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O que são práticas "alternativas"?

Esse é um termo impreciso e pouco técnico que surgiu para designar uma ampla variedade de métodos que se afirmam curativos ou de diagnóstico. Para entendê-lo completamente, convém conhecer um pouco de sua história. Sua popularidade se deve em grande parte à contra-cultura e ao movimento hippie que floresceram nos anos 60 e 70, cuja temática central era o desafio à autoridade, qualquer que fosse. Esse desafio acabou também se estendendo ao próprio conhecimento científico, pois se buscava um novo estilo de vida -- a sociedade alternativa -- não só com os seus próprios valores e regras, mas com um alimentação e uma medicina próprias. Vem dessa época a popularidade do vegetarianismo, da alimentação natural e da macrobiótica, supostamente sob pretextos de que seriam mais saudáveis, apesar do paradoxal interesse do movimento pelas drogas, notadamente a maconha e o LSD. A negação sistemática dos valores ocidentais levou não só ao interesse pela cultura oriental com suas práticas médicas, como a uma explosão de novos métodos que careciam de qualquer comprovação. No espírito do 'é proibido proibir', a liberdade social e total também significava que não era preciso que um prática médica fosse segura ou eficaz: sua marginalidade era característica suficiente. O que importava era a filosofia.

A contra-cultura e o movimento hippie acabaram perdendo sua força, mas deixaram um importante herdeiro, o movimento new age, ou nova era. O movimento new age não só abraça e aprofunda o gosto pelo místico e pelo metafísico, como menospreza e nega sistematicamente o conhecimento e o método científicos. Mais do que nunca, ele prega que a opinião tem prevalência sobre o fato. Seu valor central é o relativismo irrestrito, ou seja, crê-se que 'tudo é verdade', e que a imaginação e a mente equivalem ao universo, pois a realidade seria o que quisermos que ela seja. Por esse sistema de pensamento, qualquer afirmação tem tanto valor com qualquer outra e portanto tudo se pode afirmar, nada se pode negar -- que é versão atual e filosófica do 'é proibido proibir'. O resultado é que existem as mais variadas crenças e sistemas especulativos de fundo sobrenatural que incluem muitos sistemas que afirmam efetuar diagnóstico e cura.

Nesse universo de procedimento pretensamente médicos, entendemos como práticas "alternativas" todas aquelas que não possuam comprovação de eficácia bem aceita pela comunidade científica, especialmente aquelas cujos princípios contrariem o conhecimento científico estabelecido.

É importante esclarecer que enquanto um método terapêutico ou de diagnóstico está sendo desenvolvido e testado, às vezes se faz uso dele em caráter experimental, seja como método de pesquisa, seja como último recurso em casos difíceis. Contudo, existem restrições técnicas e éticas muito claras que se aplicam nessas situações, em que se deve informar muito claramente o paciente sobre os riscos que ele corre e o entendimento corrente dos métodos a que ele irá se submeter. Além disso, a classificação de experimental vale por poucos anos, até que se aceite ou rejeite de maneira mais ou menos definitiva o método que está sendo estudado. Enquanto isso, os pacientes que aceitam se submeter aos métodos experimentais são cuidadosamente monitorados por juntas médicas, pois constituem importantes instrumentos de avaliação e pesquisa, e estão correndo riscos desconhecidos. Por outro lado, as terapias ditas alternativas em nada se parecem com os métodos experimentais, portanto não podem e não devem ser confundidas com eles. Eis algumas diferenças: nas terapias "alternativas" tipicamente não há nenhum controle especial sobre os pacientes e o desenvolvimento dos casos; essas terapias são oferecidas com um mínimo de informação ao paciente; afirma-se uma eficácia que elas não têm; e por fim, mesmo na ausência de boas evidências a seu favor, elas costumam durar décadas. Isso acontece porque elas são regidas pelo gosto do mercado e pelas benesses da imprensa e das políticas do governo e dos órgãos reguladores, ao invés de seguirem o consenso da comunidade científica.

Por que insistir nas aspas em terapias "alternativas"?

A palavra alternativa está ligada a dois significados principais. Alternativo pode ser aquilo que não pertence a instituições ou sistemas estabelecidos, e esse sentido certamente se aplica às práticas ditas alternativas, pois elas ficam, ou pelo menos deveriam ficar, à margem da medicina. No entanto, alternativa também significa uma escolha entre diversas opções, e não acreditamos que as práticas chamadas alternativas sejam de fato uma alternativa à boa medicina. Acreditamos que a denominação de alternativa dá a essas práticas um mérito que elas não têm e confunde os pacientes ao deturpar a natureza da escolha sobre cuidados médicos.

Por exemplo, quando uma mulher se informa com seu ginecologista sobre toda as práticas contraceptivas existentes, deverá então decidir qual delas é mais conveniente segundo suas vantagens e desvantagens, sabendo que todas elas são eficazes e qual o exato grau de eficácia de cada uma. A paciente pode fazer a escolha com a certeza de que todos esses métodos foram rigorosamente testados em um grande número de mulheres para que se chegasse a essas conclusões, e que todas as opções são boas alternativas, medicamente seguras e comprovadas. Por outro lado, se alguém pretende escolher entre um tratamento médico e uma prática dita alternativa, precisa saber que irá optar entre um método que já demonstrou sua eficácia em teste rigorosos, e outro que não só não demonstrou, como é muito improvável que o faça, segundo tudo que sabemos. E não podemos dizer que um método que não consegue comprovar sua eficácia é alternativa a um que consegue.

E as terapias complementares?

Terapia complementar é aquela que deve ser usada simultaneamente a outro tratamento. Muitas vezes se fala em "medicina alternativa e complementar" pois dependendo da técnica e do praticante, afirma-se que esses métodos não excluem a necessidade dos tratamentos com eficácia comprovada, a chamada Medicina Baseada em Evidências ou MBE. Contudo, essa nomenclatura pode visar somente a suavização das alegações de cura -- algo como "não curamos sozinhos, mas auxiliamos a cura". No entanto, a imensa maioria dessas práticas alega efetuar curas sem a necessidade de outras técnicas. Além disso, a menos de situações excepcionais, é antiético oferecer, em quaisquer condições e sob quaisquer pretextos, um método cuja segurança e eficácia não se pode comprovar, especialmente em troca de dinheiro.

Então como chamar as terapias "alternativas"?

Acreditamos que em grande parte das vezes o termo pseudomedicina se aplica com exatidão. Em grego, pseudos significa falso, e pseudein, mentir. Segundo a definição que achamos mais adequada, a medicina moderna nasce da ciência e do método científico, e as terapias ditas alternativas constituem exatamente o oposto disso. A palavra pseudomedicina também é adequada pela sua associação com as pseudociências. Pseudociências são as doutrinas que aspiram ao caráter de ciência e usam sua linguagem e métodos de maneira distorcidas, o que é também uma característica dos métodos ditos alternativos.

Ainda que se defina medicina como arte de curar ou expressão similar, dizer que os métodos "alternativos" são pseudomedicinas é somente deixar clara sua incapacidade de comprovar de maneira satisfatória as alegações que fazem. Outras possibilidades seriam "terapias metafísicas", "terapias místicas", "terapias religiosas" ou "terapias filosóficas".

O que é MBE?

Na maior parte da sua existência, a medicina baseou-se quase exclusivamente em concepções metafísicas a respeito da vida e na crença em lendas e supostos relatos de cura. Com o surgimento do método científico, e conseqüente explosão do entendimento de todos os processos biológicos, aquelas práticas foram dando lugar à experimentação cuidadosa e à análise sistemática e criteriosa dos fatos como fontes de conhecimento. Essa é a essência da medicina moderna, que baseia-se fundamentalmente nas evidências ou indícios disponíveis e portanto também na concordância com o restante do conhecimento científico estabelecido -- que também faz uso de um enorme conjunto de evidências. Daí vem o nome Medicina Baseada em Evidências. No entanto, a expressão MBE estaria restrita ao uso acadêmico, não fosse a enorme variedade de doutrinas e sistemas metafísicos que se autodenominam medicinas baseados nas alegações que eles mesmos fazem a respeito de suas capacidades de diagnóstico e cura.

Já que qualquer prática pode se autodenominar medicina, independentemente das evidências contra ela ou a seu favor, o conceito de MBE também é útil no dia-a-dia para distinguir com clareza os métodos ditos alternativos do restante da medicina. Na verdade, pode-se dizer que MBE é, por excelência, o oposto das terapias ditas alternativas. A primeira prima pela sua forte ênfase na comprovação experimental e na análise cuidadosa de todos os dados da maneira mais cientificamente rigorosa possível, enquanto a segunda é caracterizada por seus elementos metafísicos ou simplesmente pela ausência de comprovação consistente de suas alegações.

É importante ressaltar a experiência clínica e a "intuição" profissional também têm seu lugar na prática médica e seu uso está longe de ser "alternativo". O que se costuma chamar de medicina 'tradicional', 'padrão', científica ou mainstream é a consolidação de procedimentos baseados nas melhores evidências. Portanto, os profissionais que recebem essa formação e agem de acordo com ela também estão, em última análise, exercendo a MBE, ainda que nem sempre com todo o rigor. Mas de um jeito ou de outro, essa prática ainda está muito mais próxima da MBE do que das terapias alternativas. A experiência clínica é sem dúvida muito importante na boa prática médica, mas é certo que devido à subjetividade, variedade e até contradição das diferentes experiências e intuições médicas, essa ferramenta deve ser usadas com muita cautela e critério, sempre condicionada às evidências. As práticas "alternativas" estão no outro extremo da escala, pois exigem que se negue ou ignore grandes quantidades de evidências, ou que se utilizem relatos mal verificados. Em outras palavras, o julgamento de um terapeuta "alternativo" é determinado pela sua percepção individual e os supostos relatos de cura, por mais que eles contrariem as evidências disponíveis (ou ausência delas). Em suma, um profissional de MBE condiciona sua experiência clínica e seus julgamentos às evidências, enquanto o profissional alternativo condiciona as evidências à sua experiência clínica e julgamentos.

Existem médicos favoráveis ao uso de terapias "alternativas"?

Sim. Além dos indivíduos que atuam na área, muitos dos quais não são médicos, existe um número significativo de profissionais de saúde que vêem essas práticas com bons olhos: médicos, psiquiatras, biólogos, biomédicos, psicólogos, fisioterapeutas, etc. O grau de afinidade pode variar bastante, desde a prática corrente até o ceticismo moderado e restrito. Por isso, é importante destacar que existem profissionais que não utilizam as práticas ditas alternativas, mas as recomendam, ainda que para casos específicos. Existem também aqueles que as praticam, mas somente em algumas situações. Contudo, em qualquer um desses casos os danos potenciais resultantes pertencem quase exclusivamente ao paciente, em especial se ele estiver pouco ou mal informado. Os "terapeutas" e médicos são protegidos pela desorientação do paciente, o desconhecimento dos seus direitos e recursos, sistemas pouco eficazes de denúncia, fiscalização e punição, corporativismo, e muitas vezes pelos próprios organismos reguladores da saúde.

Essa situação força os pacientes a se informarem, e a incluir pelo menos um profissional com uma postura científica -- e atuante -- no seu rol de fontes. É importante salientar que é preciso haver uma postura científica atuante porque com muita freqüência os terapeutas "alternativos" receberam formação científica, mas se desiludiram, acham que podem conciliar os opostos ou até mesmo vêem superioridade nas práticas anticientíficas e/ou não comprovadas.

Por que são tão raras as críticas aos métodos "alternativos"?

Há muitos motivos. Um deles é a disseminação do pensamento nova era em todas as camadas da sociedade, incluindo uma pequena mas organizada fração do setor acadêmico. A pobreza do ensino básico de ciência em quase todo o mundo permite o agravamento da situação, em especial através da mídia, que não cumpre sua vocação crítica nessa área como faz em tantas outras. Além disso, a comunidade científica não tem estrutura, vocação nem organização orientada para relações públicas, características marcantes dos "alternativos", que têm sua própria sobrevivência em jogo. Existe ainda uma enorme apatia profissional quanto à ação efetiva e informativa, apesar dos danos potenciais das práticas pretensamente médicas. Infelizmente, somente uma pequena minoria encara a sério e ativamente sua missão de informar a população de maneira cuidadosa, sistemática e detalhada sobre esse tema, principalmente para o grande público.

Como fator agravante, os códigos de ética de muitas áreas, em especial na medicina, praticamente impedem a crítica entre pares, impondo punições rigorosas independentemente do mérito da crítica. Infelizmente, esse controle nem sempre é tão rígido no que diz respeito à proteção da população contra as práticas "alternativas".

Todos os métodos "oficializados" por algum órgão regulador podem ser considerados seguros, ou pelo menos não "alternativos"?

Não. O que distingue a MBE são critérios puramente científicos. Por outro lado, a decisão de dar status oficial a qualquer prática profissional na sociedade é política, e portanto está sujeita às mesmas influências que qualquer outra decisão política: lobby, pressões econômicas ou populares, burocracia, corrupção, etc.

Se o profissional tiver curso superior na área de saúde e medicina, isso não é uma garantia de receber MBE?

Não. Profissionais com títulos de medicina, psicologia ou qualquer outro também aplicam terapias "alternativas", apesar da formação científica que tiveram, ou deveriam ter. Essa é uma escolha profissional, mas também pessoal e mercadológica. Os conselhos regulamentadores da profissão têm como função nobre, entre outras, proteger os cidadãos do exercício irresponsável ou negligente de atividades que ponham em risco a saúde e a vida, como por exemplo na engenharia, na medicina e na psicologia. Por isso só podem exercer a profissão quem for devidamente credenciado por essas entidades, e o diploma de curso superior é condição necessária para isso.

Por outro lado, se mal aplicada, essa regulamentação pode levar à reserva de mercado, pura e simples, mesmo de procedimentos e técnicas "alternativas". Quando isso acontece, ao invés de se proteger a população extinguindo ou controlando cuidadosamente as práticas sem eficácia comprovada, o resultado é que essas práticas se tornam institucionalizadas e correntes, e são exercidas exatamente pela classe que deveria bani-las. É isso que ocorre com a homeopatia e a acupuntura no Brasil. Hoje, somente médicos podem obter registros para a prática de homeopatia e acupuntura no país, o que é comparável a permitir a prática de astrologia somente a astrônomos.

Homeopatia e acupuntura são terapias "alternativas"?

Segundo a nossa definição de práticas "alternativas", sim. É claro que como elas são reconhecidas como práticas médicas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), não estão mais à margem da prática médica corrente, pois têm o mesmo status legal que a cardiologia ou a neurologia, por exemplo. No entanto, a acupuntura e a homeopatia continuam à margem da comprovação científica.


Movimento Nova Era: amplo amálgama de diversos elementos espirituais, sociais e políticos com o objetivo comum de transformar os indivíduos e a sociedade através da consciência espiritual. Nova Era é uma visão utópica, um tempo de harmonia e progresso. Compreendendo indivíduos, grupos de ativistas, empresas, grupos profissionais e líderes espirituais e seus seguidores, o movimento levou à atenção pública preocupações feministas, ecológicas, espirituais e sobre o potencial humano nos nos 80, criando um grande mercado nos EUA e em outros países para livros, revistas, fitas de vídeo e áudio, workshops, retiros e exposições sobre o assunto, além de comidas naturais, cristais e acessórios para cura e meditação.

Freqüentemente visto como uma volta do paganismo ou gnosticismo, esse movimento mais recente tem suas raízes no espiritualismo do século XIX e na contracultura dos anos 60, que rejeitava o materialismo em prol do misticismo oriental e preferia a experiência espiritual direta à religião estabelecida. Técnicas de auto-ajuda e a idéia de que o indivíduo é responsável por e capaz de tudo, da auto-cura a criar o mundo, foram aplicadas na saúde, e psicoterapia, assim como em esportes, nas forças armadas, nos esportes e em empresas e geraram debates em círculos religiosos e outros.

O pensamento holístico influenciou visões sobre medicina, meio-ambiente, família, trabalho, planejamento regional e paz mundial, entre outros. Idéias freqüentemente associadas com o movimento Nova Era incluem ensinamentos antroposóficos, transformação interior, reencarnação, vida extraterrestre, biofeedback, chanting, alquimia, ioga, psicologia transpessoal, xamanismo, artes marciais, ocultismo, astrologia, cura mediúnica, percepção extrasensorial, métodos de adivinhação, viagem astral, acupuntura, massagem, tarô, zen, mitologia e visualização. Voltar

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