Carta da mãe portuguesa para o filho, q mora no Brasil!

O SPCI ( Serviço de Pesquisa Completamente Inútil ) após mexer e remexer a cadeira, ou melhor, os arquivos de diversos centros ( ô mizifíe ! ) de documentação sobre a história da chegada de nossos ilustres patrícios lusitanos, encontrou esta obra prima do amor materno por seu ente querido. Este, ousou desbravar os mares molhados na busca de um lugar ao sol brasileiro, já que o sol de Portugal não dava mais pra agüentar, e soube pelo subscrito sobre sua sublime sociedade: ( tá parecendo um passarinho, hein!)

Querido filho

Escrevo-te para dizer que ainda estou viva.
Escrevo devagar porque sei que tu não consegues ler rápido. Bom, não vais
reconhecer a casa quando vieres, porque a gente se mudou.
Finalmente enterramos teu avô, encontramos o cadáver com este negócio da
mudança, estava no armário desde o dia em que ganhou da gente brincando de
esconde-esconde.
Hoje tua irmã Júlia teve mais um filho, mas como não sei se é menino ou
menina, ainda não posso dizer se tu vai ser tio ou tia.
Quem não tem aparecido por aqui é o tio Venâncio, que morreu totalmente o
ano passado, e teu primo Jacinto, que sempre acreditou ser mais rápido que um
touro, até que comprovou que não era.
Estou preocupada com o cachorro Bob, que insiste em perseguir os carros
parados, e está ficando cada vez mais chato. Ah, por aqui, finalmente, os
engarrafadores de refrigerante tiveram a grande idéia de por na tampinha um
letreiro que diz "Abra por aqui", o que achas?
Teu irmão José fechou o carro com a trava e deixou as chaves dentro, teve de ir
lá em casa buscar a chave duplicata e tirar todos nós de dentro do carro.
Esta carta te mando com o Manolo, que vai amanhã para aí, a propósito, será
que podes pegá-lo no aeroporto? Queria mandar-te o novo endereço, mas não
sei, é que a última família que morou aqui nesta casa levou os números para não
precisar mudar de endereço.
Se encontrares dona Maria, dê um alô de minha parte, se não encontrares, não
diga nada.

Da tua mãe que te ama, eu.
Ia mandar-te um dinheiro, mas já fechei o envelope.
Beijos e me escreve.