amorosa das donzelas, geralmente,
as saudades do namorado que foi combater contra os mouros, a vigilância
materna, as confissões às amigas. Há nessas cantigas uma forte presença
da natureza, sua linguagem é simples e sua estrutura apropriada ao canto
e à transnissão oral apresenta refrão e versos encadeados e repetidos
ou ligeiramente modificados (paralelismo).
- Cantigas de Amor - Surgiram no sul da França, na
região de Provença. Expressam o sentimento amoroso do trovador que se
coloca a serviço da mulher amada. Aqui, o amor se torna tema central do
texto poético, deixando de ser pretexto para a discussão de outros temas.
Mas é um amor não realizado, não correspondido, que fica sempre num plano
idealizado. E de outro modo não poderia ser, pois a mulher amada se encontra
socialmente afastada do poeta: é a senhora, esposa do senhor feudal. São
cantigas que espelham a vida na corte através de forte abstração e linguagem
refinada.
- Cantigas de escárnio e de maldizer - Reúnem a produção
satírica e maliciosa da época. Enquanto as de escárnio são críticas e
suas ironias feitas de modo indireto, as de maldizer, utilizando linguagem
mais vulgar, às vezes obscena, referem-se direta e nominalmente a suas
personagens. Os temas centrais destas cantigas são as disputas políticas,
as questões e ironias que os trovadores se lançam mutuamente e que nos
lembram os "desafios" de nossa literatura de cordel, as intimidades de
alcova, a covardia ou a falta de jeito de alguns cavaleiros, as mulheres
feias. É verdade que seu valor poético é pequeno, mas seu aspecto documental
torna imprescindível seu estudo.
- As novelas de cavalaria - Surgiram na França e na
Inglaterra derivadas das canções de gesta e de poemas épicos medievais.
Refletiam, de modo geral, os ideais da nobreza feudal: o espírito cavalheiresco,
a fidelidade, a coragem, o amor servil. Mas estavam também impregnadas
de elementos da mitologia céltica. As histórias mais conhecidas são aquelas
que pertencem ao "ciclo arturiano", A Demanda do Santo Graal é uma das
mais importantes deste ciclo, a qual reúne os dois elementos fundamentais
da Idade Média quando coloca a Cavalaria a serviço da Religiosidade. Além
das novelas do ciclo arturiano merecem destaque também "José de Arimatéia"
e "Amadis de Gaula".
"Estes
meus olhos nunca perderán,
senhor, gran coita, mentr'eu vivo fôr;
e dire-vos fremosa mia senhor,
destes meus olhos a coita que han:
choran e cegan, quand' alguen non veen,
e ora cegan por alguén que veen.
Grisado teen de nunca perder
meus olhos coita e meu coraçon,
e estas coitas, senhor, mias son:
mais los meus olhos, por alguen verr,
choran e cegan, quan' alguen non veen,
e ora cegan por alguen que veen.
E nunca já poderei haver ben
pois que amor já non quer nen quer Deus;
mais os cativos destes olhos meus
morrerán sempre por veer alguen:
choran e cegan, quand' alguen non veen,
e ora cegan por alguen que veen."
(João Garcia de Guilhade)
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