MÚSICA

Em Pomares, Inútil era o nome que deram a uma enorme árvore, a única que sobrara da mata antiga.
Os pomarenses chamavam-na Inútil porque não dava nenhuma fruta. Ela ficava em cima de uma colina, fora dos limites da cidade, à direita de quem chegava, à esquerda de quem partia.
Em volta dela, um mar de árvores furtíferas. As folhas miúdas de Inútil eram verde-claras de manhã, ao meio-dia ficavam douradas e vermelhas à noitinha. Mas ninguém notava a mudança das cores.
Bem... quase ninguém notava. Inútil até que era muito freqüentada:
* pelos pássaros que não eram bobos de fazer seu ninho nas árvores frutíferas, sempre chacoalhadas pelos catadores;
* pelos animais que vinham refugiar-se debaixo da sua sombra, para fugir do calor;
* pelos casais de namorados que admiravam a transformação das suas folhas. Eles a chamavam de "Mágica, a árvore";
* pelas crianças que subiam nela para ver o mar, lá longe, a leste, e terras desconhecidas, a oeste. Entre elas, a árvore era conhecida como "Castelo Furta-Cor".
Aliás, em Pomares, crianças, namorados, bichos do mato e passarinhos também eram considerados inúteis.

Jorge C. Noel Ribeiro

Preciosa contribuição da amiga Fatima Quemelo

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