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A FESTA O CARAMUJO O FIM DO MUNDO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entrei em casa correndo, o relógio na parede marcava 18:55, só tinha uma hora pra me arrumar antes que Janice viesse me apanhar para a tão esperada festa. Tinha sonhado com a mesma a semana inteira, e um atraso no meu trabalho ia pondo fim ao meu tão esperado sonho.
Bem, por onde começar... minhas unhas estavam péssimas, meu cabelo horrivel e a indecissao de que roupa usar me atormentava. Abri a porta do guarda-vestido e achei cada roupa pior que a outra, pensei, " que miséria!! , nem uma roupa nova pra estrear".
Resolvi tomar uma ducha pra esfriar a cabeça, afinal de nada adiantaria ficar naquela espectativa. Corri pro banheiro e deixei por alguns segundos me levar pela sensação gostosa da água caindo sobre meu corpo, se não fosse a tal festa e do jeito que estava cansada ficaria horas desfrutando de tamanho prazer. Mas enfim, me dei conta da realidade e tratei de me secar. Ajeitei meus cabelos tentando arrumá-los da melhor maneira possível, mas por mais que eu me esforçasse estava me sentindo pessima. Nada estava saindo do jeito que planejei.
A campanhia da porta tocou insistentemente. Era Janice que entrava pela porta adentro, querendo me tirar da inércia que tomava conta de meu corpo e me animando para passeio combinado.
Chegamos à casa indicada, já com a festa começada. Dei um último retoque no visual e lá fomos nós.
Era uma festa de apresentação da esposa de uma personalidade importante, e Janice conseguiu arranjar dois convites com alguns amigos. Na verdade nem sei o que fui fazer por lá, já que não conhecia ninguém, mas a curiosidade em freqüentar pelo menos uma vez, festa de tamanha importância, me levou a participar. Afinal não tinha nada a perder...
Um senhor muito simpático veio nos receber e nos deixar a vontade .O carrilhão marcava 22:15. Janice logo avistou seus amigos e com um aceno fomos até eles. Eu estava deslumbrada com o requinte do ambiente. Parecia um conto de fadas, mas não podia deixar transparecer meu encantamento. As pessoas se vestiam elegantemente, mas notava-se em seus rostos uma certa falsidade imperante. Meus olhos não se continham observando tanta beleza, quando derepente encontrou outros olhos que me observavam. Meu rosto se envergonhou e em menos de um minuto estavam aqueles mesmos olhos, me oferecendo um copo de bebida. Aceitei imediatamente e nos apresentamos rapidamente. Manuel...sobrenome? não sei... Não me importei com isso. Só me importei com aqueles lindos olhos.
Começamos com conversas banais e quando demos por nós, estávamos numa deliciosa conversa, típica de velhos amigos. Foi quando ele segurou minhas mãos e perguntou: "Vamos sair daqui?" Deixei-me levar por aquelas mãos sem pestanejar. "E a minha festa? A tão sonhada festa de personalidades importantes?" Tinha sido trocada por um simples toque de mãos...
Caminhamos silenciosamente até o jardim. Não pensava em nada, a não ser naqueles olhos penetrantes e naquelas mãos que me guiavam. Parecia que ele conhecia muito bem a casa, pois me levou a uma parte afastada do jardim, numa área coberta perto de um lago.
Suas mãos que antes seguravam as minhas, agora me acariciavam e jogando fora todos os meus preconceitos deixei-me acariciar. Seu toque me arrepiava, e a cena ao fundo era digna de um momento de prazer. Aos poucos fui me entregando, sentindo seus beijos em minha pele e o calor de seu corpo misturado com a bebida ingerida me embriagava. Senti aquelas mesmas mãos descendo meu ziper e num segundo estava nua perante aquele desconhecido que me parecia tão íntimo. Me deliciei com seus carinhos, me entreguei aos seus desejos e
me satisfiz de prazer. Foram momentos únicos, onde nos entregamos, e demos vazão aos nossos sentimentos mais íntimos. Me senti mulher como nunca em toda a minha vida. E passamos a noite toda nos amando....
Um pequeno raio de sol iluminava meu rosto me trazendo de volta a realidade...
Estava ainda nua, deitada ao lado daquele homem. Me vesti apressadamente e me retirei devagar. Olhei em volta. A festa já tinha terminado. Alcancei a rua e um táxi me trouxe de volta ao meu pequeno apartamento. Abri a porta, o relógio marcava 8:00 hs.
Deitei para repousar ainda sentindo os efeitos maravilhosos da noite anterior. Ia me virar quando o telefone tocou, era Janice.
"Alô.... Marta... me conta sobre a festa, você sumiu..." Sem nada responder, deixei o telefone cair e adormeci.
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Meus pés tocam a areia molhada. Caminham pausadamente para fazer o máximo de silêncio. Só o murmúrio do mar se atreve a quebrar a monotonia que impera. Suas águas límpidas vem rolando timidamente e enfeitam a orla com sua espuma branca. Sinto uma pontada na sola do pé esquerdo. Abaixo-me para ver o que é. Afasto a areia e um lindo caramujo renasce em minha mãos. Fito-o e as recordações surgem nítidas em minha mente.
    Cinco anos já tinha se passado. O mesmo lugar. A mesma paisagem. O mesmo mar. Mas falta você. Aquelas foram as férias mais felizes que passei em toda minha vida. Tudo era perfeito contigo. Sua vitalidade, sua ternura e simpatia contagiavam a todos. Parecias parte integrante da natureza. Era jovem, bonita e fazia-me sentir assim também. Logo percebemos que aquele era o lugar adequado para passarmos nossas férias.
    Tudo era maravilhoso. Alugamos um pequeno chalé na orla da praia e esquecemos do mundo. Nossa vida se limitava a Eu, Você e o Mar. Acordávamos logo cedo e íamos correr pela orla. O Sol nascendo e o vento batendo em nossos rostos, era o nosso presente matinal. Era como se absorvessemos toda aquela energia que nos era ofertada gratuitamente. Banhávamos depois nas águas azuis do mar e tornávamos crianças novamente. Construímos vários castelos de areia, mas nosso castelo real, o mar desmoronou.
    Um caramujo, o mesmo que agora me leva de volta ao passado, foi o presente que humildemente te ofertei naquela tarde.
    O sol estava se pondo. O céu pintava-se de laranja. As pessoas se recolhiam enquanto a lua prateada fazia-se emergir da linha do horizonte pra clarear a noite. Um pequeno barco aportou na praia e um pescador muito gentil, veio conversar um pouco e orgulhoso de sua pesca, deu-me o caramujo de presente que imediatamente ofertei a você.
    Pode-se ouvir os segredos do mar, dizia o pescador, e nos encantamos com peça tão bonita. Convivemos com os segredos do mar vários dias e depositávamos nele também todos os nossos segredos. Todas as nossas juras de amor. Funcionava para nós como um verdadeiro talismã da sorte. Parecia que nossa felicidade não teria fim.
    Os dias passaram com essa sensação gostosa. Seu sorriso era perfeito. Uma obra prima enfeitando seu rosto. Eras a mulher mais bela que já tinha visto em toda a minha vida. Te amava tanto. Não sei como pude te perder, mas a realidade é essa...Te perdi. Assim como vieste, foste, sem eu ter tempo nem tino para pensar o que se passou, o que fizemos de errado. Você foi embora pra sempre e deixou minha vida em frangalhos. Nem sei como resisti até hoje.
    Por que teima novamente em aparecer em minha vida? Por que fizeste-me recordar o que estava adormecido em meu ser? Oh Caramujo!!, destruiu minha vida e reaparece agora, soberbo, triunfante.
    Não sei porque, mas nossa vida se desfez quando você sumiu de nosso chalé. Procuramos por toda parte e não te encontramos. E nosso talismã da sorte se evaporou e com ele a esperança de nosso amor. De uma vida bela regada dos mais lindos carinhos. Tudo ilusão.
    Tenho-te agora nas mãos, mas o passado se foi, não volta mais. De que vale ter você agora....Nada mais restou.
    Atiro-o ao mar, de onde não deveria nunca ter saído.
    Continuo a caminhar pela areia. Sozinho, mas cheio de esperanças. O sol está se pondo novamente. Encontro uma pedra, sento-me e deixo-me afogar nas águas doce do mar.
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Letreiros anunciavam o fim do mundo. Por todos os lados esse fantasma estava
infernizando a vida dos pequenos habitantes daquela cidade. Como Nostradamus
poderia prever tamanho feito? Essa pergunta permanecia nas mentes daqueles
habitantes, sem que nenhum se atrevesse a dar uma resposta digna de merecimen-
to. Mas dia 11 estava chegando e a idéia do término do mundo amedontrava
a todos. Via-se em cada rosto um ar de mistério.
Várias pessoas, escutando estudiosos no assunto, trataram de se prevenir e a
agir por conta do tal fim do mundo. Uns procuraram se proteger em algum lugar
seguro, como se isso fosse adiantar alguma coisa, caso a profecia se realiza-se
O tema passou a ser o destaque principal de jornais, revistas, telejornais...
Várias teorias sobre o assunto foi apresentada, cada uma defendendo uma visão
diferente.
Não muito longe dali, vivia José, um senhor só, que se mantinha alheio a todo
o aparato jornalístico de seu tempo, já que nem televisão possuía.
Era um senhor simples cujo único amigo que tinha era ToTó, um cachorro
que apareceu por lá certa vez e ficou. Esse concerteza não era o mundo
previsto por Nostradamus. E enquanto as pessoas se martirizavam com o
possível fim do mundo, José nem se apercebia de tal fato. Era dia 10 e
para José um dia 10 normal como todos os outros dias 10 de sua vida. Calmo
pacato...nada lhe tirava a inércia de sua vida monótona.
Deitou-se como de costume as 18:00 hs após uma pequena refeição. Dormiu
o sono dos anjos e quando levantou-se as 5:00 da manhã, o sol que sempre
vinha lhe receber, se omitiu. Em seu lugar um enorme eclipse se fazia acontecer
e José, em sua ingenuidade, olhando para aquele fenômeno assustou-se.
Era a primeira vez em sua vida que assustava-se assim. A emoção foi demais
para aquele pobre coração e a profecia de Nostradamus se concretizava...
O mundo de José chegou ao fim...
Na cidade todos estavam felizes ao perceberem que o fim do mundo não passava
de um fenômeno da natureza e enquanto no fundo sentiam um certo tipo de
decepção e alívio, para José restou a glória eterna.

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