
Da pessoa abandonada
Estou só a noite.
A paisagem da cidade de repente se tornou confusa,
difusa,
apesar das linhas retas,
como se fosse uma visão do outro mundo.
Estou só e
por isso tudo é misterioso.
Nenhuma forma tem sentido,
os objetos perdem
definição.
Nada é real.
Nosso passado está em cada sombra, mas é esquivo.
Escapa rapidamente da minha percepção.
Não é sonho, é pesadelo o que vivo.
Nada traz luz à grande escuridão instalada dentro de mim.
Nada traz alegria,
para vencer a dor que se envolve em meu peito.
Quando você partiu,
vi que tinha
perdido tudo que de belo houve em minha vida.
Tudo que foi nosso,
restou esta
enorme saudade, restos do passado.
Contornos indistintos que se transformaram em
manchas.
Restou uma vida sem sentido, condenada a ser longa, eterna.
A pessoa só é a própria paisagem, confusa, difusa, sem vida......
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