APA Mantiqueira  -  Araucárias  -  Cidades  -  Clima  -  Denúncias  -  Fauna  -  Flora  -  Imagens  -  Links 
 Reportagens  -  Agroecologia  Mapas
  -  Mata Atlântica  Parques  -  Previsão do Tempo  -  Relevo  -  Turismo  -  Contato
  A Mata Atlântica possui camadas de vegetação claramente definidas. O explorador alemão Alexander von Humbolt a descrevia como uma “floresta sobre uma floresta”. As copas das altas árvores formam o dossel e chegam a atingir de 30,  35 e até 60 metros de altura. O tronco das árvores, normalmente liso, só se ramifica bem no alto para formar a copa. As copas das árvores mais altas tocam-se umas nas outras, formando uma massa de folhas e galhos que barra a passagem do sol. Numa parte mais baixa, nascem e crescem arbustos e pequenas árvores, que são os bambus, as samambaias gigantes, líquens que toleram menos luz, formando os  chamados sub-bosques. Tanto nas árvores mais altas como nas mais baixas encontram-se várias outras espécies, como diversos tipos de cipós, bromélias, orquídeas e gavinhas. O piso da floresta é coberto pelas forrações.  Esse chão é protegido pelas folhas e outros vegetais que caem das árvores ao longo do ano, que serve de alimento para muitos insetos, outros animais e principalmente aos fungos, que são os principais responsáveis pelo processo de decomposição da floresta. Assim, a floresta se alimenta dela mesma.

  O Bioma Mata Atlântica é composto por um conjunto de formações florestais - Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, manguesais, restingas e campos de altitude associados, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste -, localizado entre 8 e 28o de latitude sul, ao longo da costa atlântica brasileira, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, interiorizando-se cerca de 100 km na costa norte até mais de 500 km no sul, alcançando a Argentina e Paraguai.  A Mata Atlântica é o segundo ecossistema mais ameaçado de extinção do mundo, perdendo apenas para as quase extintas florestas da ilha de Madagascar na costa da África. 

   Mesmo com a devastação acentuada, a Mata Atlântica ainda abriga uma parcela significativa da diversidade biológica do Brasil, com altíssimos níveis de endemismo. A densidade de ocorrência de espécies por unidade de área para alguns grupos indicadores, como por exemplo os roedores, pode ser superior à da Amazônia. A riqueza pontual é tão significativa que os dois maiores recordes mundiais de diversidade botânica para plantas lenhosas foram registrados nessa região (454 espécies em um único hectare do sul da Bahia e 476 espécies em amostra de mesmo tamanho no norte do Espírito Santo). As estimativas indicam ainda que a região abriga 261 mamíferos (73 deles endêmicos), 620 espécies de pássaros (160 endêmicas), 260 anfíbios (128 endêmicos). Para alguns grupos, como os primatas, mais de 2/3 das formas são endêmicas. A vasta maioria dos animais e plantas ameaçados de extinção do Brasil são formas representadas nesse bioma, e das sete espécies brasileiras consideradas extintas em tempos recentes, todas encontravam-se distribuídas na Mata Atlântica, além de outras exterminadas localmente. Das 202 espécies animais ameaçadas de extinção no Brasil, 171 são da Mata Atlântica.  


Mapa da  área original da  Mata Atlântica. 
(Fonte: ISA, SOS, SNE, INPE)

DADOS

Área Original: 1.290.692 km2 = 15% do território brasileiro

Área Remanescente:
7,3%, aproximadamente 94.000 km2  

Bioma Mata Atlântica: 

A área de domínio do Bioma Mata Atlântica compreende um conjunto de formações florestais que abrangem total ou parcialmente 17 estados brasileiros (RS, SC, PR, SP, GO, MS, RJ, MG, ES, BA, AL, SE, PB, PE, RN, CE, PI)., situados ao longo da costa atlântica, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, além de parte dos estados de Mato Grosso do Sul e Goiás.

  Recentemente foi considerada, a partir de estudos realizados por agências de fomento e grupos de especialistas, a grande prioridade para a conservação de biodiversidade em todo o continente americano. A destruição da Mata Atlântica começou com a colonização européia em 1500, feita por pessoas que não tinham nem vínculo e nem interesse em construir aqui uma nação. 

  Em estado crítico, acha-se reduzida a cerca de 7,3%, ou seja, aproximadamente 94.000 km2 de sua cobertura florestal original, que perfazia em sua extensão original pelo menos 1.290.692,46 km2. Mesmo esse percentual não está distribuído uniformemente para todos os conjuntos florestais que compõem o bioma. Vários deles estão mal conservados, quase extintos, ou ainda, sub-representados nas unidades de conservação.  

  Das cerca de 10.000 espécies de plantas, 50% são endêmicas, ou seja, não podem ser encontradas em nenhum outro local. O nível de endemismo cresce significativamente quando separamos as espécies da flora em grupos, atingindo 53,5% para espécies arbóreas, 64% para as palmeiras e 74,4%para as bromélias.

  A Mata Atlântica preserva também importante conjunto de plantas medicinais, muitas das quais ainda não devidamente estudadas, que são importante patrimônio para a medicina. Mesmo reduzida e muito fragmentada, a Mata Atlântica significa também abrigo para várias populações tradicionais e garantia de abastecimento de água e qualidade de vida para mais de 70% (mais de 100 milhões) de brasileiros que vivem em seu domínio.

  Nas cidades, áreas rurais, comunidades caiçaras e indígenas ela regula o fluxo dos mananciais hídricos, assegura a fertilidade do solo, controla o clima e protege escarpas e encostas de serras. Os principais rios que nascem e/ou cortam a Mata Atlântica são o Rio Paraná, o Tietê, o São Francisco, o Doce, o Paraíba do Sul, o Paranapanema, o Uruguai, o Itajaí-Açu, e o Ribeira de Iguape, além de milhares de pequenos afluentes, importantíssimos na agricultura, pecuária e em todo o processo de urbanização.

  Apesar da importância deste patrimônio, o ritmo de sua destruição mantêm-se extremamente alto, tendo sido, proporcionalmente duas vezes e meio superior ao verificado na Floresta Amazônica nos anos de 1990 a 1995. Nestes 5 anos foram devastados 500.317 ha de Mata Atlântica. A persistir este rítmo, em 50 anos a Mata Atlântica desaparecerá completamente das propriedades privadas. O estado brasileiro que mais desmatou no período de 1990 a 2995, foi o Rio de Janeiro com 140.372 ha, ou seja, destruiu 13,13% de suas florestas em apenas 5 anos.

Quadro Resumo dos Remanescentes no Brasil
* DMA – Domínio da Mata Atlântica

UF

Área (ha)

UF

Área (ha)

DMA*

Mata (ha)

Desmatamento

1990

1995

ha

%

ES

4.661.522

4.611.522

409.741

387.313

22.428

5,47

GO

3.918.711

3.055.677

7.119

6.471

648

9,10

MS

4.757.315

1.842.821

43.752

39.555

4.197

9,59

MG

43.339.165

27.539.709

1.214.059

1.125.108

88.951

7,32

PR

19.808.603

19.315.664

1.815.137

1.730.528

84.609

4,66

RJ

4.408.111

4.408.111

1.069.230

928.858

140.372

13,13

RS

16.128.695

8.758.533

535.255

506.462

28.793

5,38

SC

9.571.647

9.571.647

1.729.160

1.666.241

62.919

3,64

SP

24.175.211

19.595.899

1.858.959

1.791.559

67.400

3,62

Total

130.718.980

98.699.583

8.682.412

8.182.095

500.317

-----

 

Floresta Ombrófila Densa ou Mata de Encosta

É uma formação caracterizada por sua fisionomia alta e densa, sempre verde, com altura média de 15 metros, possuindo árvores emergentes de até 40 metros. A vegetação do sub-bosque vive em um ambiente bastante sombrio e úmido, sempre dependente do estrato superior. O grande número de lianas, epífitas e palmeiras, dá a esta floresta um caráter tipicamente tropical.

Floresta Estacional Semidecidual ou Matas de Interior

É uma formação caracterizada pela presença de árvores que perdem as folhas durante o inverno, ou estação seca. Também é uma mata densa, com altura das árvores entre 25 e 30 metros, com muitas bromélias, samambaias e cipós de diversos tipos. Ocorre principalmente nos planaltos e serras interiores de São Paulo, Paraná e Minas Gerais. No Nordeste brasileiro compreende o agreste e o  agreste de altitude que é uma transição das matas de brejos úmidos para a vegetação da caatinga.

Floresta Ombrófila Mista ou Mata de Araucária

Sua formação é caracterizada pela grande ocorrência do Pinheiro-do-Paraná (Araucária angustifolia). Os pinheiros crescem principalmente por estarem expostos à luz e pela presença de solos mais ricos e profundos. Sua formação original espalhava-se pelos Estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde o clima é definido com invernos mais frios e chuva constantes. A Mata de Araucária tem uma altura média de 30 metros e abaixo dela surge um outro estrato arbóreo, com elementos de cerca de 20 metros de altura.  O grau de umidade em certos pontos é traduzido pela presença de musgos.

 Restinga

Formação vegetal típica de terrenos arenosos, isto é bem próxima das praias. A restinga é composta por tipos de plantas, bem diversas, com uma vegetação com folhas duras e pequenas, matas fechadas de até 12 metros de altura ou brejos com densa vegetação aquática. Na restinga podem ser identificadas bromélias de chão, samambaias, cactos, ingás, trepadeiras, entre outras espécies que se adaptam bem à constante exposição dos ventos vindos do mar.

  Mangue

Localizados ao longo dos estuários, ou seja próximos às desembocaduras de rios, abrigam comunidades vegetais adaptadas aos solos lodosos, que tem origem da deposição de sedimentos finos nos fundos de baías e nos estuários, sujeitos à influência das águas salobras, terrenos alagados, e baixo teor de oxigênio. As espécies existentes são em número reduzido e estão adaptadas a se desenvolver neste tipo de meio. As árvores adaptadas ao mangue possuem raízes muito diferentes das outras espécies, as chamadas raízes aéreas. Este sistema produz grande quantidade de matéria orgânica que é carregada pela maré para outras áreas e também serve como filtro biológico.


Praia

A ocorrência de vegetação está ligada aos solos arenosos litorâneos, sob a influência das marés, estando submetida à ação da salinidade. Por todo o litoral a vegetação das praias se apresenta mais ou menos uniforme, tanto do ponto de vista da paisagem, como do ponto de vista da vegetação.

Duna

Geralmente as dunas aparecem logo após as praias, em direção ao interior, condicionadas à presença de estrutura arenosa grosseira e ventos de direção constante. A vegetação tem papel importante em seu desenvolvimento e, particularmente, em sua fixação. No Brasil, existem algumas ocorrências de dunas importantes: Lençóis Maranhenses – MA e  Jericoacoara – CE. “


Aspectos da Flora e da Fauna

A diversidade existente na Mata Atlântica, ao mesmo tempo que representa uma grande riqueza de patrimônio genético e paisagístico, torna a mata extremamente frágil. A destruição de parcelas ainda que pequenas dessa floresta pode significar a perda irreversível de inúmeras espécies, ainda não estudadas pela ciência. Essa riqueza é demonstrada por índices impressionantes: 55% das espécies arbóreas e 40% para espécies não arbóreas são endêmicas (ou seja: uma, entre cada duas espécies ocorre exclusivamente naquele local). Os números não param por aí: 70% no caso de espécies como as bromélias e orquídeas e no caso da fauna, 39% dos mamíferos que vivem na floresta são endêmicos. Mais de 15% dos primatas existentes no Brasil habitam a floresta e a grande maioria dessas espécies são endêmicas.

Importância da Mata Atlântica para o Brasil

  • 100 milhões de brasileiros vivem na área de domínio do bioma Mata Atlântica.
  • Mantém nascentes e mananciais d’água que abastecem as cidades e comunidades do interior.
  • Proporciona qualidade de vida para 70% da população brasileira.
  • Regula o clima, temperatura, umidade, chuvas.
  • Sua biodiversidade de espécies animais e vegetais proporcionam paisagens impressionantes, próprias para o desenvolvimento do turismo ecológico.
  • Guarda centenas de plantas medicinais, muitas das quais ainda não conhecidas ou suficientemente estudadas pela ciência.
  • Contém inúmeras espécies de plantas frutíferas (pinheiro-brasileiro, palmito, jabuticaba, araticum, araçá, etc.)

Biodiversidade

  • Plantas: mais de 10.000 espécies, sendo 50% endêmicas.
  • Animais: aproximadamente 1.600.000 espécies, incluindo insetos.
  • Mamíferos: 261 espécies, sendo 73 endêmicas.
  • Pássaros: 620 espécies, sendo 160 endêmicas.
  • Anfíbios: 260 espécies, sendo 128 endêmicas.
  • Espécies arbóreas: É a floresta mais rica do mundo em espécies arbóreas.
Recordes mundiais de espécies arbóreas: 454 espécies/ha no sul da Bahia e 476 espécies/ha no Espírito Santo.

Principais causas da destruição

  • Exploração madeireira predatória
  • Especulação imobiliária
  • Expansão da agropecuária
  • Assentamentos de reforma agrária
  • Fumicultura no Sul do Brasil 

Grupos Ecológicos

Árvores Pioneiras ->
Têm rápido crescimento, germinam e se desenvolvem em pleno sol, produzem precocemente muitas sementes pequenas, normalmente com dormência, as quais são predominantemente dispersadas (95%) por animais. Concentram um pequeno número de espécies mas possuem grande número de indivíduos. 

Árvores Secundárias -> Maioria de nossas espécies, oportunistas, nômades e intermediárias. Sementes germinam à sombra mas precisam do sol para se desenvolverem. Grande número de indivíduos por área. Responsáveis pela grande diversidade das florestas tropicais.

Árvores Climácicas -> Têm crescimento lento, germinam e se desenvolvem na sombra e produzem sementes grandes, normalmente sem dormência. São também chamadas de tolerantes, ocorrendo no sub-bosque ou no dossel da floresta. As espécies desse grupo ocorrem também em pequeno número, como as pioneiras, mas com médias e altas densidades populacionais.

O que são florestas secundárias Florestas secundárias, também chamadas de capoeiras ou capoeirões, são matas resultantes de um processo de regeneração natural da vegetação, em áreas que já haviam sido totalmente desmatadas e usadas para agricultura ou pastagem. Também são conhecidas por secundárias as florestas completamente descaracterizadas por intensa e irracional exploração madeireira.

Em geral, as florestas secundárias apresentam menor número de espécies em comparação com as primárias. Destacam-se as árvores pioneiras e uma grande quantidade de cipós, capins, samambaias e taquaras. A regeneração natural em áreas degradadas, pode levar até 200 anos para atingir novamente as características da floresta primária, desde que nos arredores existam bancos de sementes.

 

Fonte: "A Mata Atlântica e Você - como preservar, recuperar e se beneficiar da mais ameaçada floresta brasileira" escrito pela APREMAVI - www.unidavi.rct-sc.br/~apremavi e Fundação SOS Mata Atlântica - www.sosmatatlantica.org.br

Para saber mais

ISA - Instituto Socioambiental 
Fundação SOS Mata Atlântica    

Neste site, em constante atualização, disponibilizarei informações diversas sobre a interessante e singular região da Mantiqueira. Por isso, aceito qualquer ajuda, crítica, indicações e dicas.

PELA PRESERVAÇÃO DA SERRA DA MANTIQUEIRA E SEUS BIOMAS