Nome vulgar: Esturjão
Nome científico: Acipenser sturio
Família: Acipenseridae
Ordem:
Acipenseriformes

IDENTIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS

O Esturjão-comum (Acipenser sturio) é um peixe de grandes dimensões, de cor cinzento-esverdeada, podendo medir 3,5 m e pesar 300 kg. Possui corpo alongado, com um focinho longo e achatado, sendo a boca inferior, sem dentes e com 4 barbilhos. O corpo não possui escamas, e está coberto por placas ósseas. A barbatana caudal é assimétrica, com o lobo superior mais longo que o inferior.
Os machos atingem a maturação aos 7-9 anos, medindo então 110-115 cm, e as fêmeas aos 8-14 anos, atingindo 120-180 cm. Pode viver até aos 100 anos.

 

DISTRIBUIÇÃO E ABUNDÂNCIA

Este peixe migrador anádromo encontra-se desde o Mar do Norte, ao longo da costa Atlântica da Europa e do Mediterrâneo, até ao Mar Negro e Mar Azov; ocorre também no Báltico e nos Lagos Onega e Ladoga (o último provavelmente habitado por uma forma de esturjão residente de água doce).

Em Portugal, no final do século XVIII, o esturjão parece ter sido uma espécie comum no rio Guadiana, existindo ainda referências da sua presença nos rios Douro e Tejo. Entre 1866 e 1940 o esturjão foi pescado nos rios Douro, Tejo e Guadiana, ocasionalmente no Mondego e Sado, e acidentalmente nas águas costeiras do Algarve e em Sesimbra, como captura adicional na pesca da sardinha e do atum. O Tejo deverá ter sido o primeiro grande rio português de onde desapareceu. No Douro, o esturjão subia o rio em Abril e era um peixe considerado frequente nestas águas nas primeiras décadas do século XX. Hoje em dia é uma espécie considerada em perigo crítico de extinção na maior parte dos rios em que ocorre.

HABITAT E COMPORTAMENTO

O esturjão migra do mar para os rios europeus entre Março e Maio, e entre Junho e Julho reproduz-se em zonas de corrente rápida. Devido ao seu tamanho, apenas entra em rios de grande dimensões. Durante a migração, que se realiza sobretudo de noite, pode atingir uma velocidade média considerável (cerca de 6 km/h), embora por um curto período (1 hora).
A postura é realizada em fundos saibrosos, nos quais escava um buraco fundo, onde as fêmeas, conforme o seu tamanho, podem depositar entre 800 000 e 2 400 000 ovos. Após a postura os reprodutores voltam imediatamente para o mar.

O crescimento dos alevins é muito rápido: na eclosão medem cerca de 9 mm, aos 2 anos, em média, 39 cm, e, aos 4 anos, 60 cm.

 

Após alguns meses de vida nos locais de reprodução, migram para os estuários, onde permanecem até cerca dos 4 anos, altura em que se deslocam para o mar.

Na fase juvenil, dulçaquícola e estuarina, alimentam-se de pequenos crustáceos, larvas de insectos e moluscos; na fase adulta, de pequenos peixes, moluscos, minhocas e crustáceos, os quais aspiram com a boca. Durante a migração anádroma não se alimentam.

 

ESTATUTO DE CONSERVAÇÃO

Antigamente esta era uma espécie muito abundante e uma fonte de riqueza (carne e caviar) para as populações, mas desapareceu de quase todos os rios da Europa. Em Portugal esta espécie está actualmente em perigo de extinção (já extinta no rio Tejo e Douro), ocorrendo apenas ocasionalmente no rio Guadiana. É uma espécie em vias de extinção em todo o Atlântico NE, onde existem apenas duas populações, uma no Golfo da Gasconha e outra no Golfo de Cádis.

A destruição das zonas de postura, a construção de obstáculos à migração e a poluição são causa apontadas para o seu desaparecimento.

Desde 1982 que o esturjão é uma espécie protegida em todo o território da União Europeia, constando no Anexo II da Convenção de Berna.

 

Em Portugal parece estar extinto.

 



Distribuição em 1850                               1950                              1996