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DECISÕES


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Scott Summers e Tempestade dirigiam-se para o quarto de Charles Xavier. Ele ainda nao havia acordado. Tempestade levava a bandeja de café da manha quase todos os dias. Quando ela bateu na porta Xavier, ele abriu os olhos com um sorriso. Voltou a fechar os olhos e leu as ondas mentais de Scott também na porta, concluiu que não era o café que eles traziam.

Professor: Entrem.

Tempestade: Bom dia, professor.

Scott: Bom dia, Xavier.

Professor: Bom dia, meus alunos chefes. Que foi dessa vez?

Scott: Medula esta no portão pedindo asilo.

Tempestade: Disse que foi expulsa do grupo de Magneto depois de ter enfiado um osso, sem querer, no ombro de Emma Frost.

Scott: Sem querer na Emma. Porque a intenção era acertar Jubileu.

Tempestade: E para matar.

Scott: Fora o que ela fez com Fera e os demais que ajudou a matar.

Professor: Eu decido? – Xavier sorriu. Scott também.

Scott: Você sempre decide.

Tempestade: A casa é sua, o grupo é seu.

Professor: Não... Tempestade decide. Ela conhece bem os Morlockes.

Tempestade: Ela é uma Morlocke?! Não prestam. Ou melhor: nao prestavam! Não podíamos confiar. ... Como ela sobreviveu ao massacre?

Professor: Pois é... Como?

Scott: O senhor quer dizer que ela merece uma segunda chance?

Professor: Olhando aqui da minha janela eu vejo uma menina muito mal intencionada. Alguém que nos dara muitos problemas. Alguém muito violenta e verbalmente agressiva. Mas eu sei que ela é uma Morlocke e isso muda tudo.

Tempestade: Por que?

Professor: Alguém que nunca viu o sol, alguém deformado pela mutação, alguém que se acha um monstro e se faz de monstro só para combinar exterior com interior. Afinal, deve ser horrível tentar ser gentil quando todos te chamam de aberração. Ela foi amargurada pela vida e revida com muita força.

Scott: O senhor esta disposto a tentar mudar isso?

Professor: é uma grande tarefa, eu sei.

Tempestade: Lembre-se de Fabrizio que ainda precisa do senhor. Agora mesmo estava cavando próximo aos túmulos...

Professor: Eu quero tentar.

Scott: Eu disse que o senhor decidia tudo. – Scott voltou a sorrir.

Tempestade: Sinceramente, é obvio que ela não vai querer mudar. Vai rir da sua analise a respeito dela. Se é uma Morlocke, ela não é como o senhor descreveu. É alguém de péssimo caráter.

Professor: Ororo, se isso fosse verdade, por que ela teria vindo aqui?

Tempestade: Não tem para onde ir.

Professor: Com tantos grupos e estranhas seitas que surgem todos os dias, por que ela veio pedir o nosso tipo de ajuda? É um pedido de socorro, Ororo. Deixem-na entrar.

Tempestade: O senhor é quem decide.

Professor: Lembre-se, Ororo, ela é a sobrevivente de um massacre.

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A tarde foi calma. Com a vitória obtida no julgamento de parte dos acusados no dia anterior, os x-men não precisavam treinar nem se preocupar com nada. Era um outono quase inverno, às vezes nevava ralo, mas as folhas ainda caiam. Só dentro da mansão que Tempestade mantinha o clima ameno.

Como era habito na casa, muitos foram para a piscina. Vampira relaxava numa espreguiçadeira e fazia carinho na própria barriga ainda tão retinha. Gambit olhava para ela fixamente. Tempestade, a deusa maravilhosa, a mulher com um metro e vinte só de pernas, passou do lado de Gambit. Vampira já fechou os olhos esperando um assobio, ou um “Mon Dieu, eu não agüento!” Mas o silencio permaneceu. Ela abriu os olhos e Gambit continuava extasiado olhando para a barriga dela. Depois Bruna e Ângela passaram e Remy Lebeau nem mexeu o rosto. Até Fera percebeu aquele fenômeno inusitado.

Fera: Vampira, isso deve ser passageiro. Não se assuste.

Vampira: Tomara que não!

Gambit ajoelhou ao lado da espreguiçadeira e beijou a barriga de Vampira. Depois, colou a boca na pele dela e começou a falar com os filhos:

Gambit: Bon jour! Ici c`est son père. Sa mère est très belle.

Vampira: Gambit! Eles são embriões! – Ela levantou o rosto dele com as mãos.

Gambit: Eles não escutam? – Sorria.

Vampira: Não! Ainda não.

Gambit: Não tem problema. Isso era um pretexto para eu te fazer cosquinha!

Gambit começa a dar leves mordiscadas na lateral da barriga de Vampira, no pescoço, no braço, em todo canto. Ela esperneava rindo.

Bobby Drake via a cena de braços cruzados.

Bobby: Essa cena é surreal!

Jubileu: É mesmo! – Disse Jubileu que se aproximava comendo biscoito e levantando os óculos escuros. – Cosquinha com a boca em Vampira!

Bobby: Eu nunca pensei que fosse um dia ver isso sem nenhum inibidor de poderes.

Wolverine: Tenta lá também, picolé! Você morre sugado em cinco segundos! Isso é só com o Gambit, ninguém mais toca nela. – Logan passou pelos dois e sentou ao lado de Bruna.

De repente escuta-se um splash! Vampira empurrou Gambit na piscina, mas ele levou-a junto porque a abraçou no momento da queda.

Enquanto todos se divertiam, Tempestade olhou para as duas únicas pessoas que não compartilhavam da alegria. Uma era Medula na janela de um dos quartos, observando tudo de longe. Talvez tivesse vergonha do corpo pontiagudo, talvez não gostasse de gente, ou daquele tipo de gente. A outra pessoa era Fabrizio no alto da colina, ainda a cavar seu enorme buraco na terra.

Wolverine, que estava sentado ao lado de Bruna, colocou a mão no ombro dela. Ela parou de conversar com Ângela quando sentiu aquele toque. Olhou para o lado?

Bruna: Você colocou a mão no meu ombro? – Perguntou com aquela voz de quem não ta acreditando.

Wolverine: Coloquei.

Bruna: Vai pra a puta que te pariu! – E levantou-se furiosa para longe.

Jubileu engasgou-se com um biscoito e Ângela ficou com olhos arregalados. Bobby Drake botou coca-cola pelo nariz!

Wolverine ficou mordendo o canto da boca com ódio. Quando levantou o rosto, viu que Tempestade estava sorrindo.

Wolverine: Quê?

Tempestade: Você mereceu.

Olhou para Scott Summers que não estava com boa cara. Levar um fora de Bruna significa um dia ter escolhido Jean Grey. E isso, não era nem um pouco engraçado para Ciclope.

Naquele instante um bip no relógio a prova d`água de Scott começou a tocar. No visor do relógio apareceu Emma.

Emma: Vem, tigrão.

Scott: Emma, eu voltei hoje de manha. Faz menos de cinco horas.

Emma: É serio.

A ligação se desfez e Scott esfregou as mãos no rosto. Fera olhou para a cara dele com um risinho.

Fera: Não era bem isso o que você queria.

Scott: Não era.

Fera: Você espera o que de Emma Frost? Ela esta no comando, ela diz quando e onde. Ela manda. – Fera não disse nada alem, mas pensou ~eu ia gostar, por uma semana só, mas ia gostar~

Scott: Parece que dessa vez é algo “sério”.

Summers foi para Manhattan de moto. Chegando ao restaurante que Emma marcou como local de encontro, ele deixou claro que era bom aquilo ser realmente importante.

Emma: Estúpido. E se eu tivesse brincando com você, só pra ter ver!

Scott abaixou o rosto e respirou fundo.

Scott: Se for isso, Emma, eu nun...

Emma: Não é isso! É sobre o preso que sabe bastante sobre os senadores e deputados envolvidos no genocídio dos mutantes. Aquele que foi julgado e preso ontem. O espertinho que participaria da delação premiada.

Scott: E o que tem?

Emma: Ele morreu.

Scott sentou na calçada e colocou a mão no rosto.

Emma: Você não quer entrar no restaurante?

Scott: Ele NÃO morreu! VOCÊS mataram ele! – Scott estava segurando Emma pelo braço com força. Você, Magneto e Mística!

Emma: Claro que não!

Scott: Por que, Emma!? Por quê? Como vocês puderam ser tão burros?! Como?! Com o depoimento dele, os políticos envolvidos nisso tudo seriam presos! Presos!

Emma: Seriam nada! Abririam um inquérito parlamentar e seriam todos absolvidos ou verbalmente “advertidos” com um tapinha nas costas!

Scott: Então é isso?! Você confessa?! Vocês querem matar esses políticos, nada de prisão! Nada de tentar prende-los!

Emma: é ! Você sabe que é assim que eu penso! Sempre soube!

Scott: Assassinos!

Emma: Covarde! Você SABE que eles não vão ser presos!

Scott: Aposto que você teve grande participação nessa ação! Posso imaginar você entrando no presídio controlando a mente de todos os guardas e Mística indo atrás transformada no chefe do presídio. Quem foi que matou, você ou ela?

Emma: EU !

Scott ficou sem palavras, paralisado no horror.

Emma: E faria de novo. Mesmo que fosse um outro qualquer.

Scott: E esse não era um qualquer? – Finalmente falou.

Emma: Eu reconheci ele na hora. Ele foi um deles.

Scott: Um dos que te?

Emma: Exatamente.

Os dois ficaram em silencio se olhando nas ruas frias de Manhattan. Deram alguns passos, distanciando-se do restaurante.

Emma: Mato todos eles, um por um. Todos que me estupraram e todos os outros que nem sequer chegaram perto de mim! Mato todos os responsáveis e todos os executores daquele inferno de mutantes.

Scott: Eu quero agir de outra forma. Se vocês vão matar cada sujeito que nos, x-men, prendemos ou estamos tentando prender: não da para eu dormir na sua cama, Emma.

Naquele instante o bip do relógio de Scott toca. Aparece no visor Jean Grey.

Jean: Scott? – Estava chorando.

Scott: Jean? O que foi? O que aconteceu? Por que esta chorando?

Jean: Eu...

Scott: Já deu no noticiário a morte do preso da delação premiada?

Jean: Hein?! Não, Scott... – Botou a mão na cabeça. – Eu não estava sabendo disso.

Scott: Então, o que foi?

Jean: Eu preciso da sua ajuda.

Emma Frost encostou num muro e cruzou os braços. Fez uma cara de “Jean: que vaca!”

Jean: A Rachel esta com catapora.

Scott: O que?

Emma: O QUE???? Fala serio!!!!!!!

Jean: A Emma esta com você?

Emma: Estou, “meu bem” ! Te incomodo, que pena!

Jean: Scott, ela esta com febre, não esta comendo nada e chora o dia inteiro. Eu estou morrendo de pena, estou chorando há horas aqui com ela.

Scott: Eu estou vendo pelo seu rosto, quer... Jean.

Emma: Escuta, sua pata! Você controla mentes, o sofrimento da sua filha pode ir embora em um segundo se você anestesia-la mentalmente! – Aproximou-se do relógio de Scott.

Jean: Emma, se eu fizer isso, não saberei ao certo se ela esta com febre ou não. Não saberei quais dores e estragos a doença pode estar causando. Ela pode ter serias complicações.

Emma: Ah, ta, que boazinha que é você! Então deixa a garota sofrendo e chorando a toa! Só pra você chamar Scott para o seu lado, vaca!

Jean não estava com forças para brigar. Simplesmente disse, com os olhos ainda mais molhados:

Jean: Não venha, Scott. Não venha. Eu me viro sozinha com os dois.

E desconectou a ligação. Emma ainda gritou:

Emma: Claro! O garoto NEM é filho dele!!!! ... Você viu só? Se fazendo de coitadinha... Me viro com os dois!? Marcou bem “dois”. É Um abuso!

Scott caminhou até sua moto e roncou os motores para longe. Emma ficou sozinha na calcada lembrando da ultima frase dele antes do bip tocar. “não da para eu dormir na sua cama”. Ele deu um ultimato, ela sabia. Emma sentiu um frio terrível e abraçou a si mesma. Estava com medo de perdê-lo. Mas estava disposta a brigar.

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Scott bateu na porta do apartamento. Jean abriu.

Rachel estava no colo dela chorando roca e baixinho, Jean estava com os olhos inchados. Panos, mamadeiras e brinquedos voavam pelo apartamento com a telecinésia de Jean Grey. Ela tentava arrumar um pouco da bagunça feita pelas crianças.

Scott chegou perto para cumprimentá-la, perto demais. Quase a beijou, por habito. Mas distanciou-se.

Scott: Oi.

Jean: Oi.

Ele viu as bolhinhas vermelhas no corpo de Rachel, algumas no rosto. Franziu as sobrancelhas ao ver a filha tentar chorar sem mais nenhuma voz, quase muda.

Jean: Obrigada por vir.

Scott olhou para Christian que brincava no tapete com um boneco do homem-aranha.

Scott: E o Christian? Como está?

Jean: Ele não fica doente.

Ele levantou a cabeça para o teto, lógico, às vezes esquecia de quem Christian era filho. Claro que ele não ficava doente.

Scott sentou numa poltrona, Jean colocou Rachel no colo dele. A menina gemeu mais um pouco.

Jean: Eu vou finalmente conseguir colocar o Christian para dormir um pouco.

Ela pegou o menino no colo, que começou a espernear. Parecia ser uma criança violenta. Scott via o quanto era difícil cuidar de duas crianças sozinha, mesmo sendo telepata e telecinética.

Jean: Não vou demorar. Dessa vez vou usar meu poder mental para fazê-lo dormir.

Scott via o menino de cabelo pretinho no colo de Jean. Ela o ninou por poucos segundos, fechando os olhos e comandando o sono dele. Ele olhou para aquele bebê com cara de homenzinho, reparou que a lateral do cabelo do menino já arrebitava para alto.

A ruiva foi para o quarto, colocou o filho no berço e voltou para a sala. Pegou novamente a filha no colo.

Scott: O que você já fez até agora?

Jean: Levei ao hospital, diagnosticaram como catapora. Não há muito o que fazer, temos que controlar a febre dela, dar banho de permanganato de potássio para secar as bolhas e acalentar a pobrezinha.

Scott: Por que ela chora tanto?

Jean: Essas bolhas dão em todo o corpo, externamente e internamente.

Scott: Internamente?

Jean: Ela está com bolhas dentro do ouvido e na garganta. Não come nada, chora o dia inteiro.

Scott: E o permanganato, quer que eu vá comprar?

Naquele instante, toca a campainha. Jean abre a porta e aparece seu vizinho sorridente.

Vizinho: Aqui as pastilhas de permanganato, senhorita Summers. O farmacêutico disse para diluir em vários litros d’ água.

Jean: Obrigada, Zed. Pode me chamar de Jean Grey.

Vizinho: Desculpa, era o nome que estava lá em baixo na caixinha de correio: Grey Summers.

Jean: Só Jean já esta bom.

Vizinho: Mas olha, no caminho eu acabei encontrando isso também. – Ele tira de trás das costas um enorme buquê de rosas Nicole, aquelas vermelhas por dentro e brancas por fora.

Jean coloca as mãos no peito e fica um tempo sem respirar. Ela sorri, soltando o ar e relaxando.

Jean: Zed... Não precisava.

Vizinho: Claro que precisava. – Ele passa a mão no cabelo dela.

Quando levanta os olhos, vê um grande homem atrás dela, com Rachel no colo. Zed se assusta.

Vizinho: Oi.

Jean olha para trás e vê Scott.

Jean: Zed, esse é o meu ex-marido.

Vizinho: Oi, eu sou o Zed. – Estava sem graça. Mas estendeu a mão.

Scott: Summers. – Apertou a mão dele com força.

Vizinho: Bom... então eu acho que vou indo. Você já conseguiu ajuda.

Jean: Obrigada, Zed. Você foi um amor.

Vizinho: Óculos legal, Summers. – Foi a ultima frase que disse.

Jean fechou a porta e levou as pastilhas para cozinha. Precisava de uma bacia para misturar com água e dar banho em Rachel. Quando misturou na água, disse para a filha:

Jean: Olha, filha, é rosa a água do seu banho!

Rachel: Rosa. – Disse rouquinha e chorosa, mas com um sorriso tímido de criança encantada com a cor.

Os dois deram banho na menina e acabaram ficando um pouco rosas também.

Mais algumas horas se passaram.

Enquanto Jean pedia uma pizza por telefone, Scott tentava animar Rachel de pijaminha de ovelhas. Ele fazia um ratinho de pelúcia dançar. Jean escutou uma gargalhada dela e ficou surpresa, mas continuou no telefone pedindo metade calabresa e metade rúcula com tomate seco.

Rachel: Papai!

Scott: É, papai.

Rachel: Dança, rato!

Scott: O rato tem que dançar mais?

Rachel: Tem! – Ela riu.

Scott pegou o rato e voltou a rodopiá-lo pelo tapete. Mexia nas perninhas dele como se fosse can-can.

Rachel: Papai! – A menina olhou para a mãe e apontou para Scott.

Jean: Eu sei, filha. Papai. Ele esta fazendo o rato dançarino pra você?

Rachel: Cadê papai-bum?

Scott: Esse aqui é o papai de verdade, filha.

Rachel: Vedade.

Scott: É. – Ele sorriu - veRdade.

Rachel: Papai vedade.

Jean: Um dia ela esquece, Scott.

Scott: Isso não me preocupa.

Jean: Que história foi essa que o preso da delação premiada morreu?

Scott: Emma Frost o matou.

Jean sentou num sofá. Ficou parada olhando a janela por um longo tempo. Depois olhou para ele.

Jean: É... Ela deve ser boa de cama mesmo.

Scott: Ela é.

Novo silêncio. Jean olhou no rosto dele longamente.

Jean: Está se sentindo melhor agora?

Scott: Não.

Jean: Ótimo, nem eu!

Jean pega Rachel no colo e bate a porta do quarto.

Ficou horas pensando e remoendo um "eu também não estou me sentindo bem" trancada no quarto.

A pizza chega.

Os dois comeram em silêncio enquanto as crianças dormiam.

Jean: Você vai dormir aqui?

Scott: Só tem uma cama de casal.

Jean: Eu durmo no tapete.

Scott: De jeito nenhum.

Jean: Na verdade, eu acho que não é crime nenhum dividirmos a mesma cama.

Scott: ... Tudo bem.

Chegada a hora de dormir, os dois se sentiram muito estranhos. Scott pensou dez vezes se deveria ou não tirar a camisa, como ele sempre fazia. Acabou tirando. Os dois deitaram bem distantes um do outro na cama e ficaram congelados naquela posição, com medo de se mexerem. Jean apagou o abajour.

Jean: Se ela chorar você pega ela pra mim? Estou precisando dormir um pouco.

Scott: Pego.

Depois de mais de meia hora de silêncio e imobilidade, Jean Grey rolou para o lado dele e colocou a mão em cima do peito de Scott.

Jean: Volta pra mim, amor.

Scott fechou os olhos e saiu da cama.

Pegou a camisa, andou ate a porta do apartamento, saiu e bateu a porta.

Sentou na escada de serviço e apoiou a cabeça na mão. Zed passou com um saco de lixo.

Zed: Oi, Summers.

Scott: Oi.

Zed: A aliança de vocês é bonita.

Scott imediatamente olhou para a mão esquerda e se espantou em ver a aliança no dedo, ainda não havia tirado ou inconscientemente recolocado?!?!

Zed voltou para o apartamento dizendo:

Zed: Jean voltou a chorar, acho que a bebê de vocês não está bem.

Scott: Não. Não é por Rachel. Pode deixar.

Zed: Ahn... ... Óculos legal mesmo.

Scott voltou para o apartamento para pegar seu casaco e a chave da moto. Jean estava sentada na cama com o rosto marcado pelas duas linhas de lágrimas.

Jean: Onde você vai?

Scott: Vou para casa da Emma.

Ela deitou na cama e abriu os braços.

Jean: Pega uma faca na cozinha, vai doer menos do que isso. Me dá uma rajada logo.

Scott saiu cabisbaixo do apartamento, Jean se escondeu sob os travesseiros.

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Era madrugada quando Emma Frost viu pelas câmeras de segurança da sua cobertura que Scott estava a sua espera. Mandou-o subir. Abriu a porta vestindo um casaco de pele branco e espantou-se quando foi abraçada por ele, em prantos.

Emma: Ciclope? Morreu alguém? – Passou a mão no cabelo dele.

Scott: Não fala nada...

Emma: Sua filha?

Emma estava preocupada, não era das mais sentimentais, não nutria doçura por quase ninguém, mas sentira-se mal em saber que uma bebê doente que ela tripudiou pela tarde havia morrido pela noite. Ela o levou para a cama de seu quarto.

Emma: Sua filha morreu? – Mas a terminar a frase, sentiu certa alegria no que havia dito.

Scott: Não... – Havia deitado no colchão.

Emma: Scott, eu acho que eu nunca te vi chorar desse jeito ou de nenhum jeito. Você está me assustando! Fala agora mesmo!

Scott: Eu morri, Emma. Fica comigo hoje porque eu morri. – Ele puxou Emma para perto de si e enfiou o rosto no colo dela.

Emma: Você não se importa com o assassinato? Você, o todo certinho!

Scott: Não, Emma. Pelo menos agora não.

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Na mansão...

Era alta madrugada, Tempestade acordou assustada ao ouvir estranhos barulhos. Olhou pela janela de se quarto e viu uma estranha criatura revirando túmulos na colina. Ela saiu da mansão e vou com o vento ate lá. Encontra um enorme buraco ao lado dos túmulos e Fabrizio completamente nu dentro dele.

Tempestade: O que é isso?

Um homem enorme levanta-se da terra negra no interior do buraco. Fabrizio estava preto como a noite, só seus olhos azuis brilhavam com a lua. Ele olhou para Tempestade lá em cima na superfície, pegou um punhado de terra e esfregou no rosto.

Tempestade: Por que você passa terra no rosto?

Fabrizio: Tem um motivo, é para eu fazer a comunicação com eles.

Tempestade: Eles?

Fabrizio: Mas agora não é por isso.

Tempestade: E o que é?

Fabrizio: é para eu ficar igual a você.

Tempestade arregalou os olhos e antes que pudesse expressar a surpresa verbalmente, foi puxada para dentro do buraco. Fabrizio a apertou contra o corpo nu.

Fabrizio: Eu sempre estive negro de terra, ninguém nunca entendeu por que. Agora eu vejo que não existe cor mais bonita para se estar. – Ele esfregou mais terra no rosto – Quero ser como você, ragazza.

Uma lagrima rola dos olhos de Ororo Munroe.

Fabrizio: Por que esta chorando?

Tempestade: Nem sempre se ganha um elogio desses por ter a minha cor, sabe?

Fabrizio: é mesmo? Bom... Talvez eu devesse saber, se eu estivesse mais preso nesse mundo dos vivos.

Tempestade: é. Se você estivesse mais preso nesse mundo em que vivemos, veria que às vezes se ganham pedradas, xingamentos e humilhações por ser negro.

Fabrizio: Ou mutante...

Tempestade: é. Ou mutante. No meu caso, os dois.

Fabrizio: Pois eu adorei a combinação em você. – Esfregou mais terra, agora no peito.

Fabrizio ficou longos minutos olhando para Tempestade naquele buraco. Os dois ali dentro, a palmos de distancia da superfície. De repente, o enorme negro de terra rasgou a camisola dela e continuou a admirar em silencio. Tempestade fechou os olhos pensando na estranheza daquela situação.

Tempestade: Você já esteve com alguma mulher viva na sua vida, Fabrizio?

Fabrizio: Nem viva nem morta. Eu vivo com as almas.

Tempestade: Você tem alguma idéia do que fazer comigo aqui nesse buraco?

Fabrizio: Nenhuma.

Tempestade: Quantos anos você viveu saindo de cemitérios para manicômios?

Fabrizio: Toda minha vida.

Tempestade: Quer prender os pés nesse mundo? No nosso mundo dos vivos?

Fabrizio: Muito.

Tempestade: Então, faça a primeira coisa que te passa na cabeça.

Fabrizio: Tem certeza?

Tempestade: Eu estou curiosa. Acho que vai ser algo vivo, e não mórbido. ... Há muito tempo que eu estou sozinha.

Fabrizio agarra Tempestade num beijo. Depois de um longo tempo, ela fala:

Tempestade: Isso é vida. Pode acreditar.

Ele agarra todo o corpo de Tempestade contra o seu.

Fabrizio: Estou me agarrando à vida?

Tempestade: Você esta agarrando muito mais coisa do que isso!

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A Deusa da natureza, recostada num peito cheio de terra e paixão, vigiava o céu que amanhecia. Era preciso voltar.

Fabrizio: Onde você vai? – Disse acordando.

Tempestade: Minha camisola esta rasgada, Fabrizio. Eu tenho que voltar antes que alguém acorde.

Fabrizio: Escuta! – Pegou o braço dela antes que voasse pelo vento. – Quando você chegou aqui eu estava cavando a terra com um propósito.

Tempestade: Para com isso! – Passou a mão negra delicada no rosto enegrecido dele. – Nos vamos te ajudar agora. O professor Xavier vai te ensinar a lidar com seus poderes. Você não pode mais viver desse jeito, desconectado do mundo. Entre os mortos.

Fabrizio: é sério, é muito sério. Os de baixo estão se movimentando.

Tempestade: Para. Eu não quero mais ouvir.

Fabrizio: Você não acredita em mim. Me acha um maluco? É por que eu ando sem roupa, por que eu cavo túmulos, por que eu passo terra no corpo, por que não falo com ninguém!? É por isso que você não acredita que eles estão vindo das profundezas! Isso é um poder, foi você que me disse! Não é loucura!

Tempestade: Eu sei, mas você vai precisar aprender a controlar isso e a não deixar que os “de baixo” controlem sua vida. Então, você vai falar com todo mundo, não vai andar sem roupa, não vai cavar túmulos, nem passar terra no rosto, Fabrizio. Os problemas dos “de baixo” são deles apenas.

Fabrizio: Não, você não entende! É nosso problema! Esta abaixo dos mortos, mas foram eles que me avisaram isso. Algo esta vindo.

Tempestade fechou os olhos, um vento mais frio correu pela colina balançando as arvores. Ela não estava contente com aquelas falas loucas.

Tempestade: Fabrizio, você ainda não esta bem... Mas acalme-se, vai ficar.

A deusa voa de volta para o seu quarto.

Continua Aqui!

Continua Aqui!