" Não odeio os Americanos "
O ex piloto Haruo Yoshino,hoje com 81 anos vive em uma casa ampla e tradicional em Chonancho,província de Chiba,a duas horas de trem de tokyo,onde recebeu a made in Japan para um chá.Muito simpático e uma jovialidade incomum para sua idade,um sobrevivente de seis batalhas entre elas Pearl Harbor e Midway.Yoshino tinha 21 anos quando embarcou em um dos seis porta-aviões com 350 aeronaves que atacaram Pearl Harbor...
Haruo Yoshino e os tripulantes
" Lembro-me que me sentia muito calmo,como na hora do treinamento.Quando sobrevoávamos a ilha de Oahu,no Havaí,observei as ondas batendo nas pedras sob as nuvens densas.Não tinha sentimento de ódio ou antipatia contra os americanos.Não havia questionamento,apenas se obedecia as ordens.
cada avião de miha esquadra tinha três tripulantes: uma para manobrá-lo,outro para cuidar da localização,e um telegrafista para enviar mensagens à base.Eu era o responsável pela localização.na hora do ataque,a nossa esquadra estava voando em linha ,pois o tenente-coronel Fuchda nos ordenou a entrar em forma de ataque e nos separou em grupos,de acordo,com o tipo de avião.Eu estava num torpedeiro,o único tipo de avião a fazer um treinamento especial para voar baixo em Pearl Harbor.O mar ali era raso demais para se lançar os torpedos de maneira convencional.Geralmente o torpedo é lançado a 100 metros de altura,e após submergir segue a 60 metros abaixo da superfície da água.Mas em Pearl Harbor nós teríamos de voar no máximo a 10 metros de altura.Além disso,tivemos de criar um mecanismo especial para driblar a pouca profundidade do mar local: colocamos uma placa de madeira na parte de trás do torpedo,para amortecer o impacto sofrido ao entrar na água.  Quando sobrevoávamos o aeroporto da base americana,a altitude dos nossos aviões era de quase 200 metros acima do nível do mar.Estávamos nos aproximando do alvo.Abaixamos a altitude,viramos os narizes dos aviões para esquerda,e entramos na enseada.Os navios americanos ficavam enfileirados na enseada,e quando os avistei  eles já estavam sendo atacados por nossos aviões.O dia estava nublado.Assim que vi a ilha,apena pensei: hora de atacar.Não tinha medo nenhum,porém esperava que aviões americanos não estivessem preparados para contra-atacar. Mas eles já estavam reagindo.Só o que podíamos fazer era nos concentrar para lançar um torpedo com sucesso. Abaixamos nosso avião a seis metros de altura sobre o nível do mar."Lance!",disse o piloto Nakagawa,e o torpedo foi lançado e acertou um porta-avião norte-americano.Logo depois,viramos para a direita,mas isso foi um erro.
Entramos na linha de tiro,e algumas balas penetraram no corpo do nosso avião.Fugimos com toda força,enfim,saimos do alcance dos disparos.Quando me virei,e vi o nosso telegrafista Kawasaki fazendo careta.perguntei-lhe o que havia acontecido." Feri a minha canel com um tiro,mas estou bem." ele disse.no caminho,vi uma floresta linda abaixo de nós.Apesar da batalha,a paisagem ali estava pacífica e calma.Oito tiros penetraram em nosso avião.Arrependo-me que no momento do combate tenhamos nos virado para a direita,e não para a esquerda,pois assim teríamos evitado os tiros.
No ano passado (2000),nossa turma da Associação de Veteranos da Marinha foi convidada para um encontro no Havaí,do qual participaram 200 japoneses e 60 americanos.A reunião foi amistosa e proporcionou momentos inesquecíveis.Os veteranos dos dois países apertaram as mãos e bateram papo sem reservas,a bordo
do navio de guerra Missouri.Entre nós não havia antipatia.A guerra é um conflito entre países,e não entre indivíduos.Fiquei satisfeito de sentir que os veteranos americanos pensam assim também..."
depoimento de Haruo Yoshino

             
texto tirado da Revista Made in Japan
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