o prejuízo
moral perante o cliente, este sim, é um prejuízo que nenhum de
nós profissionais gostaríamos de trazer conosco.
Elementos
Exemplos de equipamentos possíveis:
- Antenas
parabólicas;
- Ganchos para estaiamentos de balancins para
manutenção de fachadas e eventual uso pelos bombeiros;
- Antenas
coletivas;
- Antena
de telefonia celular;
- Luminárias
e refletores;
- Lanterna de obstáculo;
- Tótens publicitários;
- Pára-raios;
- Painéis de aquecimento solar.
- E outros que possam vir a ser necessários.
Coberturas
transitáveis por pedestres
São aquelas que devem receber uma pavimentação adequada
ao trânsito de pedestres, mas não de veículos.
Também nessas regiões a impermeabilização rígida
não é recomendada, pois estas lajes são susceptíveis
de fissuras provenientes de oscilação térmica. Recomenda-se
mantas asfálticas ou elastoméricas.
Preparação da base:
Sobre a laje deve-se executar a camada de regularização com argamassa
de cimento e areia no traço 1:3, tomando o cuidado de arredondar todos
os cantos com paredes com um raio de 5cm (usa-se para isso a lateral de uma
garrafa). Essa medida facilita a aplicação da camada impermeabilizante
e sua acomodação.
Deve-se também, nessa etapa, prever queda para ralos, fazendo a regularização
com um caimento mínimo de 1% e sua espessura mínima deve ser de
3cm.
Após a cura da argamassa, aplica-se o primer (pintura de base asfáltica).
A superfície deve estar totalmente seca e livre de óleo. O primer
é aplicado a rolo de lã ou brocha, em uma única demão.
No caso da manta elastomérica, após o primer aplica-se uma camada
de Pasta Berço (lama asfáltica com borracha moída), aplicada
com desempenadeira em uma camada de 0,5cm. Após a secagem ao toque, pode-se
passar à aplicação da manta, que é feita, no caso
da manta asfáltica, com o desenrolar dos tubos de manta sobre a laje,
deixando um transpasse lateral de 10cm.
O método mais comumente usado para a fusão das mantas é
com uso de maçarico. Neste método é preciso se tomar muito
cuidado com o aquecimento excessivo da manta, em seu interior existe um véu
estrutural e a sua ruptura inutiliza a manta.
Uma dica dada pelos operários experientes é que a manta estará
danificada quando a sua superfície parecer que "fritou".
No caso da manta elastomérica, a aplicação é feita
com o desenrolar dos tubos da manta sobre a camada de pasta berço, com
um transpasse de 10cm e a fusão é feita através de uma
fita de caldeação. Esta vulcanização é feita
quimicamente e a frio.
Tanto no caso da impermeabilização com manta asfáltica
quanto com elastomérica, antes da aplicação da manta deve-se
fazer todos os arremates nos ralos,
tubos
que vazarão a manta, juntas
de dilatação, etc.
Na periferia da região a ser impermeabilizada, a manta deve subir na
parede no mínimo 50cm, formando um barrado.
Essas paredes devem ser construídas com tijolo maciço até
20cm acima do final da manta. O tijolo furado faz com que no caso de uma infiltração,
mesmo depois do problema resolvido, a água armazenada nos furos mereje
por meses, deixando dúvidas quanto ao serviço.
Os ralos e tubos nunca deverão estar a menos de 10cm recuados das paredes
ou um do outro. Isso impede o arremate da impermeabilização.
Coberturas
transitáveis por veículos
Estes são os casos onde existem estacionamentos sobre a laje e embaixo
é também área útil do edifício.
Este caso não difere muito do caso das soluções adotadas
para áreas transitáveis por pedestres, exceto que o piso sobre
a manta deve ter resistência adequada. Uma das formas é de se aplicar
uma camada de 4cm de argamassa armada com tela soldada com malha de 15x15cm
(tela Telcon L47).
Calhas
As calhas aqui tratadas são aquelas moldadas sobre a laje de cobertura,
em concreto armado. Estas calhas devem ser impermeabilizadas com o sistema de
mantas. A manta deverá subir pela parede da calha até a sua borda
externa. As paredes da calha devem ter a sua superfície superior na mesma
inclinação do telhado. Recomenda-se que a telha entre pelo menos
10cm dentro da calha, formando um pequeno beiral a fim de evitar entrada de
água causada por chuvas de vento.
Para efeito de manutenção da calha, recomenda-se uma largura livre
de no mínimo 30cm.
Deve-se prever na camada de regularização da superfície
do fundo da calha, um caimento mínimo de 1% para ralos e sua espessura
mínima de 3 cm. Invariavelmente, uma calha deverá receber um tratamento
de isolação térmica.
Isolação
térmica
Com exceção ao uso da isolação térmica
feita com materiais soltos como seixo rolado de cor clara, podemos dizer que
existem duas outras opções. Estas duas opções são
de uma camada de material isolante embutido no piso. Pode-se aplicar esta camada
sobre a manta ou sob a manta. No caso da camada isolante ser aplicada sobre
a manta, temos a vantagem de a manta também ser protegida termicamente,
trazendo maior longevidade para o sistema. O material recomendado para isso
é o poliestireno extrudado (Styrofoan), que tem a propriedade de não
absorção de água. Nesta opção deve-se considerar
o alto custo desse material.
No caso da camada isolante ser aplicada sob a manta já não temos
a isolação térmica na própria manta, reduzindo teoricamente
a longevidade do sistema. No entanto, podemos usar um material mais barato,
que é o poliestireno expandido (isopor, Isofoan). Este material absorve
água pelas bordas recortadas e encharcado perde sua propriedade isolante,
por isso é importante que só seja usado sob a manta.
Rufos
Os rufos aqui tratados são os rufos em concreto que dão acabamento
à parte alta do telhado, onde se encontra com paredes ou platibandas,
tanto no sentido horizontal quanto lateral.
Estes rufos são superfícies de concreto armado de largura pequena,
aproximadamente 30cm. Nestes casos, a camada impermeabilizante não se
faz necessária com mantas, sendo suficiente uma impermeabilização
com membranas.
No momento da concretagem o carpinteiro deve ser instruído a deixar na
forma um baguete de 2,5x2,5cm, no sentido longitudinal do rufo, próximo
da borda 3cm. Isso fará com que a peça de concreto fique com um
sulco na face inferior, que servirá como pingadeira, evitando o refluxo
da água.
A superfície superior e lateral do rufo deve receber uma camada de regularização
(cimento e areia no traço 1:3) com espessura mínima de 3cm. Todos
os cantos devem ser arredondados e a membrana deve revestir toda a face lateral
e superior do rufo, assim como a parede de onde emerge o rufo e sua face superior.
A face superior da parede deve ter uma inclinação de 5% para o
lado interno a fim de evitar manchas precoces na fachada.
A camada impermeabilizante é feita por uma demão de primer, 3
demãos de emulsão asfáltica entremeadas com lã de
vidro e protegida com pintura refletiva (alumínio).
Varandas
Tratamos aqui dos casos de varandas e sacadas construídas em local
que terá uma finalidade de uso embaixo. Estes locais são considerados
transitáveis por pedestres, cabendo então as recomendações
para tal. Cuidados extras serão colocados e alguns deles se aplicam não
só a regiões com estes fins.
Considerando que nem todas as sacadas tem seu guarda-corpo em total alvenaria
ou concreto, há que se tomar os cuidados com os arremates
de impermeabilização junto aos tubos ou outros metais que ancorarão
os elementos do guarda-corpo.
Toda região impermeabilizada que tiver em sua periferia uma porta
que dê ligação com a área interna da edificação
deverá ter a camada impermeabilizante adentrando no mínimo 1.00
metro para o fundo e laterais. Ao final desse 1.00 metro, deverá se deixar
uma sobra de manta de 20cm, que será cortada somente depois do piso acabado.
Esta medida evita que a água percole pela argamassa de assentamento do
piso, infiltrando no ambiente interno. Já vimos casos de percolações
que chegaram a avançar 5 metros pela área interna.
Nas paredes periféricas da área impermeabilizada deve ter um barrado
mínimo de 50cm de altura, e sua parede deve ser constituída de
elemento não poroso e maciço a pelo menos 20cm acima da borda
do barrado.
Floreiras
e jardins
Como nos outros casos, tratamos aqui de floreiras e jardins que serão
construídos sobre uma laje que terá uma finalidade de uso embaixo.
No caso de floreiras que terão suas paredes em alvenaria, existe a necessidade
destas paredes serem construídas sobre uma mureta de concreto com altura
mínima de 15cm monolítica com a laje. Esta medida é fundamental
para evitar o destacamento da parede e conseqüente ruptura da manta. A
drenagem
é feita por tubos de PVC Ø100mm, instalados no meio da vegetação,
tantos quantos necessários para a drenagem da área. Esses tubos
deverão ter em sua extremidade superior uma grelha metálica, preferencialmente
pintada na cor vermelha para uma fácil localização em meio
à vegetação, para eventuais manutenções e
desobstrução.
No fundo do canteiro deverá se deixar uma camada de 10cm de cascalho,
brita ou seixo rolado para a drenagem da água capilarizada. Essa camada
deverá estar separada da camada de terra por uma camada de poliéster
não tecido (geotêxtil). O escoamento da água capilarizada
será feito pelo mesmo tubo captador da água da superfície
da floreira, através de furos Ø 5/8" feitos neste tubo dentro
da camada de cascalho, ou seja, estes furos devem estar abaixo da camada do
geotêxtil.
Por questões estruturais, independente da altura externa da floreira,
poder-se-á criar internamente lajes falsas na intenção
de se reduzir o volume de terra. Mesmo que essas lajes sejam criadas, por se
tratar de elementos pré-moldados soltos, a impermeabilização
deverá ser aplicada como se todo o espaço fosse preenchido com
terra. A camada de cascalho e os furos no tubo de drenagem deverão subir
de acordo com esta laje falsa.
A profundidade de terra da floreira deve ser dimensionada de acordo com o potencial
de raízes da vegetação a ser usada, assim como deve-se
evitar a utilização de espécies vegetais de raízes
vigorosas ou que possam oferecer riscos ao sistema de impermeabilização.
Boxes
de banheiros
Como os boxes de banheiros não são expostos a grande variação
de temperatura, costumeiramente procura-se executar a laje com cuidados para
boa cura e a sua impermeabilização é feita apenas através
da cerâmica e um bom arremate
com silicone na borda do tubo do ralo.
Por uma maior segurança pode-se aplicar manta asfáltica ou elastomérica,
não havendo necessidade de se impermeabilizar o restante do banheiro,
exceto no caso de existência de banheiras
de hidromassagem, que por ser área mais úmida que o box, exige
uma atenção maior quanto à impermeabilização.
No caso de se optar pela aplicação de manta na região do
box, alguns cuidados devem ser tomados. As paredes devem ser de tijolo maciço
pelo menos 20cm acima do barrado de manta. O barrado de manta nas paredes deve
ter uma altura mínima de 50cm e sua ancoragem feita na parede por um
sulco de 4x4cm com inclinação de 45 graus. A manta deve sair 50cm
para fora do box e deve-se deixar uma sobra de 20cm para ser cortada após
o piso acabado.
Antes da aplicação da manta, deve-se fazer os arremates de impermeabilização
no ralo, ancoragem da esquadria do box (quando necessário). O ideal é
se evitar o máximo possível, chumbamentos e intervenções
no piso a ser impermeabilizado.
Piscinas
Tratamos aqui de piscinas em concreto
e fibra
de vidro, usadas em pavimentos térreos, onde embaixo normalmente
haverá vagas de garagem ou em apartamentos dúplex de cobertura,
onde normalmente embaixo estará a sala de estar. Acredito que esteja
aqui um dos nossos dois grandes desafios, pois estamos falando de uma ousadia
arquitetônica, onde toneladas de água estarão nos testando
a cada minuto, enquanto existir.
Partindo daí, percebemos que até mais importante que a camada
impermeabilizante, está a qualidade estrutural. Esta região da
edificação deverá receber atenção redobrada
na fase de concretagem. Terão que ser peças de concreto perfeitas,
sem "bichos", falhas ou restos de madeira incrustados após
a desforma.
Não podemos abrir mão da mísula nos cantos horizontais
e verticais, que serão reforços importantes. Os elementos como
entrada de água, ladrão, ralo de fundo, deverão também
receber redobrada atenção quanto à sua rigidez com a laje
de fundo ou paredes laterais. O fundo receberá tratamento igual a área
transitável por pedestres, as paredes deverão ter, como proteção
mecânica sobre a manta, placas de poliestireno expandido (isofoan, isopor)
para proteção no momento crítico onde uma ou mais pessoas
saltam na piscina. Após a colocação das placas de poliestireno
expandido na vertical, aplica-se uma camada de argamassa de cimento e areia
no traço 1:3, armada com tela galinheiro. Esta camada de argamassa receberá
o assentamento dos azulejos.
Com a intenção de não interferir no teto do pavimento inferior,
normalmente essas piscinas são construídas em um nível
mais elevado. Isso faz com que se crie uma segunda laje para o deck. Vemos então,
surgir um caixão perdido. Este caixão perdido não pode
jamais ser preenchido com entulhos, argila expandida ou qualquer outro material,
pois no caso de uma infiltração, o armazenamento de água
neste material será motivo de incômodo por muito tempo. O problema
da infiltração será resolvido, mas o cliente terá
sua goteira garantida por longos meses. Deverá receber impermeabilização
dupla, uma camada no fundo do caixão perdido e outra sobre o deck, que
será a continuação da manta que passa dentro da piscina.
Em um espaço de ar confinado, acontece o fenômeno da condensação,
que é a liquefação do vapor de água proveniente
da cura do concreto, vapor presente no ar ou uma eventual infiltração
na laje superior. Este problema é evitado deixando-se pelo menos dois
tubos de Ø mínimo de 75mm para a respiração do caixão,
dispostos em pontos opostos. Estes tubos devem ter uma altura mínima
de 20cm dentro do caixão e sua ponta inferior rente com o teto do pavimento
inferior.
Caixas
d'água
Tratamos aqui da impermeabilização de reservatórios elevados
moldados em concreto. As recomendações dadas para a concretagem
das peças da piscina devem ser seguidas também para este caso.
No piso interno do reservatório será aplicada uma camada de cimento
e areia no traço 1:3, como proteção mecânica, já
nas paredes, não existe a necessidade de se proteger a manta mecanicamente,
ficando exposta. Isso faz com que a manta tenda a cair por seu próprio
peso. Duas medidas são tomadas a fim de evitar esta queda. Aplica-se
uma malha de 50x50cm de fita de caldeação mais solução
adesiva. Aplica-se a manta e após é fixada uma fita de alumínio
a cada metro vertical, em toda a volta. Esta fita é fixada com buchas
S10 e com parafusos latonados de cabeça boleada. Sobre a fita aplica-se
um manchão de material igual ao usado para impermeabilização.
As flanges do fundo do reservatório são de fundamental importância
para que o sistema funcione.
Subsolo
Tratamos aqui da impermeabilização de subsolos que sofrem
com problemas de afloramento do lençol freático.
Considerando que na maioria dos casos de subsolos a área ocupada vá
de divisa a divisa do terreno, temos grande dificuldade de acesso para impermeabilizar
estas paredes.
O ideal seria que tivéssemos um grande terreno e pudéssemos construir
um subsolo de concreto monolítico de cabeça pra baixo, impermeabilizássemos
as paredes e o fundo e só então o puséssemos em sua posição
definitiva. Como isso não é possível, usamos a técnica
do envelopamento. Trata-se da construção de paredes e piso provisórios,
apenas para receber a camada impermeabilizante. Após feita a impermeabilização
e aplicada a proteção mecânica, constrói-se a parede
e piso propriamente ditos. Deve-se lembrar de deixar os arranques dos blocos
ou sapatas e fazer seus respectivos arremates de impermeabilização.
Outros casos deverão ser tratados particularmente, como por exemplo casos
onde seja necessário o rebaixamento do lençol freático.
Manta
Elastomérica
Embora este seja o sistema de maior longevidade, exige mão-de-obra
muito melhor treinada e uma conscientização também maior
por parte de todos os colaboradores da obra. Sua espessura mínima de
0,8mm, exige este grande cuidado, chegando a ponto da necessidade de isolamento
da área até que já tenha sido aplicada a proteção
mecânica. Esta proteção mecânica também deve
ser feita pela equipe de impermeabilizadores. Todo e qualquer operário
que precisar transitar por sobre a manta, deverá faze-lo descalço,
devendo ser proibido o uso principalmente de botinas.
Caso queira-se testá-la, só se pode por a água após
24h da aplicação. Este é o tempo de reação
total do adesivo com a fita de caldeação.
A manta elastomérica é aplicada solta sobre a laje. Este sistema
é chamado de sistema flutuante de impermeabilização. Ele
tem o inconveniente de, no caso de um vazamento, a água "caminhar"
por baixo da manta por longas distâncias, dificultando a localização
do vazamento.
Sua aplicação é feita da seguinte maneira:
1 – Regularização
- Limpeza da laje na
área a ser impermeabilizada
- Verificação dos elementos que virão a interferir na impermeabilização
- Verificação de corpos estranhos
na superfície da laje. Ex. restos de madeira incrustados no concreto,
arames e outros.
- Aplicação de argamassa de
cimento e areia no traço 1:3, com espessura mínima de 3cm.
- Caimento de no mínimo 1% para os
ralos
- Arredondamento
dos cantos (normalmente se usa a lateral de uma garrafa)
- Cuidar para que a superfície regularizada fique tão lisa quanto
uma argamassa permita. Uniforme e homogênea para receber a manta sem traumas
2 - Aplicação
do primer
- O primer é uma pintura de base asfáltica
- A superfície deve estar totalmente
seca
- O primer é aplicado a rolo de lã ou brocha, em uma única
demão
- Consumo de aproximadamente 0,3 litros por metro quadrado
- Aguardar 24 horas após a aplicação do primer para a aplicação
da manta
3 – Aplicação
da manta
- Isolamento da área
para impedir que operários não pertinentes aos serviços
de impermeabilização transitem ou causem danos ao processo
- Verificação dos elementos
que virão a interferir na impermeabilização. Ex. afastamentos
adequados de dutos em relação às paredes
- Conferência da presença de
todos os elementos, a fim de evitar ferimentos posteriores
- Verificar as especificações
de projeto
- Dispor os rolos de manta no sentido longitudinal
da aplicação, atentando para o esquadrejamento
- Fazer arremates nos ralos e outros elementos
vaza-manta
- Inserir dentro dos ralos uma seção
de tubo de PVC de 3cm com um corte vertical. Este anel tem a finalidade de não
deixar a manta descolar do cano
ATENÇÃO: A reação química no momento de vulcanização do material elastomérico libera gases tóxicos. Em locais fechados como em reservatórios exige-se o uso de equipamento insuflador.
Manta
Asfáltica
O principal cuidado a ser tomado em sua aplicação, é
de conscientizar o aplicador de que o maçarico (usado na fusão
das mantas) não pode aproximar e ficar exposto à manta em um mesmo
local por muito tempo para não ocasionar ruptura do véu estrutural
localizado dentro da manta, danificando-a. Vários fatores são
levados em consideração para se julgar o ideal para isso, pressão
de saída no bico do maçarico, resistência do asfalto, temperatura
do ambiente, entre outros.
Uma boa dica dada pelos bons operários é que o asfalto deve apenas
derreter e se nota a ruptura da estrutura da manta se a superfície parecer
que "fritou".
Sua aplicação é feita da seguinte maneira:
1 – Regularização
- Fazer rebaixo de 15cm
na borda dos ralos com profundidade de 4mm.
- Limpeza da laje na área a ser impermeabilizada.
- Verificação dos elementos
que virão a interferir na impermeabilização.
- Verificação de presença
de corpos estranhos na superfície da laje. Ex. restos de madeira incrustados
no concreto, arames e outros.
- Aplicação de argamassa no
traço 1:3 de cimento e areia.
- Caimento de no mínimo 1% para os
ralos.
- Arredondamento dos cantos (normalmente se
usa a lateral de uma garrafa).
- Cuidar que a superfície regularizada
esteja tão lisa quanto uma argamassa permita. Uniforme e homogênea
para receber a manta sem traumas.
2 - Aplicação
do primer
- O primer é
uma pintura de base asfáltica.
- A superfície deve estar totalmente seca.
- O primer é aplicado a rolo de lã ou brocha, em uma única
demão.
- Consumo de aproximadamente de 0,3 l/m².
- Aguardar 24 h após a aplicação
do primer, para aplicação da manta.
- Toda área a ser impermeabilizada
deve receber essa camada de primer
3 - Aplicação
da manta
- Isolamento da área para impedir que operários não pertinentes
aos serviços de impermeabilização transitem ou causem danos
ao processo.
- Verificação dos elementos que virão a interferir na impermeabilização.
Ex: afastamento adequado de dutos em relação às paredes.
- Conferência da presença de todos os elementos, a fim de evitar
ferimentos posteriores.
- Verificar as especificações de projeto.
- Dispor os rolos de mantas no sentido longitudinal da aplicação,
tomando o cuidado com o esquadrejamento. Fazer arremate nos ralos e outros elementos
vaza-manta.
- Inserir dentro dos ralos uma seção de tubo de PVC de 3cm com
um corte vertical. Este anel tem a finalidade de não deixar a manta descolar
do cano.
Argamassa
impermeável (Rígida)
Sistema feito a partir da adição de produtos químicos na
argamassa.
Este sistema só é recomendado para locais totalmente protegidos
de oscilações térmicas, pois, por ser de origem posolânica,
trinca junto com a estrutura.
Exemplos de locais que podem receber este sistema:
Cortinas de subsolos
sem problemas de afloramento do lençol freático
Reservatórios subterrâneos
Piscinas enterradas
Assim como sabemos o quão importante é se concretar
uma laje de uma vez só, a aplicação da argamassa impermeável
só tem sua eficácia se for aplicada continuamente. E em duas camadas,
para que as fissuras naturais de cada uma não coincidam.
Existe uma gama muito grande de
sistemas e produtos de impermeabilização rígida. Inclusive
pintura acrílica, grafiatos e texturas são considerados impermeabilizantes,
mas consideramos aqui os sistemas que visam sanar infiltrações
mais graves do que apenas umidades em paredes advindas de chuva do lado externo.
Compatibilização
de Projetos
Atualmente é comum vermos uma edificação com 15 ou
20 escritórios parceiros projetando os mais diversificados detalhes.
A impermeabilização tem sido deixada de lado muito mais do que
deveria.
Como dissemos antes sobre a conscientização dos operários
participantes da obra, precisamos também conscientizar os mentores do
projeto.
A necessidade do sulco no concreto da platibanda ou nos pilares do térreo
é evidente, mas será que o calculista prevê isso?
A camada impermeabilizante em uma laje de cobertura não tem uma espessura
tão irrelevante a ponto de não se prever o rebaixo da laje no
projeto.
O projetista de hidráulica não tem consciência de que seus
tubos precisam dos recuos necessários para uma manta passar por trás.
O arquiteto autor do projeto de paisagismo nem sempre tem consciência
de como será resolvida a solução dada a uma floreira.
Em vários casos isso pode parecer uma utopia, mas precisamos nos esforçar
mais e mais para que todos os projetos sejam intrínsecos e consigamos
cada vez mais pôr ordem na torre de babel.
Os detalhes só serão deixados de lado enquanto olharmos para eles
como apenas detalhes.
Preocupações como todas as citadas neste texto, são inadiáveis
e suas soluções são fundamentais para uma obra mais barata,
de melhor qualidade, entregue em menor prazo e um cliente muito mais satisfeito.
Qualquer dúvida estaremos à disposição.