Fatos de sua história
política e econômica confundem-se com sua luta pela
sobrevivência.
Evidências
A alta urbanização (96%) e o fato de
70% dos telefones
fixos
no município serem comerciais
podem mostrar o peso da sulanca na economia local, a gerar mais de 100 mil
empregos informais diretos na região, inclusive na zona rural. As ocupações
típicas do meio rural
ficam em segundo plano, mas ganharam destaque, sobretudo a pecuária, nos
últimos anos.
Quem anda pela cidade tem a impressão de que toda a sua população
participa do processo da sulanca.
Cada
lar é uma unidade produtora na prática. Comércio por toda parte. Milhares de empresas em escala crescente
distribuem renda e emprego. Esse, sim, é um capitalismo
humanizado que dá chance a todos, ao contrário do capitalismo global
que reduz o número de empresas e de empregos.
A equilibrada distribuição de renda faz
explodir o crescimento do lugar.
A
presença feminina é marcante na economia, fato evidenciado pelas muitas
mulheres no comando de carros ou motos pelas ruas da cidade.
Dualidade
& progresso
Ares de Primeiro Mundo em matéria de emprego e renda, e
aspectos de Terceiro ou Quarto Mundo em questões básicas agravadas.
Eis aí um visual da cidade.
A recessão derrubou os negócios em 40% ou mais. Mas
muito vigor econômico ainda é visto nas ruas.
Em dias de feira, transitam na cidade milhares de compradores vindos de vários estados brasileiros e até
do exterior. Fabricantes, costureiras, lojistas, feirantes,
compradores, sacoleiros, automóveis, camionetas, caminhões, ônibus, motos,
bicicletas, carroças de tração animal etc. formam a feira da sulanca numa certa
desordem. Os números
da feira traduzem bem isso;
O
empório comercial em que o lugar se transformou gera uma guerra mercantil com armas nem
sempre corretas do ponto de vista fiscal. Contudo, há oportunidade para
todos que queiram trabalhar. Imperam a informalidade e os negócios por atacado.
Os preços são baixos porque, inclusive, há milhares de empresas
familiares e produção em grande quantidade de um tipo de
confecção por unidade produtiva..
Antigo
e novo
A cidade nasceu e cresceu às margens do rio
Capibaribe. Começou na avenida Padre Zuzinha, antiga rua Grande.
É o centro antigo da cidade.
A Avenida 29 de Dezembro é o novo centro
dinâmico. Lá, onde é intenso o movimento de veículos e pessoas, há bares, restaurantes, clubes sociais, supermercados, casas de comércio,
igreja e modernas residências. Em fins de semana, ela assume clima de festa, com a presença maciça da juventude.
Trabalho
& Diversão
O
trabalho é a característica básica do povo santa-cruzense, formado por
cerca de 30% de nativos e 70% de gente vinda de outras cidades. Não há dia
nem hora para trabalhar. Basta ter uma encomenda para entregar que a coisa começa a moer, entrando, muitas vezes, pela madrugada
adentro.
Ver
Memória em
Lambe-sola
Talvez por
trabalhar tanto, o santa-cruzense goste muito de divertir-se. É, de fato, um
povo "festeiro"
que inventa qualquer pretexto para fazer uma festa. Mas a obrigação fica em primeiro lugar. Não é raro
ocorrer um festejo num trecho da cidade, com a feira e o trabalho a rolarem para
outros noutros pontos. Uma gente que
faz do trabalho sua força básica só pode construir algo bom mesmo para si.
Maior
pólo
A cidade é o maior pólo de confecções do Norte/Nordeste. Parece não haver limites à expansão
de seu mercado .As
crises, se por um lado diminuem as vendas, por outro devem elevá-las porque
mais gente, com o aperto, deve sair do mercado das confecções normais e entrar no da sulanca, de menor preço e que hoje não fica a dever
nada a estes,
em qualidade.
Equilíbrio
Eis como
uma distribuição de renda
equilibrada garante o emprego até
em épocas difíceis. O mais importante é que tudo isso foi feito pelo
próprio povo, sem recursos externos e apenas com algum crédito normal de bancos
locais. Seria uma reação inconsciente e isolada à globalização
que gera desemprego?
Exemplo
Santa Cruz do Capibaribe -- que
dá um banho de eficiência em matéria de crescimento e distribuição de renda
--
deveria, nesse particular, servir de estudo para governos, universidades,
escolas e órgãos
afins do País.
Seria um Brasil
oficial a aprender com um Brasil real.