GUILHERME DE AQUITÂNIA

(1071-1127)


Com a doçura do tempo novo
refloresce o bosque, e os pássaros
cantam, cada um em seu latim,
segundo os versos do novo canto:
então está bem quem s’alegra
por achar o que mais preza.

D’onde mais m’é bom e belo
não vejo mensageiro nem selo
que meu coração não durma nem ria
nem ouso seguir adiante,
até que saiba bem o fim,
se será tal como desejo.

O nosso amor está assim
como a rama d’albespi,
em árvore queimada,
à noite, na chuva e no gelo,
até que n’outro dia, o sol s’eleva
pela folha verde no ramo.

Ainda me lembro d’uma manhã
em que levamos à guerra fim
e ela me deu um dom tão grande:
sua cortesia e seu anel.
Permita-me Deus viver tanto
que possa as mãos pôr sob seu manto!

Não m’inquieto com estranho latim
que me separe de meu Bom Vizinho,
que sei de palavras tão vãs,
como breve sermão que s’espalha:
tais vão d’amor se gabar,
nós temos pão e faca.


Versão portuguesa de Fernando de Andrade, in Trovas de Guilherme de Aquitânia, A Voz do Lenheiro, São João d'El Rey, 1997.


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