MÚSICA

"Ninguém é capaz de fazer os outros felizes em um passe de mágica. O que podemos é ajudar as pessoas a verem aquilo que precisam ver, apontar o caminho e torcer para que elas o sigam."
Isto foi dito por Harry Gilman, meu professor de psicologia. Harry se preocupava de fato com as pessoas e era isso que fazia dele um professor extraordinário. Em seus cursos de psicologia, ele pedia que os alunos entregassem semanalmente um caderno de anotações: seus pensamentos, preocupações, esperanças, medos.
Max Leer, um dos meus colegas, quase sempre escrevia sobre seu relacionamento com o pai, um homem que parecia nunca estar satisfeito com sua vida ou com o filho. Harry lia nossas anotações atentamente e as comentava. ele escreveu no caderno de Max: "Para algumas pessoas não há vitórias, somente várias maneiras de perder."
Nunca me esqueci dessa frase. Era uma maneira poderosa de reforçar aquilo que Harry havia discutido na sala de aula: boa parte da nossa vida é apenas uma questão de perspectiva, do ângulo pelo qual olhamos o que acontece. As coisas não são boas ou más, sucessos ou fracassos em si mesmas. É o modo como escolhemos encará-las que realmente faz a diferença.
"O que você faz da sua vida? Essa é a questão", dizia Harry para seus alunos. "Açúcar, farinha e ovos - são bons ou ruins? Você pode fazer um bolo com eles ou então uma bagunça. Mas o que é bom e o que é ruim para cada pessoa: o bolo ou a bagunça? Você pode fazer com esses ingredientes uma coisa boa para você? Sem dúvida. Você pode transformá-los em uma coisa ruim? É claro que sim."
Em outra ocasião, Harry expôs a mim e a meus colegas aquilo que ele chamava de capacidade quase ilimitada dos seres humanos de ignorar as consequências de longo prazo de suas decisões, preferindo concentrar-se nos resultados de curto prazo. ele falou sobre a diferença entre um observador lógico e imparcial, que tomaria sempre decisões de longo prazo, e a pessoa que não consegue enxergar nada além da satisfação imediata.
"Uma criança sempre vai pegar o pirulito; somente o adulto capaz de observar e refletir pensa nas cáries e na má nutrição", dizia Harry. "Precisamos nos esforçar para ser o adulto observador, em vez de apenas viver o momento. Devemos observar, como se estivéssemos fora de nós mesmos, aquilo que está acontecendo, aquilo que deveria acontecer, aquilo que estamos fazendo e que vai acabar nos prejudicando."
Adorávamos as aulas de Harry, pois sentíamos que elas nos ajudavam a viver. À medida que a formatura se aproximava, nossas conversas muitas vezes desviavam-se para o tema de nossos futuros e escolhas profissionais. "O que você pode fazer com a psicologia?" era a pergunta que Harry repetia. E ele mesmo respondia: "Tudo o que podemos fazer é divulgar as melhores respostas que tivermos. Desta forma as pessoas terão uma chance de usá-las."
No dia da formatura, fui à procura de Harry para agradecer-lhe. "Eu não sei como agradecer, Harry. Você fez de mim uma pessoa melhor."
"Obrigado, David", respondeu ele, "mas eu não fiz de você uma pessoa melhor. Tudo o que eu posso fazer é apontar o caminho e torcer para que você o siga."

David Niven

Preciosa contribuição da amiga Fatima Quemelo

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