Publicado no Jornal do Brasil em
26/07/2001
Multa é por sonegação
na compra da TV Record, em 1992
BRASÍLIA - A Igreja Universal do
Reino de Deus, dirigida pelo bispo Edir Macedo, foi multada
ontem em R$ 48 milhões, por sonegação de
impostos, na transação de compra da TV Record, em
1992. A decisão, de caráter administrativo, foi da
Câmara Superior do Conselho do Contribuinte e não
cabe mais recurso. Com isso, a multa deverá ser paga em
30 dias. Procurados pelo Jornal do Brasil, para saber se a
Igreja vai recorrer judicialmente da decisão,
representantes da Universal não quiseram falar sobre o
assunto.
O processo administrativo movido pela
Receita Federal contra a instituição de Edir
Macedo teve início em 1995. De lá para cá,
depois de idas e vindas da papelada de Brasília para São
Paulo e de inúmeros pedidos de vistas dos advogados de
Macedo, o valor da multa foi depreciado. Inicialmente estava
previsto em R$ 120 milhões, caiu para R$ 39 milhões
porque muitos prazo prescreveram desde 1992 e recursos da
Universal foram acolhidos, segundo afirmou o presidente do
Conselho do Contribuinte, Edson Rodrigues. Com a correção
monetária e outros encargos, ela foi avaliada ontem em R$
48 milhões.
Interpretação - ''Foi um
erro de interpretação na lei'', disse o presidente
do Conselho sobre a falta de pagamento de imposto decorrente da
compra do canal de TV pela igreja. É que as instituições
consideradas filantrópicas ou sem fim lucrativo, como as
religiosas, não necessitam recolher impostos sobre doações
e outras atividades exercidas em razão de seus objetivos.
Mas a Receita Federal entendeu que um canal de televisão
não é um empreendimento ligado à atividade
religiosa.
A conclusão do processo contra a
Igreja Universal do Reino de Deus, contudo, é apenas um
dos aspectos da fiscalização da Receita Federal
sobre instituições que recebem doações.
No recente cruzamento de dados bancários com a Contribuição
Provisória sobre Movimentação Financeira
(CPMF), a Receita já descobriu que inúmeras
instituições movimentam quantias elevadas em
fundos de investimento sem identificar os verdadeiros donos.
Isto é, utilizam contas fantasmas para ''guardar'' o
dinheiro.
A Receita Federal identificou 7.100
contribuintes que foram responsáveis, em 1998, por
movimentar R$ 182 bilhões sem recolher impostos. Caso
todos os contribuintes declarassem renda, o recolhimento da CPMF
dobraria, chegando a R$ 36 bilhões ao ano.