Pop CornerA Esquina da Pipoca                                                                              

Caso – Pop Corner – A  Esquina da Pipocaä

 

  Zé era o simpático pipoqueiro da faculdade. Toda noite, seis e meia, estacionava seu carrinho em frente à entrada principal, e efetuava seu processo múltiplo de Produção/Marketing/Vendas, que consistia em aquecer o óleo, colocar o milho, e produzir a pipoca, anunciada pelo aroma característico.

Conversando com os estudantes, Zé aprendeu sobre mais-valia, e logo contratou um funcionário para tocar o carrinho defronte da faculdade, deslocando-se ele mesmo para outra faculdade, com outro carrinho. Com o aumento de sua capitalização, logo comprou mais dois carrinhos, colocou funcionários, e dedicou-se às compras de matérias-primas, treinamento do pessoal para homogeneização do produto, e o transporte e armazenagem de ativos e funcionários, o que fazia com uma Kombi que adquiriu. Com a chegada de concorrentes, Zé percebeu que deveria ter um produto diferenciado, e encomendou uma receita francesa ao Olivier Anquier, a qual pagou e patenteou em seu nome.

A demanda e o faturamento da rede cresceram assustadoramente. Pessoas de outras faculdades passavam, antes, nas faculdades atendidas pela Rede Zé, para comprar pipoca e exigir que sua faculdade tivesse seu próprio carrinho do Zé na porta. Pessoas pediam o milho temperado para fazer a pipoca em casa, para os parentes. Pessoas passavam pelas faculdades antes de irem ao cinema, para poderem assistir filmes comendo pipocas Zé.

Então Zé resolveu dar um salto de qualidade. Arrendou pontos centrais, perto de cinemas, escolas, praças, shoppings outros concentradores de pessoas, e abriu uma rede de fornecimento de alimentos à base de pipoca, o Pop Corner; nome que lhe ocorreu porque a maioria dos pontos ficavam em esquinas.

Cada loja Pop Corner contava com uma pequena cozinha para a produção das pipocas francesas; mesas; geladeira para refrigerantes e bebidas; atendentes uniformizados (as); caixa; e um depósito. As filas para entrar dentro da loja não raro viravam o quarteirão; de modo que mais pessoas levavam o produto para casa do que comiam no local. Zé também lançou pipoca para ser feita em casa, em embalagens especiais, na versão normal ou microondas.

 O milho e os temperos eram preparados centralizadamente, numa fábrica à parte das 12 lojas; era transportado em frota própria e preparado na loja. O produto para levar chegava pronto às lojas.

A produção, o faturamento, a compra de matéria-prima, as contas a pagar e a receber, eram controlados por um sofisticado sistema informatizado que ligava escritório (onde o Dr. José agora trabalhava), a fábrica e todas as lojas. O recrutamento seguia padrões de qualidade impecáveis e todos os funcionários, inseridos num plano de carreira, passavam por intenso treinamento antes de iniciar suas funções.

Com o passar dos anos, mais três lojas foram abertas na cidade, e com isto o crescimento local havia encontrado um teto, de maneira que o Dr. José exportou seu modelo (fábrica, pequeno escritório e lojas) para outras capitais do Brasil (Rio, Minas, Porto Alegre, e Brasília), e teve sua primeira experiência internacional em Santiago do Chile.

Foi em Santiago que o Dr. José, conheceu toda uma variedade de produtos de artesanato local, e apaixonou-se de imediato. O artesanato tinha um quê do conceito Corner de produto diferenciado e feito com carinho, de modo que Dr. José criou uma cooperativa de artesãos em São Paulo, para produzir mercadorias que ele colocava em suas lojas, ao lado dos CDs de bandas de garagem que ele gravava em sua gravadora de selo independente, a CD ReCorner. As cooperativas espalharam-se para ou outros estados, e a idéia foi muito bem recebida em Santiago. Músicos underground espremiam-se à porta da gravadora para ter a oportunidade de lançar-se pela ReCorner.

Assim, turistas de toda sorte vinhas à loja provar a pitoresca pipoca, e comprar artesanato e música locais. Os músicos atraíam para o Pop Corner seus próprios fregueses, um tanto underground. Estes dois outros públicos diferenciavam-se dos estudantes universitários, tradicionais consumidores da pipoca, de maneira que John criou espaços separados nas lojas. John hoje vive nas Bahamas, casado com uma turista que conheceu numa de suas lojas.



ä Caso elaborado pelo Prof. Marcos Amatucci para uso didático em sala de aula. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução em qualquer mídia. Qualquer semelhança com fatos, pessoas (...) etc.  é mera coincidência. Se você pertence a alguma minoria étnica, sexual ou religiosa e sentiu-se ofendido(a) com alguma parte do texto, paciência; ninguém é perfeito.