Blogs  II                                        Home

Mais ou menos depois de dois anos do primeiro pensamento, hoje retorno à questão dos blogs.
O blog hoje não tem mais apenas a função de ser um despretensioso diário pessoal colocado na rede. Este formato continua, claro, mas aconteceu uma incrivelmente rápida mudança na maioria deles. Pelo que sabemos, hoje em dia quase todos os usuários da internet têm o seu blog e com isso começa a existir uma certa acuidade, um certo cuidado com o que estamos colocando lá. É incrível, mas podemos ver no livro “Psicologia da Arte” de Vigótski, por exemplo, vários textos, várias comparações que o autor faz entre a arte e a psicologia ou a arte e a sociologia. Não vou me estender sobre os textos, deixando ao leitor a possibilidade de ler seus livros.
O que cabe aqui é a intenção de mostrar que, dia a dia, o blog torna-se um produto de arte, da arte da escrita e, portanto, um produto baseado na psicologia e na percepção dos autores.
O blog hoje em dia é arte, é psicologia de infovia, é a possibilidade do indivíduo se expressar com a certeza de que será lido, será correspondido e essa troca possibilita uma espécie de infindável terapia de grupo em rede. Cada vez mais os autores levam à sério seus blogs, o produto de seus trabalhos e na elaboração de seus sentimentos e de sua filosofia de vida. Sabendo que seus posts, seus textos serão acessados por muitas pessoas, o autor procura escrever de maneira mais coerente, mais correta, procura expressar de maneira mais lógica sua visão de vida, sua preocupação com o mundo em seu entorno. Mesmo em tom de brincadeira, o que encontramos nos blogs são seus sentimentos mais profundos expostos, dilacerados para que a comunidade virtual veja, leia e compreenda. Mais ou menos o que os escritores memorialistas faziam antes da internet.
É sempre um prazer acompanharmos o que determinado autor anda postando em seu blog, o que tem acontecido em sua vida, quais os momentos de felicidade e quais as dificuldades e como ele vem agindo para supera-las. Isso, meus amigos, é arte. Quando um usuário escreve um blog ele está fazendo arte, está produzindo para a humanidade, seus sentimentos e o dia a dia da sua vida está sendo colocado como numa exposição de quadros, por exemplo. “Este sou eu” diz o artista no blog. Na maioria das vezes a ferramenta tem embutida o e.mail do autor o que permite a interatividade séria (os comments funcionam mais como brincadeira). Através do e.mail o autor começa a trocar correspondência com seus leitores e começa a falar ainda mais nas cartas que envia (e recebe).
Este é um assunto sério, o blog, ainda que alguns neguem, é uma atitude séria de quem escreve, que melhora sua redação, procura cada vez mais, lay outs, que digam alguma coisa e o conteúdo, o conteúdo é das suas vidas. Ele expõe, ele se dilacera diante de milhares ou milhões de pessoas, ele recebe opiniões, agrados e críticas. Ele é só psicologia e arte posta à disposição de todos, seu psiquismo está ali, como no divã de um terapeuta e esse psiquismo nada mais é o subsolo comum de todas as ideologias da sua época.
Mais à frente continuaremos a escrever, a repensar o blog do homem atual. (janeiro/2004)