A não estética da internet home O que aflige na internet é a falta de arte, a incapacidade da psicologia, da estética estarem presentes nos sites, blogs e demais sítios. Conversando com uma amiga artista, ela me falava da sua angústia diante da internet com todas as suas exigências de códigos e padrões pré-estabelecidos. Não pensamos na internet como arte, como prazer, como indução ao lúdico. Vemos apenas a fonte de pesquisa, a fonte do conhecimento fugaz. Não se pensa na psicologia, na análise, na arte quando tratamos das infovias. Pensamos imediatamente na troca de informações breves e, na maioria das vezes, comerciais. Seguindo esse caminho a internet está fadada ao fracasso como meio de comunicação. Nosso psiquismo não suporta nenhum instrumento que constantemente aplique determinados conceitos e funções sem pensar no amor, na poesia, no sentimento e, principalmente, na arte. O ser humano é, essencialmente, artístico, sua visão de mundo contempla enorme espectro de estética, seja ela no corpo, na forma das coisas, em suas cores, em sua singularidade. A internet não tem nenhum desses requisitos e não se pensa neles quando sentamos em frente a um computador. Há alguns anos encontrou-se um pouco de humanização através dos blogs que, a meu ver, não estão trilhando o caminho mais coerente com o meio. Mas ainda assim, são eles fonte de humanização. Entretanto, parou-se aí. Não se pensa em psicologia e em arte. Buscamos arte em museus e livros não porque queremos apenas isso, mas porque nossa intelectualidade ainda não foi capaz de traze-la para a rede de computadores o que é um contra senso já que vivemos numa sociedade em rede e dela não mais sairemos. E se é um fato, por que não trazer para cá a cultura verdadeira, dissociada da informação ordinária? Qual o caminho devemos perseguir para trazer a psicologia da arte para a internet? Quanto tempo mais faremos pesquisas rápidas sem nos determos em artistas. Por que não Goya, Shakspeare, Callas e tantos outros? Falta uma semana de arte, como a de 22, na internet e esse é o desafio que imponho a mim e aos leitores. Janeiro/2004 |