Ser ateu significa sem crença em
deus e acreditar somente em fatos que foram provados
historicamente e cientificamente.
Sempre tinha ouvido falar de Moisés
e o relacionava apenas aos dez mandamentos. Fui Kardecista
durante quase 20 anos e nos estudos que fazíamos Moisés
era apenas o legislador hebreu Portanto para mim era apenas uma
figura lendária. Mas um dia, passando por uma livraria
grande, vi um livro que me chamou atenção.
Chama-se "Moisés, um príncipe sem coroa"
(vol I) e "Moisés, o profeta fundador" (vol II)
de Gerard Messadié. Resolvi adquirir os livros e lê-los
com bastante atenção.
Quando terminei a leitura dos dois livros,
minha concepção sobre o mundo, as religiões,
deus, etc... tinham mudado completamente. Veja porque:
1. Moisés não foi achado no
cesto a boiar no Nilo, uma vez que existiam perigos de
crocodilos. Por essa mesma razão princesas reais não
se banhavam nele. Moisés é na realidade filho de
uma princesa com um hebreu (ou apiru, como eram chamados no
Egito).
2. Foi criado na corte de Seti I, pai de
Ramsés II, sendo, portanto neto do Faraó. Nessa época
os filhos pertenciam às mães, fato que permitiu ao
Faraó aceitar o neto apiru em sua corte, com certas
restrições. Essas restrições estavam
relacionadas à educação, uma vez que
somente os de puro sangue egípcio poderiam ser iniciados
nos segredos sacerdotais. Assim, Moisés não
poderia ter conhecimento pleno dos segredos dos magos egípcios,
nem mesmo pode ser oficial e liderar um exército, fato
que o deixou contrariado durante a adolescência. Foi
mandado para supervisionar canteiros de obras em Avaris.
3. Durante sua estadia em Avaris, conheceu
um ex-sacerdote de Aton (Deus Sol, adorado pelo faraó
Akhenaton, monotólatra, que durante seu reinado acabou
com os deuses do panteão egípcio). Moisés
teria ouvido esse ex-sacerdote falar sobre deus único e
entusiasmou-se com essa idéia, que nunca tinha ouvido
dentro da corte onde morava, uma vez que Akhenaton era
considerado herege. Ocorre que a idéia de deus único
já existia no Egito desde os tempos de Abraão, o
que nos leva a crer que Akhenaton adaptou o deus de Abraão
ao sol (Hélio) e criou assim Aton, o deus Sol.
4. Moisés também sofria
muitas pressões por parte dos hebreus que viviam no Egito
em regime de semi-escravidão. Esses alegavam que Moisés
deveria ajudá-los, pois tinha o mesmo sangue e, portanto
deveria tirá-los do Egito, levá-los à terra
prometida. Tantas pressões e mais a morte do contramestre
fizeram Moisés fugir do Egito sozinho e ir para o
deserto, onde conheceu Séfora sua esposa e Jetro seu
sogro. Curiosamente o mar não abriu para dar passagem a
ele sozinho, o que nos leva a crer que existia passagens rasas
que permitiam travessia a cavalo.
5. Ele nunca mais voltou para o Egito. Ou
será que alguém achou que Ramsés II, então
Faraó, iria aceitar imposições do sobrinho
fugitivo? Messadié salienta: "Supor que Moisés,
autor do crime do contramestre egípcio, pudesse
apresentar-se impunemente diante do faraó para lhe
impor-lhe suas condições no que concernia à
saída dos hebreus denuncia o total desconhecimento da
jurisdição egípcia", mas os escritores
do êxodo preferiram ignorar o fato e propagar que Moisés
não se acovardou perante o faraó.
6. As pragas são meras invenções
mitológicas, ou mesmo fatos corriqueiros. Por exemplo: os
gafanhotos, os sapos e os ratos eram comuns no Egito em época
de cheias, como são comuns em qualquer parte do mundo
onde chove muito e o clima seja quente. Quanto à morte de
primogênitos, a história oficial não
registrou nenhum caso. O autor sugere que houve uma epidemia
qualquer trazida pelo calor, atacou velhos e crianças,
que têm menos imunidade, no Médio Egito, onde a
Corte estava instalada, e não atacou as crianças
dos hebreus, pois esses moravam no baixo Egito, mais
precisamente no delta do Nilo. As águas vermelhas do Nilo
nada mais eram que algas microscópicas, ou rodofíceas,
na presença de hidratos de carbono insolúveis em
certas condições de temperatura, "fenômeno
constatado várias vezes nos tempos modernos", mas os
escritores do Êxodo preferiram atribuir a Iavé,
como uma castigo ao faraó e seu povo, por manter em
escravidão o povo hebreu.
7. Então por que foram libertados?
Por que estavam metidos em conspiração contra o
faraó. Conforme afirma Messadié: "Essa
sublevação não é invenção
romanesca...a estela elefantina narra uma tentativa de golpe de
Estado organizada por notáveis egípcios, com a
cumplicidade de asiáticos (hebreus), cumplicidade que
teria sido comprada com ouro, prata e cobre. Fato que os
escritores do êxodo, resolveram astutamente, ocultar.
8. Uma vez que a conspiração
foi descoberta, Ramsés II expulsou os asiáticos e
puniu os egípcios. Porém pediu a uma patrulha que
escoltasse os hebreus até a saída das terras egípcias.
O que ninguém sabia, é que os hebreus já
foram pagos e levavam consigo verdadeira fortuna. O número
de pessoas que deixaram o Egito era vinte e sete mil e não
seiscentos mil como afirma o êxodo.
9. A travessia foi feita pelo antigo Mar
de Juncos, (onde Moisés estaria os esperando na outra
margem, visto que não poderia entrar no Egito), durante
uma maré baixa, que permitiu a travessia com água
a altura dos joelhos (essa mesma travessia foi feita muito tempo
depois por Cleópatra ao deixar o Egito). Moisés
conhecia nesse local dois vaus, e a hora da maré cheia e
vazante, fator que favoreceu a travessia das vinte e sete mil
pessoas sem maiores problemas. Mas os escritores do Êxodo
acharam mais emocionante escrever que o mar abriu para os
hebreus e fecharam para os egípcios. O que ocorreu, é
que os egípcios tinham pouco conhecimentos sobre marés,
afinal viviam às margens do rio e não do mar, e
durante a perseguição aos hebreus, para recuperar "o
ouro, a prata e o cobre", que estes levavam, foram tragados
pela mudança de marés.
10. Por que não foram direto para a
terra prometida "Canaã"? Por que Moisés
os conduziu contornando o deserto e não diretamente pela
estrada do norte que existia ligando o Egito à Ásia?
Porque havia patrulha de egípcios na estrada principal,
em decorrência de uma guerra contra os hititas, e os
fugitivos tinham medo de encontrar a patrulha e, ou serem
despojados do "ouro, prata e cobre", ou que Ramsés
II tenha se arrependido e os levasse de volta ao cativeiro. "Mas
se Ramsés tivesse realmente decidido a exterminar os
hebreus em fuga, teria enviado galeras da frota egípcia
que cruzam o mar vermelho desde o Século XV a.c." O
que prova a pouca importância que o êxodo teve para
os egípcios.
11. Sua estadia no deserto não
durou quarenta anos. Quarenta é uma palavra que quer
dizer muito tempo, e não quarenta como supomos hoje.
Mesmo a pé, com idosos, crianças e algum rebanho,
ninguém levaria quarenta anos para atravessar quinhentos
quilômetros, mesmo considerando as paradas. Diz Messadié
"Se tivéssemos de tomar o Pentateuco ao pé da
letra, seria preciso supor que o Êxodo durou quarenta anos
exatos, já que, quando este começa, Moisés
tem oitenta nos (Ex. VII, 7). O livro do Êxodo precisa que
quarenta e cinco dias após sua partida do Egito já
estavam ao sul do Oásis de Elim, sob o 29º
paralelo...portanto a duração de quarenta anos é
simbólica".
12. Em alguns passagens do Êxodo,
vamos encontrar Moisés subindo ao Monte Sinai, falando
com Iavé e recebendo os mandamentos. Mas será que
foi assim mesmo? Messadié afirma que o fogo que Moisés
viu sobre a montanha, ou seria um vulcão (improvável),
ou uma queda de meteorito provocando incandescência na
montanha e a fumaça ainda era visível no dia
seguinte. Qualquer um desses fatores impressionou muito o povo
hebreu e Moisés, que era muito hábil com as
palavras, fez com que todos acreditassem que aquele fogo era Iavé.
Talvez até ele mesmo tenha acreditado que aquele fogo
tenha sido mesmo a manifestação de deus, afinal
ele não teve um estudo limitado no Egito, e não
poderia entender muitas coisas. Mas veio a calhar essa manifestação,
pois a rebeldia do povo era insuportável. Muitos nem
sequer acreditavam em deus e bradavam "que deus é
esse que nos abandona no deserto, que nos tirou do Egito para
morrer de sede?" Era chegado o momento de tomar as rédeas
da situação e por um fim a tudo aquilo. Por esse
motivo usou esse fenômeno, qualquer que seja, mas um fenômeno
natural, para impor algum respeito e alguma disciplina a esse
povo inculto e insatisfeito.
13. Quanto aos dez mandamentos, escreveu
na pedra e fez com que se acreditasse que recebeu de Iavé.
Começou pelos dez mandamentos, depois criou a legislação
integral. Essas leis tinham como objetivo tornar o povo mais dócil
para com ele mesmo e mais hostil com os outros povos. Era difícil
os hebreus, que viveram no Egito durante quatrocentos anos
acreditar nesse deus, haja visto que muitos adotaram os deuses
egípcios e outros deuses dos povos do deserto. Daí
a proibição à idolatria. Mas o povo se
recusava a acreditar em um deus que não tinha forma e que
os deixava a mingua, por isso criaram o Bezerro de Ouro, uma paródia
do bois Ápis do Egito.
14. Quanto à morte de Moisés
Messadié diz "situo a idade de sua morte entre os
quarenta e cinqüenta anos, o que já era uma idade
madura para o tempo e permaneceu assim até o início
do século XX. Prematuramente desgastado pelas atribulações
e pela intensidade inaudita de suas emoções, pode
ter ocorrido que Moisés tenha sucumbido vítima de
uma parada cardíaca"
Porém, apesar desse relato, não
há qualquer registro histórico da passagem de Moisés
pelo Egito, o que nos leva a crer que, ou o êxodo não
teve tanta importância para os egípcios, ou nunca
existiu, sendo mais uma lenda...
Assim, esse deus que Moisés
imaginou ter visto no Monte Sinai, fruto de suas alucinações
e ansiedades é o mesmo deus que deu origem ao judaísmo,
cristianismo. O cristianismo deu origem ao catolicismo,
protestantismo, kardecismo e outros ismos. Eu pergunto: por que
teríamos que acreditar em um deus que nem mesmo Moisés
conseguiu provar que existia?