|
|
NOSSO INCRÍVEL FREI BETTO
A revista (pasquim?) Caros Amigos seria um covil de neoesquerdistas, neocomunistas, panfletários, anarquistas e toda a plêiade de arquetípicos de incendiários e pseudoguerrilheiros se não fosse na verdade um picadeiro de bufões. São muitos, que se revezam em apresentações impagáveis não fossem deprimentes. Na edição de julho, Frei Betto, nosso “neoreligioso”, último dos batinas vermelhas (expulsos do mundo e do Paraíso). Abestalhado, conclui que somos a primeira geração imagética da história porque temos a televisão (“bordel que entra em nossa casa...”). Espanta-se com a raridade das mudanças de época. Começa manso, repetindo a lenga lenga de sempre, que vivemos no neocolonialismo, hoje travestido de globalização. Logo depois surta e fala em globocolonização. Preso em sua própria teia, certamente por possuir vocabulário estreito, desfia depois “know.how”, “shopping center”, “grife”, filé mignon”... Faz uma descrição infantilizada da propaganda. “... Tenta nos convencer de que felicidade é a soma dos prazeres...tomos este guaraná... visto esta roupa...” Tem a tirada genial de que “existe uma máquina publicitária interessada não em formar cidadãos e sim consumidores” Nosso Frei, além de nos “ensinar” o que é a propaganda que, certamente, São Lênin reprovaria, alerta que estamos entrando “na dinâmica do pensamento único, na idéia de que este modelo de sociedade CAPITALISTA NEOLIBERAL é o ideal”. Blasfema ao dizer que somos o único animal incompleto porque não podemos deixar de sonhar...”uma vaca está na sua plenitude bovina, feliz...” E por aí vai. Faz uma salada geral onde nos joga em um túnel escorregadio, falando de tempo, espaço, globalização inventada por São Paulo no Século I, doa males da propaganda para as crianças, que acabam nas mãos dos traficantes de drogas, que se a China tivesse o mesmo número de carros que os Estados Unidos não haveria mais camada de ozônio (ora, não têm porque vivem quase na idade da pedra, sob o jugo comunista, de fome). Evidentemente estou pinçando os momentos mais picantes do artigo de nosso Frei Betto, esse bastião contra a globalização, contra o dragão do neoliberalismo, nosso salve, salve defensor do comunismo, do socialismo, do avanço que os povos que viveram sob esse sistema tiveram tanto em direitos humanos, como em desenvolvimento tecnológico, filosófico e de bem estar. Define o mundo como o verdadeiro inferno dominado por capitalistas que querem, no mínimo, destruir a infância de nossos pimpolhos. Mas devemos compreender: se ele nos acha animais incompletos, deveríamos mesmo purgar nos porões de uma eterna Cuba. Com ele junto, cortando cana. Assim pouparíamos a população, principalmente a juventude, de seu delírio, de seu pensamento retrógrado e mesquinho, do seu desserviço a liberdade e a cidadania.
Geraldo Iglesias |
|