CARTA A MARCELO YUKA

Marcelo Yuka se desvenda por inteiro em entrevista as páginas amarelas de Veja. O que aconteceu a ele é deplorável e consterna a todos. Não podemos continuar vendo nossos jovens sendo assassinados ou ficando inválidos. Providências urgentes de parte do Estado são necessárias. Cabe analisar também o próprio depoimento da vítima.Segundo seu relato ele absolutamente foi herói, teve um ato de coragem ou coisa parecida, como a imprensa divulgou anteriormente. Apenas fugiu de bandidos. É curioso como Marcelo sente raiva, como sempre sentiu, desde pequeno, segundo afirma. Curiosa a visão de mundo do Marcelo: ele diz que os bandidos inventaram os bondes (comboio de facínoras armados) e revolta-se por a polícia criar o papa-bondes (comboio de policiais para enfrentar os banidos), policiais que expõem suas próprias vidas diariamente para defender a sociedade. O que deveria ser feito? Nada? Distribuição de rosas aos bandidos? Há na entrevista uma frase lapidar: "Aquela bala foi disparada há muito tempo".
Ela é resultado do desemprego, disso e daquilo. Portanto, suponho que aumentando o emprego (com salários que os próprios assalariados determinariam) extinguiria-se a criminalidade já que, segundo ele, "determinados jovens são bons demais para ganhar R$ 150,00."
Será que o Marcelo desconhece que nos países mais adiantados do mundo, com as melhores distribuições de renda etc. também são disparadas balas (e muitas!) contra inocentes?
O que um ídolo deseja transmitir a juventude dizendo que R$ 150,00 é muito pouco para um jovem ganhar, que disparar tiros não é uma atitude assassina isolada e sim o resultado de um governo e que ele, o ídolo é movido a ódio? A fatalidade  que acometeu Marcelo não deve confundir-se ( e ele, com certeza, está confuso), com incentivo ou justificativa à prática do crime.
Geraldo Iglesias
Principal