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O
BEIJA-MÃO
Três adolescentes nos procuraram porque eles e suas mães
procuravam vagas nas escolas estaduais desde Novembro.
Um do 2º colegial desistiu de estudar, foi para Campinas e voltou
querendo uma vaga. O outro
desistiu no meio do ano na Theodomiro Dias na 8ª série, vítima da
escola motel. Foi para o
supletivo pago e procura vaga no 1º colegial.
O terceiro, também vítima da pressão da Theodomiro Dias,
desistiu na 8ª no meio do ano e não teve dinheiro para o supletivo, quer
voltar na 8ª desde o começo.
Os três querendo vaga na escola estadual D. Ana Rosa de Araújo ou
Senador Adolfo Gordo. O da 8ª
série argumenta que nessas escolas ele já vai direto para o colegial
evitando assim o desespero da peregrinação atrás de vaga.
Na Escola Ana Rosa, os nomes ficaram na lista de espera sem nenhuma
esperança. Aliás, a escola
nem atendeu mais nas nossas investidas. Fomos na Sen. Adolfo Gordo. De
novo. A diretoria disse que tinha só 14 alunos numa classe de 1º
colegial, os quais ela redistribuiu nas outras, fechando a sala. Se a
lista do 1º colegial do Ana Rosa de Araújo tem 45 alunos, por que ela não
abre mais uma sala? Por que
ela não enviou para a escola vizinha Sen. Adolfo Gordo com salas de 14
alunos? Impossível questionar. As razões das diretoras de escola.. “tem
razão que a própria razão desconhece”..., para não dizer outra
coisa.
Ligamos e passamos fax para a Diretoria do Ensino. A prática é
nossa velha conhecida: “Enviou os alunos para uma escola longe, na
divisa do Taboão da Serra, para dizer que vaga tem, são os alunos que
estão escolhendo muito”.
Tentamos na Secretaria de. Educação - no Setor de Atendimento à
Comunidade. As duas funcionárias
são nossas velhas conhecidas. Uma vez tivemos a tristeza de presenciar
uma mãe de joelhos (de joelhos mesmo) pedindo uma vaga. Uma cena lamentável
e patética, mas parece que as altas funcionárias gostam de ver gente de
joelhos porque se recusam a receber pedidos nossos, exigindo a presença
das mães.
Elas não consideram que as mães trabalham ou não podem ir até lá.
Não abrem mão da genuflexão e do beija mão, mas não resolvem
os problemas das faltas de vagas. Elas
ligam para a escola e se limitam a confirmar a negativa das diretoras. Se
fosse para conseguir as tão esperadas vagas, acho que até seria possível
as mães perderem um dia, e ir até a Secretaria de Educação no Setor de
Atendimento à Comunidade, ajoelhar-se e beijar as mãos das duas. Sabemos
do que a mãe é capaz para ajudar os filhos.
Inconformados, juntamos os documentos, cartas com todos os dados
dos três alunos e assinadas, tentamos protocolar as denúncias em todas
as instâncias da SEE. Não
pudemos. O guarda chamou uma pessoa da Ouvidoria, passou-lhe a informação
que queríamos “protocolar documentos no Conselho, na Ouvidoria e
para a Secretaria”. Uma funcionária da ouvidoria nos atendeu, ficou
com as cópias, devolvendo uma rubricada. Prometeu providência.
Antes que chegássemos em casa, alguém do telefone 258-1835 ligou
para as três mães dizendo que era impossível arrumar as vagas: “Só
naquela escola, na divisa do Taboão”.
Nos fez de bobos. Vai ver que faltou beija mão. Deveríamos ajoelhar, beijar a mão das duas do Serviço de Atendimento à Comunidade de todos da Ouvidoria e de todos da sala do tel.: 258-1835. Se fosse para resolver... Fazer tudo isso, e prevalecer a decisão das
escolas Ana Rosa e Adolfo Gordo, não vale o beija-mão. São Paulo, 04 de Abril
de 2001. Cremilda
Estella Teixeira – 3742-3023. |
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