Histórico

Nesta sessão montarei uma linha cronológica do desenvolvimento de minha doença. Já que muitos dos que estão visitando a página não tem muita noção do que realmente aconteceu comigo.

Fevereiro de 2002:

Retirei minhas amídalas, eu tinha uma amidalite crônica cuja única solução era a remoção daquelas. Infelizmente a amidalite crônica não possui muitos sintomas, e quando foi diagnosticada já era uma inflamação com mais ou menos um ano de existência. Durante esse período minha imunidade foi drasticamente reduzida e o câncer se instalou (veja a sessão que descreve o Linfoma de Hodgkins para maiores informações).

Fevereiro a Julho de 2002:

Pequenos pruridos (machucados) começaram a aparecer, inicialmente nos pés. Um dos sintomas do Linfoma é coceira, sim os machucados eram provenientes de se coçar a pele. Os médicos trataram o assunto como estresse.

Agosto a Outubro de 2002:

Os pruridos expandiram para as pernas, mãos e braços; e passei a usar calças em vez de bermudas para esconder os machucados. Outros dois sintomas do linfoma apareceram, insônia forte e tosse seca. Devido à insônia eu ia dormir as cinco ou as seis da manha e acordava às sete e meia para ir trabalhar, e como estudava a noite eu dormia umas três horas por dia. Fiquei assim por uns quatro meses.

No dia 23/10/2002 fui para no pronto-socorro porque não conseguia respirar direito e o lado esquerdo do meu corpo estava meio paralisado. Fui diagnosticado com pneumonia e dessa forma tratado.

Novembro de 2002:

Obviamente os sintomas permaneceram e procurei então outro médico. Na radiografia meu coração apareceu com um volume três vezes maior do deveria. O médico pediu um ecocardiograma, o seu resultado era pericardite já com tamponamento do coração (no tamponamento há tanto líquido que o coração fica com batimento irregular e insuficiente).

Então após o ecocardiograma, no 11/11/2002, entrei novamente no pronto-socorro. Meu quadro não cedia, eventualmente puncionaram meu coração para drenar o líquido em excesso. Durante 10 dias fiquei internado.

Dezembro de 2002:

Mais uma vez os sintomas voltaram sempre se agravando. Após uma sessão de tosses perdi os sentidos e fui levado ao pronto-socorro. Novamente internado com outra pericardite, no dia 26/12/2002, os médicos dessa vez não tiveram outra opção senão abrir uma janela entre o pericárdio e pleura que envolve o pulmão; porque, assim o excesso do pericárdio vazava para a pleura que possuía melhores condições de absorver o montante de líquido. Ainda, é claro puseram um dreno, pelo qual retiraram ao todo 2,3 litros do líquido lubrificante de mim.

Janeiro de 2003:

Após uma série de exames, incluindo uma biopsia torácica, fui diagnosticado com linfoma de Hodgkins de esclerose nuclear tipo IV B e começando um longo processo de quimioterapia.

Janeiro a Julho de 2003:

Fiz o tratamento quimioterápico clássico para linfoma de Hodgkins, o ABVD. Inicialmente demonstrei grandes resultados com o tratamento, mas a partir de junho alguns sintomas começaram a aparecer novamente. Detalhe importante: eu não parei com meus estudos, continuei cursando a faculdade normalmente. Decisão muito importante, porque assim minha vida permanecia o mais perto do normal possível e a doença abatia apenas meu corpo e não meu estado mental.

Agosto a Dezembro de 2003:

Os exames demonstraram o crescimento dos tumores, o tratamento com ABVD evidenciou-se como ineficaz. Mudaram para a quimioterapia do método ESAP. Ainda assim permaneci com meus estudos e com o máximo que conseguia manter de minha vida normal.

Janeiro de 2004:

A doença entrou em remissão, não estava mais em atividade e os tumores haviam se reduzido a tecido cicatricial. Fui encaminhado para a radioterapia.

Fevereiro de 2004:

Durante esse mês fiz 38 sessões de radioterapia, para finalizar o tratamento e recebi alta. Fazia, contudo controle bimestral com meus médicos.

Março a Julho de 2004:

Lentamente os sintomas começaram a voltar: tosse, coceira, perda de peso, falta de fôlego e insônia. A partir de abril também começou um dor na região lombar da coluna. Infelizmente todos os sintomas eram explicáveis com outras doenças, a radioterapia causou uma bronquite (tosse) e pneumonia actínia (falta de fôlego) e acabou com meu esôfago, então passei a comer muito pouco (perda de peso) e como durante um ano tomei cortisona tive perda de massa muscular (dor lombar).

23/07/2004: Adivinhem onde fui parar? Se vocês pensaram no pronto-socorro, acertaram! Com fortes dores abdominais, fizeram um ultra-som e descobriam o que? Linfonodos! Sim, o câncer: linfoma de Hodgkins havia voltado.

Agosto a Outubro de 2004:

Com o retorno do câncer os médicos partiram para uma quimioterapia mais agressiva, o ICE. Apenas para conseguir diminuir a carga de tumores, controlar a doença e então me encaminhar para um transplante de medula.

Novembro e dezembro de 2004:

O ICE também se demonstrou ineficaz contra o câncer que tinha. Vários sistemas meus haviam sido infiltrados pelo linfoma (pulmão, fígado, pâncreas e medula). Os médicos se viram obrigados a usarem tratamentos com drogas variadas passei a tomar um conjunto com Navelbine, Genzar e Mostarda (essa mostarda é a mesma usada no gás mostarda da 1a. e 2a. guerra mundial).

Esse conjunto de remédios foi a salvação. Conseguiu conter a doença, reduziu todos os tumores e ainda desinfiltrou meus sistemas e me deixou em ponto de bala para o transplante. Agora caro leitor, saímos do meu histórico para irmos para as novidades do tempo atual!


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