Caso – Breads ‘n’ Cakes Bakeryä

 

Souza, Silva e Oliveira eram três amigos filhos de imigrantes donos de padaria. Tendo trabalhado nas respectivas padarias de seus pais boa parte de suas juventudes, haviam prometido nunca mais trabalhar em padarias. Por isso foram fazer um curso superior em Administração, onde se conheceram.

Porém com a morte do pai do Souza, este teve a idéia de fazer uma padaria diferente, e convidou seus amigos a participarem do empreendimento. Souza contou-lhes a idéia de fazer uma padaria conceitual, um espaço de convivência, onde o pão seria um luxo e não um item de conveniência, com uma grife que atraísse um público mais sofisticado para atividades diversas, como tomar café da manhã, navegar pela Internet à tarde, fazer um lanche à janta, ou mesmo uma ceia de madrugada, com pães, laticínios e um bom vinho – sempre levando produtos para casa após usufruir do espaço.

Silva e Oliveira, também experientes no ramo de padaria, ficaram extremamente entusiasmados com o novo conceito, e com a oportunidade de trabalharem entre amigos. Souza mostrava verdadeira vocação para as finanças, Silva era um artista do pão e Oliveira tinha uma queda por informática (vivia lendo livros da área). Assim surgiu a Breads ‘n’ Cakes Bakery, uma verdadeira loja de pães, a partir da herança de Souza e de empréstimos familiares de Silva e Oliveira.

Após estrondosa inauguração, logo a Breads ‘n’ Cakes tornou-se um dos lugares da moda da capital paulista, com senha para entrar nos horários de pico, e demanda para 24 horas de funcionamento. Pessoas de toda a cidade acorriam para a única loja. Cedo os três sócios perceberam duas coisas: tinham espaço para crescer na cidade, e faltava espaço para os clientes dentro da loja. Então perguntaram-se para que o pão tinha que ser fabricado no local – não tinha. Assim, com as aposentadorias de Silva e Oliveira pais, as duas outras padarias transformaram-se, uma na segunda loja Brads ‘n’ Cakes, e a outra numa fábrica de pães e doces, funcionando três turnos por dia e alimentando as lojas, que agora tinham todo o seu espaço voltado para estoque e atendimento.

Assim, a Breads ‘n’ Cakes contava com fornecimento próprio de pães, e com uma enorme gama de outros fornecedores do gênero alimentício e do mercado de informática; uma pequena cozinha para o preparo de lanches, mesas, cadeiras, balcões e computadores ligados em rede. Contavam também com serviços de terceiros para limpeza da loja, e manutenção dos computadores.

Com o passar dos anos, mais três lojas foram abertas na cidade, e com isto o crescimento local havia encontrado um teto, de maneira que os três sócios exportaram seu modelo (uma fábrica de pães e várias lojas) para outras capitais do Brasil (Rio, Minas, Porto Alegre,  e Brasília), e tiveram sua primeira experiência internacional em Buenos Aires.

Foi em Buenos Aires que Oliveira, atrás de livros de informática, conheceu as livrarias portenhas, e apaixonou-se de imediato. As livrarias tinham um quê do conceito da Breads ‘n’ Cakes: as pessoas entravam para olhar os livros, passar o tempo, tomar café, conversar, e, depois, levar os livros para casa. Percebeu também que as livrarias promoviam diversos tipos de eventos para atrair e fidelizar seu público: além das tradicionais noites de autógrafos, e coquetéis de lançamentos, pequenas esquetes teatrais seguidas de discussão, num pequeno espaço voltado a este fim, reuniões de clubes de literatura, torneios de jogos de salão e outras atividades, sempre acompanhadas de comes e bebes.

Acreditando na sinergia operacional entre os dois negócios, os três associaram-se a alguns livreiros argentinos e brasileiros, interessados em oferecer alternativas vivenciais à concorrência pela Internet, e fundaram a Books ‘n’ Cakes, no estilo da Breads, mas com outro visual e localização, nas mesmas capitais da Breads ‘n’ Cakes. Ambas as redes compartilhavam boa parte do fornecimento de gêneros alimentícios (incluindo os pães) e de informática; a Books tinha, evidentemente, as editoras só para si.

A organização conta hoje com extenso corpo de profissionais em todos os níveis de direção. Souza preside a corporação, que engloba as diferentes divisões da empresa, bem como as áreas compartilhadas. Silva dedica-se à vice-presidência industrial, em meio aos pães que sempre amou.

Antes de se aposentar e passar a área comercial ao filho, Oliveira ainda abriu uma editora de livros técnicos, com lugar garantido nas prateleiras da Books, onde passaria seus últimos dias cercado pelos objetos de sua paixão.



ä Caso elaborado pelo Prof. Marcos Amatucci para uso didático em sala de aula. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução em qualquer mídia. Qualquer semelhança com fatos, pessoas vivas ou mortas, organizações ativas ou encerradas é mera coincidência. Se você pertence a alguma minoria étnica, sexual ou religiosa e sentiu-se ofendido(a) com alguma parte do texto, vá ver se eu não estou na esquina.