A VIOLÊNCIA INFANTIL

A violência sempre existiu.  Com a educação, a cultura e a ética, esperava-se, naturalmente, uma diminuição dessa violência.
Ela não aconteceu. Talvez tenha tomado outras formas, mas não diminuiu em nada.
A violência hoje existe em sua forma primária, que é a agressão física, o assassinato e outras formas, como a má distribuição de renda, a fome, as guerras, a espionagem, a perda absoluta do humanismo.
E para todo esse problema existem milhões de explicações, outras tantas teorias, todo mundo pensando e escrevendo sobre o bem comum, mas, parece-me, não sendo nada bem sucedido.
Os Estados Unidos lançaram (e isto se alastra cada vez mais pelo mundo) um tipo de crime aparentemente “gratuito”, sempre explicado psicologicamente como “surtos” e coisas do gênero, onde homens metralham dezenas de pessoas, mulheres que matam toda a família e, agora, mais amiúde, crianças que matam adultos ou outras crianças.
E quando falamos de crianças, estamos falando de quase bebês, de 6 anos, 7, que matam colegas de 6, 7 anos.
Não há dúvida que existe aí um componente inexplicável, uma loucura quase coletiva.
Aí me vem sempre a questão da mídia.
Esse tipo de crime, a freqüência desse tipo de crime aumenta consideravelmente com o crescimento da mídia, com a sua influência.
Evidentemente que os responsáveis, os produtores dessa mídia não têm a intenção de provocar mortes, de transformar bebês em assassinos. Entretanto acontece, é um fato.
Resta tentar entender como a mídia participa  desse processo. O quê, que personagens, que histórias, que desenhos animados, que programas de auditória podem disparar esses surtos mortais. Ou se não são programas específicos  e sim um conjunto deles ou se é o comportamento da própria família atirando as crianças no colo dessa mídia por mais tempo do que o possível, ou se as pessoas, passivas, diante da tela são mais manipuladas (e aí a mídia interativa resolveria grande parte do problema)ou se, muito ao contrário, pode estar na mídia (com produção educativa)a solução para esses problemas monstruosos e loucos de violência infantil.
Temos que refletir mais

Geraldo Iglesias

Março 2000

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