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O SILÊNCIO DOS EXCLUÍDOS

Mais uma vez, o Conselho de Escola se reúne para excluir, no dia 7 de novembro na Vila Sônia, Butantã.  A diferença é que desta vez, referendam o diretor da EMEF Theodomiro Dias, que excluiu tanto a ponto de transformar a escola numa escola silenciosa. Ele expulsou os que falam, os que contestam os lideres, aqueles que não aceitam os abusos cometidos nas salas de aula.

Tinha o NAPA só um minuto e meio para falar e desafiamos as autoridades a conferir na sala da aula o número de alunos com a lista que está na DREM XII.  As inúmeras verbas gordas que a escola recebe é de acordo com o que está no papel e não corresponde ao número da sala de aula.  Contestamos também, a fala do Conselheiro Tutelar e lembramos a CNBB quando disse que a escola que não queremos é a que responsabiliza a família pelo seu fracasso.

Um aluno do noturno, amigo da direção (os alunos do *rei* falaram) denunciou que continua havendo tráfico de drogas na escola.   De duas uma, ou os 150 excluídos são melhores que pensamos ou o diretor vai precisar excluir mais 150 que o aluno denunciou como traficantes.  Ou então uma terceira opção, traficante fica? O amigo do diretor diz que tem!

A Prof. Marisa, delegada do DREM XII, a sua assessora Prof. Maria Helena e a Supervisora da escola, Prof. Heloísa, foram as heroínas da noite.  Não puderam garantir a fala dos excluídos e dos que tinham denúncia porque se cada uma das presentes se pusessem a falar do que seus filhos ou eles mesmo sofreram na EMEF Theodomiro Dias, alem de varar a noite, os ânimos poderiam se inflamar.  Mesmo assim e num clima tenso e ameaçador as três mantiveram a sua promessa de garantir a presença de todos, mesmo que os denunciantes precisassem ouvir calados.  Não houve nem tumulto, nem agressão física.  O controle foi difícil, mas possível.  Se um só dos excluídos partissem para o corpo a corpo teria ocorrido um lamentável massacre, uma vez que estavam presentes crianças e idosos.

Parabéns também aos que se mantiveram de maneira civilizada, mesmo excluídos pelo diretor, sempre dentro do limite, apesar de tudo.

Em defesa do diretor, estavam os professores e os alunos do noturno (alguns) que não tiveram tempo e oportunidade de estudar quando jovens, porque tiveram seus direitos violados também.  Alguns desses alunos não percebem que são vítimas do sistema que exclui o pobre e ficam agradecidas ao diretor de escola que lhe dá uma vaga como se fosse o maior favor do mundo.

Nós pais, temos mais interesse que a escola que nossos filhos se tornem homens de bem.  Mesmo, os mais rebeldes e difíceis vão ser nossos filhos para o resto da vida.  Existe ex-aluno, mas não ex-filho.

Esperamos que fique ecoando por muito tempo na Vila Sônia e silêncio dos excluídos da EMEF Theodomiro Dias.

Cremilda Estella Teixeira

07/11/2000

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