Cia. DECRÉPITA@

 

A Cia. Distribuidora "Ermelinda" Cearense de Remédios e Produtos Industrializados para Tratamento Ambiental (DECRÉPITA) compra remédios e outros produtos químicos de grandes grupos farmacêuticos, e os distribui para o Norte, Nordeste e Centro-Oeste, para farmácias varejistas e pequenos depósitos e armazéns.

O Sr. Almerindo, fundador da DECRÉPITA faleceu há quatro anos, após quarenta anos dedicados à organização. Seu filho mais velho, Plínio, que desde cedo trabalhava com o pai, na área comercial, foi o herdeiro "natural" da presidência, que conduzia com habilidade e conhecimento do negócio. Plínio tem mais dois irmãos e quatro irmãs, que, com a morte do pai, não quizeram ficar "de fora" do empreendimento, com mêdo de serem relegados a um plano inferior nas propriedades da família.

Não querendo provocar uma cizânia na família, Plínio criou para eles seis diretorias: Diretoria de CPD, Diretoria de Teleprocessamento, Diretoria de Contas a Pagar, Diretoria de Faturamento, Diretoria Comercial, e Diretoria de Filiais. Cada cargo foi devidamente paramentado, isto é, investido de importância política de modo que a inexperiência dos irmãos ficasse dissimulada por detrás de salas grandes, ricamente decoradas e fechadas (para se falar com os diretores é necessário, antes, vencer uma secretária); mesas enormes, linhas telefônicas privativas e local diferenciado no estacionamento; e demais símbolos de poder.

As diretorias de conteúdo realmente "diretorístico" são: a de filiais e a comercial. O trabalho efetivo é tocado pelo presidente (Plínio) e por Dagoberto, o irmão responsável pelas filiais. O trabalho comercial é tocado em parte pelo presidente, e em parte pelo Gerente de Vendas, profissional de longos anos na empresa - isto é, quando André, o Diretor Comercial, não atrapalha o suficiente.

Com a entrada, há dois anos, de um agressivo concorrente nas principais praças aonde a Cia. DECRÉPITA atua, as condições comerciais começaram a se acirrar: o concorrente aumenta o prazo de pagamento, vende sem nota, dá descontos "impossíveis" e pratica outros atos de depredação contra o mercado.

O trabalho de Plínio e Dagoberto começa a ficar insustentável: os problemas das demais "diretorias" avolumam-se sobre sua mesa para ele resolver; os gerentes das filiais ligam (ou comparecem pessoalmente) diariamente, mesmo diversas vezes no mesmo dia, para pedir decisões no tocante a devoluções de mercadorias, "invasão" de territórios por outras filiais (o vendedor passava na farmácia e outro vendedor da DECRÉPITA, de outra filial, já havia passado), e, principalmente, pedidos de prorrogação de pagamento de duplicatas sem a cobrança de juros, para clientes tradicionais, pedidos de licença para vender sem nota, solicitações de clientes importantes para que a DECRÉPITA igualasse o desconto da concorrência, prorrogasse o prazo, etc.

O telefone de Plínio tocava mesmo para estes clientes: reclamavam diretamente a ele sobre como "haviam sido humilhantemente tratados" pelos Gerentes das filiais no tocante às condições de crédito, ou que o "gerentinho" tinha protestado o título em cartório para clientes tradicionalíssimos, etc. Dagoberto percorria as filiais, auxiliando Plínio, e resolvendo os problemas locais durante sua visita; mas percorrer todas as filiais leva mais de um mês, e a família de Dagoberto já há um ano reclamava que ele "não parava em casa".

Buscando resolver os problemas da organização, Plínio resolve contratar um consultor de administração para realizar um projeto que resolvesse os problemas, que acreditava serem de organização, da DECRÉPITA.

 

1) Qual o principal problema  da Decrépita? 2) O que deve ser feito e como?



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