5. Gerenciamento OSI

5.1. Introdução

O gerenciamento OSI é a base da arquitetura TMN, uma vez que a TMN é uma rede de computadores que interfaceia com uma rede de telecomunicações e troca informações relativas à gerência da rede de telecomunicações. Esta troca de informações , sendo feita por uma rede de computadores, segue o modelo aberto descrito pela ISO como modelo OSI (Open Systems Interconnection). Uma vez que o modelo OSI é utilizado, nada mais lógico do que utilizar os conceitos de gerenciamento OSI como base para o TMN.

O gerenciamento OSI é, então, caracterizado por três elementos básicos:

Os gerentes, conforme já foi visto anteriormente, é a entidade que controla os objetos gerenciados, através de operações enviadas ao agente e recebe as notificações enviadas espontâneamente pelo agente.

O agente vai realizar as operações de gerência solicitadas pelo gerente sobre os objetos e transmitir as notificações emitidas pelos objetos ao gerente.

Um objeto gerenciado é a representação de um recurso a ser gerenciado. Por exemplo, uma placa ou um elemento de software é um recurso gerenciado e o "objeto placa" ou o "objeto software" é a representação deste recurso. Detalhes sobre os objetos gerenciados serão vistos no capítulo referente a modelo de informação.

Figura 5.1: Gerentes, agentes e objetos gerenciados

5.2. Modelo de Gerência OSI

O gerenciamento OSI é dividido em três tipos:

A operação da camada gerencia uma única instância de comunicação em uma camada. Este é o gerenciamento que possui as menores exigências em termos de funções de apoio, já que não necessita de um protocolo específico de gerência (as informações de gerência são trocadas utilizando-se o protocolo normal de cada camada).

O gerenciamento de camada é realizado sobre objetos relacionados com as atividades de comunicação da mesma camada., através da utilização de protocolos de gerenciamento específicos e funções de apoio internas às camadas. Estes protocolos específicos não realizam serviços para as camadas superiores, sendo independentes dos protocolos de gerenciamento de outras camadas. O gerenciamento da camada exige a presença de funções de apoio em todas as camadas inferiores à camada envolvida (por exemplo, se a camada a ser gerenciada é a de rede, necessita-se das funções de suporte das camadas de enlace e física).

O gerenciamento de sistemas possui controle sobre quaisquer objetos pertencentes ao sistema através da utilização de um protocolo de gerenciamento de sistemas na camada de aplicação (normalmente o CMISE). Para realizar suas funções, necessita-se de funções de apoio nas sete camadas.

O modelo de gerenciamento OSI se baseia na idéia de que um SMAP (Processo de Aplicação de Gerência de Sistemas), que pode fazer o papel de agente ou gerente, se comunica com um SMAE (Elemento de Aplicação de Gerência de Sistemas) para realizar as suas funções de gerenciamento.

O SMAE é formado por um conjunto de ASE's (Elemento de Serviço de Aplicação) que provêem a infra-estrutura (na camada de aplicação) para o transporte de informações de gerência. Um ASE é uma entidade que realiza uma função (que pode ser comum - CASE - Elemento de Serviço de Gerenciamento Comum ou específica - SASE - Elemento de Serviço de Gerenciamento Específico). Os CASE realizam funções genéricas, que podem ser utilizadas por vários SASE's. Por exemplo, o ROSE - Elemento de Serviço de Operações Remotas, é um CASE utilizado pelo CMISE (que é um SASE). Desta forma, as entidades de serviço se completam para realizar as suas funções.

No nosso caso, o SMAE é composto pelos seguintes ASE's:

Figura 5.2: Estrutura da Camada de Aplicação para Gerência

O SMASE (Systems Management Application Service Element) é um ASE específico para gerenciamento. Ele provê vários serviços que estão disponíveis para o gerente da rede e para as aplicações (SMAP) que implementam as funções de gerência de rede.

O CMISE também é um ASE específico para gerência de rede. Ele define o serviço e os procedimentos usados para a transferência das CMIPDU's e provê um meio de troca de informações para as operações de gerenciamento.

O ACSE e o ROSE são ASE's comuns, ou seja, não são utilizados exclusivamente para gerenciamento. O ACSE (Association Control Service Element) é invocado quando se necessita estabelecer uma associação (obs: o termo associação é utilizado na camada de aplicação para definir o que chamamos de conexão nas outras camadas) e o ROSE (Remote Operations Service Element) para realizar a troca de informações entre sistemas remotos (como por exemplo, uma operação solicitada de um gerente para um agente). O estabelecimento de uma associação entre dois SMASE's é realizada através de uma negociação de contexto que indica o conhecimento inicial de gerenciamento compartilhado para aquela associação, incluindo os vários ASE's envolvidos.

O fluxo de dados de gerenciamento se estabelece, portanto, da seguinte forma:

1. uma aplicação de gerência invoca o CMISE (através de uma função do SMASE ou não) solicitando a execução de uma operação de gerência

2. o ACSE estabelece uma associação com a outra parte envolvida (por exemplo, o agente)

3. o CMISE monta a mensagem e, já que a associação já está estabelecida, a operação remota é realizada através do ROSE (a mensagem CMIP a ser transmitida corresponde a um dos parâmetros da operação)

4. o ROSE monta a mensagem e a transmite pela rede, utilizando o serviço da camada de apresentação e) o CMIP remoto desmonta a mensagem recebida e executa a operação solicitada sobre o objeto gerenciado

Estes conceitos do gerenciamento OSI são aplicáveis também no TMN, com algumas modificações em termos do modelamento de informação (MIB). No ponto de vista do funcionamento, ou seja, da forma como as operações são realizadas (do gerente para o agente), não há modificações. Isso quer dizer que tanto no gerenciamento OSI quando na TMN teremos a presença do SMASE, CMISE, ACSE e ROSE, trabalhando da mesma forma. Porém, os objetos definidos para representar recursos de uma rede OSI são diferentes dos objetos necessários para se representar uma rede de telecomunicações.

É importante ainda lembrar que as operações de gerência só são padronizadas na comunicação entre o gerente e o agente e que a implementação das operações nos recursos físicos está fora do escopo dos padrões, ou seja, a forma como um objeto é criado na MIB é padronizada (operação CREATE do CMIP), mas a forma como a criação do objeto acarretará na criação do recurso correspondente no seu equipamento é problema de implementação, fora do escopo dos padrões.

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