O poeta que morreu de amor Ernesto Sampaio MORREU de amor o ensaísta, poeta, crítico de arte, jornalista e tradutor Ernesto Sampaio. Desde que a sua mulher, a actriz Fernanda Alves, faleceu em Janeiro de 2000, Ernesto Sampaio entregou-se ao desgosto - e, como escreveu Mário Cesariny, «desde a morte de Fernanda Alves já não sabia viver. É a única pessoa que conheço que morreu de amor». O corpo foi encontrado pela porteira do prédio onde habitava e segundo declarações da polícia tudo indica ter-se tratado de um ataque cardíaco fulminante. Encerrou-se assim o percurso literário de um homem que se tornou um autor do surrealismo português. Ernesto Sampaio desenvolveu ainda uma colaboração prolífica com vários dramaturgos, produzindo diversas obras para o teatro. Ontem, Sampaio completaria 66 anos. Inicialmente ligado ao grupo que se reuniu no Café Gelo, onde pontuaram artistas como Mário Cesariny, Ernesto Sampaio estreou em 1957 com o livro Luz Central, seguido posteriormente de Antologia do Amor Português, em 1964, O Sal Vertido, de 1988, Para uma Cultura Fascinante, de 1998. Os seus últimos livros publicados em vida foram Ideias Lebres, Feriado Nacional e Fernanda. Este último uma sentida despedida que o autor dedicou à mulher. Ernesto Sampaio desenvolveu um percurso além do literário recheado de histórias, tendo sido bibliotecário, actor e professor do ensino secundário, entre outras profissões. Nos últimos tempos dedicou-se à carreira de tradutor, tendo deixado um vasto leque de obras traduzidas para diversas editoras, de autores como Thomas Dernahard, Jose Sanchis Finisterra, Arthur Adamov e Henri Michaux. Ernesto Sampaio foi ainda descoberto pelo poeta Herberto Helder na célebre antologia As Vozes Comunicantes da Poesia Moderna Portuguesa. |