Publicado no Jornal A Tarde em 07/05/2001
"Eles tomaram tudo de mim: casa,
carro, emprego, e, por fim, o meu filho". Este desabafo foi
feito anteontem, no Cemitério da Quinta dos Lázaros,
pela ex-empresaria Marion Terra, mãe do adolescente Lucas
Vargas Terra, assassinado, alem de ter o corpo carbonizado em um
terreno na Avenida Vasco da Gama, em Salvador, referindo-se aos
pastores da Igreja Universal do Reino de Deus.
A mulher que frequentava a IURD, no Rio de
Janeiro, disse ter sido iludida e acabou dando tudo que tinha, a
titulo de dízimos, na "Fogueira Santa do Monte Sinai"
e outras reuniões da "prosperidade". "De
media empresaria, fui obrigada a me tornar uma cozinheira no
restaurante de minha amiga na Itália, para tentar
sobreviver. Para tomar esta decisão, praticamente me
separei de minha família. o meu marido e meus filhos
vieram morar em Salvador. Estávamos fugidos, diante das
dividas que constituímos. Quando Lucas foi assassinado,
eu estava na Itália", disse Marion.
O sepultamento de Lucas foi marcado por
muita dor e emoção. a família e amigos se
encarregaram de distribuir uma carta, com o cabecario "Servo
de Deus assassinado e carbonizado." Nesse documento, os
pais de Lucas traçam o perfil do filho e extraiu do seu
diário algumas frases: "Não posso passar um
dia sequer sem evangelizar, preciso ganhar almas para Jesus,
pois, quando Ele voltar não posso estar de mãos
vazias!!!"
"Sou feliz porque tenho Jesus, por
isto, viver para mim e Cristo e morrer e lucro!!!", Lucas
era um jovem feliz, calmo, equilibrado, e obediente. Ele amava a
vida, tinha muitos sonhos. O maior deles era ser obreiro e
pastor", relata a carta dos pais do adolescente.
Lucas desapareceu na noite de 21 de marco,
após a saída do culto do Espirito Santo, na Igreja
Universal do Reino de Deus, no bairro Santa Cruz. Segundo as
testemunhas, ele foi visto na companhia do pastor Silvio Roberto
Santos Galiza, que o chamou "vamos, Lucas", porem não
mais o garoto foi visto.
Telefonema
Naquela mesma noite, Lucas ligou para o
celular do pai e pronunciou a seguinte frase: "Meu pai,
estou com o pastor Silvio na igreja do Rio Vermelho num propósito
de oração, depois vou para casa". Uma mãe
de família que foi ao enterro do estudante, mostrando-se
emocionada, disse que "Lucas foi um anjo que passou por
aqui, fazendo o trabalho com os adolescentes."
Os pais do garoto pretendem aguardar que o
delegado Carlos Alberto, da 6 delegacia, conclua o inquérito,
indiciando o pastor Silvio galiza como responsável pelo
assassinato do filho.
Pastores da Universal se pegam no tapa
no centro de Cuiabá
Quinta, 14 de junho de 2001, 11h13
Os pastores identificados como "Pedro"
e "Leandro" da Igreja Universal do Reino de Deus
largaram a Bíblia em cima do altar e se pegaram no tapa.
Os dois chegaram a rolar no chão porque um teria
caluniado o outro. A quebra-pau aconteceu ontem de madrugada nos
fundos da Igreja onde os pastores residiam.
O Bispo Marcos Silva não gostou da
briga e determinou a expulsão do pastor Pedro do Ministério
Eclesiástico e a transferência do Pastor Pedro para
uma Igreja do interior do estado.
De acordo com a ocorrência
registrada na Delegacia Metropolitana de Cuiabá, os dois
haviam se desentendido por causa de "calúnias".
Na briga, Pedro levou um soco no nariz que chegou a fraturar.
O caso vai ser investigado pela Delegacia
Central de Cuiabá onde o delegado Márcio Pieroni
vai instaurar inquérito para apurar os fatos.