CRISTIANISMO E FILOSOFIA PATRÍSTICA.


        §1 - Gênese do cristianismo.
 

        206. O cristianismo é um movimento de formação paulatina, resultante do contato judeu semita com o mundo indo-europeu.

        Primeiramente ocorreu o processo pelo qual dentro do judaísmo se desdobraram as seitas conhecidas pelos nomes de saduceus, fariseus, zelotas, essênios; no curso deste processo deriva finalmente um grupo chamado cristão.

        A seguir, também este desenvolveu no mesmo cristianismo um processo interno de transformação, influenciado pelo mundo helênico, tomando dele inclusive a língua grega para escrita de seus novos livros sagrados, os Evangelhos, Atos, Epístolas e Apocalipse.

        As seitas judaicas contribuíram em diferentes dimensões para a formação do cristianismo.

        Os saduceus eram tradicionais, do ponto de vista doutrinário, restringindo-se à Lei (ou Torá), de Moisés, sem os livros dos profetas e por conseguinte sem os acréscimos doutrinários recentes, em que figuravam, por exemplo, os anjos.

        Os fariseus, que acresciam à Lei, os livros dos profetas, tinham mais viva a idéia de um Messias. Já se vê, que Jesus se ligava mais aos fariseus que aos saduceus. Ainda os fariseus admitiam a conversão dos gentios para o judaísmo; era mais um precedente de importância, que haveria de ser adotado pelo cristianismo.

        Os zelotas acresciam à doutrina dos fariseus uma visão mais agressiva do Messias, como restaurador do Reino de Israel. Promoviam guerrilhas contra os romanos. É possível que muitos, como Judas, acreditassem que Jesus fosse um zelota oculto, abandonando-o quando viram nele um pacifista.

        Finalmente, os essênios são os mais representativos das idéias de que eram também portadores os primeiros cristãos.

        João Batista é um essênio típico. E Jesus apresenta aspectos similares.

        Os essênios viviam no celibato. Organizavam-se em comunidades de doze e tinham a chefia geralmente de três, dos quais um era o tesoureiro. Comiam a Páscoa sob a presidência de um deles e em calendário que não era o oficial (o helênico, este já em vigor entre os saduceus).

        Ora, tudo isto se mostra claro no grupo de Jesus. Os essênios ainda se acreditavam inspirados e receptadores de revelações. Curavam e perdoavam os pecados, além de batizar. Outra vez, tais são as maneiras de ver de Jesus e de seus discípulos. O conceito de Messias dos essênios é espiritual. Outra coincidência com os cristãos.

        207. Jesus de Nazaret (nascido cerca do ano 6 antes de nossa era, morto no ano 30 da era atual) foi a personalidade central na formação do cristianismo, ainda que depois dele houvesse inovações e atitudes que foram decisivas para o seu sucesso.

        A crença dos discípulos de Jesus, em um messias espiritual foi uma destas atitudes decisivas para a separação crescente do grupo cristão em relação ao judaísmo oficial.

        Uma vez morto, já não poderia haver dúvida aos olhos de seus discípulos, de que Jesus não era um Messias temporal, restando ser um Messias espiritual. Firma-se o conceito desta modalidade messianista.

        Crêem ainda os discípulos de Jesus, de que ele tenha ressuscitado, devendo mui proximamente voltar sobre as nuvens, para julgar os povos e estabelecer o reino dos céus com a seleção dos bons.

        208. O contato com os judeus helenistas, no dia de Pentecostes, foi (se a narrativa for exata), o principal impulso para a transformação da comunidade cristã. Até ali, os discípulos de Jesus têm a feição tradicionalista dos essênios e do mesmo Jesus. Mas, os judeus helênicos, vindos de outras regiões do mundo e agora fixados em Jerusalém, tinham melhores condições de organização e falavam inclusive idiomas estrangeiros.

        O fenômeno das línguas (que eles interpretaram sobrenaturalisticamente, apesar de poder haver sido uma situação parapsicológica, conforme aqueles que não crêem) atraiu a atenção dos judeus helênicos para o movimento dos cristãos. Aderindo, acomodaram-se por pouco tempo aos usos essênios de economia coletiva.

        Em decorrência das transformações motivadas pelas novas adesões, não tardaram os cristãos a abandonar o coletivismo, estabelecendo novas maneiras de estruturar a comunidade, todavia sempre insistindo na caridade. Este aspecto tornou os cristãos simpáticos.

        Os sete diáconos, - dentre os quais mais se destacou Estevão, eram eminentemente ativos. A reação judaica se faz sentir.

        A adesão do fariseu Paulo de Tarso foi mais uma grande conquista helenística, dos primeiros cristãos. Ela resultou até na eliminação da desagradável prática do corte do prepúcio masculino (a circuncisão), uma prática, que dificultava a adesão dos gentios aos fariseus. O novo dispositivo facilitou o proselitismo cristão.

        Por último, o contato com o mundo dos mesmos pagãos, trouxe para dentro do cristianismo hábitos de outras religiões. Influíram certamente os mistérios (ou sacramentos) da religião de Mitra sobre os rituais equivalentes do cristianismo.

        Na comunidade cristã, o ritualismo judaico, de transformação em transformação, desapareceu paulatinamente, inclusive os paramentos.

        Os bispos e o Pontífice romano dos cristãos passaram a ter, com o tempo, algo de similar aos chefes das religiões pagãs. Até mesmo o Natal de Jesus em 25 de dezembro é a substituição, por imitação da festa do nascimento de Mitra.

        Finalmente a Filosofia é aproveitada para formular mais adequadamente as doutrinas religiosas cristãs. Surge, pois agora, a maravilha de uma teologia cristã, precedida por uma filosofia também cristã.

        Hoje se dividem as opiniões sobre a verdade do cristianismo. Para os que têm fé em sua sobrenaturalidade, ele resultou de uma obra intencionada por Deus, de tal maneira que Jesus seria um Deus encarnado em natureza humana e autor sobrenatural da Igreja, como ainda fiador de todas as promessas de uma vida futura espetacular de felicidade celestial.

        Para outros, - defensores de uma interpretação histórico-crítica, - o cristianismo seria apenas uma transformação cultural progressiva e selecionante, todavia substancialmente falso no que diz respeito às convicções sobrenaturais.

        209. O imperador Constantino, no poder de 306 a 337, consolidou definitivamente o sucesso do cristianismo. Rompendo as regras da sucessão do trono, então organizado na forma de uma tetrarquia, por Diocleciano (285-305), em que sucederiam pela ordem os dois Augustus e os dois Césares, venceu sucessivamente seus contendores, até alcançar a posição de imperador único.
Nesta longa luta apoiara-se nos cristãos, apesar de ele mesmo não ser um deles. Constantino era filho de Constâncio Cloro, que de César passara a Augusto, governando as Gálias e a Grã Bretanha, com capital em Tréveris, nas fronteiras da Gêrmania.

        Havendo morrido cedo Constâncio, a quem Constantino sucedeu por primeiro no poder, em 306. Tentando unificar o império, em 307 já vencia Maximino, que governava em Milão, e conquistava à seguir Roma a Maxêncio.

        Emite, então, o importante Edito de Milão (313), introduzindo a liberdade de culto, integrando desta forma os cristão ao mesmo nível da religião tradicional. Em 324 completava a unidade do poder, cuidando logo de transferir a capital para Bizâncio, que tomou o nome de Constantinopla.

        Constantino trata da religião como se fosse ele o chefe da igreja, como antes fora grande pontífice do paganismo. Convocando o Concílio ecumênico em Nicéia (325), deu à Igreja cristã a estrutura hierarquizada e territorializada, que hoje ainda conserva, principalmente nas Igrejas Católica e Ortodoxa. Adepto de uma religião solar monoteísta, deixa-se batizar apenas no final de sua vida, no leito de morte, ainda assim na fé de Arriano (+ 336). Pelas dificuldades que criou ao judaísmo e ao paganismo em geral, foi o imperador que traçou a sorte definitiva do cristianismo. Principalmente na forma que tomou na Igreja Católica Romana.

        Os conflitos entre pagãos e cristãos resultam em mártires de ambos os lados e glorificados pelos respectivos partidos.

        Quando ocorreu o domínio político dos cristãos, sofreram sobretudo os neopitagóricos, de que é ilustrativo o episódio citado, pelo antigo historiador cristão Sócrates, de uma filósofa do sexo feminino, Hipácia, a quem ainda hoje se faz referência.

        "No século 5-o, uma bela e virtuosa jovem, Hipácia (370-415), ensina uma filosofia sobretudo neoplatônica em Alexandria, com raro êxito. Um grupo de cristãos, talvez instigado pelo bispo Cirilo, em todo caso conduzido por um leitor da igreja catedral, a mata a tijoladas. Aos pedaços, foi o cadáver jogado ao fogo" (F. Challaye, História das grandes Filosofias, p.76).
        Reflexo tardio destas discussões é a lendária Santa Catarina de Alexandria, que teria derrotado dezenas de filósofos numa disputa diante do imperador pagão, o qual a teria mandado finalmente martirizar.

        §2. Início da patrística, - grega e latina.
 

        210. O pensamento cristão apresenta uma primeira fase, conhecida como Patrística - referência aos padres da Igreja - situada em grande parte ainda dentro da época Helênico-Romana e nos tempos imediatamente após a queda, em 476, de Roma.

        Depois de 700 divide-se o mundo civilizado em três áreas culturais, mais ou menos estanques e hostis entre si:

a Europa Ocidental, em que se desenvolveu a filosofia escolástica;
o Império Bizantino, continuador direto do Império Romano Cristão, em que subsiste a língua grega, com uma chamada filosofia bizantina, de diretriz cristã;
o Mundo Árabe, seguidor de Maomé, porém com uma filosofia dominantemente aristotélica.
        Antes de Agostinho de Hipona (354-430), a filosofia patrística é apenas incidental, exposta em meio aos assuntos teológicos, aos quais servia como esclarecimento. Depois cresce e alcança um relativo desenvolvimento. Todos os patrísticos estão na linha do platonismo e neoplatonismo.

        211. Os primeiros patrísticos são na maioria escritores de língua grega: Aristides, autor de uma Apologia (c. 140); São Justino (+166), autor de duas Apologias e do Diálogo com o judeu Trifão; e assim outros, como Taciano, Atenágoras, Santo Irineu, São Hipólito, este autor de Philosophoumena.
Ainda gregos, da Escola de Alexandria: Panteno (fundador da escola), Clemente Alexandrino (150-216), já representativo, Orígenes (185-254), notável pela sua exegese alegorista.

        212. Clemente de Alexandria (c. 150-216). Filósofo cristão, patrístico, de expressão grega, nascido em Atenas. Estabeleceu-se em Alexandria, cerca do ano 180. Dirigiu a escola cristã, desde a morte de Panteno, até seu fechamento em 202. Seguiu depois para a Ásia Menor.

       O pensamento de Clemente de Alexandria, se desenvolveu em clima neoplatônico peculiar aos cristãos da época. Tratou sobre a certeza, a existência de Deus, principalmente a moral e o direito natural.

        Obras: Discurso de persuasão aos gregos (Protreptikós), persuadindo a deixar o paganismo; Pedagogo (Paidagogôn), de instrução ao cristão, principalmente moral; Tapetes (Strômata), miscelânea erudita, dos assuntos mais diversos sobre do saber antigo, citando inclusive no original textos pré-socráticos; e escritos menores.

        213. Origenes (c.185 -c. 255). Escritor cristão de vasta erudição, de expressão grega, inicialmente com ação em Alexandria, onde provavelmente nasceu. Estudou letras e aprendeu de cor textos bíblicos, com seu pai. Morto este por ocasião da repressão de Septímio Severo às novas religiões, o bispo de Alexandria passou à Orígenes a direção da Escola Catequética . Estudou na escola neoplatônica de Ammonios. Viajou a Roma, em 212, onde ouviu ao sábio cristão Hipólito. Em 215 organizou Origenes em Alexandria uma escola superior de Exegese Bíblica. Sacerdote em 230. Viajou muito e falava ao público nas igrejas.

        O fato de se haver castrado por devoção, lhe criou dificuldades com alguns bispos, que contrariavam o sacerdócio dos eunucos. Em 232 se transferiu para Cesaréia, Palestina, onde se dedicou exaustivamente aos seus escritos. Sobreviveu aos tormentos de que foi vítima sob o Imperador Décio (250-252). Posteriormente a esta data morreu em Tiro, não se sabendo exatamente quando.

        Foi mais um exegeta, que um teólogo. Também não centralizou sua atenção na filosofia. Mas é representante do pensamento eclético dos cristãos de sua época.

        O contexto filosófico é claramente neoplatônico. Deus é tratado como totalmente transcendente. O Logos é Deus por participação. Esta participação é descrita de maneira bastante subordinada e que irá favorecer aos arianos. O mundo é criado do nada, não sendo por conseguinte apenas uma reelaboração demiúrgica da matéria eterna.

        A alma preexiste, e está subordinada à metempsicose; eis uma tese tipicamente pitagórica e platônica. Abandonada depois pelo cristianismo oficial, é todavia relembrada por aqueles que ainda hoje, - espíritas, - a defendem como cristã.

        A moral visa a purificação, que se processa nos sucessivos retornos da alma à vida neste mundo. Não há condenação em Inferno eterno. Todas as criaturas, mesmo os anjos decaídos, chegarão à purificação final, ou seja à apocatastase, por que assim é mais digno de Deus.

        A exegese de Orígenes buscou a interpretação meramente alegórica, e não literal, de muitos dos episódios fantásticos da Bíblia. Tomou, pois, como método o que já desde tempos vinham fazendo escritores pagãos a respeito dos seus mitos, bem como também já faziam judeus eruditos de Alexandria. Não obstante, no Ocidente prevaleceu a exegese literal de Santo Agostinho.

        Obras. Muitos se perderam, em decorrência de haver sido o autor combatido pelos mais ortodoxos. Dentre os que se conservaram, destacam-se:

        Bíblia sextupla (Eksapla Biblia), distribuindo em 6 colunas, para os textos na versão grega e hebrea;

        Sobre os princípios (Perì archôn), tratado teológico e filosófico, sobre Deus, matéria, moral, exegese, contendo os fundamentos do que veio a ser denominado origenismo;

        Contra Celso (Katà Kelsou), resposta à críticas deste o filósofo neopitagórico aos cristãos;

        São ainda de sua autoria; Strômata; A ressurreição; Exortação ao martírio; Comentário sobre o Gênesis; Comentário sobre São João. E assim também comentários a outros livros bíblicos, bem como ainda notas, homilias, tratados de espiritualidade, cartas.

        214. Primeiros patrísticos de língua latina. Ainda com caráter de religião oriental, a Carta aos Romanos, do Apóstolo Paulo, foi escrita em grego. Aos poucos o latim se torna a língua da Igreja do Ocidente, que finalmente a introduzirá em sua liturgia oficial; esta iniciativa trouxe o latim até aos dias atuais, em um uso que foi sua fortuna.

        Em língua latina desyacaram-se primeiramente os cristãos:

- Minúcio Felix, autor do diálogo apologético Octavius (c. 200);

- Tertuliano (c. 160-245), profícuo e rigorista, com tendências maniquéias e montanistas, contrárias ao matrimônio, além de destacar o lado irracional da fé cristã, sendo-lhe atribuída a expressão "creio, porque é absurdo"; Arnóbio, autor de Adversus gentes;

- Lactâncio (+ 320), autor de Instituições divinas, sendo conhecido como "Cícero cristão", pelo seu estilo clássico.

        §3. A Grande Patrística.
 

        215. Mudaram inteiramente as circunstâncias políticas do cristianismo a começar da ação do Imperador Constantino, no começo do século 4-o. Com seu poderio, Constantino não somente criou a nova capital Constantinopla, como ainda mudou o destino futuro das antigas religiões.

        Convocou, em 325, o Concílio de Nicéia, o primeiro na contagem dos assim chamados concílios ecumênicos. Estruturou-se então a Igreja Cristã no modelo territorial do Império, em províncias eclesiásticas, ganhando agora grande destaque os bispos e arcebispos. Estimulou-se ainda a definição doutrinária, pelo voto dos bispos em concílios ecumênicos. Com isto deu-se lugar ao aparecimento da Grande Patrística.

        Até então bastante elástico em suas doutrinas, passou agora o mesmo cristianismo a lutar por uma unificação interna do seu pensamento. Introduzindo a força do voto para decidir sobre a verdade, os concílios começaram a estabelecer um cristianismo oficial, em que os da minoria passam a ser tratados como hereges. Assim o foram Arius (Ario), Pelágio, Nestório, Eutiques, e muitos outros, devendo amargar por vezes o caminho do exílio.

        Destacaram-se, neste segundo período, os patrísticos gregos: Santo Atanásio (c. 295-373), Gregório Nazianzeno (c. 329-c. 390), Basílio Magno (c. 330-379), Gregório de Nissa (c. 335- c. 395), Nemésio de Emesa (sec. 5-o), Cirilo de Alexandria (c. 375-444).

        Surgem agora grandes nomes latinos: S. Hilário de Poitiers, S. Ambrósio, S. Agostinho, sendo este último o maior de todos os patrísticos, com um pensamento sistematizado, ainda que não chegasse a um suma escrita do mesmo.

        São representativos também os que foram rejeitados, até porque sem eles não se entendem as polêmicas que geraram: Arius, Prisciliano e outros.
 

        216. Arius (256-336). Teólogo líbio, de expressão grega, e que gerou a maior controvérsia cristã, em torno da divindade ou não divindade de Jesus.

        Foi a questão decidida favoravelmente no calor do voto no Concílio ecumênico de Nicéia (325), em favor da divindade de Jesus.

        Arius estudou em Antioquia, da Síria, depois se localizando em Alexandria, onde foi ordenado sacerdote em 310.

        Para Arius, não poderia Jesus ser mais do que a figura do Logos, segundo a filosofia neoplatônica então vigente, portanto a inteligência emanada de Deus transcendente, sem ser Deus, ainda que anterior ao mundo. Destituído de suas funções em 320, por um concílio regional, retirou-se para a Palestina e depois para a Nicomédia, Ásia Menor. Sobre a questão escreveu o livro Banquete (TaMia). Depois do Concílio de Nicéia foi desterrado para a Ilíria (Croácia). A filha do Imperador consegue trazê-lo de volta, sendo integrado no clero de Constantinopla em 336, quando logo morreu.

        Entretanto, sua idéia proliferou no Oriente e Ocidente, e deu muito a discutir aos filósofos e teólogos. Resisitiram os arianos por vários séculos, vindo a desaparecer somente dos anos 700, em consequência das perseguições oficiais que lhes foram movidas. A questão conservou sua importância, porque ainda hoje se pergunta se a crença na divindade de Jesus tem, ou não, origem no neoplatonismo e nos mitos da época. Os unitarianos, surgidos no decorrer da Renascença, continuam a luta de Arius.

        217.Basílio Magno (c.330-379). Escritor e teólogo cristão, de expressão grega, nascido em Cesaréia da Capadócia (As Menor). Estudou em Constantinopla e Atenas, retornando em 356 a Capadócia, onde instruiu retórica. Posteriormente se fez monge. Por último foi escolhido para ser sacerdote e bispo de Cesaréia da Capadócia.

        Sob influência platônica, desenvolveu uma filosofia sobre Deus, ao qual apresentou como transcendente, cujas propriedades positivas e negativas também estudou. Sua filosofia da natureza a apresentou a criação conforme a sequência do Gênesis. Largamente se ocupou de assuntos morais. Escreveu regras para os monges, razão porque foi considerado organizador do monaquismo oriental.

        Obras:

Contra Eunômio, tratado contra o arianismo, o mais filosófico;

Sobre o Espírito Santo, abordando a Trindade e de novo o problema ariano;

Assuntos morais (I 0 2 4 6 V ), explicando textos morais da Bíblia;

Grandes regras (Ð D @ 4 6 " J B 8 V J @ H ), 55 questões da vida religiosa;

Pequenas regras (Ð D @ 4 6 " J r , B 4 J @ : Z < ), 313 respostas sobre a vida religiosa;

Homilias, destacando-se aqueles sobre o Exaémeron, ou seja, sobre os seis dias da criação;

Cartas, em número de 365;

Discursos, sendo alguns sobre assuntos dogmáticos.

        218. Prisciliano (345-385). Gnóstico cristão nascido na Espanha. Com a penetração do gnosticismo no Ocidente, aderiu à doutrina, criando-se em seu torno o assim chamado priscilianismo, que data de cerca do ano 379. Dois bispos que aderiram as suas doutrinas o sagraram bispo de Ávila (c. 380). Mas não foi recebido pelo Papa ao passar por Roma. Finalmente foi executado a pretexto de magia e imoralidade.

        Doutrinariamente, prisciliano foi um gnóstico, com moral rigorista de fundo maniqueu. Somou aos livros bíblicos canônicos os apócrifos.

        Obras:

Livro apologético (Liber Apologeticus), defesa no Sínodo de Saragoça;

Livro ao bispo Dámaso (liber ad Damasum Episcopum), carta ao Papa;

Sobre a fé e os apócrifos (De fide et apocryphis);

Tratado da páscoa (Tractatus paschalis);

Tratado do Êxodo (Tractatus Exodi);

Tratado dos primeiros salmos (Tractatus primi Psalmi);

Tratado do terceiro Salmo (Tractatus Psalmi tertii);

Tratado para o povo I - II (Tractatus ad populum - I - II);

Bênção do povo (Benedictio super populum).

       Demais textos que se lhe atribuem, são todavia duvidosos.

        219. Agostinho de Hipona (354-430), de pai pagão e mãe cristã, nasceu em Tagaste, Numídia (África argelina). Retórico latino, de juventude tumultuada e simpático ao maniqueísmo e admirador do neoplatônico Plotino, lecionou em Cartago, Roma e finalmente em Milão. Aqui, aos 33 anos, se converteu ao cristianismo, quando retornou à então África latina. Fundou mosteiros. Finalmente foi Bispo de Hipona (no atual território da Argélia).

        Ressentiu-se o pensamento de Agostinho da falta de seu conhecimento da língua grega, de cuja literatura leu em traduções. O toque humano e existencial tornaram seus livros apreciáveis, além do seu elan retórico.

       Obras: cerca de 100 tratados de teologia e filosofia, de que alguns são de grande destaque na história da patrística latina.

       Pertencem à literatura universal:

Confissões (Confessiones);

Cidade de Deus (De civitate Dei);

Do mestre (De magistro);

Solilóquios (Soliloquia);

Contra os acadêmicos (Contra academicos );

Da Trindade (De Trinitate);

Retratações (Retractationes);

Da vida feliz (De beata vita);

Da ordem (De ordine);

Da imortalidade da alma (De immortalitate animae);

Da quantidade da alma (De quantitate animae);

Da música (De musica);

Da verdadeira religião (De vera religione)


        220. O pensamento filosófico agostiniano, nem sempre sistemático, se encontra na linha de Platão e Plotino, sendo racionalista radical como estes. Influenciou os filósofos cristãos futuros, situados nesta diretriz chamada com propriedade neoplatônica. Os que o seguiram, criaram o que passou a ser denominado agostinianismo, corrente filosófica e teológica atuante ao longo de toda a Idade Média , sobretudo até antes de Tomás de Aquino (1225-1274).

        Em teoria do conhecimento abordou a questão da certeza inicial, contestando o probabilismo neo-acadêmico.

        As idéias universais são inatas, resultantes de uma iluminação divina (= iluminismo agostiniano), porém divino-natural. Embora com reformulações, mantém-se, por conseguinte, no inatismo platônico.

        Como já fez Plotino, substitui os arquétipos de Platão, por idéias exemplares situadas na mente divina. Estas retificações seguem as tendências do neoplatonismo de Plotino, a cuja luz examina a Trindade cristã.

        A Providência divina, a predestinação eterna, o concurso de Deus nos atos livres do homem, a existência do mal, preocupam a Agostinho. Sua solução é bastante limitadora da liberdade humana. Qual sua maneira exata de pensar, tem criado polêmicas e inspirado teologias de rija predestinação como as do calvinismo e do jansenismo.

        221. A filosofia natural agostiniana segue os caminhos de Platão, retificados alguns aspectos. Deus criou a matéria (contra a eternidade da matéria, peculiar à filosofia grega).

        Todas as criaturas teriam composição com a matéria, inclusive os anjos, ainda que de espécie diferente. A doutrina do espírito, como forma pura, é aristotélica e será desenvolvida sobretudo por Tomás de Aquino.

        Ergueu a tese da criação simultânea, de todos os germes (= rationes seminales). O despertar no tempo oportuno, dá à natureza a feição de uma contínua evolução e aparente criação de espécies novas. Sua posição favorável ao evolucionismo não foi seguida pela escolástica medieval.

        A alma é substancialmente distinta do corpo, como substância completa. Aqui está de novo ao lado de Platão, contra Aristóteles. Inspirava-se na mentalidade órfica e neopitagórica em vigor entre as religiões helênico-romanas. Esta separação total cria dificuldades na explicação da união entre as duas substâncias tão diferentes.

"O modo como aderem ao corpo o espírito e as almas animais é totalmente admirável e não pode ser compreendido pelo homem".
        Apesar de sua teoria das razões seminais, fica em dúvida quanto à maneira como surgiria a alma. Não decidiu entre o processo generativo (= traducianismo) e a criação imediata em cada nascimento (criacionismo).

        222. A ontologia de Agostinho se concentrou na parte que diz respeito à divindade, como sua transcendência e suas relações com a criação. Mantendo embora a doutrina cristã da Trindade, diferenciou-se das emanações plotinianas.

        A filosofia da história é abordada por Agostinho, que pretendeu ver nos acontecimentos um desenrolar sob o controle da providência divina. O material histórico analisado por Agostinho é o da decadência do Império Romano. Ocorrendo esta decadência sob o domínio cristão, esta circunstância impunha aos cristãos uma análise apologética.

§4. Últimos patrísticos latinos e gregos, ou primeiros medievais.

         223. No Ocidente, o período entre os últimos patrísticos é aquele entre a decadência do Império Romano e a ascensão de Carlos Magno. Mais precisamente, entre a morte de S. Agostinho, em 430, e as Cartas Capitulares, emitidas em 787, por Carlos Magno, instituindo as escolas, - palatinas, catedrais, monacais.

        É verdadeiramente um tempo de transição em que não somente se civilizam as novas nações, mas também os pensadores remanescentes salvam a velha cultura. Destacam-se nomes, como Boécio e Cassiodoro, na Itália, Isidoro na Espanha, Beda, na Grã Bretanha.

        O Império Romano cedera paulatinamente às nações bárbaras em progressão, perdendo territórios e fazendo concessões acomodatícias. O Império do Ocidente é o que declina mais rapidamente, até ser destituído seu último imperador, Rômulo Augústulo, em 476, por Odoacro. Já antes da queda havia sido penetrado na Itália pelos ostrogodos, na Espanha pelos visigodos, em Portugal pelos suevos, na França pelos francos. Somente no Oriente o antigo Império Romano se mantém firme em Constantinopla, passando agora à ser mais conhecido como Império de Bizâncio.

        224. Os regimes se sucederão sob influência indireta de Constantinopla, até o advento da política dos francos. Em 493 Odoacro é assassinado pelos ostrogodos, sob o comando do rei Teodorico, que agia apoiado, em alguns casos, por Constantinopla. Teodorico governa até 526, ao mesmo tempo que se desenvolve a cultura, ocorrendo neste tempo nomes tais como Boécio e Cassiodoro, os principais da patrística ulterior. O mesmo Teodorico era cristão ariano.

        Constantinopla retomou o poder em Roma em 536. Neste obscuro período da história italiana, cresceu a influência do Papa, herdeiro do Pontífice pagão.

        Em 568 entram os lombardos, no norte da Itália, conseguindo estabilizar-se. Pretendendo unificar a Itália, resiste o Papa, que apela aos francos. Estes, depois da vitória de Pepino, O Breve, transformam o poder papal em instrumento político de retenção dos lombardos, fazendo-lhe dotação dos chamados "Estados pontifícios", em 774. Os planos de unificação da Itália se concretizarão apenas em 1870, um milênio após.

        Cessa também com a queda do Império Romano do Ocidente, o período chamado Patrístico. A expansão e a prosperidade dos francos abrirá novos caminhos. No ano 800, o Papa coroará o rei Carlos Magno, Imperador do Sacro Império Romano do Ocidente, que assim se julga restaurado depois da queda do mesmo em 476.

        Apesar das consequências divisionistas do tratado de Verdun, em 841, a visão de uma unidade política das nações cristãs do Ocidente inspirará toda a Idade Média, ainda que nunca se realize plenamente. Ocorre a mesma persistência com a idéia de que o poder político vem do Alto e que o Papa é o ministro para ungir os governantes cristãos, em especial seu Imperador.

        Mas, antes que a escolástica se desenvolvesse nas escolas criadas por Carlos Magno, atuaram os últimos patrísticos, os quais, sem chegarem a ser escolásticos, foram os primeiros mestres da Idade Média.

        225. Boécio (Anitius Manlius Torquatus Severinus Boethius) (c. 470-524). Filósofo de expressão latina, o último dos romanos e de certo modo o primeiro dos escolásticos, além de haver sido o maior em seu tempo. Nascido em Roma, na família nobre dos Anícios, estudou no Oriente grego, não se sabendo se em Atenas ou em Alexandria. Foi aproveitado pelo imperador ostrogodo Teodorico o Grande como cônsul em Roma (ano 510).

        Posteriormente foi para Ravena, como ministro da corte (magister palatii) do mesmo imperador. Acusado de favorecer os interesses do novo imperador de Constantinopla sobre o Ocidente, foi preso, aprisionado em Pavia, e finalmente decapitado.

        Foi mais platônico, de acordo com as tendências da época, do que Aristotélico, tudo combinado com alguns elementos estoicistas, como a da doutrina da providência divina. Com ele se consolidou a orientação platônica e agostiniana do primeiro período da filosofia medieval, que tem início em Boécio. Influenciou os conceitos medievais sobre Deus e a Trindade cristã, sobre a pessoa e a felicidade, e ainda sobre toda a lógica através da tradução do grego ao latim de livros lógicos, sobre os quais fez ainda comentários. Os conceitos podem originar-se nos sentidos. Não se referiu ao inteleto agente, como capacidade de abstração, conforme Aristóteles. Defendeu a preexistência das almas, doutrina frequente entre neoplatônicos, mesmo cristãos.

        Obras: Da consolação de Filosofia (De consolatione Philosophiae), obra principal, escrita na prisão de Pavia, como diálogo estabelecido entre o autor e a Filosofia, esta se apresentando como mulher dotada de sabedoria; tradução do grego ao latim da Eisagogé de Porfírio; tradução igualmente das Categorias de Aristóteles, com comentário. Opúsculos filosóficos de Boécio: Introdução aos silogismos categóricos (Introductio ad categoricos syllogismos); Do silogismo categórico (De syllogismo categorico); Do silogismo hipotético (De syllogismo hypothetico); Da divisão (De divisione); Sobre a definição (De definitione); Sobre as diferenças dos tópicos (De differentiis topicis). Opúsculos teológicos: Como a Trindade é um Deus e não três (Quommodo Trinitas unus Deus ac non tres); Se o Pai e o Filho e o Espírito Santo se predicam da divindade); Como as substâncias, enquanto são, são boas (Quommodo substantiae in eo quod sint, bonae sint). conhecido também como Livro das semanas (Liber de hebdomadibus); opúsculo mais filosófico que teológico; Sobre a fé católica (De fide catholica); Livro sobre a pessoa e sobre as duas naturezas contra Eutico e Nestório (Liber de persona et duabis naturis contra Euthychen et Nestorium); o mais significativo dos opúsculos mencionados. Escreveu ainda sobre as ciências: Sobre a música (De musica); Sobre a aritmética (De arithmetica); Sobre a geometria (De geometria), de autoria apenas provável.

        226. Cassiodoro (Flavius Magnus Aurelius Cassiodorus) (c. 477-c.570). Filósofo e político, latino, mas de origem siríaca, nascido em Scilaceo (Scylasceum), Calábria, Itália. Ministro de Teodorico, imperador ostrogodo, então estabelecido em Ravena.

        Retirou-se do serviço público pelos seus 60 anos, quando fundou um mosteiro em propriedade da família, na Calábria, onde exerceu o ensino e talvez ele mesmo se fizesse monge.

        Prosseguiu o trabalho iniciado por Boécio, havendo sido como ele um cristão neoplatônico. Ainda como Boécio, foi um dos salvadores da cultura clássica, ao tempos das grandes migrações. Pugnou pela fusão de godos e romanos, o que efetivamente ocorreu no curso dos anos, como também haveria de acontecer com os lombardos. Foi antes de tudo um didata e por este caminho influenciou o ensino medieval, notadamente pela sua organização das artes em trivio e quadrívio.

        Obras:

Da origem e história dos godos (De origine actibusque gotorum), de que resta um longo resumo;

Várias (Variae), ordenação de 400 cartas, que serviram de modelo a diplomacia medieval;

Sobre a alma (De anima), opúsculo sobre a imortalidade da alma, em que se detecta a influência de Agostinho de Hipona e de Cláudio Mamert;

Instruções sobre as coisas divinas e não divinas (Institutiones divinarum et saecularium lectionum), um programa completo para o então ensino superior em dois livros, - sendo o primeiro uma introdução aos livros sagrados e a teologia, - o segundo sobre as demais ciências, havendo circulado como obra a parte, sob o título Sobre as artes e os estudos liberais (De artibus ac disciplinis liberalium), abordando as 7 artes liberais, subdivididas em trívio, (gramática, retórica, dialética) e quadrívio (aritmética, música, geometria, astronomia);

e publicou ainda uma história da Igreja e comentários exegéticos.

        227. Isidoro de Sevilha (Hispalis) (c.560-636). Teólogo e filósofo latino cristão, espanhol, nascido em Cartagena. Viveu todo o seu tempo em Sevilha (Hispalis), que lhe deu por isso o nome, de começo como monge, a partir de 600 como bispo, sucessor de seu irmão. Presidiu ao 2-o Concílio de Sevilha (ano 619) ao 4-o Concílio de Toledo (ano 633), quando o catolicismo em vez do arianismo se tornou a igreja oficial da Espanha.

        Sem dúvida o mais erudito da Espanha visigótica, Isidoro influenciou o ensino medieval.

        Como pensador foi um neoplatônico-agostiniano. Sem ter sido original, foi um compilador erudito, havendo por esta via influenciado todo o ensino de sua época.

        Desenvolveu a gramática. Acreditou que todas as línguas derivam do hebraico, a partir de uma diversificação ocorrida na construção da Torre de Babel; ainda que errasse no detalhe, estava certo ao considerar que as línguas evoluem e se derivam umas em outras.

        Obras:

Etimologias, com se fez conhecer sua obra principal cujo título primitivo é Originum sive etymologicarum libre viginti, representada por uma sucessão enciclopédica dos mais variados temas;

Diferenças (Differentiae) ou Da propriedade das palavras (De proprietate sermonum), explicação de conceitos teológicos e filosóficos, asselhando-se pois à obra precedente;

Da ordem das criaturas (De ordine creaturarum), sobre Deus, a criação, o pecado e a vida futura.

        Ainda um grande número de obras sobre história, teologia, direito eclesiástico, espiritualidade, além de comentários à Bíblia.

        228. Beda, o Venerável (673-735). Teólogo e historiador inglês, nascido na região da diocese de Durham. De origem anglo-saxônica, exerceu um papel inteletual importante na fase de instalação da nova sociedade que se formava na Inglaterra desde a chegada dos ingleses pela volta de 450. Ingresso na Ordem dos beneditinos, Beda estudou no mosteiro de Iarrow e foi ordenado sacerdote pelos 30 anos.

        Dedicado ao ensino, ocupou-se dominantemente sobre exegese bíblica e história. Humanista, abordou a filosofia só eventualmente, mas desta eventualidade surgiu a nova tradição, em cujo caminho se encontrarão pouco depois Alcuíno e Escoto Erígena. Mas foi sobretudo pela sua exegese bíblica que se fez um mestre da Idade Média; além de tratar do sentido literal, examinou também significados alegóricos e místicos. Destaca a vida comunitária dos primeiros cristãos, em seu Comentário aos Atos dos Apóstolos.

        Obras. Cerca de 45 livros, com várias edições desde a invenção da imprensa:

História eclesiástica da nação inglesa (Historia ecclesiastica gentis anglorum), que lhe garante o título de pai da história da Inglaterra;

História dos abades, do seu mesmo mosteiro;

        Obras didáticas (Opera didascalica), reunindo hoje tratados científicos diversos, como Ortografia (De orthographia), Das figuras retóricas (De schematibus et tropis) Da arte métrica (De arte metrica), Da natureza das coisas (De natura rerum), Dos tempos (De temporibus), Da celebração da Páscoa (De celebratione Paschae).

        E ainda: sermões; e comentários sobre quase todos os livros bíblicos.
        229. Ao término da época antiga, a situação, embora bastante tumultuada no Ocidente com a queda de Roma, em 476, no Oriente é menos tumultuada, havendo ocorrido uma certa continuidade linear da cultura grega anterior no Império Bizantino.

        De qualquer maneira, uma nova época veio pela frente, mais depressa no Ocidente, mais devagar no Oriente. Chegou ao fim a época antiga, com seu último período, o greco-romano.

Fonte: Enciclopedia Simpozio

VOLTA