Era uma cidade simples, parecia que tudo ali tinha um significado, como uma lembrança querida ou predestinação. Havia um ar nostálgico na cidade, talvez fosse porque apesar das ruas asfaltadas e as lojas e bares serem modernos, as pessoas que viviam ali conseguiram manter as flores, as árvores como parte do ambiente. Sem dúvidas era a cidade ideal, todos sentiam uma energia de paz, como se só existisse a tranqüilidade... era difícil encontrar lugares assim, mesmo no mundo mágico as pessoas eram apressadas demais, preocupadas demais e se podia respirar um ar cheio de poluição, em lugares como o Beco Diagonal era raro ver flores, passarinhos sobrevoando o céu, e Harry encontrou tudo num único lugar. - Uau! – exclamou Gina olhando em volta – Daqui a pouco eu vou pensar que estou realmente num cenário de filme... - Só que agora o gênero mudou – corrigiu Hermione entusiasmada com o lugar – Estamos em Alice no País das Maravilhas, tudo isso é tão encantador! - Que lindo! – debochou Draco – Vocês gostam de desenhos infantis... parabéns pela cidade, Potter. Mas devo admitir que eu não suportaria viver aqui, é tudo perfeito demais... - O Perverso Malfoy não agüentaria ficar viver numa cidade tão inofensiva – provocou Rony – Por favor, forças do mal venham resgata-lo antes que ele fique doente... De certa forma pensou Harry Até que o Malfoy tem razão, quando a situação parece excessivamente perfeita é porque algo realmente muito podre está por trás de tudo, será que isso é uma regra onde não existem exceções? - Draco, você e essa sua mania de se pessimista – reclamou Rony olhando feio pra ele – Por quê tudo ter que ser sórdido ou hipócrita, na sua filosofia não há nada que se salve de um julgamento ruim. - Você diz isso como se eu fosse alguém que torcesse pras coisas saírem erradas, um inimigo disfarçado – ele balançou a cabeça – Saiba que essa é a ordem natural das coisas, não existe totalidade do bem e nem do mal, sempre há uma porção dois dos em cada ser que viva. A diferença é que alguma dessas duas personalidades se sobressai, formando algo considerado do bem ou do mal! - E você está louco pra descobrir o lado podre das coisas, que ignorância a minha... – disse num tom muito traiçoeiro – É claro! Está é a sua função na Terra, achar a face má mesmo aonde sabe-se que isso não interfere. Francamente, suas atitudes são repugnantes... - Como você é ingênuo, Weasley. Pra mim tanto faz se você quer ou não entender o que eu digo, eu só estava tentando deixa-los em vigilância constante, porque assim nenhum perigo poderá surpreende-los! – Draco ficou ofendido com a insinuação e continuou firmemente – Eu posso ser qualquer coisa menos falso, eu não estaria aqui fazendo esse papel de ridículo por pura falsidade, desculpe decepciona-lo, mas não faz o meu estilo. - Chega! – mandou Harry se colocando entre os dois – Eu sinto muito estragar essa discussão tão importante, vocês estavam empolgadinhos e tudo mais, no entanto PRECISAMOS PENSAR NO TALISMÃ! – ele gritou essa última parte – Será que vocês podiam concentrar seus ânimos nisso? - Uma discussão com o Weasley é mais divertida do que sair procurando um colar que contém sua alma aprisionada – Draco num tom cínico, enquanto Rony se afastada batendo os pés. - E um barraco nessa cidade certamente nos expulsaria daqui na mesma hora! – replicou Harry evocativo. Às vezes o Draco deixa as coisas de uma maneira que é difícil sentir pena dele, pensou Gina sem nenhuma mágoa ela apenas queria que ele fosse diferente e não queria gostar desse jeito sarcástico com o qual ele tratava as pessoas em situações complicadas. *** *** - Qual será o time de Quadribol que vai se hospedar aqui? – perguntou Rony ansioso. - Não sei, só que eles ocuparam todos os quartos do hotel e agora vamos ter que ficar nessa casa precária! – reclamou Draco indignado. - Como você sabe? – disse Hermione intrigada. - Olhe para a frente, Granger! Todos olharam curiosos e logo a sensação passou para perplexidade. As malas de Mione caíram no chão, e Gina soltou um gemido. - Harry! – ralhou Rony como se a culpa fosse inteiramente dele – Como você quer que a gente fique nesse negócio! – e apontou para a casa. - Sinceramente – lamentou Harry olhando com desaprovação para eles – Se esqueceram que a gente ficou uma semana perdidos no meio do nada, eu sei que isto não é um palácio, mas já é algo em que a gente possa dormir. Mas Harry havia exagerado quando defendeu a casa, ela era totalmente de madeira, uma madeira grossa e gasta pelo tempo. Com uma escada de pedra que dava acesso a porta grande e pesada. As cortinas eram com babados brancos e só havia duas quatro peças muito pequenas. Quando eles entraram os móveis tinham a aparência de décadas, porque eram rústicos e um formato antigo. - Uau! – concluiu Gina em tom definitivo – Isto não é uma casa, e sim um museu! Como bons adolescentes eles não tiveram muito que arrumar na casa, apenas dividiram um quarto com cama de casal com as meninas e outro com um beliche e uma cama separada para os meninos. As outras peças eram a cozinha e o banheiro, a casa tinha um forte cheiro de mato, talvez porque ao em vez do quintal havia uma floresta nos fundos. Mas apenas ao entardecer eles resolveram ir ao bar da cidade, Coruja da Meia-Noite para investigar a morte dos pais de Harry. Hermione trancou a porta e estava indo em direção aos outros quando a corujinha voltou quando colidindo com seu rosto, ela parou a alguns centímetros batendo as asas alegremente. Hermione sorriu. - Finalmente você chegou! – falou entusiasmada – Trouxe uma resposta pra mim? E assim a corujinha depositou a carta nas mãos dela, e como recompensa recebeu um agrado. - Algum problema? – perguntou Harry. - Não – disse num tom feliz – Sua coruja acabou de voltar, Draco. Podem ir que logo eu alcanço vocês. - Ta legal! Rony olhou desconfiado para Hermione, mas preferiu não dizer nada, afinal se ela queria ter segredos isso era problema dela. Mione abriu a porta e entrou em seu quarto, pelou em cima da cama e começou a ler apressadamente a resposta de Krum: Querida Hermione, Eu também estou morrendo de saudades, tenho certeza que você continua linda como sempre! Eu não entendi o que você está fazendo fora de Hogwarts essa época do ano, no entanto sei que deve ser algo importante e não farei mais perguntas sobre o assunto. Hoje estou viajando para uma nova cidade, onde a gente vai treinar para a próxima partida do campeonato nacional, dizem que é um campo novo e nosso patrocinador está insistindo, o nome da cidade é Godric´s Hollow! Hermione levou um susto, quando ela poderia imaginar que Vítor Krum fazia parte do time que viera se hospedar no hotel! Isso é uma excelente notícia! vibrou consigo mesma. Nos vemos mais tarde... Beijos do seu Vítor Krum. PS: Da próxima vez mande outra coruja porque essa é muito nova e se perdeu no caminho. Ela colocou a carta no coração e deu um longo suspiro apaixonado, para logo em seguida apanhar uma pena e começar a escrever a resposta na qual ela avisaria que como estavam na mesma cidade ela iria vê-lo no hotel, afinal um namoro não podia ser mantido apenas por correspondências. *** *** Eles entraram no bar local, e foram direto ao homem atrás do balcão. Ele era calvo e tinha um nariz pontudo. - Você poderia nos dar uma informação? – pediu gentilmente. Os olhos do homem caíram sobre a cicatriz de Harry e quase o fez ter um choque. - Caramba! – foram as primeiras palavras que o dono do bar conseguiu pronunciar – Você não é o famoso Harry Potter? Harry olhou constrangido para o chão, ele estava tão ansioso para descobrir algo do seu passado que se esqueceu de esconder a cicatriz. - Sou – falou sem graça – Mas, por favor eu queria que ninguém soubesse... - Ah, tudo bem – confirmou num tom de voz baixo, como se fosse o maior segredo que ele guardava – Me diga, o que você procura aqui? - Eu queria saber se alguma pessoa foi visitar a minha casa logo depois que os meus pais foram mortos por Vol... Você-Sabe-Quem? - Não – garantiu firmemente – Quer dizer, absoluta certeza eu não tenho, mas muitas pessoas ficaram com medo de passar perto da sua casa, mesmo quando souberam que você havia derrotado o Lord das Trevas, a concentração de Magia Negra continuava pairando sobre lá. Por quê? - Eu não posso responder – Harry sabia que isto era desagradável, porém não existia outro jeito – Só precisava saber quem investigou o caso? Porque algo importante foi perdido na casa e eu preciso encontrar... - Desculpe, Harry – lamentou-se – O medo era muito grande na época, então mantínhamos a maior distância possível dessa história. Percebendo a decepção de Harry, o dono do bar resolveu mudar de assunto, porque era uma honra receber o Menino-Que-Sobreviveu e nesta ocasião ele não queria que Harry ficasse triste. - Vocês não querem consumir alguma coisa? - Claro! – Draco adiantou-se cheio de atitude – Queremos quatro cervejas amantegadas... - Por acaso você quer nos deixar bêbados? – desconfiou Gina. - É um hábito muito comum entre os trouxas – argumentou como se isso fosse a coisa mais normal do mundo – quando algo muito desanimador acontece, eles ficam inconscientes para esquecer o problema. Eu já experimentei isso nas festas que os meus pais davam, e achei bem legal! - Ta bom, vou cogitar essa hipótese caso eu queira queimar neurônios – replicou Gina com veemência. - Vamos! – insistiu empurrando um copo para cada um – Quantas vezes vocês já beberam isto em Hogsmeade? Só porque vocês estão comigo isto não quer dizer que um copo de cerveja amantegada será mais prejudicial... - Minha primeira bebedeira com um Malfoy! – disse Rony categoricamente. Eles começaram as tomar goles e mais goles, mas Harry não pronunciou uma palavra sequer durante todos os vinte minutos se seguiram, ele precisava pensar num jeito de encontrar o maldito talismã, mas que jeito seria esse era o problema... Hermione entrou no Coruja da Meia-Noite e logo avistou seus amigos sentados no balcão e percebeu que Rony, Draco e Gina conversavam normalmente, no entanto Harry parecia preocupado. - O que houve? – ela se referiu a Harry num tom de uma mãe preocupada. - Nada – respondeu tristemente – Este é o problema, ninguém sabe nada sobre o talismã que foi perdido na noite em que os meus pais morreram. - Não fique assim... – ela o consolou – Tenho certeza que vamos acabar encontrando a solução pra isto, aliás, não foi sempre desse jeito? - Eu não sei, Mione – sua voz tinha um tom definitivo – Voldemort pode sentir o talismã, será muito mais fácil para ele encontra-lo. Você não se lembra que ele disse que a sua magia quer que seu dono a ache? - Bom, Harry hoje eu vou visitar o Vítor Krum – ela sorriu – Descobri que é o time de Quadribol dele que está hospedado aqui! Não é o máximo? Rony se virou bruscamente com a testa enrugada. - Por acaso eu ouvi que você irá visitar seu namoradinho hoje? – perguntou num tom ameaçador. A resposta de Hermione foi ela dar de ombros desdenhosamente. - Será possível que nem aqui ele vai nos deixar em paz? – disse Rony. - Rony, você não precisa ir comigo eu não estou te obrigando... – replicou com uma nota de mágoa – Isto é problema meu... - Ah, mas de jeito nenhum eu vou te deixar sozinha com aquele crápula... – Rony meio que gaguejou esta parte, na mesma hora em que Harry tentava conter um sorriso, porque a cena estava muito engraçada – Ele pode tentar fazer algo errado com você, e daí quem vai te proteger? Já está decido vamos todos juntos visitar o Vítor Krum... - Ei Weasley, não me inclua nesse programa ridículo! – avisou Draco, mas quando ele percebeu a expressão furiosa de Rony logo acrescentou – Sabia que o Krum é o meu ídolo? Vou adorar pegar um autógrafo com ele... - Ótimo! – concluiu apressadamente – Então vamos? Hermione olhou com incredulidade para ele, mas assim eles foram para o hotel. *** *** Eles chegaram num grande salão com uma grande escadaria, e uma sala tipicamente bruxa. Com alguns objetos estranhos que Harry nunca vira na vida, quadros falantes que geralmente não falavam nada, uma mesinha flutuante com charutos e várias edições da revista Semanário das Bruxas. Não havia elevadores, mas uma seção com várias lareiras e Pós de Flu com variadas cores e aromas, que tinham especificado a distância ideal para cada um deles, perto, em outro estado, em outro país, outra dimensão e realmente muito longe! No balcão, um duende vestido com um uniforme azul e preto elegantemente anotava os pedidos dos quartos e informava os hospedes, seria ali que eles tinham que perguntar qual era o quarto de Vítor Krum. Hermione estava tão apressada que por pouco não bateu num duende que levava uma bandeja com bolinhos de caldeirão e varinhas de alcaçuz. Assim que chegaram ao balcão Harry picareou para chamar a tenção: - Boa noite! – cumprimentou o duende – O que desejam? - Queríamos saber qual é o quarto do Sr. Krum, por favor? – disse Hermione. - Vocês são fãs? Tem hora marcada? – disse analisando os meninos dos pés a cabeça. - Não, eu sou a namorada dele – confirmou Mione num tom de superioridade – Estamos aqui para fazer uma surpresa para o Vítor, gostaríamos que o senhor não o avisasse. - Muito bem! – concluiu o duende num tom desconfiado – Esperem um momento... Ele saiu de trás do balcão e todos puderam perceber que se comparado a Draco, Harry e pior ainda a Rony o duende podia ser confundido com uma miniatura, no mundo dos trouxas ele seria chamado de anão. No entanto ele carregava cinco frascos pequenos com uma poção rosa dentro, e na outra mão um objeto cumprido, porém não muito grande que terminava numa boca retangular que se assemelhava com um aspirador reduzido. - Bebam! – mandou entregando um frasco a cada um. Harry olhou desesperado para Rony, não seria perigoso beber aquilo? Podia conter algum feitiço, um envenenamento, qualquer coisa da qual eles devessem temer. Por isto Harry continuou imóvel até Rony explicar: - Pode beber – garantiu com um sorriso – é uma poção que revela nossas intenções, caso a gente pretenda matar Krum eles saberão disso, mas como não vamos fazer nada parecido não precisa se preocupar. - Eu já li sobre isso, é a poção Pensatium, quase que uma irmã gêmea do Veritaserum e este objeto é um Reitor de Intenções, ali ficam armazenados nossos sentimentos, e se a luz vermelha acender quer dizer que temos más intenções e se a luz verde acender mostra que estamos inocentes de qualquer acusação – explicou Hermione satisfeita em saber mais do que os trouxas comuns em geral. Finalmente eles beberam o líquido rosa e Harry sentiu uma pulsação incomoda, como se sua pele estivesse pulando ou ainda com algo muito inchado que estivesse latejando. Então ele olhou para seus braços e teve um grande susto: Sua pele estava mudando de cor repetidamente, primeiro vermelho e depois verde, como um pisca-pisca. Harry se divertiu com esta impressão no mínimo engraçada, apesar de ser estranho ter sua pele mudando de cor como um painel eletrônico colorido. - Hermione você fez um relatório muito prestativo sobre a poção Pensatium, só esqueceu de contar um detalhe: que eu iria piscar igual a um sinaleiro ambulante! Depois o duende pediu que fossem estendendo o braço e assim ele passava o Reitor de Intenções. Primeiro foi Draco e muita luz prateada saiu de seu braço e se concentrou dentro do objeto, assim que a boca retangular sugava tudo e Draco voltou ao normal. A luz verde piscou. E um a um foi passando pelo teste, e quando chegou a vez de Harry ele não soube dizer se aquilo era apenas uma simples poção ou se era uma tortura. Contudo se experimentar o Pó de Flu foi nauseante, agora Harry sentiu como se aquilo estivesse sugando sua energia, e a luz não lhe permitia enxergar nada com perfeição e uma atmosfera leve e boa passou por ele como um rápido sopro. Foi tudo confuso e terminou ligeiramente quando seu corpo e sua cabeça voltaram ao normal. - Quarto 502 quinto andar corredor à direita – informou o duende e com uma reverência exagerada se retirou. - Em outras palavras, isto aqui é uma verdadeira fortaleza e por incrível que pareça passamos na prova do coração puro – satirizou Gina enquanto eles subiam as escadas. - Tente ser mais perspectiva – acrescentou Draco com vigor – definitivamente eu não tenho um coração de anjo, e muito menos o seu irmão quando se trata de Vítor Krum. - Obrigado, Malfoy – a voz de Rony soou ameaçadora – mas eu certamente não lançaria o Cruciatos nele ou tentaria qualquer feitiço ilegal. - Isso porque você não sabe quais os movimentos da varinha e a pronuncia correta – Draco ergueu as sobrancelhas – Provavelmente acabaria transformando-o numa insignificante ameba perdida junto com os micróbios no chão. - Se eu tentasse seria apenas um tiro no escuro, o que vai acabar acontecendo com você se não calar a boca! – disse terminantemente. - Me parece que praticar o Cruciatos de forma errada é tão perigoso quanto da forma certa, você ficou pálido com a proposta do Rony. Está com medo de virar uma ameba insignificante? – Hermione lançou um olhar divertido a ele. - Assim eu faria companhia pra você, Granger – respondeu Draco apontando a varinha pra ela e encerrando de vez o assunto. O hotel era muito bonito e extremamente grande também, as portas eram altas e com os detalhes combinavam com as maçanetas num tom azul marinho. - Olhem! – disse Gina que olhava excitada em uma grande janela – Está explicado por que o time de Quadribol se hospedou aqui! Harry foi até ela ligeiramente seguido por Rony, Hermione e Draco. - Nossa! – Harry não conseguiu disfarçar o tom de admiração – Isto é um hotel ou um mundo à parte? - Some a sua felicidade o fato de haver uma lanchonete bem ao lado do campo – comentou Draco e seus olhos se dilataram de tanta ansiedade – Estou morrendo de fome! - Draco cada vez eu fico mais convencida que você sofre um conflito de personalidades – disse Gina olhando estranhamente para ele – Primeiro conhecemos o seu lado Maligno em Hogwarts, depois o Bonzinho quando você resolveu nos ajudar e agora o Esfomeado que baba só de ver uma simples lanchonete a uns 15 metros abaixo do seu pé. - Bela análise psicológica, mas o meu problema é bem mais simples estou em fase de crescimento e preciso me alimentar... - Não – respondeu Gina firmemente – Eu sei o que você está pensando: Segundas Intenções. - Isto me lembra um famoso ditado que ouvi minha mãe dizer: “Cada gesto ou palavras das pessoas esconde a verdadeira intenção que elas têm. Não importa quem, sempre haverá um objetivo escondido”.– falou categoricamente. - Desculpe, você poderia repetir? – disse Hermione hipocritamente – Este é mais um famoso ditado da sua família e eu não tive tempo de pegar a caneta e o papel para anotar. - Quais seriam suas segundas intenções ao ir comprar comida, Malfoy? – indagou Harry. - Comprar os bolinhos mais duros da face da Terra e joga-los na sua cabeça – respondeu ironicamente – assim você morreria e Voldemort não teria como fazer o feitiço da Quarta Maldição e todo esse papo de alma, terror não faria mais sentido. - Ah, muito engraçado! – replicou Harry no mesmo tom – O Bolinho assassino que salvou o mundo, não é um bom nome né? Todos riram até que Draco voltou ao assunto. - Vamos nos separar: Gina, Harry e eu vamos ver o campo de Quadribol enquanto Hermione e o Weasley fazem a visita para Krum – sugeriu. - Desde quando você dá ordens? – questionou Rony e no momento seguinte com a voz mais amigável comentou – E desde de quando eu obedeço? Assim os três desceram as escadas enquanto Rony e Mione continuaram indo em direção ao quarto 502. ** ** Harry e Gina se sentiam abismados, deixaram que o queixo caísse sem o menor esforço para esconder que estavam impressionados. - Inacreditável! – exclamou Harry, o campo era bem maior do que o de Hogwarts e tudo parecia tão novo, as balizas, a grama embaixo e o placar eletrônico – Deveriam exigir estádios assim para a Copa Mundial! - Realmente fantástico! – assentiu Draco não demonstrando o mesmo interesse – Mas ainda sim eu prefiro não morrer de fome. Pouco depois, Harry e Gina sentaram em uma mesa para esperar Draco, e ficaram um longo tempo comentando sobre Quadribol e as táticas que poderiam ser usadas. Harry se surpreendeu porque nunca havia reparado que Gina entendia tão bem do assunto, todas as vezes que treinou com os gêmeos e Rony na Toca Gina não participava, então Harry ainda não tinha a visto jogar. Ela já tinha lido Quadribol Através dos Séculos e mais um monte de livros que depois iria emprestar para Harry, confessou que esse era um dos seus passatempos preferidos, mas Fred e Jorge não acharam uma boa idéia ela tentar a vaga de goleiro que sobrara este ano, ela suspeitava que fosse ciúme porque assim se tornaria uma das garotas mais populares do colégio, no entanto Gina mal sabia que isso já era realidade. Não queremos mais assédio de fãs em cima de você! Ela se lembrou de Fred dizendo. - Você olharia para o Draco? – disse perplexa olhando na direção da lanchonete, e Harry pode entender porquê assim que virou. Draco parecia uma grávida, com três refrigerantes, três pacotes, barras de chocolates em uma mão e na outra uma sacola cheia de bolinhos de caldeirão. Gina teve um ataque de riso enquanto ele se aproximava. Draco despejou as comidas na mesa e estudou a expressão de deboche de Harry: - O quê foi? – perguntou indignado. - Malfoy você trouxe comida suficiente para uma semana! Detesto ter que decepciona-lo mas desta vez você exagerou, ou por acaso você pretende ter uma incrível dor de barriga? – disse Harry olhando da comida para a expressão assustada dele. - Cala a boca, Potter. Vocês vão comer comigo, eu não sou tão maquiavélico assim. Não vou deixar vocês morrerem de fome... – argumentou passando um pacote para cada um – Eu adoro comida trouxa, por isso comprei hamburgers pra gente, e também refrigerantes, chocolate, bolinhos de caldeirão... - Ótimo, eu nunca comi hamburgers! – disse Gina analisando o sanduíche. - Você vai gostar! – garantiu Draco com suas bochechas gordas de tanta comida que ele colocou de uma só vez – Se tem algo em que os trouxas são especialistas é a gastronomia! Eles já haviam comido praticamente tudo, Harry se sentia estufado assim como os outros dois. Gina e Draco disputavam divertidamente o último bolinho de caldeirão e faziam alguns comentários sarcásticos como: “Você é uma máquina destruidora de bolinhos inocentes”, “Você vai acabar perdendo sua profissão por excesso de gordura”, “Há uma terrível profecia sobre o último alimento na mesa e eu odiaria que você morresse...”. Harry se mantinha alheio a essa competição, observando táticas dos jogadores que utilizavam o Campo de Quadribol o quê poderia ser útil para o futuro. De repente ele sentiu que alguém estava olhando fixamente para ele, Harry sentia-se incomodado pela idéia de estar sendo vigiado, começou a procurar quem estaria olhando para ele, até que seus olhos verdes caíram sobre a porta de vidro que separava o saguão de entrada da área de lazer. Uma bruxa provavelmente da mesma idade que ele estava parada ali. Mas Harry não conseguiu ver seu rosto direito, porque um grande chapéu pontudo escondia metade de seus olhos, longos cabelos pretos caíam sobre suas vestes azuis. Ela parecia frágil e delicada, Harry não conseguiu desviar o olhar, aquela menina era tão bonita e ao mesmo tempo tão misteriosa. Os lábios dela se tornaram uma linha fina que traduziu um sorriso, Harry estava paralisado. Ele queria voltar a realidade mas algo o impedia, novamente seu olhar foi atraído para um objeto que ela usava no pescoço, eles estavam a uma distância considerável onde Harry só conseguiu identificar uma serpente, igual aquelas da Marca Negra porém não havia a caveira atrás, somente era uma serpente da qual faltava a outra metade, como se aquilo tivesse sido partido ao meio. O que é isso? pensou olhando com mais força para o objeto Sem dúvida foi feito com uma grande magia negra, eu consigo sentir algo poderoso... A serpente é um símbolo do mal, eu não tenho mais dúvidas disso. Sem se dar conta Harry estava de pé, com olhos arregalados na direção da garota e suava frio. - Harry, você está bem? – disse Gina preocupada. - Potter, o quê está acontecendo? Você viu Voldemort, o mundo vai acabar? – falou Draco cujo tom de voz também demonstrou aflição. - Não – ele se ouviu dizer com uma voz rouca – Eu preciso ir, mas prometam que vocês não vão se mexer daqui – Harry ainda não desviara os olhos da garota. - Eu não prometo nada – garantiu Draco decididamente – Você está muito estranho, eu não sou idiota tem alguma coisa errada aqui, não é? - Me deixem ir sozinho, eu juro que vou voltar – os olhos de Harry encontraram os acinzentados de Draco, e ele pode ver muita determinação – Diga a Mione e ao Rony para não se preocuparem comigo, eu encontro vocês mais tarde... Harry olhou para a menina e ela ainda estava lá para retribuir o olhar com tanta intensidade que ele teve a impressão que ela poderia estar lendo seus pensamentos agora, ou quem sabe enxergando através dele. Inesperadamente ela começou a correr em direção aos andares de cima, se continuasse nesse ritmo ele nunca mais a veria, então Harry saiu correndo atrás dela, praticamente atropelando umas dez pessoas até chegar a divisão de vidro, enquanto Gina gritou desesperada: - Harry, aonde você vai? – ela se levantou para segui-lo, no entanto Draco segurou seu braço. *** *** Hermione girou a maçaneta da porta que fez um pequeno ruído no momento em que ela entrou seguida por Rony. Vítor estava estirado na cama de casal no meio do quarto e levantou sua cabeça para ver quem tinha entrado. Ele levou um susto: - Her-mi-ô-nini! – exclamou levantando rapidamente e indo na direção dela. - Oi... – Hermione respondeu animadamente dando um forte abraço nele – Gostou da surpresa? - É clarro! – Vítor ainda se recuperava do susto, mas com certeza havia ficado muito feliz – Como você está linda, eu nom poderria imaginar que você estava ton perto... – Krum olhou para Rony que havia ficado imóvel como uma grande parede, suas orelhas pareciam queimar de tão vermelhas – Ah, tudo bem Ronald? - Tudo... – ele respondeu enquanto suas sardas se acentuavam mais. - Como você não avisou que vinha eu nem tive tempo de lhe comprrar um presente, mas mesmo assim podemoss ir jantar no restaurrante – Krum disse meigamente a ela. Ele ainda tinha aquelas sobrancelhas grossas. - Quantas vezes eu tenho que te dizer que eu não preciso de presentes? – murmurou entre sorrisos – Mas eu tenho uma idéia melhor sobre o nosso jantar, que tal a gente pedir alguma coisa e comer aqui mesmo? Rony e Krum assentiram. - Eu vou escolher o cardápio de hoje, vocês confiam no meu gosto culinário, né? – disse num tom divertido – Já volto! Hermione foi na cozinha fazer o pedido, Rony ficou observando-a enquanto ela saía. Eu não estou aqui porque quero fazer o papel de superprotetor da Hermione, eu sei que o Harry faria a mesma coisa por ela pensou Rony sentindo-se incomodado por uma idéia que cutucava seus pensamentos, ele se lembrou de Vítor em Hogwarts encantado por Hermione Aonde eu estava quando isto aconteceu? e de repente Rony se deu conta que estava preocupado demais em conquistar Fleur e assim Hermione ficou mais distante dele. Eu não quero que ela se afaste de mim, no entanto talvez isso não signifique necessariamente que eu goste dela desse jeito que eu acho que gosto... - O quê você achou do hotel? – perguntou Krum soando simpático. - Ah, legal! – Rony balançou a cabeça para voltar de suas lembranças. Sem se dar conta ele já mergulhara novamente em seus pensamentos e estava analisando o jogador búlgaro. Vítor é grande demais para ela, e também extremamente velho... - Talvez na próxima semana iremos jogar contra o Chudley Cannons uma partida amistosa, é o seu time preferido? – Vítor Krum disse numa voz grossa. - Sim, vocês vão usar o Campo do hotel? – na verdade Rony o admirava porque ele sempre foi um craque em termos de quadribol, e isso era um fato separado dele ter se apaixonado por Hermione e eles serem não serem o casal perfeito, em nenhum momento Rony deixou de gostar de Krum. - Vamos, eu te aviso quando for o jogo para vocês virem assistir – quando ele terminou de falar Hermione entrou no quarto novamente... - Pronto! Logo deve estar chegando... No mesmo instante eles ouviram alguém bater na porta, e Hermione ficou com vergonha pela coincidência ter soado tão engraçada. Rony reparou como ela ficava bonita sem jeito e em seguida tomando ciência do quê havia pensado se repreendeu Você está ficando maluco? Nem em sonho... como você foi capaz de pensar nisso? Você tem que protege-la e não se apaixonar por ela. Eu nunca vou deixar que nada de mal aconteça a Hermione... ** ** - O Potter sabe o quê vai fazer – garantiu Draco olhando profundamente nos olhos de Gina – Ele já está bem crescidinho pra isso, então que tal você confiar nele? - Você quer saber o que eu estou sentindo? – falou Gina escondendo o rosto com as mãos. - Quero. - Eu estou com medo que algo de ruim aconteça com o Harry – sua voz misturava melancolia e aflição – Ele jamais sairia assim... só se fosse alguma coisa realmente urgente, e geralmente as coisas urgentes sempre representam perigo pra ele... - Não se preocupe – disse Draco firmemente colocando suas mãos no ombro dela – Ele é bom nisso, quero dizer, quantas vezes coisas muito piores poderiam ter acontecido e o Potter conseguiu superar? - Desta vez eu consigo pressagiar que um segredo muito mais tenebroso está dirigindo está história, Harry pode precisar de ajuda... – os olhos de Gina encontraram os de Draco e eles se entreolharam por um instante antes dele se jogar em uma cadeira desanimado – O quê você sabe? - Nada além do que todos sabem. Vendo você tão nervosa por causa do Potter tenho que admitir que sinto inveja dele – de repente o chão se tornou um passatempo muito interessante para Draco – Eu posso ler nos seus olhos o quanto você o ama, eu seria feliz se me amassem tanto. - Não seja dramático – ela colocou levemente sua mão sobre a dele e quando os olhos acinzentados de Draco encontraram os dela, Gina percebeu que ele estava sendo sincero – Se isso não soar patético demais eu gostaria que você soubesse que está sendo injusto dizendo essas coisas... porque você não sabe o que eu sinto por você, nem ao menos se importou com o que eu penso. - Eu já sei a resposta – replicou secamente tirando a mão de perto da dela – Pra quê vou te perguntar se depois de ouvir sua opinião vou me sentir pior do que antes? Eu sei que se fosse comigo ninguém estaria tão preocupado, é meio idiota mas eu sinto vontade de ter amigos como o Potter... - Draco, você está arrependido? – indagou determinada – Não aja como se sentisse o contrário, sinceramente eu não te entendo, você é tão diferente do Harry e mesmo assim eu confesso que vou sentir saudades se você resolver nos abandonar logo agora... - Não faça isso, porque eu sempre imaginei você me criticando e eu correspondendo suas expectativas dizendo palavras grosseiras... é estranho conversar com você como se a gente fosse amigos há anos – ele sorriu recuperando a mesma aparência de sempre – Quer saber o que eu estou pensando? - Ahã - Que eu não me importo se vocês gostam de mim ou não, esqueça o que eu disse sobre amizade, eu sou a pessoa menos indicada para falar disso. Eu não penso em desistir de achar o talismã, quem sabe com a convivência eu aprenda a mentir tão bem quanto vocês! – disse enquanto Gina franziu a testa. - Estou chocada! – falou perplexa – Você me surpreende cada vez mais... - Eu sei que você deve ter um milhão de queixas sobre mim, e com razão porém esta não é a hora para tentar me redimir – sua voz recuperou a força – Então vamos procurar o Weasley e a Granger para dizer que o Potter sumiu e não sabemos o quê fazer. Gina se levantou olhando divertidamente para ele, os cabelos de Draco estavam muito loiros à luz artificial do campo e tudo isso combinava com sua pele clara e suas bochechas rosadas. Será que ele não se importa mesmo? Perguntou tentando ler a expressão dele. ** ** Hermione e Vítor Krum estavam conversando na varanda após o jantar, e Rony havia ficado olhando a coleção de troféus e uniformes de times de Quadribol que o jogado tinha pendurada na parede, na verdade era para ele se distrair com isso. Embora algo o incomodasse, ele não conseguia despregar os olhos do casal sentado na varanda. Krum por vezes fazia cafuné em Hermione, brincava com os delicados cachos que se formavam no cabelo da menina e dava pequenos beijos nela. Por mais que Rony tentasse não conseguia prender sua atenção nos troféus na parede, ele olhava severamente para os dois, e se sentia cada vez mais como um guardião ali parado vigiando cada passo de Hermione. Contudo era isso que ele queria, cuidar dela para que ninguém nunca pudesse magoa-la e o que era mais irritante é que Vítor parecia gostar dela sinceramente e nunca iria lhe fazer mal. Rony experimentava uma sensação que só sentira uma vez na vida: Ao ver Hermione com um lindo vestido azul no Baile de Inverno sendo par de Vítor Krum. Rony sentia vontade de estar com Hermione, de tirar Krum dali sem nenhum aparente, queria a antiga Mione do primeiro ano em Hogwarts, autoritária e sem nenhum namorado. Rony achou que fosse um sentimento de egoísmo, mas se fizesse um exame mais detalhado perceberia que era puro ciúmes mesmo. Quando os dois começaram a se beijar pra valer, Rony sentiu algo como se estivessem comprimindo seu coração... ele não precisava ficar assistindo aquela cena e também achou uma tremenda falta de respeito de Hermione e Krum ficar se agarrando na frente dele. No entanto como eles eram namorados e ainda não tinham o poder de ler a mente de Rony, agiam como casais normais e continuaram namorando na maior inocência... Rony sentiu que uma força maior o impulsionava a fazer os dois pararem com aquilo, como uma obrigação de preservar Hermione dos braços de Krum, por mais idiota que isso soasse para ele próprio. Inesperadamente ele foi lá e puxou Hermione com tanta rapidez e determinação que a garota quase caiu no chão, agora havia duas pessoas assustadas encarando Rony e pedindo uma explicação: - Desculpe, mas acabei de me lembrar que Harry está nos esperando em casa por isto não podemos demorar muito tempo aqui. Sabe como é... ele pode achar que fomos assassinados por Comensais da Morte e sair desesperado pela cidade inteira – explicou-se Rony praticamente embolando as palavras de tão rápido que falava. - ... – ninguém estava entendendo mais nada, Rony parecia um maluco e os outros estavam tontos demais para conseguir pronunciar qualquer objeção. Rony puxava Hermione pelo braço e estava arrastando-a até a porta, murmurando mil argumentos enquanto Krum olhava abobado para tudo. - Não se preocupe, realmente precisamos ir – e dizendo isso bateu a porta deixando Vítor Krum sozinho no quarto. Quando Hermione e Rony ficaram a sós do outro lado da porta ela perguntou: - Por quê você fez isso? – disse com uma nota de rispidez. Rony não respondeu apenas a encarou com uma expressão decidida e continuou andando e puxando-a pelo braço. Hermione estava confusa, mas acima de tudo estava braba porque nada justificaria Rony a ter tirado do quarto daquela maneira, ele não tinha direito. Foi muito estúpido o quê ele fez com Vítor... - Pare de fugir, Rony – exclamou ela tirando com força seus braços e fazendo ele parar de andar – Você poderia me explicar o que houve para me arrastar fora do quarto... não diga que recebeu uma mensagem telepática do Harry dizendo que está com problemas porque eu não vou acreditar! - Hermione... você nunca entenderia! – replicou com vigor ao mesmo tempo em que suas orelhas ficavam levemente rosadas. - Por quê você não tenta me explicar? – ela queria ler nos olhos de Rony o quê estava acontecendo, mas estava tão indignada que qualquer tentativa que fizesse para entende-lo seria frustrada – Eu não preciso da sua proteção idiota, nem que você me trate como se eu fosse uma boneca numa redoma de vidro... - Ótimo! – disse no mesmo tom de voz – Então entre de novo naquele quarto e fique com o Krum, mas vou avisando que você vai se arrepender depois – Hermione com uma expressão furiosamente decidida deu as costas para Rony e colocou sua mão sobre a maçaneta, mas ela resolveu perguntar uma coisa que a tinha deixado em dúvida. - Por quê eu vou me arrepender? – falou num tom hesitante. - Você não sabe o que quer, então não faça isso – falou firmemente. - Você está ficando maluco? – ela estava desnorteada, completamente atônita – Eu já estou ficando cheia dessa sua obsessão em me proteger de tudo e de todos – Hermione jogou as mãos indignada – Não, Ronald Weasley! Você não é o meu pai e você não sabe o que eu estou sentindo... chega de bancar o pretensioso! - Pretensioso? Eu? – falou numa voz aguda – Eu só queria que você não fosse tão distraída e percebesse algumas coisas óbvias, mas acho que exigi demais de você... Eles ficaram em silêncio, agora os dois estavam a poucos centímetros de distância. Hermione conseguia sentir a respiração acelerada de Rony, e toda aquela discussão havia deixado-a com um peso no coração, como se há muito tempo devesse algo a Rony e nunca se lembrara de pagar. Suas mãos tremiam, ela conseguia traduzir alguma coisa como infelicidade nos olhos dele. - Hermione... – ele murmurou olhando profundamente nos olhos dela – Você é tão burra! O clima de romance foi interrompido por Draco e Gina que chegaram repentinamente muito cansados ao pé da escada. - Eu sinto muito tem que estragar a melhor parte, no entanto temos grandes problemas! – falou Draco ofegante se apoiando no corrimão. - Alguém já te disse que você é muito engraçado! – retorceu Rony evocativo – Nós estávamos muito bem sem vocês... aí vocês aparecem correndo igual a um condenados e estragam o momento mais feliz do dia dizendo “Eu sinto muito, mas o mundo vai acabar!” e coisas do gênero... - Seja espirituoso... – pediu Draco sem nem ficar vermelho – Vocês podem namorar depois, no entanto não sei se Harry pode esperar! - O quê houve? – interrompeu Hermione esquecendo os comentários anteriores. - Ele saiu correndo atrás de uma menina que estava parada no saguão de entrada do hotel – arfou Gina apressadamente. - Eu sabia que Harry tinha desistido da Cho, mas não imaginava que ele estivesse tão desesperado! – brincou Rony e levou alguns tapinhas de Gina. - É sério! – ela enfatizou com uma voz quase suplicante – Harry estava muito estranho, eu acho que devemos procura-lo o mais rápido possível antes que algo ruim aconteça... ** ** Assim que Harry havia conseguido sair do Campo de Quadribol ele viu a menina entrar numa porta de metal. Ele a seguiu e se espantou com a facilidade que ela tinha aberto a porta, porque do modo que ela fez pareceu muito fácil, mas na verdade o metal era bastante pesado e difícil de empurrar. Era um lugar escuro e fechado, as paredes eram úmidas e frias e logo no começo havia uma escada, aliás a única coisa que existia depois daquela porta. Harry olhou para cima tentando enxergar alguém, e assim viu dois pares de olhos verdes e penetrantes observando-o. Agora o chapéu azul não escondia mais o rosto da bruxa, e Harry ficou assustado com ela. Como ela podia ser tão bonita? Os olhos dela eram iguais aos de Harry, vivos e alegres, porém tinham algo a mais talvez fosse alguma coisa que Harry não conseguia decifrar naquele momento e que o intrigava. - Espere! – ele gritou subindo ligeiramente as escadas, mas teria sido melhor se não tivesse dito nada porque a garota arregalou os olhos, em sinal de medo pensou ele, e voltou a subir os degraus que dariam sei lá aonde. Harry já estava cansado de tanto subir escadas, já que a bruxa não ouvia suas palavras. Seu peito erguia e declinava rapidamente, suas forças estavam acabando. Aquele não fora um dia bom, não achou nenhuma pista sobre a maldição depois de viajar horas dentro de um trem e ter que suportar a saudade de seus pais, ele estava exausto. Contudo Harry não podia deixar essa menina simplesmente desaparecer, uma magia maior o atraía para ela, aquele colar era tão estranho e tão familiar ao mesmo tempo... Finalmente Harry conseguia ver a saída, o outro lado daquele labirinto gigante. Ele ofegava muito, mas tinha em mente a determinação. Só faltam três degraus... pensava com força. A menina escancarou a porta e fez o coração de Harry disparar de susto, ele ficou imóvel. - Quem é você? – gaguejou. No entanto a bruxa tirou o chapéu como se fosse cumprimenta-lo e virou deixando-o para trás – Não vá! – chamou Harry desesperadamente – Eu ainda preciso falar com você! Ele suspirou e correu em direção a porta, com um incrível esforço para abri-la, no instante que pôs seus pés para fora, supôs que estavam no terraço do hotel, não havia nada e nem ninguém lá. Ele sorriu consigo mesmo, agora ela estava mais perto do que estivera: - Não fuja! – ele pediu mas ela continuava correndo em frente mesmo que não tivesse mais para onde ir. Harry correu em direção a ela, ela também corria no entanto ele era muito mais rápido. Agora ele estava tão perto, porém a única maneira de faze-la parar seria obrigando-a. Harry se jogou em cima dela, e os dois rolaram pra longe, ele a abraçou para ter certeza que ela não fugiria e também para protege-la da queda. Quando eles pararam de rolar Harry sentiu seu corpo dolorido e o joelho ralado, e em baixo dele estava caída a menina que ofegava e murmurava alguns gemidos. - Quem é você? – ele repetiu a pergunta. - Você não tinha métodos menos doloridos para me fazer parar! – ela reclamou com a voz esganiçada. - Você corre muito! – admitiu ele com um tom irônico – Por acaso você não tinha uma maneira mais simpática de me dizer oi? - Ah, isso foi muito engraçado! – era estranho conversar com ela, porque seus olhos o hipnotizavam e Harry tinha a sensação que o mesmo acontecia com ela. Quando seus olhos se encontravam era como se mais nada existisse. - Porquê você fugiu de mim? – disse Harry no seu tom mais normal como se já a conhecesse há anos. - Porque eu sabia que você iria me seguir – ela falou com tanta convicção que isso deu arrepios em Harry. - Como assim? - A maioria dos mortais segue seu passado, por mais que ele os faça sofrer – sua voz soou tenebrosa. Harry contemplou sue rosto, as bochechas rosadas e seus olhos claros contrastando com seu cabelo negro... era fascinante como essa menina conseguia prender a atenção dele. - Meu passado...? – Harry se viu perdido em mil reflexões – O quê esse colar representa? – ele pegou o pingente com a metade de uma serpente e nesse momento ele sentiu a fraca respiração dela, e pode perceber que ela estava trêmula e os dois por pouco não estavam se beijando. - Ei, você é muito bonitinho mas eu não quero intimidades por enquanto! – ela sorriu divertidamente – Será que você pode sair de cima de mim? Só agora Harry se deu conta da posição em que eles estavam, ele ficou muito sem graça e corando levemente se levantou. - A propósito, meu nome é Tathy e acho que posso te ajudar com A Maldição do passado... vê este talismã? É a primeira parte que aprisiona sua alma – disse como se estivessem discutindo o almoço de amanhã. - Puxa! A cada segundo que passa eu te acho mais simpática! – Harry falou num tom engraçado – Eu mal te conheço e você já possui a coisa mais importante da minha vida... e o quê mais você tem para me surpreender? - Já não é o suficiente? – ela ofereceu uma mão para ajudar Harry a se levantar, ele ainda estava sentado no chão olhando curiosamente para ela. Assim que os dois ficaram frente a frente Harry sentiu um leve frio na barriga, talvez fosse porque Tathy tinha um olhar misterioso como se ainda escondesse muitas coisas das quais Harry tinha absoluto interesse. - Como você sabia da Maldição e como sabia que eu estaria aqui? – ele ficou confuso com toda essa reviravolta. Porque antes tinha certeza que somente Voldemort e seus amigos conheciam o feitiço e agora se deparara com alguém que também fazia parte de toda a história. - Eu tenho o talismã, certo? Passei anos pesquisando o que ele significava... – ela disse seriamente – Eu não sou tão tola a ponto de não perceber que está serpente é um símbolo que precisa ser decifrado, e também ela está quebrada ao meio. O quê pode ter causado isto? - Eu não sei – respondeu Harry desviando o olhar. - Mentiroso! – ela sorriu docemente – Há pouco tempo no Egito eu achei escrituras antigas que ensinavam passo a passo a Quarta Maldição Imperdoável, por isto ela não foi uma invenção do querido Tom Riddle! Possuindo este talismã e sabendo da sua história foi fácil deduzir que você era o sortudo que tinha sua alma aprisionada aqui. - Perdoe a minha ignorância, mas você se importa de dizer como me encontrou? – replicou Harry encarando-a. - Enquanto o talismã chama o Riddle, ele leva diretamente a você! – Tathy se aproximou até conseguir olhar profundamente nos olhos de Harry, para que ele não tivesse dúvidas – Confie em mim, eu quero te ajudar a resolver este problema... Harry virou de costas e andou alguns passos, ele olhava o céu como se lá estivesse a resposta ou pelo menos alguma ajuda. Será que posso acreditar nela? Harry se perguntou, porque realmente ele não esperava que Tathy soubesse de absolutamente tudo tão bem quanto ele, estivesse tão envolvida nessa história como se participasse dela como Harry Afinal o quê a faz pertencer a tudo isso? Porque ela quer me ajudar? Uma coisa é garantida, ela está com a minha alma e eu preciso do que ela tem... não posso deixar que ela vá embora, a qualquer momento Voldemort pode encontra-la. - Quem é você? – ele murmurou hesitante – Por favor, você está me deixando desnorteado... eu preciso da sua ajuda porém isto não significa que eu acredite sinceramente nela. - Harry, você é tão esperto! – ela sussurrou terminantemente – Você conseguiu descobrir tantas coisas sobre seu passado nesses últimos quatro anos, e em momento nenhum deixou que seus sentimentos te atrapalhassem. Não fique preocupado, você só está desvendando cada vez mais sua história embora isto te traga dor e muitos conflitos. - Às vezes eu acho que meu passado é impenetrável, que foi enterrado junto com meus pais – ele deu de ombros, e continuou desanimado – Por quê toda vez que tento chegar perto dele tenho que ariscar a minha vida e das pessoas que eu amo? Por quê agora estou me sentindo perdido, sempre estou aprendendo mais sobre mim mesmo e parece que em todo caso a mais coisa para ser aprendida. Dumbledore devia --- - Você conhece Alvo Dumbledore? – os olhos de Tathy se arregalaram com a menção do nome do diretor e ela pareceu ligeiramente perplexa, embora tentando disfarçar isto. - Dumbledore é o único que sabe de tudo o que eu enfrentei até hoje, aliás ele até vive as aventuras comigo... – Harry disse prestando atenção na expressão da garota – Ele é um dos bruxos mais inteligentes que já conheci, mas é como se fosse um labirinto do qual eu precise estudar muito para achar a saída... Eu sei que Dumbledore sabe cada detalhe sobre meu pai e minha mãe, sobre a criação de Voldemort e sua decadência, ele é muito sábio só que nunca compartilha do conhecimento dele comigo, sempre deixa minhas perguntas no ar como se o meu destino fosse ir atrás das respostas... - O Dumbledore...! – Tathy exclamou como se tivesse saudades dele – Sempre do mesmo jeito... Harry, ele omite muitas coisas de você no entanto não é por maldade, ele quer te proteger. Tudo que ele puder resolver sem te chamar ele fará só pra te poupar – sua voz soava em tons mais sérios – É muito carinhoso da parte dele, mas eu também já passei por isto que você tem que enfrentar agora... Dumbledore era meu protetor, porém chegou um momento que eu não pude contar com a ajuda dele e isso doeu muito. Minhas questões foram respondidas e nem ele pode evitar que toda a verdade aparecesse – Tathy quis consola-lo. Manchas negras começaram a dançar na vista de Harry, ele sentiu como se o chão fosse feito de gelatina, e seus movimentos não fossem seguros. Harry conhecia essa dor, uma dor de cabeça intensa vindo da sua cicatriz. Ele não entendia se era porque ele fazia muito esforço para entender o que ela dizia, se foi o jeito que Tathy falou de Dumbledore ou se foi perceber que ela tinha razão quando dizia que Alvo omitia segredos importantes dos quais Harry buscava saber e ao mesmo tempo tinha medo de encara-los. A dor se tornou mais forte, sua cicatriz queima tanto... ele caiu de joelhos no chão com lágrimas marejando seus olhos de tanta dor. Por quê minha cicatriz dói? Será que Voldemort está por perto? pensou entre pontadas como se fossem agulhas entrando em seus pensamentos. Era uma dor horrível, insuportável. Sua visão estava embaçada, mas ele conseguiu ver Tathy se afastando com uma expressão horrorizada e suas mãos na boca. Aos poucos a dor foi passando e sua cicatriz não ardia mais até voltar ao normal. Harry passou a palma da mão sobre a cicatriz para se certificar de que nada de errado estava acontecendo e sentia que suava muito. Com a respiração acelerada ele encontrou o olhar da menina que se mantinha o mais longe possível com os olhos arregalados. - Harry você está bem? – ela perguntou numa voz fraca e vacilante. - Isto sempre acontece quando Voldemort está por perto – Harry respondeu decididamente olhando para os lados – Ele está me seguindo, ele está atrás do talismã... foi tão real, tão vívido – Harry estava muito intrigado – Eu não posso estar tão enganado--- - Eu sinto muito, Harry – interrompeu Tathy terminantemente – Mas eu consigo pressentir quando há muita magia negra concentrada em uma pessoa, e infelizmente agora eu não senti nada... Harry olhou desconfiado para ela e passou a mão novamente sobre a cicatriz e constatou que parecia normal. O quê ela sabe sobre cicatrizes? pensou aborrecido Ela pode não ter percebido a presença dele, ninguém é perfeito e eu não posso fingir que a minha cicatriz não ardeu como se Voldemort estivesse a poucos centímetros de mim... - Tudo bem – ele respondeu dando de ombros – Talvez seja meio impossível Voldemort estar aqui e nem ao menos haver feixes de luz verde tentando me atingir. Eles ficaram por um bom tempo em silêncio, Tathy sentou do lado de Harry e ele começou a brincar com uns galinhos que haviam espalhados pelo chão. Sua expressão era séria e ele olhava fixamente para o chão, embora ela soubesse que seus pensamentos estavam muito longe dali. Tathy olhou para o céu estrelado e ficou um pouco desanimada pensando em todos os problemas que havia trazido para Harry com a sua presença, porém isto seria inevitável. Ela podia sentir todo o medo e a aflição de Harry como se esses sentimentos passassem dela para ele, e então os dois ficavam muito perturbados com a situação. Na verdade o que incomodava Harry não era ter que sacrificar sua vida por seus amigos ou correr grandes perigos, de certa forma ele já havia se acostumado com isso. Era estranho acordar de repente e perceber que há muitos feitiços a serem aprendidos, batalhas para serem vencidas e segredos que podem mudar totalmente o rumo da sua visão sobre o passado. Ele anseia por tudo isso, mas não pode negar que esta se tornava a batalha mais difícil de sua vida. Tathy encostou sua cabeça no ombro de Harry, ela estava fatalmente esgotada, e não sentia-se nada bem em ver Harry triste daquele jeito. Ela admitia sua parcela de culpa pelo estado dele, afinal quanta informação ela despejara em cima dele, e não eram as melhores notícias. Realmente Tathy estava cansada, e deitada no ombro de Harry achava que não o deixava tão solitário e abandonado para refletir sobre as novidades. - Tathy... – ele começou suavemente. - Não diga nada! – ela pediu colocando sua mão delicadamente na boca dele para faze-lo parar – Eu não fiz isso porque estou querendo me insinuar pra você, e nem quero que você seja meu namorado quando sairmos daqui. Eu só fiz isso porque agora estou com vontade, entendeu? – seu tom de voz foi se tornando cada vez mais baixo – Por favor, me deixe ficar assim... - Ok – murmurou e agora ele entrou em seus pensamentos como se caísse num abismo sem fim. Tantas coisas esquisitas estão acontecendo agora... seu coração não queria pensar nestes assuntos, no entanto a razão predominava e praticamente obrigava Harry a esclarecer tudo em sua mente O Malfoy também foi vítima na passagem secreta, mas ele continuou do meu lado, as atitudes dele foram surpreendentes porque ele não demonstrou arrependimento por não ter me abandonado. Eu descubro que a pior Maldição de todos os tempos foi lançada em mim, e essa revelação ao mesmo tempo é tão assustadora e anestesiante, porque eu não me importo de morrer. Mas o quê é mais intrigante, o quê me causa mais impacto é ter conhecido ela. Harry sentiu que quando pensou em Tathy sua consciência ganhou uns quilos a mais, agora ele sentia cada pedaço do corpo dela encostado ao dele. A primeira impressão que Harry teve quando a viu foi que ela era uma menina muito bonita e seu olhar ocultava algo que ele não conseguia explicar o que era. Neste momento que ela estava tão perto dele, Harry sentiu que somado as suas primeiras características ela ainda era, quem sabe tão inteligente quanto Hermione, talvez a palavra fosse esperta, e também frágil como se apesar de toda força ela precisasse de alguém para ampara-la em grandes dificuldades. Eu também me sinto assim às vezes, preciso parar e recuperar minha energia involuntariamente Harry sentia uma sensação como se uma pedra de gelo afundasse em seu estômago Não sei porquê, mas fico feliz que ela confie tanto em mim a ponto de mesmo que indiretamente pedir minha ajuda e de certa forma me ajudar. - Você sabe o quê eu estou pensando agora? – perguntou Harry num tom fúnebre. - Eu imagino! – Tathy respondeu categoricamente – Eu odeio essa menina, ela fica colocando minhocas na minha cabeça, retorcendo tudo de bom que existia na minha vida e ainda tem a audácia de dizer que o pior está por vir. - Não era exatamente isso – ele disse – Quando eu consegui voltar com a chave do portal no quarto ano, eu vi tudo que Voldemort é capaz de fazer. Ele tem grande influência sobre as pessoas, Bartô Crouch se transformou num homicida para seguir seu mestre... definitivamente foi uma maluquice o que ele fez, mas se o plano tivesse dado certo hoje eu não estaria mais aqui – Harry suspirou – Dumbledore convocou velhos aliados para algo que eu não sei o que é, mas eu percebi que ele estava pálido como nunca e já esperava que algo pior do que lutas, feitiços de tortura e sangue estivessem esperando o momento certo pra explodir. Eu só preciso de uma coisa, que você me ajude que esteja do meu lado pra me ajudar--- Harry parou de falar, era difícil demonstrar sua fraqueza diante da situação, porém ele não conseguia esconder que estava cansado de toda a sua vida ser marcada por descobertas desastrosas, e saber que por um ódio inexplicável Tiago e Lílian não estavam com ele, vivos... tudo por culpa de Voldemort, que agora o perseguia também... Harry sentiu vontade de sair correndo atrás do Lord das Trevas para faze-lo pagar por todo o sofrimento que ele estava causando, por um motivo que Harry algum dia ainda iria descobrir... ele sentia falta de seus pais, queria o carinho deles nesse momento, porém isso era impossível. Harry nunca foi bom em pedir ajuda, nem mesmo aos seus melhores amigos, só que agora ele começava a aprender. - Não fique com toda essa responsabilidade pra si mesmo – Tathy encarou Harry com absoluta certeza do que dizia, ela não sentia pena dele apenas queria ajuda-lo como qualquer amiga faria – Nem mesmo você, famoso Harry Potter, pode resolver todos os problemas sozinhos! Tathy tinha cabelos tão negros, que na opinião de Harry pareciam guardar toda a escuridão da noite e também todos os feitiços com magia negra e tudo que deixasse a visão de uma pessoa obscura. Aqueles cabelos negros, lisos e compridos protegiam Tathy de algo muito tenebroso que vivia rondando-a, mas os olhos dela traziam tanta paz e tranqüilidade. Como se fosse um lago de águas verdes cristalinas onde Harry quisesse mergulhar para se sentir longe de toda aquela confusão. Raramente Harry já tinha encontrado olhos tão vivos, ele tinha a impressão que ali estava a chave para entrar na alma de Tathy só seria necessário acha-la. Os olhos dela eram tão transparentes e sinceros, Harry gostava do modo que ela olhava para ele, como se no mais profundo do ser dela existisse uma grande essência do bem. Harry sabia que Tathy deveria ser alguém especial, ela certamente não era uma bruxa comum. Se não tivesse cabelos escuros Harry acharia que ela fosse uma veela, ou quem sabe um ser encantado, porque ela era tão delicada e bonita por fora e tinha a força de uma guerreira por dentro. Mas depois ele descobriria quais segredos que ela omitia, depois. Agora ele não tinha nem tempo nem inclinação para isso. O quê será que ela vê em mim? se perguntou ainda observando o jeito dela. BAM! Um estrondo ensurdecedor fez Harry e Tathy ficarem de pé assustados, enquanto seus corações davam solavancos. Os dois estavam com a varinha em punho e apontavam para a porta de metal que havia se escancarado de repente Harry sentiu toda a sua coragem de volta ele estava pronto se Voldemort quisesse duelar com ele agora. Mas contrariando as expectativas, Hermione, Rony, Gina e Draco apareceram espantados do outro lado. ** ** - Harry, você devia ter nos avisado! – exclamou Hermione braba ao mesmo tempo em que parecia aliviada. - Oi pra vocês também, já que vocês me perguntaram estou bem não se preocupem! – disse Harry com um sorriso sarcástico. - Preocupação...! – repetiu Rony perplexo – Você definitivamente perdeu a noção do que faz! Há mais do que um feitiço imbecil e uma lenda envolvida nessa história. É o futuro do mundo mágico, e a sua vida! - O quê foi? – Harry indagou confuso. - Nada em particular só algo que se chama “Alma”, talvez você saiba o que é e também saiba que Você-Sabe-Quem só quer uma oportunidade de te ver distraído pra te matar, não se esqueça que esse foi o plano dele durante 14 anos e não seria agora que ele mudaria de opinião. – crepitou Hermione com veemência. - Eu sei, mas isto não vai funcionar comigo... – argumentou Harry tentando tranqüiliza-los – Não é tão terrível, eu estou aqui! - E eu tenho que admitir que fico feliz que a gente possa continuar atrás do talismã e correr o risco de morrer com o Avada Kedrava! – Rony sorriu maliciosamente – Estou até com vontade de ter que enfrentar aranhas gigantes... Malfoy assistia a cena mais como observador do que como se participasse dela. Afinal ele sabia que Harry estava bem, então não tinha que ficar paparicando-o como uma velha chata. Além do mais porque conhecendo magia negra como conhecia sabia que valores muito importantes estavam em jogo, e que não deveriam perder tempo com bobagens. Ele viu que havia uma outra bruxa que até poderia estar no mesmo ano que eles em Hogwarts, quem sabe mesmo na Sonserina. E definitivamente essa menina trazia novas notícias. - O quê você descobriu, Potter? – disse Draco olhando para Tathy que estava parada perto do garoto. - Que realmente eu estou envolvido numa história diabólica – ele respondeu – Mas acho melhor darmos fora daqui. Harry percebeu que seus amigos haviam notado a presença de Tathy, e meio sem graça por não ter feito isso antes resolveu apresentar a menina: - Esta é a Tathy, uma amiga que eu acabei de fazer. Vocês podem confiar nela porque ela sabe de tudo e então também poderá nos ajudar... – muitos sorrisos de boas-vindas e alguns acenos com a mão – E estes são: Rony, Hermione, Gina e Draco. - Muito prazer! – cumprimentou alegremente. - Então vamos? – disse Harry virando-se e tomando a dianteira do grupo. Enquanto os outros foram conversar com Tathy, Draco foi ao lado de Harry para conversar. - Potter, porquê você ainda não disse que achou a metade do talismã e que agora só falta arranjar um jeito de destruí-lo? – indagou Draco seriamente fazendo com que Harry se sentisse pressionado. - Eu vou dizer isso com calma quando estivermos em casa – ele estudou a expressão do Malfoy e uma idéia lhe surgiu – Você sempre soube da existência da Quarta Maldição Imperdoável, não é? Todos os Comensais da Morte sabiam dos planos de Voldemort... - Não ache que eu sou perverso por não ter dito nada enquanto estamos felizes na passagem secreta... – ele se defendeu – Eu nunca imaginei que essa maldição fosse algo concreto, no meu ponto de vista parecia mais uma ilusão... Mas agora me corrija se eu estiver errado, a Tathy sabe além daquilo que você queria ou sequer pensou que fosse possível? - Sim – Harry respondeu encarando os olhos concentrados de Draco, por um instante ele percebeu que os dois estavam com expressões idênticas de determinação. - Isso não é nada bom... – concluiu num murmúrio pra que ninguém mais pudesse ouvir – Você não pode ter certeza que ela está tramando algo contra você, no entanto pessoas assim que sabem demais me assustam... - Eu concordo – Harry retribuiu o olhar – Mas vou ficar de olhos bem abertos caso ela tenha alguma coisa que nós precisamos descobrir... *** *** Já fazia algumas horas que eles haviam chegado em casa novamente, para Harry isto foi um alívio porque o dia foi muito cansativo e o que ele mais desejava era poder dormir durante o tempo que fosse necessário pra organizar suas idéias que estavam todas embaralhadas e finalmente descansar até o dia seguinte. Mesmo sentindo-se completamente exausto conseguiu perceber que o jantar com Vítor Krum não devia ter sido um dos melhores programas de Rony e Hermione, porque ele lhe contou depois como foi o jantar e toda aquela complicação que havia acontecido, simplesmente porque Hermione não entendeu a verdadeira intenção dele, reclamou Rony indignado. Francamente Harry achou que nem o próprio Rony tinha entendido o que estava sentindo por ela. Draco dava alguns conselhos que faziam Rony ter ataques súbitos de raiva e sair batendo em nele, Harry se divertia com as ameaças do amigo diante das colocações do Malfoy. Era divertido ver Draco provocando Rony por um motivo ao óbvio, então Harry aproveitava para entrar na conversa e amenizar a situação com algumas opiniões menos irônicas. Depois de passar um bom tempo falando com os dois, Harry gostou de sentir que Rony e Draco tinham esquecido muitas lembranças do passado, porque quem os visse agora pensaria que os três eram velhos amigos metidos numa baita encrenca. Se eles ainda lembravam das ofensas que faziam diariamente em Hogwarts, não demonstravam o menor sinal disso, nem ao menos Harry, toda essa bagagem tinha sido deixada para trás assim como a temporada de vida calma de Harry. Sem dúvidas entre os três não havia traidores e nem segredos, Draco se mostrou muito diferente quando visto como um aliado. Ele era ambicioso e esperto, e todas essas características ajudavam muito quando está envolvido numa história que precisa ter coragem e inteligência para vencer os poderes de Voldemort. Se Rony, Harry e Draco permanecessem unidos ninguém poderia derrota-los facilmente porque aos poucos surgia uma amizade muito forte, uma amizade que nem Dumbledore e nem nenhum sábio poderia prever. Harry se lembrou que um dia o diretor lhe disse que quando duas pessoas muito diferentes se cruzam, ou eles serão amigos leais e inseparáveis ou então inimigos mortais. E era o que acontecia com eles neste momento, com essas idéias Harry caiu no sono e ele teve a impressão de que pouco se passou até que alguma coisa o segurava pelos ombros e estava sacudindo-o. - Harry! Harry, acorde! Por favor! Uma voz extremamente aflita o chamava, ele estava vagamente ciente de alguém estar gritando e aos poucos seu cérebro ia absorvendo toda aquela informação.Suas pálpebras se abriram e seus olhos verdes focalizaram Gina, com uma expressão suplicante e lágrimas marejavam os olhos castanhos dela. - Acorde! – ela sobressaltou quase que implorando. Ainda era noite, madrugada deduziu Harry. O céu estava escuro e não havia o menor sinal de que o Sol estava prestes a chegar, só a luz da Lua que iluminava a garota em frente a ele. Esfregando a mão no rosto e apanhando os óculos que de preferência ficavam por perto quando ele dormia, Harry tomou mais consciência e encarou Gina. - O quê houve? – disse meio acordado, meio dormindo. - Tathy...– ela disse desesperada – Ela sumiu! Simplesmente desapareceu, não está mais aonde deveria estar dormindo com a gente! E como você contou que ela possui o talismã eu achei que realmente valia a pena te acordar por isso! Harry ficou em choque, definitivamente o que ele menos precisava é que Tathy fosse embora e levasse o talismã junto com ela... - Você não tem idéia de onde ela pode ter ido? – perguntou espantado. - Ela comentou hoje à noite que adorava as florestas que praticamente fora criada em uma delas – sugeriu com as lágrimas se tornando tão fortes que era quase impossível controla-las. - Grande pista considerando que temos uma floresta no quintal – disse Harry mais aliviado e decidido também – Vamos procura-la agora mesmo! Você vai para o lado Sul e eu para o lado Norte, a propósito pegue sua varinha e tome cuidado eu vou me sentir muito culpado se algo de ruim acontecer com você... - Sabe o que eu mais odeio que façam comigo? – Gina disse se recuperando do susto – Que me tratem como se eu fosse uma criancinha indefesa... não se preocupe, eu vou te ajudar... - Ótimo – consentiu e Gina subiu para pegar sua varinha, Harry olhou para Rony e comentou baixinho – Sorte que você dorme igual a uma pedra extremamente surda, nem ao menos se mexeu com toda essa barulheira! – Gina já havia voltado e estava entre o quarto dos meninos e a porta. Harry olhou para a cama de Draco e novamente ele ficou paralisado. Faltaram palavras para Harry de tão perplexo que ele ficou, e somente algumas palavras roucas e cheias de preocupação saíram de sua boca – Gina, o Malfoy também sumiu! ** ** |
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Capítulo 4 - A Cidade do passado e os mistérios que envolvem o mal |