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                          Hierarquia
                          do Reino de Deus Quebra Amanhã o Silêncio
                         
                        Domingo,
                        7 de Janeiro de 2001  
                      
                       A
                        Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)
                        é acusada por um ex-pastor de se dedicar a
                        actividades delituosas. Numa entrevista ao "Expresso",
                        João Coelho acusa a confissão de estar
                        envolvida na falsificação de moeda,
                        lavagem de dinheiro e tráfico de armas e de
                        estupefacientes.  
                      
                      O PÚBLICO tentou durante a
                        tarde de ontem obter uma reacção da IURD
                        sobre estas declarações, mas os seus
                        responsáveis remeteram-se ao silêncio.
                        Anunciaram contudo que amanhã se pronunciarão
                        sobre aquelas graves acusações, divulgadas
                        ontem, após um longo período em que a
                        Igreja do Reino de Deus esteve ausente das manchetes da
                        comunicação social.  
                      
                      
                      As acusações do
                        pastor dissidente suscitaram uma reacção
                        de Vítor Melícias, que foi questionado
                        pela agência Lusa, no final da cerimónia de
                        tomada de posse dos novos órgãos sociais
                        da União das Misericórdias Portuguesas. "Este
                        tipo de actividades são sempre altamente condenáveis,
                        independentemente de quem as realiza", afirmou o
                        sacerdote, a propósito das acusações
                        feitas por João Coelho, de 22 anos, que diz estar
                        a ser perseguido pela IURD, vivendo escondido desde o
                        Verão passado.  
                      
                      
                      Segundo Vítor Melícias,
                        a sociedade deve, por um lado, estar bem organizada para
                        poder detectar este tipo de actividades e, por outro,
                        criar condições para que estas situações
                        não se repitam. Sobre o "tipo de entidade
                        que está envolvida", Melícias
                        escusou-se a fazer qualquer comentário. Mas não
                        deixou de salientar que "o mau comportamento de
                        pessoas não deve recair sobre as instituições,
                        sejam elas quais forem".  
                      
                      O ex-pastor contou ainda ao "Expresso"
                        que os fiéis têm que preencher e entregar
                        uma ficha com todos os seus dados pessoais à
                        IURD, desde os números do bilhete de identidade e
                        de contribuinte até fotografias, que a igreja
                        utiliza depois na constituição de
                        cooperativas e de empresas "off-shore". "Em
                        dois meses chegou a fazer-se o branqueamento de mil milhões
                        de dólares, em fatias de cem milhões";
                        e "um dia propuseram-me que levasse um carro de
                        Madrid para o Luxemburgo. A mala levava droga",
                        recordou João Coelho a propósito das
                        alegadas actividades ilícitas da Igreja Universal
                        do Reino de Deus. João Coelho confessou que, com
                        um colega, chegou a roubar o cofre da instituição,
                        nas instalações do antigo cinema Império,
                        em Lisboa, onde esperavam encontrar 200 mil contos, mas
                        só descobriram 120 mil. Por baixo das notas e
                        moedas, acrescenta, estavam embalagens de cocaína.
                          
                      
                      João Coelho entrou para a
                        IURD com apenas 14 anos. Doze meses depois já era
                        pastor e daí ao mundo do crime terá sido
                        um pequeno passo. Depois de ter decidido deixar a
                        igreja, afirma ter começado a ser perseguido. O
                        ano passado sofreu um grave acidente de moto,
                        relativamente ao qual está convencido ter sido
                        provocado por membros daquela instituição.
                        A sua história está a ser investigada pela
                        Direcção Central de Combate ao Banditismo,
                        da Polícia Judiciária.
                        
                         
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