NO TEU CORPO... “O corpo é o inconsciente visível” William Reich É com ele que eu vou pra qualquer lugar. Meu corpo sou eu! Ele é que visto por onde passo. É meu santuário sagrado, carrega minhas dores, alegrias e marcas. Hoje em dia ou o corpo é negado, ou muito exaltado. Está difícil encontrar um meio termo pra ele. Ou aparece demais – silicone, academia, alimentação balanceada, vaidade sem limites, cuidados excessivos – ou é destratado, jogado para o lado, nem sequer visto e travestido de espiritualizado. O corpo existe, e por si só nos representa. Um velho amigo me disse uma vez: “Somos feitos de carne e espírito!” E vez por outra, todos esquecemos da verdade contida nestas palavras. Se nos entregamos somente à carne viramos bichos, se por outro lado valorizamos somente o lado espiritual agimos como anjos, sem sê-lo. O melhor mesmo é o equilíbrio. A época em que vivemos é dos opostos. Já vi corpos serem totalmente negados em detrimento do espírito. Tem gente que trata o corpo como inexistente, e nem sequer percebe as suas fomes ou até as vê como pecados. Reza, medita, mas não leva o seu corpo para a ação. Só o corpo em ação é que transforma a realidade. Movimentar-se é preciso. Os orientais ensinam que nossas pernas deveriam estar onde está o nosso coração. Pernas são para andar, deveriam ser fortes. Viver no mundo etéreo pode parecer bonito, ou coisa de santo, mas nosso comportamento é definido pela ação. E é de novo nosso corpo que mostra quem somos. Dizemos que “sim” com a palavra, mas viramos as costas com o corpo, num claro sinal de não. Nosso desejo se manifesta através dele também. Podemos mandar apenas “intenções” de beijos e abraços, via e-mail, msn, telefone, mas o verdadeiro tipo de beijo e abraço só se manifestará pessoalmente e através de nosso corpo. Tudo o que somos está nele gravado. Nossos medos, tristezas, alegrias e amor. Todo o nosso desequilíbrio é expresso por ele através de doenças. As dores do espírito e da mente se manifestam no corpo. O corpo não dá “bandeira”. O desejo é manifestado também através dele. Você pode até dizer que morre de tesão por alguém, mas é no seu corpo que ele se mostrará. Nos homens isto é evidente, não há como negar! O tesão, via internet, o chamado sexo virtual (que de sexo não tem nada), não passa de exercício da imaginação visando apenas a masturbação. O tesão verdadeiro se manifesta no contato pele a pele com o outro corpo, e nas sensações que ele desperta. Se for tesão verdadeiro, aí sim o sexo se manifestará. Casais que se dão bem, costumam manter o amor em dia através do dialogo, mas também são capazes de transar muito. Sem desejo nenhum casamento sobrevive. É a capacidade de renovar toques, descobrir novas sensações juntos, e ser cúmplice no santuário íntimo e sagrado de uma casal – a cama – que faz com que eles permaneçam juntos e fiéis por muitos e muitos anos. O sexo é uma manifestação do desejo que temos pelo outro. Na cama é preciso querer, para que o outro se sinta “querido”. Muitas mulheres hoje em dia são admiradas e desejadas na rua, mas nem sequer notadas em casa por seus parceiros. Elas se esmeram, capricham no visual, que eles nem sequer notam. Estes as vêem como esposas ou companheiras doces e zelosas, mas raramente como mulheres ardentes. Poucos homens entendem que dentro de uma mulher há várias mulheres. A dicotomia masculina ainda é: a mulher amada e respeitada não é a mesma com que se faz sexo sem vergonha! E o sexo como manifestação do corpo acaba por ser negado. Como profere sabiamente o sexólogo Flávio Gikovate: amor é “altaria” (nossos mais elevados sentimentos) e sexo é “baixaria” (nosso lado instintivo e carnal). Somos feitos e feitAS destas dualidades. Muitos homens são capazes de desejar as mulheres da rua, do escritório, da revista e TV, e raramente notar a figura carnal de suas parceiras! Muita gente também usa o sexo de forma exacerbada. Transa toda a hora e com qualquer pessoa. Novamente trata o outro apenas como um pedaço de carne. E não se aprofunda em nada. Vive a pular de galho em galho como um macaco. Diz-se entendido de sexo, mas dele não entende nada. O difícil do sexo não é conquistar uma pessoa a cada dia, hoje em dia isto é até muito fácil, mas sim conquistar e flamejar o desejo na mesma pessoa por muitos dias e anos! O bom sexo talvez seja, como dizem os tântricos, a melhor forma de auto-percepção e percepção do outro. Quem é bom de sexo é atento ao seu corpo e ao corpo do outro. Beija sem se desligar dos toques que sua mão dá. Sabe explorar toda a dimensão e possibilidades do corpo alheio. E por não negar seu próprio corpo, sabe aquilo que lhe dá prazer. Sim, prazer! Chega de negar o prazer, o tornando pecaminoso. Chega também, de viver em função apenas dele. Negar o corpo, ou exaltá-lo são duas faces da mesma moeda. Ele apenas existe, é o nosso “eu” manifesto, como diria Freud. É aquilo que carregaremos por toda a nossa vida. Ele merece, portanto, todo o nosso apreço, carinho e zelo. É preciso conhecê-lo e tratá-lo com delicadeza. Alimentá-lo bem e sem exagero, exercitá-lo sem dor, deixa-lo limpo por dentro e por fora, respeitar suas formas e ouvir seus sinais. Não aceitar toques que não lhe agradem, muito menos agressões de qualquer espécie. É preciso valorizá-lo, porém, sem cultuá-lo. A pele é nosso primeiro limite, não é à toa que às vezes estamos à sua flor. Sinal que nossos outros limites foram ultrapassados. E os ossos, que são nossa estrutura, podem até doer quando estamos feridos até os ossos! Nosso tamanho é singular, e representa o nosso espaço. Gente alta ou gorda ocupa mais espaço vital. Não tente esprema-las, para torná-las pequenas ou magras. Cada corpo tem sua beleza e singularidade. Nossa postura natural revela quem somos. Dentro de um corpo cheio de si há uma criança chorona, que clama por atenção! Uma mulher mal amada ou desejada pode desenvolver gordura, tornado-se “eternamente grávida” e digna de poucos olhares. E só o corpo de outra pessoa pode trazer o aconchego ou desprezo. A negação do que somos, ou a admiração. É pelo corpo que estas manifestações ocorrem. A calor do corpo do outro pode nos proteger, e sua frieza nos matar aos poucos. É nestas relações de corpos que vemos claramente se o outro nos aceita ou não. Se apenas se admira apenas com os corpos alheios ou o nosso. Se percebe o quanto o nosso corpo é admirado e cobiçado por outros olhos e mesmo assim nos despreza através de seu corpo. O corpo faz muitas leituras, a maioria é negada por nossa mente, mas só ele nos fornece aquilo que se chama de SENSAÇÃO. Nosso corpo sente aquilo que é verdadeiro ou não. Roberto Carlos cantou uma linda canção( No seu corpo) sobre encontro de dois corpos, aqui eu ressalto algumas estrofes: No teu corpo é que eu encontro Depois do amor, o descanso E essa paz infinita... ...E só me encontro se me perco No seu corpo... No seu corpo o meu momento É mais perfeito E eu sinto no seu peito O meu coração bater... A dimensão daquilo que somos, nosso “estar” neste mundo, muitas vezes é somente encontrada ou descoberta no contato com outra pessoa que aceite, deseje e ame também nosso corpo. É fácil descobrir se alguém te ama, apenas te deseja, te despreza ou nega. Os corpos e suas interações fornecem a medida concreta das relações. O amor verdadeiro, por exemplo, se manifesta de corpo e alma. Quem ama não só mantém afeto por alguém, mas o deseja de tal forma que quer estar perto do corpo deste alguém. Tão perto que quer atravessar unido à ele ou ela, qualquer fronteira corporal. Quer abandonar-se, e se tornar um corpo só. Quer morrer no seu corpo e renascer num outro novo a cada encontro com a aparente "mesma pessoa"! Sábios são os grandes amantes, deixam-se morrer para transmutar. O "Eu" é ótimo, o "Tu" uma dádiva, mas o Nós é transformador e fortalece laços eternos. Suely Pavan( autoria) PAVAN DESENVOLVIMENTO Coaching de Talentos/ Seleção e Treinamento/Universo Feminino/Palestras/Liderança Transformadora "Soluções Novas, para novas e velhas questões." (0xx11) 5548.7211 (0xx11) 96146180 suelypavan@uol.com.br http://blogdasuely.zip.net/ "O segredo não é descobrir o que as pessoas escondem, e sim entender o que elas mostram" Benjamin Schianberg