PALAVRAS DO PROVEDOR Dia 22 de março de 2004, completamos 60 anos de fundação e 36 anos de funcionamento, relembrando o passado, generoso e certamente heróico de seus fundadores, tendo à frente o Dr. Hildeberto de Albuquerque Ferreira e seus companheiros que apostaram no futuro. Hoje Nova Granada tem sua Santa Casa funcionando com 260 leitos, sendo 100 de Clínica Geral e 160 de Psiquiatria Feminina. O tempo passou, a Santa Casa cresceu, mas não envelheceu nesse período. Todas as adversidades foram superadas ou, pelo menos, amenizadas, e o carinho que a população deposita na sua Santa Casa é a prova de que o tempo por ela passa, renova-lhe a alma e faz olhar o futuro com a confiança de quem sabe e acredita na verdade essencial do seu compromisso, que é a “caridade nunca se extinguirá”. Assumimos a Provedoria em 25.08.1968, devido ao impedimento do Dr. Hildeberto Albuquerque Ferreira, após a assinatura de convênios entre o INPS e a Santa Casa. Isto porque o Dr. Hildeberto era médico do INPS e passou a ser representante legal daquele órgão, na assinatura dos convênios. Dessa forma, não poderia ser também o provedor da Santa Casa. Em 09.02.1969, assumiu a vice-provedoria, o professor Werther Bruniera. Naquele tempo éramos jovens, mas continuamos perseguindo os mesmos objetivos deixados pelo Dr. Hildeberto. A bem da verdade, o Dr. Hildeberto continuou como uma bandeira ou como um guarda-chuva nos protegendo, e seria para sempre nosso conselheiro e Provedor Honorário. Na ocasião, a Mesa Administrativa ficou assim constituída: Provedor – Ralfo José Furtado; vice-provedor – Werther Bruniera; secretário – Paulino Del Fávero; Tesoureiro – Pedro Evaristo Serrano de Gusmão; Procurador – Bazílio Alves da Costa; Mesários – Antonio Paulon, Antonio Campanha, Francisco Guerreiro Hortêncio, Guido Paggioro; Conselho Fiscal – Antonio Santiago Prates, João de Paula Lima, Benito Sanches. Hoje já se passaram quase 36 anos e continuamos na luta pela sobrevivência da Santa Casa, com o mesmo ideal filantrópico e cristão. Nossa equipe, até o momento, não chegou a pensar no processo de envelhecimento de cada um ou achar que o idoso não tem projeto e sonho e é só para saudades e recordações. Com a confiança dos IRMÃOS e a colaboração da Mesa Administrativa, estamos trabalhando pela constante melhoria de nossa Santa Casa, até onde tivermos condições. Continuamos acreditando que, agora, com a maioria dos membros da Diretoria aposentados, teremos mais tempo livre e voltaremos a sonhar com novos empreendimentos. Assim, com a experiência adquirida, poderemos assimilar os conhecimentos de nossos companheiros e as transformações do mundo globalizado, esperando que a PAZ esteja sempre inserida no meio em que vivemos, e que o ideal da Rainha Leonor de Lencastre, ao criar a 1a. Santa Casa, seja mantido: que a finalidade continue ser o atendimento aos excluídos da sociedade. E quando todos os hospitais fecharem suas portas para os necessitados, que estes sempre encontrem uma Santa Casa para lhes socorrer. Hoje, como se sabe, as Santas Casas são consideradas pelo Governo como “parceiras”. Antigamente, elas eram as únicas que atendiam indigentes, vivendo de donativos e atendimentos a particulares. Mais tarde, vieram os convênios, com o advento de institutos, tais como IAPTEC, IAPI, IAPB, etc, depois INPS e agora SUS, e as Santas Casas passaram a ser obrigadas a destinar ao órgão cerca de 60 % de seus leitos. Sabe-se, também, que 40% dessas Santas Casas estão localizadas em cidades com menos de 20 mil habitantes, sendo os únicos hospitais existentes, daí o carinho que a população dedica a estas instituições, conhecendo de perto as dificuldades enfrentadas por suas diretorias. Apesar da parceria com o Governo, a situação das Santas Casas é crítica. Os baixos valores pagos pelo SUS estão levando estas casas de saúde à falência, o que contraria frontalmente o pensamento do administrador americano Peter Druck, que dizia: “É lucrativo fortalecer as entidades filantrópicas para o desenvolvimento social das Nações”. As Santas Casas estão fazendo filantropia ao Governo Federal e não à população carente, o que contraria a Constituição Federal que diz: “A saúde é um direito do cidadão e dever do Estado”. Felizmente, o espírito filantrópico de grande parte da nossa população não morreu, mas é bom frisar que as doações diminuíram, e se, no passado, elas eram expressivas, hoje a realidade é outra, pois considerável parcela da população acha que o SUS está pagando pelos serviços, além do que a situação financeira da população também é bem diferente dos idos 50 e 60. Feliz observação feita pelo Presidente da Confederação das Misericórdias do Brasil (CMB), o deputado federal Padre José Linhares Ponte, que afirmou: “A história das Santas Casas sempre foi de muita luta”, e compara com o pássaro Fênix, porque, às vezes, parece que estão morrendo e das cinzas ressuscitam alçando vôos cada vez mais altos. Como vimos, o deputado federal Padre José Linhares Ponte e nosso Presidente cita Fênix como o dia seguinte, ou seja, a expectativa de novo dia. É o que acontece com o Provedor de uma Santa Casa, que tenta dormir com seus problemas, pensando resolvê-los até o dia seguinte. Isso realmente deve acontecer com todos os senhores provedores de hospitais, que recorrem a um Santo Protetor para resolver seus problemas. Em Nova Granada, é histórica a fé inquebrantável e a confiança deixada pelo saudoso Dr. Hildeberto A. Ferreira em Santo Antonio, santo este que nos guarda, nos ilumina e aponta soluções para nossos problemas. As Santas Casas, como se vê, têm um poder singular. Quando estão em alta, não falta quem as enalteça e lhes consagre a obra, como também não falta quem as cobice. Esta nossa Santa Casa foi construída com a ajuda da comunidade granadense e de cidades vizinhas, estando funcionando com muito sacrifício. Ainda não é a Santa Casa que sonhamos, mas é a que temos e com a colaboração de todos chegaremos com certeza à finalidade da sua fundação que é atender a todos que dela necessitam. A caridade existe e existirá sempre para as pessoas que fazem a verdadeira filantropia e as Santas Casas são Casas de Saúde que, por infelicidade, se procura e que, por felicidade, se encontra. Quando todos os hospitais lhe fecharem as portas, encontrará sempre uma Santa Casa para lhe socorrer. Dr.Ralfo José Furtado Provedor