O LIBERALISMO

Origem do Liberalismo clássico

Prof. Marinalda Garcia

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Esta doutrina política formou-se entre 1750 e 1790 principalmente na França e no Reino Unido e caracteriza-se pela reivindicação de um amplo grau de liberdade pessoal, liberdade de expressão, liberdade econômica etc.

Porque se estudar o liberalismo clássico? Durante os anos oitenta, do século XX, o mundo foi varrido por uma ideologia chamada Liberalismo. De acordo com esta corrente de pensamento, o Estado estaria intervindo demais e não deixava liberdade suficiente para os indivíduos. Este pensamento influenciou muitos governos: não apenas os de Margaret Thacher, primeira ministra no Reino Unido e de Ronald Reagan presidente nos Estados Unidos, como também governos tão diversos como os socialistas na França, Espanha, Nova Zelândia, e etc., ou o dos peronistas na Argentina; e a lista poderia ser ampliada. A ideologia em questão influenciou igualmente a imprensa, como por exemplo: os jornais que se tomaram liberais Wall Street Journal, nos Estados Unidos, o Times, no Reino Unido, e o Lê Figaro, na França.

Essa corrente de pensamento penetrou nas grandes organizações internacionais, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, que modificaram a sua linha política e doravante propõem aos países em desenvolvimento um modelo liberal como o caminho para um crescimento econômico rápido, tendo como seus grandes propagadores desta ideologia são Milton Friedman e Friedrich Hayek.

É importante destacar que a doutrina nasceu dentro de fundamentos éticos em uma função filosófica para o mundo ocidental do século XVIII em pleno desenvolvimento da Revolução industrial.

Segundo Francisco Vergara, em seus estudos sobre os fundamentos do liberalismo (1), há duas doutrinas liberais distintas: as idéias de Turgot e as idéias de Adam Smith (as duas figuras mais importantes do liberalismo clássico do século XVIII), como forma de organizar a sociedade. As duas doutrinas éticas geraram o conjunto do pensamento liberal e não apenas o liberalismo econômico. Nos escritos desses pensadores encontra-se uma teoria liberal completa que diz respeito não apenas à liberdade de comércio como também à liberdade de religião, à liberdade de expressão, etc.

Ainda de acordo com Vergara, o desenvolvimento dos sistemas e doutrinas da modernidade não é uma coisa inédita. Desde a antiguidade remonta as formulações de temas que tem um papel central que ajudam a desempenhar o pensamento liberal.

Já se descobre nesta época a polêmica entre aqueles que consideravam a Natureza maravilhosamente harmoniosa e aqueles que julgavam cheias de falhas. Os adeptos da teoria da harmonia já recorriam aos dois argumentos que, nos séculos XVIII e XIX, iriam explicar a aparente harmonia da economia de mercado. Deste modo, a natureza seria um "operário inteligente" que criara um mundo harmonioso de acordo com um plano estabelecido (Posidônio e Turgot). Para Lucrécio, assim como para Hume, esta harmonia era o resultado do acaso e da seleção natural. Apenas as formas viáveis, dotadas de um mínimo de harmonia, teriam subsistido. O debate a respeito da harmonia era intimamente ligado a uma outra polêmica: isto é, se a Natureza é benéfica para o homem (então o artificio que é a fonte do mal), ou se a Natureza também provoca o mal ( e então este pode ser remediado pelo artifício humano).

Encontram-se também, na Antiguidade, as duas grandes doutrinas éticas que irão dividir os liberais entre si: a doutrina hoje chamada utilitarista segundo a qual a única maneira de julgar se as leis e as instituições são boas (ou más) consiste em averiguar seus efeitos sobre a felicidade dos homens, e a doutrina chamada de Direito natural segundo a qual o critério ético para julgar se as leis são boas ou más é a conformidade destas à ordem natural.

 (1) VERGARA,Francisco. Introdução aos fundamentos filosóficos do liberalismo. São Paulo, Nobel, 1995.