TV Pública Tenho lido alguma coisa sobre televisões públicas em alguns países do mundo, televisões que, apesar das dificuldades, conseguem estabelecer com a população uma cumplicidade interessante, onde verdades são ditas, fatos apresentados e discutidos por todos, democraticamente. No Brasil, atrvés de vários governos, várias gestões, não percebo essa sintonia produção/público espectador. Brasileiro acha a sua televisão dita pública chata e não é o povo que está errado, ela realmente é chata ou, quando não é, tem apenas momentos interessantes e não uma programação, uma grade interessante. Daí, sem opção inteligente ou instigadora, o telespectador migra para qualquer outro canal, ainda que seja pior, mas que possui algum tipo de identidade. Nesse ponto, o telespectador fica discutindo a qualidade ou não daqueles canais que falam alguma coisa ainda que não seja a expectativa do público. Existem vários exemplos de interação dos meios de comunicação públicos na sociedade e vou citar dois que considero primordiais. Primeiro, evidentemente, a internet. No mundo de hoje eu não conheço nenhuma criança, nenhum adolescente, nenhum adulto com interesse em informação que não tenha a internet como seu ponto de partida na busca, na pesquisa. Pensando assim, se essa afirmativa for realidade, um canal de comunicação pública tem que possuir um site que atenda a todas as necessidades do usuário tais como, informação (notícias e seus desdobramentos), entretenimento, cultura, etc. fazendo uma ponte com a televisão e rádio. O que deveríamos entender como sistema público de divulgação é isso, um meio e não apenas uma televisão ou apenas uma rádio: é um tripé que trabalha em igualdade de condições dando cada um deles aquilo que é específico do meio. A TV pública brasileira não tem investimento na área da internet, a internet é quase um favor da TV, o site não tem autonomia não é consultado, não participa nas decisões da empresa, é marginal. Daí não tão bem acabado, insipiente às vezes. A produção televisa não se reporta à internet, considera dar informações ao site como um fardo e não um estímulo, uma complementação do que é tratado em sua programação. Como resultado imediato, temos menos acessos ao site, este tem menos credibilidade e leva menos pessoas à televisão e à rádio. Um círculo vicioso de informação às avessas, de desinformação e desinteresse. O outro aspecto sobre o qual não vou me estender é a falta de trabalho comunitário, de campo, dos produtores dos veículos com as comunidades, não ouvindo, não se mostrando presente e pronta a atender as demandas sociais. Assisto apenas à mudança dos discursos, mas nenhuma ação concreta, nenhuma atitude, que definitivamente, coloque efetivamente a televisão, a rádio e a internet no seu devido lugar de serviço público, mas útil e atraente com o tripé de meios anteriormente mencionados. Janeiro 2004 |