O País real...


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Sob o termo "o país real" tem sido considerada em grande parte a pobreza e a ruralidade em contraste com a "ilusão" de um país desenvolvido do século XX, partilhada pelos individuos inseridos na urbanidade.

   Normalmente são apontados como sinais do país real os figurinos populares estagnados no tempo, e situados na periferia centrifuga dos grandes centros urbanos. Mas é também de realçar a simbólica desvalorizativa de uma cultura duplice feita por um lado de amoralidade profunda na esfera das relações públicas, (que da inocência buçal do lusitano primitivo passa a perversidade oportunista do centralista "sofisticado") e por outro lado de moralidade provincianista e superficial na esfera privada, onde os significantes sociais são os medievais dominados pela dialética Senhor /servo, cuja tradição nacional transformou e adaptou em Esperto/zé povinho, e em Doutor/ chunga.

   Duplicidade totalmete estranha à dialéctica da modernidade e do estado de direito democrático, a qual pode ser vista exactamente como o inverso: amoralidade (liberdade) na esfera privada e normas éticas de conduta na gestão do fenómeno social,  duplicidade esta que com o desenvolvimento dos meios de comunicação social e do relativismo moral durante o século XX se tornou menos clivada.

   O país real no entanto mais chocante é a descoberta da tão temida "ruralidade" (que afinal é o fado do português), na sua pior degenerescência representada pela ausência de valores civilizacionais, por estádios éticos, estéticos e comportamentais primitivos /indiferenciados no coração da chamada cultura urbana e Senhorial.

   Por isso o país rural para que temos de acordar não é o do Tio Jaquim ou da Zundap Famel XF super movida a pitrol. Mas das autênticas Zundaps que são afinal os aparelhos de Poder da 3ª Républica, das bagaceiras rascas em que se tornaram os média, por destilação secular de um centralismo ainda tão Absolutista como atrozmente mal-formado
(continua)

José Elias Nunes

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